29.12.09

Vá ao cinema e feliz 2010

Hoje passei aqui não somente para dar uma dica de um excelente filme mas também para desejar uma excelente virada de ano para todos que me leem. Que a sabedoria chegue a todos junto com o novo ano que nasce. Aquela sabedoria necessária para distinguirmos sempre aquilo que podemos mudar do que não temos controle algum e dela tirarmos uma vida com qualidade e paz de espírito.

E por falar em paz de espírito, enquanto atinjo a trigésima nona semana da minha gestação (teoricamente a penúltima, pois apenas 5% dos bebês nascem na data estimada e os médicos ainda consideram esperar pela hora "D" até a quadragésima segunda semana) estou aqui aproveitando para meditar bastante, ler livros descompromissados (estou lendo o divertido e água com açúcar Confessions of a Shopaholic) e ir ao cinema com o marido.

Além de muitos filmes alugados, entre eles o ótimo Julie e Julia, no último dia 25 fomos curtir o finzinho do feriado de natal no cinema. Assistimos o excelente novo filme do George Clooney - Up in the air. No Brasil fizeram o deserviço de traduzir para "Amor sem escalas". Detesto o que fazem com a tradução dos títulos no Brasil, muitos acabam passando uma idéia totalmente errada do filme, mas enfim...

Não vou aqui contar detalhes do filme até porque detesto quando leio muito sobre algo que quero ver no cinema. De qualquer maneira, o filme é daqueles para não deixar de assistir. Além de um equilíbrio inteligente entre um humor sagaz-sátira do mundo corporativo, globalizado e em meio à tanta tecnologia em que vivemos e uma pitada de reflexão sobre relacionamentos (profissionais, afetivos e familiares), há a irresistível, competentíssima e sempre sedutora atuação do George Clooney (sorry guys:).

Se você ainda não viu vá ver e saia do cinema pensando. Adoro filmes assim! Ah, e tenham todos um excelente 2010. Enquanto isso continuo aqui lendo, vendo filmes e esperando...

FELIZ ANO NOVO e até 2010!

21.12.09

Dicas saborosas

Estou aqui completando meu nono mês de gestação esta semana e me dei conta de que com todos os preparativos finais para a chegada do Arthur deixei o blog meio de lado. Aliás, segundo a minha amiga Kati eu estou parindo e não percebi:) Como se isso fosse possível:)

Enfim, há algumas semanas venho querendo compartilhar algumas dicas de locais bem bons para se comer em Toronto e que nos foram apresentados por nossos amigos e vizinhos Veka e Cleber. A Veka nos deu a excelente dica da Lebanese Bakery. Para quem é um apaixonado por quibes e esfirras como eu, o local, é um templo da perdição, além de ser limpo, aconchegante e tudo ser muito saboroso por lá! Dá até para comer lá pois tem umas mesinhas simpáticas. Para quem gosta dos doces libaneses também é uma ótima pedida. Se você mora em Toronto precisa experimentar!

Outra excelente dica nos foi passada pelo vizinho Cleber. Trata-se do Cora que também testamos e aprovamos. O local é ótimo para um brunch naquele domingo que você acordou bem tarde e já passou da hora do café da manhã mas ainda não tá na hora do almoço. Se você fizer como nós e for em um domingo por volta das 11 da manhã vai encontrar uma certa espera mas que não demora tanto para sentar. Uma delícia!

E para terminar, na quinta que passou foi meu aniversário e o marido me levou para almoçar no Paisanos. Um aconchegante restaurante italiano com o mais delicioso bife à parmegiana que eu já comi por essas bandas, ambiente gostoso e preços muito honestos e razoáveis.

É isso. Bom apetite e boa semana natalina à todos!

30.11.09

Aprendendo a parir

Semana passada terminamos o curso prenatal no hospital onde o Arthur vai nascer. Mais uma das boas e positivas experiências que tenho tido durante toda a minha gestação aqui no Canadá. O povo vem pedindo para que eu as relate aqui. Aos poucos, conforme elas forem acontecendo prometo que venho aqui contar. Afinal de contas, parir em uma pátria que não te pariu (não resisti ao trocadilho:) trata-se de uma experiência e tanto! Mesmo que não raras vezes, enquanto imigrante e cidadã do mundo, me pego sentindo como em uma letra dos Titãs que diz nenhuma pátria me pariu"...

Resolvi apelidar o cursinho de "aprendendo a parir":) Como se isso fosse possível! Mesmo ainda não tendo parido, tenho que concordar com a enfermeira e com os "trocentos" livros e revistas sobre gravidez e parto que já li nestes quase nove meses de gestação. São unânimes em afirmar que não há parto igual ao outro e cada mulher, que por sua vez tem o corpo diferente da outra, vivencia o trabalho de parto de uma maneira totalmente diferente da outra. Tá, então o que há para ser ensinado? Toda a teoria e as características em comum claro!

O que mais eu tenho amado de poder ter o privilégio de vivenciar a minha gestação aqui no Canadá é o fato de toda a cultura daqui estar voltada para o parto normal. É fantástico o esforço que os profissionais de saúde (obstetras, parteiras, enfermeiras, clínicas, hospitais) e também da mídia fazem em torno de auxiliar a mulher a ter a melhor e mais normal experiência de parto possível! Disse dia desses ao meu marido que eu nasci para parir aqui! Claro que sei que sempre pode haver a necessidade de intervenções como a cesária e outras cositas, entretanto é muito bom saber que aqui , ao menos no hospital que vou parir, tudo é feito antes para evitar tais procedimentos.

Daí o foco todo do cursinho ser o ensinamento de técnicas (as quais algumas delas já sou bem treinada como por exemplo meditação e controle de respiração devido à prática de kung fu no passado e o meu envolvimento com filosofias do budismo) para o controle da dor, além de melhores posições e atividades a serem praticadas na hora das contrações. Enfim, uma arte do controle do corpo em um momento tão sublime!

Muito do que foi dito em 3 dias de cursinho eu já havia lido na minha compulsão por leitura (não importando o momento da minha vida), entretanto o que foi muito válido foi o fato de termos feito o tour pelo hospital e simulado tudo que vai ser feito quando chegarmos lá para parir. Sendo mãe de primeira viagem isso só nos dá uma segurança maior e a certeza de que eu não poderia ter escolhido lugar melhor para viver esta rica experiência.

Ok, tá bom, para não dizer que eu não tenho nenhuma reclamação aí vai. O estacionamento do hospital é um ROUBO, um assalto à mão armada e no nosso caso que precisariamos passar várias horas por causa do curso e ainda vamos precisar quando formos parir, ficamos pensando em uma estratégia. Bem, que o hospital não nos ouça, mas o estacionamento da IKEA (que fica a 5 minutos de caminhada até o hospital) tornou-se nosso estacionamento oficial todas as vezes que precisamos ir para o hospital. Afinal de contas a enfermeira vive falando da importância em caminhar para a gestante, mesmo tendo contrações, para ajudar na hora do parto. Voilá, dois coelhos em uma cajadada só.

Ah, e se vocês pensam que foi nossa a brilhante idéia, estão enganados. Em princípio, estávamos hesitantes em deixar o carro lá sabendo que a loja fecha as 9h30 da noite e o curso acabaria mais tarde. Bastou apenas um bate papo com os casais canadenses que estavam no mesmo curso, todos consternados com o preço do estacionamento do hospital, para termos a certeza de que a melhor saída era mesmo deixar o carro lá e sem problemas nenhum em pegar de novo mais tarde. Todos fizeram isso! Foi muito engraçado, até a enfermeira concordava com a expressão corporal mas obviamente não podia recomendar tal façanha enquanto funcionária do hospital.

Como vocês podem perceber o novo slogan da IKEA para nós aqui em casa é "IKEA love your home ... and your pocket!" Ah, quanto ao peso na consciência ao ler a placa do estacionamento da IKEA dizendo que é para clientes, quem é imigrante aqui em Toronto sabe muito bem o quanto somos todos clientes da IKEA desde o nosso primeiro dia aqui em Toronto quando chegamos com duas malas e temos a casa para montar e pouco dinheiro no bolso! Santa IKEA!

16.11.09

Quando você é parte do grupo de risco

Para os que moram no hemisfério sul do globo, o pior já passou com o fim do inverno e a chegada das temperaturas mais amenas. Já para os que como nós habitam o hemisfério norte do globo, a temporada de resfriados, gripes e agravamento de doenças pulmonares está só começando com a proximidade do inverno e consequente baixa nas temperaturas.

