12.10.10

4 anos no Canadá - parte IV (final)

Estava devendo a quarta parte dos slides das 300 imagens que selecionei nesses quatro anos de Canadá. O meu quarto ano aqui será também sempre lembrado como o ano mais feliz e importante de toda a minha vida, foi o ano que Deus nos presenteou com o Arthur!

Além de muito feliz, cheio de muitos desafios e aprendizados. O maior aprendizado de todos: o de ser mãe! Com relação a experiência de ter engravidado e parido no Canadá, não poderia ter sido melhor! Não tenho nada para reclamar, fui sempre muito bem tratada por todos, obstetra que fez o meu pré natal, médicos e enfermeiros no hospital. Como nunca fiquei grávida no Brasil não posso fazer nenhuma comparação mas o que posso dizer é que eu tenho certeza que não teria lugar melhor para eu viver essa experiência - a experiência da minha vida!

Exatos nove meses depois de chegar com o pacotinho em casa, percebo quanta coisa vivi desde aquele teste positivo de farmácia e quanta coisa ainda vou viver! E para quem acha que eu já havia passado pelo maior desafio da minha vida (imigrar para o Canadá, o que não é pouca coisa!), engana-se pois o maior desafio de todos começa agora! Se eu "apenas" puder ver o meu filho se transformar em um ser humano de caráter e que preze pelo zelo ao outro, pela humildade e pelo amor ao conhecimento, já terei feito o que de mais importante me propus a fazer nessa viagem chamada vida!

Eis o último slide da série!

7.10.10

ONG pró reforma

Foi inaugurada dia 28 de setembro que passou a ONG pró reforma na política de imigração Centre for Immigration Policy Reform e junto com ela, o debate só esquenta! Independente da opinião de cada um, imigração sempre foi e sempre será considerado tabu. Desde que o mundo é mundo como diz a minha avó.

A ONG, que conta com um ex embaixador com 30 anos de experiência em relações exteriores, um ex membro do departamento de imigração canadense, jornalistas e professores de universidades em seu quadro de diretores fundadores, já está "causando" como diria um adolescente antenado. Veja cobertura na imprensa aqui , aqui e também aqui . Afe quanto "aqui":)!



6.10.10

Série sobre imigração

O jornal canadense THE GLOBE AND MAIL está com uma série intitulada "Canada our time to lead - 8 discussions we need to have" que traz, entre outros assuntos, o da imigração é claro!

A equipe de reportagem do jornal criou perfis fictícios de imigrantes e lançou o debate entre especialistas sobre qual perfil de imigrante deveria ser escolhido. Entre os 5 perfis figuram os quatro países que mais mandam imigrantes para cá e um americano. A série lança também o debate sobre se políticas de imigração existem para construir uma nação ou serem administradas de acordo com a economia. Hoje ainda, o ministro da Imigração vai falar sobre o assunto. Vale seguir.

5.10.10

Na real

A CBC acaba de noticiar o que para nós imigrantes que já estamos aqui no Canadá há algum tempo não é nenhuma novidade. Entretanto, não deixa de ser sempre uma constatação, nesse caso triste constatação, e que sempre ajuda (senão aos responsáveis por modificar políticas de imigração e empregadores canadenses) aos que aspiram entrar nessa luta! Todos temos o direito de, mesmo sabendo das dificuldades, ainda assim toparmos entrar na luta. O que acho muito importante é o conhecimento pleno da realidade como ela de fato é e não floreada por fatos e visões distorcidas. É assim que acho que estudos como esse ajudam muito!

Realizado pela Community Foundations of Canada, o estudo constata que imigrantes com menos de 5 anos de Canadá com nível superior de educação equivalente ao de um canadense experimenta um indíce 4 vezes maior (isso QUATRO vezes maior) de desemprego! Em porcentagem isso dá um índice de 13,9% de desemprego para os imigrantes contra 3.4% para o canadense. Será que não há algo de errado aqui?? Claro que sim! E nós que moramos aqui há mais tempo sabemos exatamente o que está errado. Interessa mudar? Aí já é uma outra questão.... Eu, sempre que posso, faço minha parte. Acabei de mandar para a CBC uma carta (veja abaixo) que escrevi em 2009 com a intenção de enviá-la ao Ministro da Imigração mas que acabei não o fazendo por outras prioridades que surgiram. Agora deu vontade de espalhar o que escrevi naquela época e que continuo achando exatamente a mesma coisa portanto, a carta ainda vale!

