31.7.06

O mundo vai acabar em "Papéis"

Quanta burocracia nos rodeia! Papéis, papéis e mais papéis... Como podemos ainda estar presos a tantos papéis em plena era digital? O meu sonho de consumo neste momento é que eu estivesse em pleno cenário dos filmes Matrix e Missão Impossível onde seus protagonistas acessam dados e registros apenas por um contato da íris com uma tela de cristal líquido e voilá...

Seria o fim das carteiras de trabalho, de motorista, Rg, dos papéis Iptus, Ipvas, certidões... Lindo! Ah, antes que algum sindicato dos cartorários e advogados se revoltem e façam protestos contra o meu sonho, o que defendo não é o fim destes registros e documentações. O meu sonho é que tudo isso estivesse ao nosso alcance ao simples toque em uma tela de cristal líquido com a impressão digital ou até a íris mesmo (para ficar mais cinematográfico).

Quem me conhece sabe como eu AMO jogar papel fora!!

Alguém aí vai pensar "a Paula está surtando". Explica-se : há pouco mais de 40 dias de deixar o país, vocês devem imaginar o mar de papelada e burocracia que eu estou "navegando" . Imaginaram? Multipliquem isso por 3. Lá estou eu. E só estou nadando de braçadas graças à sempre preciosa consultoria dos meus queridos irmão e pai, respectivamente Pedro Paulo e Paulo.

Estou me sentindo a própria "office girl" de tanto que eu tenho frequentado cartórios, bancos e afins...E a pergunta que não quer calar : "Isso tudo é por conta do processo de imigração para o Canadá"? Não, eu respondo. Esta parte já foi (ao menos no que diz respeito ao Brasil, o resto só chegando lá mesmo). Para aqueles que nunca pararam para pensar nisso ou nunca mudaram de país aí vai uma listinha básica da papelada que nos cerca:

  • Desligamento do trabalho ( quinze dias após ter deixado a Johnson & Johnson, eu ainda estava atrás dos orgãos, sindicatos e Caixas Federais da vida!)
  • Venda do Apartamento (este então, não tem fim! o pobre do comprador que, graças a deus já encontramos, encaminhou-me uma lista gigantesca de papéis que ele precisa apresentar ao banco para o financiamento que ele pediu para pagar o apê. Esta semana espero retirar as últimas certidões. Já fiz até amizade com os atendentes tanto do cartório de imóveis quanto os do registro civil)
  • Venda do Carro (este ainda esta por vir. Acabamos de colocar à venda . Ah, quem quiser comprar é só falar. Trata-se de um gol 1.6 / ano 98 com direção hidráulica, vidros automáticos e som MP3 inclusos.. estamos vendendo pela bagatela de 13.500 reais)
  • cancelamento e/ou transferência de conta em banco (mais uns dias gastos e papéis, mais papéis...)
  • Acertar transportadora para mudança (esta semana fecho isso . .. tenho que fazer um levantamento de tudo que tenho para o orçamento da mudança para Boituva. Vou deixar tudo na casa da mamãe.. por enquanto vamos para o Canadá apenas com mala de roupa).
Tá bom para vocês? Bem, esta é só a lista das coisas mais importantes. E uma das perguntas que ouvi quando deixei o trabalho em 30 de junho foi: "Qual o motivo de vc deixar o trabalho tanto tempo antes de sair de SP"? Explicado?

Para aqueles que querem um dia tocar um projeto deste tamanho, o planejamento deve ser exatamente este... Alguém do casal precisa estar, um mês inteiro antes de ir embora, focado em tempo integral a tudo isso. Caso contrário não rola!

Bem, enquanto não posso acessar um terminal apenas com o registro da minha íris, diretamente aqui de casa, vou até o cartório de registro civil reconhecer firma da declaração de quitação de condomínio que a síndica assinou para finalizarmos a papelada da venda do apê. Afinal, faz três dias que não vou até lá desejar bom dia aos atendentes!