Até aí nada de novo, isso acontece todos os anos. Não fossem 3 pequenos detalhes combinados (no meu caso ao menos) : a circulação do virus da H1N1 (vulgo gripe suína) no mundo todo, o fato de eu estar grávida de 8 meses e de que vou parir na estação mais fria do ano (que tem lá suas vantagens do ponto de vista gestacional como a ausência total de inchaço e desconfortos relacionados a ele), e eu estaria agindo como sempre agi na minha vida, mesmo quando morava no Brasil.

Todos os anos tomava a vacina da gripe "normal" por assim dizer e seguia minha rotina sem nunca ter pego a gripe. Sempre acreditei que quando o assunto é saúde o resto todo perde importância. Os meus pais sempre me ensinaram que se tem uma área que não se deve menosprezar na vida é com médicos e cuidados com a nossa própria saúde, qualidade de vida e coisa e tal. Talvez seja por isso que acredito serem os enfermeiros, médicos e profissionais da área de saúde aqueles que exercem as funções mais nobres e dignas e, portanto, merecedoras do meu mais profundo respeito e consequente confiança.

Não me entendam mal, quando eu falo que valorizar a saúde e respeitar e confiar nas recomendações de profissionais para mim é como uma religião, entendam saúde como a "ausência" de doença, portanto não sou nem de longe uma maníaca por remédios e coisas do gênero, ao contrário!

Enfim, com todoo cenário da gripe H1N1 literalmente esquentando as baixas temperaturas por aqui eu coloquei como prioridade conversar com o meu obstetra à respeito. Não precisei. Dia 25 de outubro, mais ou menos quando o governo começou a vacinar os grupos de risco, recebi a ligação do consultório do meu obstetra orientando todas as grávidas com mais de 20 semanas de gestação (eu já estou na 33 semana) e que vão ganhar neném (como se diz na minha terra) no North York General Hospital a comparecerem no hospital no dia 30 de outubro para tomar a vacina contra a gripe. Não hesitei um segundo!

Que alívio! Afinal não é fácil passar uma gestação inteira com a preocupação de evitar pegar uma gripe que possa causar danos graves ao meu filho e a mim mesma. Nunca fui neurótica com estas coisas, sempre procurei agir da maneira mais racional possível mas confesso que estar grávida diante de algumas circunstâncias nos faz ficar mais medrosas. Daí o meu alívio em saber que tomaria a vacina.

Hoje, 17 dias depois de vacinada, imunizada (e alividada!), posso dizer que estou muito mais tranquila e que a vacina não causou efeito colateral nenhum nem em mim e nem no meu bebê que está ótimo e cresce a cada dia. Ponto para o hospital onde o Arthur vai nascer que, organizadamente, tomou esta iniciativa e tratou suas grávidas com respeito e carinho.






9.11.09

20 anos da queda do Muro de Berlim

Em 2002, durante um mochilão que eu e o marido fizemos pela Europa, tive o privilégio de conhecer Berlim, uma das mais belas cidades que já visitei mundo afora!

E claro que nesta viagem não poderia faltar a visita aos restos do muro de Berlim. Fomos também ao que foi o campo de concentração em Dachau, visitamos o CheckPoint Charlie e muitos outros locais relacionados ao período em que havia duas Alemanhas.

Sempre guardarei excelentes recordações desta viagem fantástica que fizemos mas esta semana, por conta das celebrações mundo afora dos 20 anos da queda do muro de Berlim, refiz todo o trajeto mentalmente e foi como se estivesse lá de novo. Não bastasse isso, o UOL entra em contato comigo pedindo autorização para publicar uma foto minha (tirada pelo marido fotógrafo em 2002) em frente aos restos do muro grafitado.

Autorização concedida e eis o resultado nesta bela galeria de fotos que o UOL montou com imagens deste ícone que é o muro de Berlim. Já deixei aberto na nossa foto (sim, sou eu mesma aí de casaco preto, cabelos longos e 7 anos menos experiente:) Vale conferir! E viva a queda!

Nossas preciosas recordações do Muro de Berlim:



21.10.09

De volta para casa

Após curtir muito o carinho dos familiares e de bons e velhos amigos no Brasil, estamos de volta para casa. Eu, o marido e o Arthur que terça que vem completa sete meses de vida no meu ventre! Voltamos felizes, descansados e com todas as baterias recarregadas para a reta final da espera pelo Arthur.

Apesar de ser muito bom passear e estar perto de pessoas muito especiais, voltar para casa é sempre melhor ainda. Ir é bom e voltar também. Assim como a bela canção de Vinicius de Moraes diz que depois da chegada vem sempre a partida, eu concluo que sempre que aproveitamos cada minuto do presente como se fossem únicos não carregamos conosco o amargor da nostalgia mas sim a felicidade dos momentos vividos. O meu momento agora é cuidar da minha vida e preparar tudo para a chegada do meu filho - magia pura!

Este post é uma homenagem aos especiais e queridos amigos e familiares que fizeram de nossa estada no Brasil uma experiência inesquecível. Ai vai um resuminho de momentos que foram vividos como sendo únicos para que outros sempre venham.

14.9.09

3 anos de Canadá

O tempo não anda para trás. A mente é que possui uma capacidade inesgotável de lembrar o que passou e, para tanto, não categoriza. Lembra o bom, o ruim, o feliz, o angustiante...Enfim, revive. Claro que nossa vontade ajuda a deflagrar o que estava guardado disparando as sinapses que nos interessam mais.

Eu particularmente nunca fui muito de datas e rituais formais. Não é de hoje. A última celebração mais formal de uma data específica que me lembro ter participado foram os meus 15 anos. Nada contra grandes e mais formais celebrações, acho até bonito - para os outros. Choro em casamentos de amigas minhas e conhecidos mas eu mesma casei apenas no civil e de lá segui direto para a minha lua de mel (ah, essa sim valeu!). Participo de formaturas e continuo achando lindo, mas em todas as minhas formaturas eu nunca quis participar dos momentos solenes. E nunca participei.

Sou assim. Prefiro achar que todo dia tem algo de muito especial que vem junto com eles e que observo à minha volta quando sinto o cheiro da flor, caminho em meio às arvores, vejo o sorriso de uma criança e sou acolhida no abraço de quem me ama. Sou mais o viver o dia a dia como se fosse o último do que ficar celebrando em excesso determinadas datas em um específico dia pré-determinado.

No entanto, há uma data que eu faço questão de celebrar e lembrar sempre! Ah, essa é sagrada. O tempo de vida que tem o nosso projeto de viver no Canadá. E hoje é o dia em que, há três anos exatos, aterrisávamos no Pearson (o aeroporto de Toronto) para arriscar, sonhar, chorar, sorrir, apostar, acreditar, crescer, aprender, ensinar, tropeçar, cair, levantar e cair de novo. Enfim, viver a mais enriquecedora de todas as experiências de nossas vidas - a imigração.

E como vivemos! E ainda estamos vivendo firmes e fortes na certeza de que fizemos a coisa certa. Aí você se pergunta se a coisa certa é imigrar para o Canadá. E eu respondo não! A coisa certa é seguir os seus mais profundos desejos mesmo que para isso você precise enfrentar enormes dificuldades e ser feliz por estar vivendo o que você escolheu para si e não o que lhe foi impingido!

Estar feliz por saber que, mesmo que a caminhada seja longa (e ela é), os primeiros passos foram tomados e não prorrogados. Que mesmo tendo tropeçado muito no início, a estrada vai ficando menos tortuosa com o passar do tempo. Que mesmo que a saudades de familiares e queridos amigos seja sua eterna companheira, seus entes queridos (aqueles que de fato te amam) estão felizes por saber que você está escrevendo a sua história!

E sempre lembrando que, ao contrário do tempo que não anda para trás e a montanha que insiste em ficar lá parada (como canta meu eterno ídolo Arnaldo Antunes), nós temos a obrigação de continuar escrevendo o nosso enredo de acordo com a melodia que mais nos encanta ao coração. Por isso, vamos pegar as sementinhas que plantamos nestes últimos 3 anos de Canadá e trabalhar duro para que elas um dia gerem frutos nessa vida que escolhemos para nós. Mesmo que para isso tenhamos que esperar os mesmos 10 anos que o pé de jaboticaba do quintal dos meus pais demorou para dar os primeiros frutos. Resultado : hoje, 24 anos depois, o pé continua lá dando belas e doces jaboticabas... Sempre!