Toronto May, 2009

Ref: Waiting for the outcome – immigrant co-op programs are not delivering as they promise.

I do not have any quarrel with the fact that a lot is being done to enable the new immigrant to settle down smoothly. I do think the Canadian government is quite earnest to do something constructive in this direction. The amount of funds allotted to various immigrant settlement agencies is huge and, in fact, this has become a thriving industry now, but precious little comes out of it.

For the past two years and a half, since I landed in Canada and started navigating the complex and disconnected system in place to support newcomers in their long journey through the Canadian market place, I have been witnessing an accountability issue when it comes to the way the system approaches newcomers. In almost 3 years, I have been to 3 different programs targeting newcomers: NOW (Newcomer Opportunities for Work - October 2006), CanEx Co-op Program - January 2007 and SLT Hospitality with Co-op Program - February 2009. In total, I spent 41 weeks attending job search seminars, orientation to Canadian workplace culture, resume critique. I also worked for free during six months in 2 different places.

Although I have seen so many mistakes in all places I have been, my last experience (SLT Hospitality with Co-op Program) was the worst ever regarding the lack of accountability towards newcomers. Since I already had an advanced level of English (ten years of studies and use before coming to Canada) but I was still out of the job market, when I joined SLT Hospitality with Co-op program, I was hoping, as its name and the flyers make newcomers believe, to start a co-op by the end of the course. It never happened and I was not alone. Unfortunately I have never been alone down this road. I write especially for the majority of newcomers who are still coming and won’t have a voice for years to come.

Another issue that deeply affects newcomers, emotionally wise, is how the volunteering word has been misused to make them even more confused when they arrive, especially the majority of those who are coming from countries where there is no such a thing as working for free in order to get their feet on the door. Still, they go and work for free, as I did, and nothing happens. Promises have been made. Promises are not being kept. Accountability is the main issue here. In my opinion, if the funds were not provided by headcount and rather by the measurement of the quality of the results (like the multinationals do) the accountability issue wouldn’t be there.

Although the list that follows is far from its end and the Hospitality with Co-op program was not the only place where I faced an accountability issue, I will briefly state what I have experienced there because it was my last attempt to be part of one of these programs:

· Lack of face-to-face meetings with the job developer. High turnover (we had 3 job developers in less than 3 months).

· The approach: it would be a good start if the agencies stopped treating us as
“clients” and started seeing and treating us as who we really are: highly educated professionals. The “speech” is there but not the action.

· Lack of transparency when it comes to analyze and communicate the real chances of securing a placement at the end of the program. (After more than 2 weeks of the end of the program nobody was given a clue about the possibilities of a placement).

· Huge gap between management and the “clients”, total disconnection with the real world of newcomers.

· The field trip (to a fancy hotel to impress) wasn’t tailored to the audience meaning the clients didn’t need to be part of the program to get that kind of tour.

· Nobody knows better than newcomers the importance of networking, especially because since they arrive in Canada they are forced to restart everything from scratch. So, the agencies don’t help immigrants by insistently repeating how important is to network. Instead, it would be more helpful if they actually helped newcomers through their network. That is why immigrants register for programs with co-op.

· Although newcomers know the importance of networking, it is very unclear and there are few registers or success stories about the agencies playing a formal role in the establishment of networks, focusing instead on teaching techniques for networking during the in-class component of the programs.

Despite a well-developed immigration policy, Canada lacks a more integrated and centralized policy that guides immigrants coming from all over the world and, with different needs. My experience as an immigrant trying to be part of the Canadian marketplace for the past two years and a half has proven that there was no shortage of efforts on my side and on other immigrants side. Rather, an increasing underutilization of the skills of newcomers – skills for which many were selected – is directly connected to a significant increase in poverty rates among new immigrants and their families. Therefore job market integration for newcomers remains a challenge and there is a continuing role for the provincial and federal governments to truly tell the world that Canada is a land where immigrants fully integrate social and economically. Getting immigration right has never been easy. But getting it wrong – the usual result of lurching from one expedient to the next – will mean a shrinking economy, a drop in living standards and a loss of vitality, which in fact is the last thing newcomers want to happen with the country they now call home.