25.7.06

Fim de semana divertido com afilhada

A maratona infanto-juvenil começou na quinta (20/07) com um lindo e ensolarado dia no parque de diversões Hopi Hari. Fomos eu, meu "cumpadre", minha afilhada Rafaela, sua irmã Claudia e meu primo Murilo. Que delícia! Cheiro de infância no ar. Pipoca, sorvete e muita diversão!!

Até concurso de grito eu fiz com a Rafaela (minha querida afilhada de 11 anos). Também pudera né Rafa? Fomos SEIS vezes nas montanhas russas do parque. Eu disse SEIS... foi o dia inteirinho virando de ponta cabeça, subindo, descendo, velocidade, vento na cara!!!! Sensação de liberdade e infância total! Saldo: só hoje começo a recuperar a minha voz que ficou nas voltas, subidas e descidas da montanha russa e do Katapult (acho que isso) meu brinquedo preferido daquele parque. Para quem não conhece, trata-se de um looping que fazemos de frente e de ré em um tiro só!

Eu sempre gostei muito de momentos passados com crianças e cada vez que tenho a chance, esqueço dos 31 anos que já se passaram e vivo através do olhar dos pequenos cada segundo junto deles! Sempre que tiverem a chance, experimentem. Faz muito bem para a alma! Tudo bem que sem eles eu teria passeado na montanha russa do mesmo jeito. O meu marido que o diga! Eu sempre gostei!

Para fechar com chave de ouro a maratona de férias escolares e despedida do contato mais próximo com a minha querida afilhada, eu trouxe a Rafa, a Claudinha e a minha mãe para o fim de semana em SP para uma programação especial com as meninas que moram no interior. A idéia era um presente da madrinha para afilhada, prima e mãe. Mas como eu disse anteriormente, estes momentos são tão especiais que acabei me dando um presente também!

Os olhinhos de descoberta em lugares que elas nunca foram antes e o brilho nos olhos provocado por cada sutil detalhe, que nos passa desapercebido com os anos a mais de vida que trazemos, para elas não! Tudo tem o seu encanto e acompanhar de pertinho este encanto pela vida e pelos detalhes foi o meu presente!

Criança fala com gestos, brilhos nos olhos, não precisa de palavras na maioria dos momentos! E observar e participar destes momentos foi o que mais fiz nestes dias. A programação foi agitada, fomos ao Aquário recém inaugurado no Ipiranga entre Tucunarés, jacarés, sucuris e a exposição de dinossauros.

No sábado passamos a manhã no Museu do Ipiranga e nos parques ao seu redor. Tudo era novo para elas! a Maquete da cidade de SP tão pequenina em sua origem! Almoço no Mc Donald´s - o lanche é escolhido sem nem mesmo saber o que tem dentro. O que importava era o carrinho que elas ganhariam do novo filme da Disney Carros. Acabou? Nananina...

A tarde fomos ao teatro assistir Brucho.Com que está em cartaz no teatro do Shopping Eldorado e vale muito a pena! Além de muito engraçada até para os adultos, mistura teatro com recursos visuais em 3D. As meninas ficaram encantadas e para finalizar, jantar na cantina do Bixiga..elas nunca haviam visto uma cantina - só nas novelas. Outro encanto!

No domingo fomos ver o filme Carros que também vale muito a pena.. aí foi pipoca, cinema e crianças muitas crianças ! Acho que assim que eu pisar em Toronto (cidade em que nunca estive diga-se de passagem) vou lembrar dos olhinhos das minhas queridas Rafa e Claudinha e do encanto que elas tiveram ao ir pela primeira vez em todos os lugares que visitaram comigo este fim de semana!

Independente do que vamos viver no Canadá, as descobertas deverão provocar em mim a mesma sensação infanto-juvenil do primeiro olhar! Nós adultos quantificamos muito as experiências e coisas ao nosso redor, endurecemos, perdemos muito do brilho no olhar com o passar do tempo! Justamente por isso Deus criou as crianças que estão aí para nos lembrar sempre disso. A existência delas e a convivência com elas é como se driblássemos a passagem do tempo!