Feliz aniversário de 3 anos para nós!

1.9.09

Férias de imigrante

Estive pensando. O estado de ser imigrante deveria estar catalogado entre as profissões como engenheiro, médico, enfermeiro e assim por diante. E, regulamentado como tal, o imigrante "profissional" deveria, obrigatoriamente, gozar de férias frequentemente para manter sua sanidade mental em dia. Claro que as regras deveriam ser claras, como já diz Arnaldo Coelho, ou seja, em dois anos na carreira de imigrante a obrigatoriedade de férias pelo menos uma vez por ano e a partir de 3 anos na labuta, duas vezes por ano e assim sucessivamente.

Quanto mais tempo na carreira de imigrante mais importante para a sanidade mental do imigrante sair de férias. Detalhe importante da nova lei promulgada por mim : o destino das férias não pode ser qualquer um mas sim o país de origem do imigrante em questão. Portanto, no caso de brasileiros imigrantes espalhados mundo afora o destino: Brasil. Sim, porque não se trata apenas de visitar locais nunca dantes navegados ou explorar novos destinos, situações e culturas. Lembrem-se, isso o imigrante faz todos os dias em sua carreira exploradora e muitas vezes sofrida.

As férias neste caso seriam de um estado mental e emocional de ser imigrante que , por mais que o tempo passe e o mesmo se adapte à tudo em sua volta, lá onde ele está, em qualquer que seja a parte do mundo longe de suas origens, ele sempre será imigrante! Aos pouquinhos cresce, adquire mais conforto, faz amigos e as coisas vão melhorando mas mesmo assim, eternamente o estado de espirito está lá.

Aí, o imigrante volta para o seu local de origem para passear. E essa sou eu agora, gozando de merecidas férias do estado mental de imigrante na minha terra natal. Prestes a completar 3 anos na carreira de imigrante (dia 14 de setembro mais especificamente), revigoro meu espírito quando ando pelas ruas de uma pequena cidade do interior de SP que, mesmo vindo uma vez por ano, as referências todas de minha vida pré - imigrante estão lá. Além, é claro de pessoas que (aqui estou excluindo familiares e amigos. As chamaria de conhecidos) fizeram parte de toda a minha história e até hoje, não importa quanto tempo fico longe, tratam-me com o mesmo carinho e sorriso no rosto de outrora. Isso revigora, dá forças e energia para, no pós férias, voltar para a carreira de imigrante.

Quem já imigrou, está ao menos um ano longe de suas raízes e já gozou de suas férias de imigrante, sabe bem a diferença entre a atmosfera vivida pelo "profissional" imigrante em sua árdua batalha mas que nem por isso deixa de ser prazerosa por vezes, e aquela vivida em sua terra natal, independente do tempo de "profissão" .

Sim, gozo de férias no Brasil neste momento e vivencio como se fossem os últimos cada momento vivido onde não sou apenas mais uma imigrante mas sim alguém com história, passado, referências. Não que andar para frente, explorar e ter planos não sejam importantes mas é que isso, uma vez que se é imigrante, faz-se a cada segundo por todo sempre e, pelos primeiros 5 anos apenas construindo alguma história, ou seja, sem passado no local escolhido. Aí , naturalmente faz falta voltar de vez em quando para onde você enxerga no rosto do outro o que outrora passou.

E claro, sem falar em quão revigorante é dar uma passadinha na feira para comer um pastel, bater um papo descompromissado no boteco da esquina, molhar a horta, sentir o cheiro da terra e viver o momento das férias para, no retorno , continuar a enriquecedora mas muitas vezes desgastante "profissão" de imigrante!

17.8.09

O nosso Arthur


Há duas semanas descobrimos que estamos esperando um menino e o mais curioso foi que ao sairmos da clínica após o ultrassom que detectou o sexo, olhamos um para a cara do outro e já fomos logo afirmando: "É o Arthur que está aí na sua (minha) barriga!"

Mas isso não aconteceu da noite para o dia. Acho que tem uns dez anos que eu penso comigo mesma que se um dia Deus me desse o privilégio e a benção de gerar um filho e, se fosse homem, daria a e ele o nome Arthur. Simples assim. Então não tivemos o problema enfrentado por muitos de ter que fazer muitas pesquisas e consultas. A única preocupação sempre foi de ser um nome que soasse bem e não sofresse grandes alterações nem no Canadá e nem no Brasil.

Mesmo sem nunca ter visto o rostinho do Arthur e faltando aí mais quatro meses para termos ele em nossos braços, ele já está muito presente em nossas vidas (o meu sogro até brincou dia desses que lá na casa dele é um tal de tudo ser para um tal de "gringo" rsrs ).

Inspirada pelo Arthur, meu filho, resolvi que queria rever um dos meus filmes favoritos que conta a lenda do rei Arthur, aquele em que o maravilhoso (sorry marido:) Clive Owen faz o Arthur. Coincidentemente o canal BRAVO reprisou ontem o belo filme e eu e o marido (que também já leu vários livros da lenda, incluindo as Brumas de Avalon) ficamos grudados na telinha revendo o filme e imaginando como será a carinha do nosso Arthur!

10.8.09

Colunista do Mundo Blogs

A Gisela Garcia, jornalista capixaba que reside em Curitiba, fez o convite e eu aceitei. Faço parte do time de colunistas mundo afora que dão vida ao MundoBlogs. Já essa semana vocês podem conferir o meu terceiro texto por lá intitulado "Antropologia da nova gripe". Antes dele, escrevi "Que tal uma corrida pelo cemitério?" e devo continuar meus relatos aqui de Toronto frequentemente.

É com muito prazer que embarco neste projeto, ainda em seus primeiros passos, de proporcionar aos leitores opiniões diversas sobre assuntos relacionados à experiência de viver em cada canto deste mundão gigante mas ao mesmo tempo sem fronteiras.

O que a própria idealizadora do projeto, a Gisela, diz no editorial resume bem o propósito do portal : "No Mundo Blogs não queremos divultar pontos turísticos. Não queremos divulgar nada, para ser sincera. Espere aqui relatos do nosso dia-a-dia. Nossa intenção - se é que temos alguma intenção real além de escrever o que sentimos vontade - é mostrar as cidades onde moramos com os detalhes e curiosidades que ninguém conta, que nenhum site publica, que nenhum agente de viagem conhece. Espere aqui o lado bom e o lado ruim que toda cidade possui, com a visão de alguém que vive inserido no cotidiano deste lugar..."

Parabéns Gisela pela iniciativa e espero informar e divertir os leitores do MundoBlogs sempre! Passem lá que vale a leitura inclusive de colunistas espalhados em diferentes estados brasileiros.


21.7.09

Dona cegonha vem nos visitar...

(*Imagem by Anne Guedes).


Caminho nas ruas e vejo as pessoas com outros olhos... Paro. Penso. Concluo: "cada ser humano deste iniciou sua jornada dentro do útero de suas mães!"

Olho para os lados e, de repente, noto o tanto de mulheres grávidas à minha volta. Onde quer que eu vá! É a explosão populacional. Mas espera aí, não é não. Elas sempre estiveram lá, no mercado, no ônibus, no escritório, na feira, na farmácia. Sim, claro! Eu é que não via com os mesmos olhos de agora. Olhos de empatia por cada segundo de vida que é gerada dentro do útero de cada uma destas mulheres.

Ainda enxergo os meus pés, afinal começo agora o quarto mês do milagre que é o início da vida mais conhecido como gravidez. Entretanto vejo a pontinha de uma barriga que traz uma felicidade que eu nunca senti antes na vida. Completa, infinita e indescritível. A cada dia, o meu corpo muda, fala, ganha vida própria!

E as vezes até tenho a estranha sensação de estar participando de um experimento científico e que algum chip foi injetado em mim e agora é comandado, à distância e via controle remoto, por outrém que não eu! Embarco com o maior prazer nesta jornada sem controle. Uma hora choro, outra tenho acessos intermináveis de riso descontido. Choro porque o feijão que eu pretendia cozinhar acabou antes do planejado, disparo a rir porque o marido deixou algo cair no chão. Totalmente nonsense, sem controle. Uma delícia de descontrole, pois sigo na jornada fantástica da descoberta do que ainda está por vir.