Sincerely,

*Paula Regina Mazulquim


1.10.10

Esse é o cara!!!!!!!!!!!!!!

Deveria virar lei! Todo imigrante deveria assistir, ainda em seu país de origem se possível, a palestra do francês Lionel Laroche . Precisou um engenheiro francês, também imigrante no Canadá como nós, para finalmente apresentar a real dos fatos na dificílima tarefa de recolocação e integração de profissionais qualificados, oriundos de outros países, no mercado canadense!

Nada contra engenheiros, pelo amor de deus! Eu me casei com um e acho que no fundo no fundo tenho uma invejinha de não ter o perfil necessário para ser engenheira:). Daí talvez a minha admiração pelo racional, exato e matemático dos bons engenheiros, mas enfim Freud deve explicar uma comunicadora com esse tipo de crise:) Afinal Deus me deu o dom da palavra, dos idiomas e lá vou eu com ele seguindo em frente:)

O fato é que nos últimos quatro anos, dos quais três inteiramente, arduamente e exclusivamente dedicados a me recolocar no mercado de trabalho, é a primeira vez que ouço alguém traçar o cenário da recoloação profissional de imigrantres de maneira inteligente, real e mais importante ainda, com muita qualidade! Nesses 3 anos das minhas idas e vindas ouvi muita besteira, mas muita besteira mesmo! Presenciei de tudo que vocÊ pode imaginar e quando ouço um palestrante desse nível só posso lamentar o fato de os funcionários das instituições que ajudam os imigrantes não terem sequer um terço da capacidade e visão que tem esse engenheiro!

Se mais pessoas envolvidas com a imigração aplicassem na prática o que esse engenheiro diz talvez houvesse menos discrepância entre a expectativa dos que chegam e a realidade dos que recebem. Portanto, se você me lê e ainda não chegou no Canadá faça um favor a si mesmo : veja e reveja essa palestra uma vez por dia até você chegar por aqui. Quando chegar vai entender que o que ele fala é a mais pura verdade!

Na outra ponta, se você já está aqui no Canadá, já trabalha por aqui também vai usufruir muito dela! Enfim, serve para todo mundo! E o melhor, esclarece de uma maneira objetiva, sem frescura e direta que talvez precisasse de um engenheiro mesmo para apresentar:)

Quando aqui chegamos, o que mais incomoda (como o Lionel explica tão bem) é o fato de os funcionários das instituições que ajudam o imigrante terem muito pouca intimidade com o assunto, não serem imigrantes (a maioria não é., portanto não conhece a dor da experiência) e pior, não terem a mínima idéia do que você fazia no seu país e ainda quererem "ajudar" com a sua recolocação! É patético!

Outro fato que amei desse palestrante é a ausência do Power Point!! De novo, nada contra pois usei muito power point na minha outra encarnação como assalariada de multinacional, mas o Power point é uma dessas ferramentas que escraviza e empobrece muito a palestra se você não tomar cuidado. O Lionel me lembrou um daqueles excelentes professores que dominam tanto o assunto que lecionam e que por isso não precisam de muletas para ensinar. Tive poucos desses na vida mas sempre admirei muito. Assisti a palestra dele e fiquei com vontade de ter aula com ele, mesmo que fosse de cálculo para eu não entender nada!

Enfim, aqui um desabafo de quem demorou para ouvir alguém falar de maneira inteligente e realista para um imigrante, entre outras coisas, que a média (dependendo do ramo de atuação como ele bem explica) vai demorar de 6 a 12 ANOS (e não meses) para chegar próximo do nível intelectual-financeiro-profissional que exercia antes de chegar no Canadá. E melhor, apontar os pontos que devem ser trabalhados de verdade e não meramente ficar repetindo os velhos clichês : você precisa fazer NETWORK (arrrgh), ter um bom inglês (ah vá!) e ser flexível (aliás a parte que ele fala da flexibilidade dos imigrantes é ótima!) e team player (arrrgggh ao quadrado). Enfim, uma massa cefálica funcionando e ajudando de fato em meio a um mar de deserviço e desinformação! E olha que a palestra nem é nova (2008). FINALLY!!!!!Affe.... falei!

Em tempo, a Jeanne minha vizinha foi quem compartilhou esse video e merece o crédito de ter achado essa preciosidade! Valeu Jeanne! Muito bom mesmo! Bom fim de semana a todos!