Obrigada pelos dias lindos de encantamento e simplicidade queridas Rafaela, Claudinha, Mamãe, Cumpadre Claudio, Maurício e Murilo.


24.7.06

A despedida dos amigos de SP

O dia 15 de julho foi uma data muito especial porque pudemos reunir os queridos amigos de tantos anos de SP em torno de uma deliciosa mesa de queijos & vinhos e quanto vinho!

Costumo dizer que somos resultado do que vivemos, como e com quem vivemos e se há algo que podemos (e devemos) escolher é como vivemos e quem nos rodeia! Nestes dez anos de São Paulo (cheguei aqui para fazer a faculdade e fui muito bem acolhida por esta mãezona que é São Paulo!) não faltaram momentos e pessoas muito especiais ao meu redor.

Outra coisa que defendo muito e busco sempre é a qualidade (principalmente nos relacionamentos e momentos que vivo). Não me preocupo com quantidade. Posso não fazer algumas coisas com a frequência que eu desejaria mas quando as faço, vivo as intensamente. Alguém aí lembra da mensagem literária do estilo Barroco - CARPE DIEM! É assim que procuro levar minha preciosa vida.

A nossa festa de despedida foi mais um destes momentos e a prova disso eram os queridos que estavam lá. Desde a Cris Mano (minha querida e especial ex-colega de Faculdade logo que cheguei em SP e agora amiga de sempre), passando pelos amigos dos dois locais de trabalho por aqui: a Primeira Página e a Johnson & Johnson.

O nosso muito obrigado a cada um de vocês por mais este momento de qualidade:
Cris Mano e Persio, Pedro Paulo (querido irmão) e Edvânia, Lais e Waldir, Leslie e Natalie, Dani Caldeirinha e Dani Zuim, Bruna e Artur (o REI), Patrícia Leite (a Milk), Renato e Shirley, Jana e Wander, André, Cintia e Denise e ao meu querido marido companheiro de todas!

Vocês e os momentos proporcionados estarão sempre em nossos corações não importa onde estejamos. Levamos conosco um pouquinho de cada um de vocês e temos certeza de que deixamos também muito de nós por aqui.... A bandeira que assinaram vai comigo para o Canadá e será pendurada na parede do meu quarto. Assim que eu tiver um lá!

Passagens compradas

Agora é real! Os assentos 27 H e 27 K já estão prontinhos para a nossa chegada com destino ao sonho de nossas vidas. Canadá, aí vamos nós. Brasil, até mais ver...

Por conta de uma pane no meu computador, fiquei afastada por um tempinho e nestes dez dias tanta coisa aconteceu que nem sei por onde começar! O sábio diria para eu começar do início (lá no dia 15 de julho na nossa festa de despedia dos amigos de SP) mas eu não resisti e resolvi começar pela passagem aérea em mãos! Todos os outros acontecimentos merecem postagens exclusivas de tão especial que foram e as terão!

Nestes meses de despedidas, tenho ouvido a seguinte pergunta: "Você não está com um gelo na barriga diante de tudo isso?" E eu prontamente respondia - "não". E realmente era sincero, não estava sentindo. Atenção ao tempo verbal usado não ESTAVA.

Agora sim, posso dizer que estou sentindo o GELO mais delicioso que já senti em toda a minha vida. Ao ler a data de embarque marcada na passagem - 13 de setembro às 21H30 do aeroporto internacional de Guarulhos...IUPI!!

O querido marido já não aguentava mais a minha pressão para que ele comprasse logo as passagens (na nossa divisão das milhões de tarefas para o projeto, esta estava com ele). Pobre marido! Mas era justamente para sentir este delicioso gelinho que estou sentindo agora mesmo no estômago que eu fiz tanta campanha...

Sem contar que, quando não temos uma data oficial marcada, a sensação é de que nunca vai chegar o dia. Basta marcar para, como num passe de mágica, ele chegue ! Vou correndo atualizar a contagem regressiva do blog com a data de 13 de setembro - o primeiro dia do resto de nossas vidas!