Se mesmo a minha cabeça adulta, grávida mas adulta, sentiu nos primeiros 3 meses inteiros uma sensação que misturava encantamento e surrealismo ao mesmo tempo, que dirá a cabecinha de um pequenino garoto de cinco anos que me fez presenciar a cena mais linda de todas desde que soube que estava grávida. Em churrasco da empresa do marido, em um momento do dia, digo ao pequeno que há um bebê crescendo dentro da minha barriga e eis a sequência do diálogo:

"Isn't this food? (mas não é comida?)" - diz o espantado menino.
"No. There is a baby growing here ...(não. há um bebê crescendo aqui) - respondo eu contendo meu riso.

Instintivamente ele acaricia a minha barriga com um carinho e naturalidade típicos das crianças e diz: "Hi, baby.."

Não bastasse este momento mágico, no final do churrasco fomos nos despedir da mãe do menino em questão e ele veio correndo até mim, colocou os seus ovidos na minha barriga como que querendo estabelecer uma comunicação direta que só as crianças são capazes de ter com os bebês ainda no útero e saiu com essa:

"Can we open the baby now?? (podemos abrir o bebê agora?)" - indagou inquieto.
"No. Not yet, I am not prepared (Não. ainda não, não estou preparada... risos) - respondi.

Diante da resposta ele acaraciou novamente a minha barriga e disse "bye baby. see you later". E tem sido assim, desde que eu descobri a gravidez. Um momento mágico atrás do outro. Ah, a cegonha já programou a sua visita para dia 05 de janeiro e nós a aguardamos na maior felicidade do mundo!



16.7.09

Interior de Ontario

Domingo que passou fizemos um passeio delicioso! Uma ótima dica para quem está em Toronto ou em suas redondezas. Trata-se de uma região conhecida como Centre Wellington ou a junção das charmosas cidades Fergus, Elora, parte de Nichol, West Garafraxa e Eramosa, todas localizadas na região sudoeste de Ontario e acompanhando o curso do Grand River.

De Toronto, a viagem tem cerca de 115 km de distância e muito charme, principalmente em um domingo ensolarado de verão! Tanto Fergus quanto Elora são aquele tipo de cidadezinha charmosa do interior com passeio de charrete, tocadores de banjo nas ruas principais que não são muitas, afinal o charme todo está aí, e cheias de lojinhas de artesanato e antiguidade. Sem contar a natureza toda característica de cidades que acompanham o fluxo de um belo rio como Grand River.

O destaque deste passeio fica com Elora Quarry, um local onde os canadenses vão para curtir a praia (de rio claro!) mas um rio lindo, limpo e que formou uma piscina natural devido a especial formação rochosa em seu torno. O visitante pode, além de nadar, esticar-se para tomar um sol, fazer um churrasco à beira do rio. Você só precisa pagar a entrada de $4.50 por pessoa, levar a parafernália (a farofa mesmo:) e voilá... Passar um dia junto à natureza e depois completar a visita dando um passeio pela cidades , tomar um sorvete, ouvir o barulho da queda de água do moinho... Vale a visita!




2.7.09

Dia do Canada


No feriado de ontem (comemoração do aniversário de 142 anos de independência do Canadá) aproveitamos o dia lindo de sol para dar uma volta por alguns poucos parques da cidade que tinham algum evento acontecendo.

Por conta da greve de funcionários da prefeitura que já dura 11 dias, muitos eventos foram cancelados mas graças a alguns deles acontecerem em parques federais que, por sua vez, possuem mão de obra terceirizada e não sindicalizada, os moradores da cidade que não viajaram puderam celebrar o dia.

Sempre que vou a este tipo de evento em parques públicos, este já é o nosso terceiro Canada Day, o que mais gosto de ver é a maneira natural e interativa como a História é sempre passada para as futuras gerações, o que faz com que ela (a História) seja algo acessível e gostoso de se vivenciar. Tanto por crianças quanto por adultos.

Agora que moro aqui já me acostumei com uma das cenas mais lindas na minha opinião e muito corriqueira por estas bandas: a de pais, tios e avós mostrando e explicando a História para os pequenos que sequer começaram a andar. Há alguns anos, fiz uma viagem de intercâmbio pelo Rotary (GSE program) pelo estado de Illinois nos Estados Unidos e lembro-me que já naquela época, há uns 9 anos, emocionei-me muito ao ver, enquanto visitava o túmulo de Abraham Lincoln, um pai contar, em linguagem bem direcionada ao pequenino que o acompanhava, quem foi Abraham Lincoln e logo em seguida o pequenino que acabara de aprender a ler, lia parte da declaração de Lincoln em seu túmulo.

Naquela época eu era apenas uma turista encantada com a cena. Hoje, apesar de a cena ter se tornado parte da realidade em que vivo, não deixo de me encantar com ela e de achar lindo! E como podem ver pelas fotos deste post, não são só as crianças que gostam de vivenciar a História e de se envolver com ela ...







26.6.09

Seleção Carioca

O fato de eu morar por quase três anos no Canadá fez com que me conformasse e me adaptasse tanto à péssima qualidade das transmissões de eventos esportivos quanto das coberturas jornalísticas da TV canadense de maneira geral se comparados com o alto padrão de qualidade brasileiro em ambas as frentes. 

Claro que como resultado de uma (de)formação profissional:) o meu olhar é mais atento e cri cri para certas coisas que vejo e ouço nas coberturas tanto de eventos esportivos quanto de notícias em geral por aqui. Já vi de tudo mas como nos acostumamos à tudo nesta vida acabamos por fechar os olhos para os absurdos. 

Os olhos sim, mas nem sempre os ouvidos. Domingo passado enquanto assistia a partida de futebol entre Brasil e Italia, transmitida pelo canal TLN pela Copa das Confederações, não pude fechar os ouvidos e acreditar no que vinha da boca do narrador, que narrava em italiano (o TLN é um canal latino que transmite os jogos em espanhol e italiano) toda vez que se referia à seleção brasileira com o inaceitável  "seleção carioca".

Sei italiano o suficiente para saber que o narrador cometia um grave erro mas mesmo assim fui checar nos dicionários da vida e qual não foi o meu espanto em descobrir que o narrador repetia ali, em transmissão ao vivo, um grave erro que vem sendo cometido a um tempo pelos italianos ao se referir ao time do Brasil como sendo uma seleção do Rio de Janeiro! Até aí, tudo bem, a população falar errado acontece em qualquer idioma, agora o inaceitável é o jornalista esportivo repetir durante todo o jogo o mesmo inaceitável erro!!! 

Isso em uma narração no Brasil nunca aconteceria, ou alguém aí já ouviu os narradores brasileiros chamarem a seleção italiana de "Seleção Veneza" ou "Seleção Bologna"? Ou ainda, a Seleção Argentina de "Seleção Córdoba" ? Claro que não!

É cada uma que temos que ouvir e aturar em nome do gosto pelo esporte:) Afinal, ele é um profissional e o meu ouvido não é pinico! Bem, ao menos o jogo do Brasil contra a Africa do Sul foi transmitido em espanhol e o narrador sabia muito bem chamar apropriadamente a seleção brasileira de seleção brasileira, em espanhol claro. Só espero que a final entre Brasil e Estados Unidos não seja o mesmo narrador italiano incompetente a repetir o jogo inteiro o nome errado da seleção, do contrário juro que vou assistir o jogo no MUTE:)

15.6.09

Cirque du Soleil de graça


Fim de semana que passou aproveitamos bastante todas as atividades culturais do Luminato. Em seu terceiro ano consecutivo, o festival é um dos meus favoritos durante a temporada, mais conhecida como verão, onde tudo acontece na cidade:)

Em meu primeiro ano em Toronto nascia o Luminato e eu aproveitei suas atividades, muitas das quais gratuitas. No segundo ano do festival e meu segundo ano por aqui, fui voluntária do evento e por conta disso pude assistir, gratuitamente, peças de teatro que eram pagas e de quebra ganhar uns presentinhos bem interessantes do patrocinad
or, a Loreal. Já este ano resolvi apenas aproveitar como moradora de Toronto. E, em 2009, a terceira edição do festival não deixou a desejar mais uma vez.
Este ano tivemos a oportunidade a assistir a 5 espetáculos diferentes do Cirque du Soleil gratuitamente em um dia maravilhoso de sol. Outra parte do evento que cresceu este ano e valeu a pena conferir foi o 1000 tastes of Toronto onde os mais famosos chefes de cozinha e os respectivos restaurantes de Toronto que, em geral são bem carinhos, estavam no evento de degustação onde pagávamos $5 por prato, uma delícia de evento! 

Fechamos o fim de semana com chave de ouro e um excelente show do musicista brasileiro Celso Machado e sua multiplicidade instrumental que variou em torno de sons do baião nordestino, do samba canção , da bossa nova e MPB. Muito bom!

O Luminato já é tradição aqui em casa e sem dúvida continuaremos participando ano após ano, já que chegamos no país com o nascimento do festival que cresce a cada ano. 




1.6.09

Descobertas musicais

Entre as baboseiras que saem da boca do Faustão, um quadro ou outro um pouco mais atrativo e a minha concomitante leitura da Macleans no final de domingo (sim eu leio e assisto TV ao mesmo tempo alternando conforme o interesse:), duas atrações musicais que apareceram no quadro Garagem do Faustão me chamaram bastante a atenção: os Seminovos e o Thiago Antunes.

Quando ouvi a divertida e muito criativa canção  "Escolha já o seu nerd" logo disse ao marido que o autor daquela letra não era amador e deveria ser alguém envolvido com criação e muito bom de texto humorístico. Dito e feito! Eu não sabia naquele momento mas os Seminovos é um projeto musical do Mauricio Ricardo da já consagrada turma do Charges. Explicado! Outro destaque hilário dos Seminovos é o hit "Eu sou Emo". Muito bom!

Já do Thiago Antunes, eu adorei o tom de voz e o estilo a la "Arnaldo Antunes" (o meu ídolo número 1) da letra de Salto Agulha. O máximo! Sempre gostei de descobrir novos sons e bandas e agora que descobri estes dois, vou logo jogar o som deles para o meu Ipod e sair cantando por aí. Afinal quem canta seus males espanta não é mesmo? Uma semana cheia de música para todos!

26.5.09

Habilitada no Canadá

Motorista, motorista, olha o poste, vai bater... Não é de borracha, não é de borracha, vai bater, vai bater...Inevitável não lembrar da musiquinha que eu cantava quando tinha apenas 5 anos e frequentava o Pequeno Príncipe sem nem sequer imaginar quem um dia bem distante dali eu faria e passaria no exame de habilitação do Canadá e receberia a carteira de motorista canadense para dirigir no país que adotei como casa.

E lá estava eu hoje diante do instrutor fazendo as manobras e dirigindo "em inglês":) Sim, porque depois que nos mudamos para outro país com o idioma diferente do nosso (no caso o inglês) começamos a reparar que agora brincamos com os cachorros em inglês (meu deus, nunca vou esquecer a sensação esquisita que tive ao brincar com um cachorro da minha ex chefe em inglês, foi bizarro:). Claro que como tudo, depois de repetir e repetir acabamos nos acostumando com a nova realidade. 

Realidade minha que, até ontem, enquanto residente do canadá era apenas de passageira! Então sim, foi bizarro "dirigir em inglês" pela primeira vez, além de claro ter que se habituar ao modo canadense de dirigir e algumas regrinhas e detalhes que só existem aqui. Sem contar o carro automático. Claro que quem dirige o carro manual, como estamos acostumados no Brasil, dirige de olhos fechados o automático, é até mais fácil. Entretanto, ainda assim não é a mesma coisa de sentir o controle sobre o carro e coisa e tal. Eu, particularmente prefiro o manual mas como a onda aqui é o automático (e o nosso carro também), o exame é feito neste tipo de carro, então nos acostumamos rapidinho.

Nunca tive pressa para tirar a carteira de motorista canadense porque desde que chegamos aqui, em setembro de 2006, moramos em um lugar onde tudo está ao alcance das mãos e dá para ser feito a pé ou de metrô. Então não via necessidade mesmo, mas aí o marido comprou o carro em outubro do ano passado e eu logo fui dizendo, agora sim, agora eu também quero dirigir o "nosso" carro:) E, a partir de hoje, lá vou eu desviando dos postes pelas ruas e avenidas canadenses... Bi Bi Bi...
 

25.5.09

O estado imigrante

Sempre digo que a experiência da imigração, antes de qualquer outra coisa, trata-se de algo muito enriquecdor emocional e espiritualmente falando e que acaba nos levando a um crescimento espiritual nunca antes imaginado. Ao menos para mim é isso que acontece todos os dias enquanto imigrante.

E não é difícil entender os motivos de tamanha transformação interior e de um maior auto conhecimento. O simples fato de passarmos muito tempo, mas muito mais tempo mesmo, conosco mesmos nos leva a uma escala maior de conhecimento de nossas emoções, frustrações, expectativas e, principalmente, um grande afinamento da maneira com a qual reagimos a todo e qualquer tipo de estímulo seja ele positivo, negativo, triste, de dor, de alegria... Enfim, é de fato uma longa jornada interior. O que na minha opinião torna a experiência da imigração única e enriquecedora!

Pelo simples fato de termos nos desligado fisicamente e geograficamente (mas não emocionalmente claro) de todas aquelas pessoas queridas que nos conhecem tão bem e nos acompanharam durante toda a nossa vida antes de chegar aqui, além da total mudança de hábitos por razões óbvias, acabamos por nos concentrar naquilo que realmente importa. 

Viver longe de nossas raízes nos ajuda a ter mais clareza do que somos e do que gostamos e a focar no que realmente interessa. O resultado é um ser humano mais consciente e mais maduro. Não há a possibilidade de passar em branco. E esta semana, vendo o video vencedor do TROPFEST de Nova York do ano passado, parei para pensar também como o significado de todos estes pequenos gestos acabam sendo maximizados à máxima potência no estado imigrante. As imagens foram captadas via celular. Vale ver e pensar.

 

13.5.09

Torcedor Virtual

Acredito já ter mencionado a minha paixão por esportes em geral e o gosto pelo futebol. Entretanto, não me lembro de ter mencionado o meu time do coração - o Palmeiras. Desde o momento que eu consegui pronunciar a palavra Palmeiras eu torço pelo verdão, ou seja, desde muito pequenina. Claro que vindo de uma família de italianos (do lado do meu pai) alguém poderia dizer que seria um caminho natural torcer para o Palmeiras mas não foi o caso do meu querido irmão que torce pelo São Paulo por exemplo e nem mesmo de alguns primos (né Dani, Lucas e Lais?) que foram corrompidos por alguns tios desertores a torcer para o Santos mas enfim...

Ontem foi o jogo decisivo pela Libertadores da América entre o Palmeiras e o Sport e, para a minha felicidade e para a felicidade da nação verde, passamos para as quartas de final! Como a Globo Internacional não transmitiu este jogo eu tive que apelar para o Justin TV ou seja assistir ao clássico pela internet e aí foi diversão garantida (abafando o caso que eu quase infartei vendo o Palmeiras jogar na retranca a maior parte do tempo... torcedor sofre!).

Como temos a Globo Internacional e a mesma transmite os jogos do Brasileirão e do Paulista, esta foi a primeira vez que eu assisti um jogo pela internet e qual não foi a minha surpresa ao acompanhar o chat dos torcedores virtuais na janela ao lado da transmissão do jogo.  É cada besteira, diversão pura e garantida! O marido que na sala assistia a programação canadense e ouvia as minhas gargalhadas me perguntava se eu estava mesmo assistindo ao jogo ou a um show de comédia:) 

Tudo bem que com o Palmeiras mais defendendo do que atacando (acho até que devido a vantagem que tinha de poder empatar em 0 a 0 mas que mata qualquer torcedor do coração) e com as 3 defesas do Marcos (o meu santo de devoção:) eu acho que eu ria mais de nervoso do que qualquer outra coisa. Mas o fato é que conversa de torcedor virtual pode até ser mais divertida que as já engraçadas expressões e cantorias que você ouve no estádio (saudades do Palestra), ou seja, torcedor em geral tem uma criatividade que deveria servir de estudo para antropólogos e comunicadores se é que já não o serviu. 