13.7.06

Montanha russa de emoções

VOLTEI! a falta de atualizações deve-se ao complô que o meu computador resolveu debelar contra a minha pessoa. Greve da máquina. Agora tudo funcionando novamente, posso dividir com os queridos leitores as sensações, emoções e a rotina que antecede a realização de nosso grande projeto de nos mudarmos para o Canadá.

Como diria a minha querida amiga Patrícia Leite "SOCORRO POLÍCIA"!

A cada dia que passa, os meus sentimentos mais parecem uma verdadeira montanha russa, oscilam entre a mais completa felicidade e a tristeza por partir e deixar os queridos por aqui. Apesar de eu ser uma pessoa que nunca gostou muito de despedidas, confesso que, desta vez, acho muito importante para o sucesso do meu estabelecimento no Canadá, que as despedidas sejam feitas e cada ciclo seja fechado da melhor maneira possível. Assim como já foi na despedida do trabalho, do kung fu...

Este final de semana encaro a despedida dos amigos em São Paulo e faço um apelo aos mesmos. Encaremos como mais uma de nossas reuniões antes da partida de alguém para uma temporada, um intercâmbio no exterior que seja ok? Se eu chorar neste fim de semana o mesmo tanto que chorei ao deixar o pessoal do trabalho, precisarei de doses extras de hidratação corporal e paramédicos.

E só de pensar que ainda não é a última ! haverá as despedidas em Boituva da família (socorro) e dos amigos de lá, além do aeroporto é claro !! apesar de tudo isso ser muito duro, acho extremamente necessário, mas vamos encarar assim : estamos indo para uma temporada no Canadá e um dia (só não sabemos quando) nos veremos novamente com toda a certeza! porque eu e o Maurício AMAMOS muito todos vocês!! Só temos a certeza de que precisamos desta experiência de Vida!

Caso contrário, quem seriam os amigos para contar as fabulosas aventuras pelo mundo afora? Leslie querida, recupere-se bem deste tornozelo para a nossa aventura no Alasca hein! Quando formos fazer, faremos questão da sua presença amiga! Mas enquanto isso, vamos seguindo com as que antecedem a minha partida.

Hoje tirei a manhã para cuidar do carro - troca de óleo, carter, filtro de ar, calibragem de pneu e até teve direito a uma ducha! Muitos podem imaginar que o mais difícil para uma mulher (vou adiantando que eu não sou parâmetro, até pneu eu troco.) teria sido a escolha quando o moço do posto perguntou : " qual vai ser o óleo dona?" Bem, antes as letrinhas saissem da boca das pessoas para que pudessemos lê-las e não teríamos apenas que ouví-las para entender! Como desejei isso naquele momento!!

Pedi para que ele repetisse umas dez vezes cada frase que dizia até poder entender uma só palavra. Pensei - deve ser alguma pegadinha para que eu já me sentisse em terra estrangeira tendo que desvendar o que acontecia sem entender o idioma local! O caso é que o meu grau de entendimento do inglês é muito maior do que o dialeto parente do português que eu ouvi hoje!

Após ter conseguido "ouvir" o que ele falava, aí sim ficou fácil. Ah , sim , eu disse - manda ver o Lubrax Tecno moço . "a dona não quer o Sintético ? é o melhor que tem..." Não moço , sempre coloco o tecno e o carro nunca deu problema! "um litro do melhor que tem" custava o dobro do que eu uso ... Bonito , tudo feito ...

Pobre do moço. Trabalhou direitinho. O caso é que ficamos muitos anos habituados a tratar com executivos em reuniões e escritórios e acabamos esquecendo que há um Brasil lá fora tão trabalhador quanto e que fala muitas "línguas"...