Mas nem sempre o chat dos torcedores virtuais é tão divertido assim. Quando começou a cobrança dos penaltis eu tive que tapar o lado direito da tela do meu computador com uma folha sulfite para não ler o que eles falavam pois havia uns  "infelizes" que estavam com a transmissão uns minutos na frente da minha e ficavam narrando o jogo e quando um deles soltou que o goleiro do Sport havia defendido o primeiro penalti cobrado pelo Mozart eu quis morrer de catapora (parafraseando a minha querida amiga Caldeirinha) pois naquele momento, para mim o Mozart ainda colocava a bola na marca do penalty para bater! Foi aí que decidi tapar o chat com uma folha de sulfite e sofrer na solidão do meu escritório em frente ao meu computador. O marido, na sala, só ouvia os gritos de desespero e alívio..Affe.. ninguém merece decisão por penaltys mas o São Marcos mais uma vez esteve lá, firme e forte.

Após a minha primeira experiência em assistir a uma decisão por penaltis com torcedores virtuais eu cheguei a conclusão que torcedor é tudo igual , não importa o meio (estádio, tv, internet) chinga, chora, grita, sofre e diz coisas muito mas muito engraçadas mesmo quando está nervoso e torcendo pelo time do coração. 

27.4.09

Entrevistando Expatriados

Atendendo ao convite da Mirella , concedi uma entrevista ao Entrevistando Expatriados e resolvi dividir aqui com vocês o resultado final pois a entrevista que dei acaba respondendo muitas das perguntas que frequentemente chegam até mim por meio deste blog. 

Aproveito para agradecer o convite da Mirella e compartilhar, mesmo que seja apenas uma pequena parcela das minhas reflexões sobre a minha experiência com a imigração, com os que me acompanham por aqui. 

20.4.09

Páscoa com os Obama









No feriado da Páscoa que passou, juntamos nossos mapas, a vontade de explorar,  o velho e bom par de tênis surrado a eterna mochila companheira de guerra e fomos para Washington DC acompanhados dos amigos Kati e Peter. 

Lá passamos deliciosos 4 dias de primavera tomando um "banho" de história e cultura. Andar em meio a todos aqueles monumentos tão famosos no mundo todo e tão carregados de simbolismos, é uma experiência única! Sem contar que abril é o mês do Cherry Blossom Festival na cidade e as famosas cerejeiras japonesas embelezam cada canto da cidade. 


Washington DC definitivamente entrou para a minha lista das top 10 cidades do mundo em que eu já estive e que merecem uma segunda visita. Para mim então que sempre assisti muito filme, foi o máximo chegar bem perto do Lincoln Memorial, do Pentagono, da casa branca, do Capitolio, da Biblioteca do Congresso e do FBI

Eu parecia uma criança diante dos carros do FBI, também quem manda gostar de filmes policiais e assistir muito:) (E por falar nisso, estou aqui contando os dias para dia 23 quando estréia, na globo internacional pois sei que já estreou aí no Brasil,  a nova série policial brasileira com o Murilo Benício - Força Tarefa. Até que fim a Globo resolveu fazer algo do genêro!)



Enfim, para mim os dois pontos altos do passeio foram a biblioteca do Congresso (uma vez apaixonada por bibliotecas, sempre apaixonada por bibliotecas:) e o Cemitério Arlington mas absolutamente tudo em Washington é muito interessante. O complexo de Museus Smithsonian (o maior do mundo com 19 museus) oferece ao turista uma infinidade de opções e a entrada é gratuita. Passamos 5 horas no Air & Space Museum - o máximo!

Para quem está aqui em Toronto a viagem de carro até Washington DC é super tranquila com duração de 9 horas e dividindo as despesas com outro casal como fizemos sai bem em conta. Ficamos hospedados literalmente a 5 minutos à pé da Casa Branca então esquecemos o carro na garagem do hotel e fizemos todo o circuito turístico da "capitar" americana à pé. Um roteiro inesquecível... 





7.4.09

Trilhas Urbanas

Não era de hoje que eu queria explorar melhor as trilhas de Toronto e constatar que a cidade faz juz ao famoso slogan de "cidade dentro de um parque". Entretanto, uma estação chamada inverno canadense (sim, existe o inverno do resto do mundo e o inverno canadense:) até uns dias atrás nos levava para outras atividades, digamos assim, mais geladas como esquiar e patinar. 

Mas é chegado o equinócio de primavera no hemisfério norte e com ele as tão comemoradas temperaturas carinhosamente apelidadas pelos canadenses de "double digit" (isso, passou de 10 graus acima de zero o povo comemora muito e você também depois que passa mais de dois invernos por aqui:). Domingo que passou foi um desses belos dias de primavera com sol e a temperatura na deliciosa casa dos "double digit" (cerca de 13 graus), sem vento, ou seja, um excelente motivo para botarmos o pé nas trilhas urbanas de Toronto! (Abafa o caso que no dia seguinte a neve deu o ar da graça novamente em Toronto, de leve, mas deu...)

Para quem mora em Toronto, ou até mesmo vem a passeio, e ama natureza como eu, a cidade oferece uns tesouros "escondidos" em meio ao "caos" urbano. O East Don Parkdale é certamente um deles! Como queríamos realmente caminhar, fomos a pé de casa (moramos no norte de Toronto) e em uma hora de caminhada estávamos na porta do parque, mas se você não quer caminhar dentro da cidade e guardar energias para a caminhada no parque, basta descer na estação LESLIE do metrô e atravessar a rua e lá está você de frente para a entrada de uma trilha de 6 quilômetros que acompanha o East Don River entre a Steeles e a Sheppard Avenue, a oeste da Leslie Street!

Conforme as temperaturas vão permitindo mais e mais, afinal como cantava Tim Maia é Primavera ...., a idéia é explorar outras trilhas urbanas como a de Rosedale, o Humber River Valley, o Scarborough Bluffs e o Lower Higland Creek and East Point Park....Sem sair de Toronto. 

Se animou?  Então vá atrás do livro GREAT COUNTRY WALKS AROUND TORONTO de Elliot Katz e receba altas dicas sobre as trilhas urbanas de Toronto. 


27.3.09

Consumidor antenado

Estava eu aqui fazendo umas pesquisas básicas no mundo maravilhoso da rede mundial de computadores (isso, esta mesma, a Internet:) para me certificar de que certa instituição (da qual eu nunca ouvi falar antes) e que diz oferecer um determinado diploma,  é digna da minha confiança, se tem solidez no mercado e outras cositas mas que sempre procuro saber antes de sair correndo me matriculando em cursos por aí...

Pois bem, eis que acabei encontrando uma ferramenta bem interessante para aqueles que moram no Canadá e nos Estados Unidos. Trata-se da página do Better Business Bureaus (in Ottawa, para quem mora aqui no Canadá) por meio da qual você pode checar como cada negócio está avaliado dependendo das reclamações recebidas e também pode fazer a sua própria reclamação! Há também estatísticas sobre os mais famosos SCAMS (os esquemas montados para enganar consumidores) aqui no Canadá e muito mais. Enfim, vale checar o site especialmente para quem é relativamente novo no país e não conhece o histórico de muitos pequenos negócios que andam por aí. 

Melhor prevenir do que remediar não é mesmo?


17.3.09

Marido Russo

Não é de hoje que o marido chega em casa dizendo que não raras vezes as pessoas o confundem com Russo, claro que quando ele está de boca fechada diz ele. E eu sempre achando que até aí tudo bem pois ele poderia também passar por Alemão, Austríaco por conta da sua ascendência...

Há não muito tempo, o marido ganhou um novo colega de trabalho e adivinha a nacionalidade dele? Russa. E não é que até os Russos acham que o marido passa fácil como um Russo! Já eu, no momento fazendo amizades com um Ucraniano e uma Cubana filha de Russa (pois é, esta é a Toronto que eu amo:), estou explorando e entrando cada vez mais em contato com as riquezas que a gastronomia e as culturas Russa, Bielo-Russa e Ucraniana tem a oferecer, agora descobri que de fato tenho um marido "Russo":)

Semana passada fomos conhecer um mercado, indicado pelo amigo russo do marido e frequentado pelas comunidades russa e ucraniana de Toronto, que é um verdadeiro oásis quando o assunto é gastronomia russa, ucraniana e outras "cositas mas" do leste Europeu !

Fomos até lá não apenas para conhecer mas também porque o marido que sempre gostou de caviar (e não é que ele é russo mesmo e eu não havia notado:) sismou que queria comer caviar! Já eu que não curto caviar mas amo um salmão defumado e os chocolates e biscoitos poloneses e agora sou fã do chocolate ucraniano, deixei o marido na prateleira do caviar e me distanciei um pouco. Não o bastante para perder a cara que o marido fez quando a atendente virou para ele em RUSSO e soltou o código ininteligível do qual só entendemos as palavras Svaroviski, Vodka, Spassiva e Putinski.

Claro que a atendente não falou nenhuma das 4 palavras que ele conhecia de russo e o pobre só foi capaz de soltar um "I am sorry..." e virar para mim dizendo: o meu problema é que eu pareço russo!! E eu logo completei : "agora falta aprender o idioma deles rsrs". Em um átimo de segundo a atendente trocou para o inglês e aí fez a alegria do marido lhe oferecendo para degustar os 4 tipos de caviar que lá existiam.

Quando eu volto para a cena do crime, o marido estava lá parecendo uma criança se deliciando com a iguaria muito apreciada pelos russos e feliz da vida com os seus 100 gramas de caviar (sim, porque para fazer como os russos que passam o caviar no pão no café da manhã haja bufunfa com o quilo do caviar custando 100 dolares!). Segundo o colega russo do marido, há uma outra loja em Toronto que cobra $50 o quilo, ou seja, a metade do preço - ah tá!

Mesmo se você não aprecia caviar mas gosta de um bom salmão defumado, uns doces do leste europeu, azeitonas gregas genuínas e até uns pães assados, o YUMMY MARKET que fica na Dufferin Street em North York é uma ótima pedida! Nós adoramos e eu, que fui convencida de ter casado com um marido russo mesmo sem saber,  vou tratar de comprar um BORODINSKI (o pão preto usado pelos russos para passar o caviar no café da manhã) para quando der um outro surto russo no marido de querer comprar caviar:) 

7.3.09

Parabéns Toronto

Ontem, dia 6 de março, Toronto completou 175 anos e para celebrar a prefeitura tratou de organizar uma série de atividades gratuitas durante todo o fim de semana. 

Há dois anos e cinco meses chegávamos nesta cidade que adotamos como nosso lar e que aprendemos a apreciar tudo que ela tem de bom a nos oferecer. Claro que como toda grande cidade (bem, não tão grande assim para quem morou por anos em SP capital:) tem seus problemas e deficiências com as quais se aprende a lidar uma vez que se reside nela. 

Toronto (que assim como São Paulo que vai morar sempre no meu coração por ter me acolhido de braços abertos quando para lá imigrei do interior para a "capitar") já mora no meu coração pelos mesmos motivos. A diferença é que em Toronto ainda sou um bebê que acabou de chegar e ainda está descobrindo como melhor tirar proveito dela mas tenho certeza que se um dia eu completar os mesmos 11 anos que morei em SP terei o mesmo bom sentimento em relação a esta linda cidade!

Parabéns Toronto! E agora deixa eu ir para aproveitar as atividades gratuitas do fim de semana:)

1.3.09

Terapia das 36 cores


Quem não se lembra da encantadora caixa de lápis de 36 cores que era o desejo de 10 entre 10 crianças na década de 80? Se você tem mais de 30 anos já captou a minha mensagem e já visualizou aquela caixa em formato de gavetinhas onde ficavam os mágicos 36 lápis e o rei de todos - o verde piscina! 

Ah, o verde piscina... Era o primeiro a virar um "toquinho" de lápis enquanto outros como o lápis branco e o cinza ficavam intactos, mas também quem se importava com eles não? Eu amava apenas olhar para todas aquelas cores pois embora eu seja uma negação para desenhar, adoro pintar! 

Pois bem, fui eu esta semana para uma das lojas de UM dolar comprar caderno e material para um curso que comecei esta semana e eis que de repente me deparo com uma embalagem transparente com 36 lápis de cores (foto)!! E lá estava ele, o rei, o lápis verde piscina piscando para mim e dizendo "me leva, me leva ":) 

Claro que a embalagem não é a mesma mas todas as cores estavam lá e claro que eu não resisti e comprei para eu pintar e pintar como nos bons tempos! Até porque eu paguei apenas 5 dolares pela relíquia! 

Claro que o marido tirou muito sarro quando cheguei em casa me lembrando que não sou mais uma criança , bla, bla, bla e se divertiu muito quando eu cheguei toda feliz mostrando a minha mais nova aquisição. E lá fui eu na mesma hora pintar as paisagens que costumava pintar usando todas as gradações de cores existentes na face da terra:) Quer melhor terapia que esta? Agora faço ao menos uma pintura por dia até que o lápis verde piscina vire um "toquinho" outra vez, como nos velhos e bons tempos:)

Tenham todos uma colorida semana!


19.2.09

NAMASTÊ!

Uma das coisas que mais gosto sobre morar em uma cidade como Toronto (assim como era em SP em certo grau) é o fato de ter o mundo aos meus pés. Eu adoro principalmente porque experimentar é o meu negócio e, não por acaso, o do meu marido também:)

E domingo passado fomos "experimentar"  o hinduismo aqui em Toronto ao visitar o templo hindu Shri Swaminarayan Mandir que, independente de sua filosofia de vida ou crença, é muito digno de sua visita apenas pela beleza arquitetônica! O templo é um destes monumentos que parecem ter vida própria!

Se você for visitar o templo, peça para os dedicatos voluntários que lá trabalham para lhe contar como o templo foi construído e você vai ficar impressionado! Por se tratar da casa de Deus para os hindus, trata-se de um local que transmite muita paz e que é aberto ao visitante, independente de crença, com entrada gratuíta. 

Como um conhecido meu Indiano havia me dado a dica de que próximo ao templo havia um restaurante hindu, portanto vegetariano, claro que eu e o marido saímos do templo e fomos almoçar lá para experimentar algo novo, ou seja, a gastronomia hindu-vegetariana. Claro que nós éramos os únicos não indianos que estávamos lá porque o Sayona (que não é propriamente um restaurante mas uma mercearia hindu que serve o bandejão hindu) é daqueles lugares que apenas a comunidade Hindu-Indiana frequenta, ou seja, garantia de que estamos tendo a verdadeira e original experiência hindu! 

Como éramos os únicos "estrangeiros" lá é claro que tive que abordar um indiano que comprava comida e trocar umas idéias com ele sobre o que comer e como comer:) E lógico que foram todos muito simpáticos e pacientes nos tratando muito bem porque vamos combinar que qualquer um acha o máximo este tipo de coisa não é? Como quando nós brasileiros recebemos em nosso país um estrangeiro aberto a provar da cultura, da culinária, enfim... A mensagem que o estrangeiro passa é - eu quero conhecer a sua cultura, os seus valores. E quem não fica feliz com isso?

Claro que eu experimentei tudo mesmo sabendo do gosto um tanto quanto picante dos indianos quando o assunto é comida e mesmo sabendo que o meu paladar não tolera muito coisas picantes. Algumas coisas eu gostei, outras não. Já o marido, em geral, gostou mais do que eu porque o paladar dele aceita mais o mundo picante. Ao final do almoço fomos para a degustação dos doces indianos. Estes sim eu já os havia provado uma vez e gostei de alguns. O negócio é que no Sanoya há um mundo de variedades de doces e aí eu comecei a pedir para o moço colocar um de cada no saquinho e, de novo , a simpatia em nos deixar provar antes de comprar pois estava na cara que nós não tínhamos idéia do sabor de alguns ali. 

Então se vocÊ for comprar os doces indianos e não gosta de nada amargo (sim, há doces indianos amargos) então fique longe da categoria "Winter Sweets", os doces do inverno. Quando o atendente nos deu um desses para experimentar já foi logo avisando: "It is bitter but it is good for your health" Neste meio tempo o "doce" já tinha atingido a minha língua e aí foi a coisa mais amarga que eu já havia provado na vida affe! O marido disse que lembrou chá de folha de boldo eeerrrggg! Só de lembrar me dá arrepios .... Nós agradecemos a gentileza do moço e voltamos para o lado dos doces realmente doces e aí , estes sim são bons para o meu paladar porque como dizia o caboclo - "De amargo já basta a vida rsrs"


10.2.09

Chamada para Saskatchewan

Se estar sem trabalho já não é lá das melhores posições para um ser humano estar por razões óbvias de sobrevivência, imagine estar sem trabalho em época de recessão mundial. Pior ainda, ter sido "cortado" por conta da crise. E, não menos doloroso, lutar muito, ficar dois meses em processo de seleção, conseguir a vaga, acertar o dia de iniciar no trabalho, salário, tudo e, dois dias antes, receber a fatídiga ligação dizendo que a vaga foi congelada por conta da crise e você não vai nem começar a trabalhar, ou seja, perder a vaga por conta da crise econômica mundial (este último caso aconteceu comigo em outubro passado...)

Enfim, difícil saber qual a pior situação. O caso é que esta semana, em meio à tanta turbulência, o pessoal lá do oeste, vulgo de Saskatchewan, procurou os jornais para "convidar" os desempregados de Ontario e os imigrantes recem chegados ao Canada a se mudar para a única províncea que se deu ao luxo de não ver um aumento no índice do desemprego nos últimos meses. Melhor, o índice caiu e, segundo Brad Wall há 5.430 vagas que precisam ser preenchidas em ramos como o da construção, agricultura, gerenciamento, finanças, administração, saúde, ciência, educação, vendas e até chão de fábrica.

Para quem pretende encarar a corrida para Oeste vale dar uma olhada antes no Saskjobs.ca e pegar o próximo trem que parte em 5 minutos!


8.2.09

So cute!

Ok, não está fácil ser uma torcedora do Raptors nesta temporada da NBA, afinal o time não está lá muito bem. Sofreu muito com a ausência prolongada do Calderon por conta de contusão e uma série de outros episódios que desequilibrou bastante o time que já acumulou sua sexta derrota consecutiva esta semana. 

De qualquer maneira torcedor que é torcedor de verdade como eu, continua acompanhando e torcendo muito! Até porque acompanhar os fantásticos jogos da NBA e seus maravilhosos jogadores não é nenhum sacrifício, mesmo com o Raptors capengando. O fato é que quem assiste muito jogo de basquete não perde também as campanhas publicitárias que passam nos intervalos dos jogos. E uma das minhas favoritas de todos os tempos é a campanha da Raptors Foundation for Kids, braço do time que desenvolve trabalho social com as crinaças (aliás o envolvimento dos atletas da NBA com responsabilidade social é digno de nota e respeito).

Para quem não acompanha, as duas crianças nos dois filmes que eu mais amo estão imitando dois grandes jogadores do Toronto Raptors : o Chris Bosh e o Jose Calderon. No caso do Jose Calderon que é espanhol, os criadores da campanha tiveram até o cuidado de colocar uma criança que interpreta o charmoso sotaque do jogador. É incrível a semelhança! A idéia da campanha é lembrar que todos nós um dia já fomos crianças, incluindo os nossos grandes ídolos e as feras do Raptors que hoje ajudam as crianças.

 Vale checar os videos do Jose Calderon (o meu favorito) e o do Chris Bosh. So cute!

27.1.09

Quando a calçada some...

E já não se consegue mais ver onde termina a calçada e começa a rua por conta de tanta neve acumulada, começa a operação limpa neve! 

Fim de semana passado acordei, fui até a sacada respirar uma brisa gelada e eis que me deparo com a seguinte cena em frente de casa.


Agora sim, consigo diferenciar a calçada da rua...

20.1.09

Brazilian Day em Toronto

Deu no Globo que a TV Globo Internacional vai trazer o Brazilian Day (evento anual já tradicional e famoso nos EUA) para Toronto este ano. Segundo a fonte, que por sinal é boa, teremos o evento por aqui já em Setembro.

É aguardar para participar! Eu adorei a notícia!

16.1.09

Imóveis em Toronto

Taí outra dica que não pode faltar no seu caderninho de imigrante em Toronto. Trata-se do blog da Regina Filippov, por meio do qual você pode entrar em contato com uma profissional de muita experiência em prestar serviços imobiliários à comunidade brasileira em Toronto e região.

Além das altas dicas prestadas no blog, você pode requisitar uma consulta sobre compra, venda ou aluguel de apartamento, casa e pontos comerciais e ser atendido em português!  




14.1.09

Literatura para imigrante

Estou passando para dar uma dica de leitura, especialmente para aqueles que ainda estão no Brasil se preparando para imigrar. Trata-se do livro "How to Find a Job in Canada - Common Problems and Effective Solutions" de Efim Cheinis e Dale Sproule, publicado pela Oxford em 2008. 

Digo para os que ainda estão no Brasil porque honestamente achei o livro bem fraquinho para quem está aqui e - como eu - está iniciando o terceiro ano, já colocou e continua colocando em prática todas as "dicas" do livro e ainda não atingiu todas as maravilhas que o mesmo (o livro) promete:)

Quem já está aqui há um certo tempo não precisa perder tempo em comprar ou até mesmo ler com muita atenção. Faça como eu fiz, alugue na biblioteca pública e dê uma olhada por cima para ver se algo se aplica ao seu caso. Aquela coisa de fazer o exercício diário de tentar descobrir se há algo que você ainda não fez, que esteja ao seu alcance e que você ainda pode fazer sabe? Decepção... Apesar do autor afirmar que sim, este livro não é para quem já está aqui. 

Já para quem está no Brasil (ou em qualquer outro país que não o Canadá) acaba sendo bem válido porque me lembro de ter descoberto sozinha e na raça, em meus primeiros meses aqui, muitos dos tópicos que o autor cita no livro. Informações que por mais que você se prepare aí do Brasil fica muito difícil saber se não tiver alguém aqui no Canadá escrevendo um livro e colocando as informações em um lugar só para você. Ponto para o autor neste sentido! 

Agora se você é como eu e sabe que já tentou e continua tentando tudo que é possível, aí só nos resta viver plenamente e curtir as vantagens (que não são poucas!) de não trabalhar fora (o marido me ensinou a acrescentar a palavra "fora" ao verbo trabalhar porque, segundo ele, eu nunca trabalhei tanto como desde que me mudei para o Canadá). 

Uma das vantagens é ter tempo para ler mais e aí eu não resisti em listar as principais pérolas e algumas falácias "comerciais" do livro: 

"Reading this book will reduce the time it will take you to find a job – all of the important information you will need has been organized in one place" (Se não há demanda para o que você faz, no momento que você procura, não há livro de ouro que vá fazer isso para você! ) 

"Success will not come easily in your new homeland. But if you use the Canadian support systems described in this book, your chances of success will increase dramatically " (Me reservo no direito de ficar calada parte I) 

Além de algumas contradições, especificamente quando fala dos "survival jobs":

O autor aponta os prós deste tipo de trabalho da seguinte maneira:

"Survival jobs count as Canadian experience and you can put it on your resume" (Totalmente discutível! Já ouvi muito consultor aqui dizendo para não colocar  no currículo. A equação não é tão simples assim.)

"You will make new friends" (Me reservo no direito de ficar calada parte II)

"You may be able to build a business network" (Disse bem, may...Como eu não havia pensado nisso antes? Claro! Servir mesas em um restaurante lotado é o melhor momento para construir uma boa rede de negócios! Oh yes!)

Ao mesmo tempo, contraditoriamente, o autor traz os contras dos “survival jobs”:

"While you are working in a survival job, you may not be getting good Canadian experience in your own field of work." (Espera aí , mas ele não diz lá nos prós que é para colocar no currículo , que pode ser bom, blá , blá, blá... Ah, tá... Então a equação não é tão simples assim!)

"The work will not likely be in your field, so you will not be using the knowledge and experience you already have" (Descobriu a América! Mas e as contas? Lembram delas?)

E para fechar com chave de ouro este capítulo que para mim foi um dos destaques nas pérolas...

"The longer you stay in a survival job, the harder it may be to leave. Make sure that you do not stay in a survival job too long. If you do, you will not benefit from your many years of hard-earned education and experience in your field"  (ah vá!) 

Enfim, como eu disse lá no começo, há recursos bons e novos no livro para quem ainda está no Brasil ter uma idéia do que vem pela frente. Agora dizer que quem já está no Canadá (como o autor faz na abertura) também vai aproveitar muito esta leitura, aí já é forçar muito a barra para aumentar as vendas. 

*PS - Desculpem-me o sarcasmo mas eu não resisti, o livro é um prato cheio... Agora vou voltar para a minha excelente leitura de cabeceira que eu ganho muito mais. Estou lendo a biografia do Ted Rogers, esta sim vale à pena (ao menos no meu caso:)!