Ah! e por falar em língua, os meus dentes estão mais felizes! Comecei a tirar o aparelho ortodôntico ontem!! Liberdade aos dentes! Só quem já usou sabe o quanto é chato e sufocante este monte de coisas entre a boca e os dentes... Ainda bem que finalizei a tempo o tratamento pois no Canadá é muito caro (mais que aqui) um tratamento dentário , quanto mais ortodôntico.
FUI

7.7.06

A coragem, os gatos e o carro sujo

Este último mês e meio, desde que contamos a todos sobre o que estamos prestes a fazer (Viver no Canadá), não tenho feito outra coisa senão responder indagações. Muitas delas se repetem como as já tradicionais "Por que o Canadá? Você arrumou emprego lá?" . Eis que de repente, em meio a todos os debates, questionamentos e reflexões, surge uma pergunta inédita - "De onde você tirou coragem para fazer isso. Como teve coragem para pedir demissão, por exemplo?"

CORAGEM - nem mesmo eu havia parado para pensar que este é sim um fator importante para muito do que fazemos nesta vida. E que, para este grande projeto em específico, precisamos sim de uma boa dose de coragem. Tem razão o meu colega em indagar. Entretanto, como tudo que foge ao exato, portanto abstrato, torna-se um tanto quanto relativo.

Reconheço. Eu e meu querido marido tivemos que ter coragem em escolher o momento certo e tomar as decisões que precisamos para seguir a diante com tudo. Como "ela" - a coragem - veio? quanto tempo demorou para surgir?

Difícil dizer (justamente por isso gostei bastante da questão inédita). Tudo que é abstrato como a coragem, enquanto relativo, varia de pessoa para pessoa. Não há regra e nem tampouco fórmulas prontas sobre como cada ser reage à determinados momentos, pressões e fatos. Se houvesse, certamente já teriamos um "guru" multimilionário com a venda destas fórmulas (não que não os tenhamos "tentando" fazer o senso comum acreditar que sim, esta fórmula existe. Vide os Paulos Coelhos e correlatos da vida...).

Agora vocês querem a prova de que mesmo a CORAGEM que tanto me foi útil para desfazer todos os vínculos no caso do Canadá, pode ser a mesma CORAGEM que me falta com determinados outros assuntos? GATOS!! Não me perguntem de onde vem esta minha aflição e medo (acho que é um tipo de medo sim). O fato é que ela existe. Os bichanos que para tantos é sinônimo de "cute cute", "que fofinho" , etc... Para mim é a sensação oposta. Consigo até achá-los bonitinhos mas lá na tela do cinema na pele do Garfield (aliás, adoro este) e passando bem longe de mim.

Pois é, só que ontem não consegui evitar um contato mais "íntimo" com o "fofinho" que resolveu cercar o meu carro quando estacionei para a corrida matinal no parque. Podem rir, mas eu não abri a porta do carro enquanto o pequeno "ser" não se movimentou. O caso é que ele resolveu ficar ali me fitando. Resultado: pulei o banco do passageiro e sai pela outra porta. Esperei o bichano sair para poder trancar a porta do motorista pelo lado de fora!!

Queridos amigos, onde estaria naquele momento a minha CORAGEM ? Não sei, enquanto abstrata e relativa não consigo definir. Saldo - atraso de dez minutos na minha corrida que sempre começa pontualmente às 6h30 da manhã. Se vocês acham que terminou por aí estão muito enganados...

Uma hora depois, quando vou pegar o carro para ir embora, a "bola de pêlos ambulante" fazia sua "meditação matinal" sobre o capô do meu carro! SENSACIONAL!! Como vou entrar no carro agora? Quisera eu que, naquele momento, a CORAGEM que tenho para tantas outras coisas de repente surgisse!

Ainda em uma tentativa de disfarçar a minha tensão (mas mais buscando apoio moral para aquela situação) disse às duas senhoras - "como vou fazer para espantar este gato daí agora?". Ambas tranquilamente (com a naturalidade de quem dorme com gatos desde a infância lá em barbacena) disseram: "Assim que vc ligar o carro ele sai"...

Pois é minhas senhoras, mas para ligar o carro eu preciso entrar nele!! Calculei friamente os meus movimentos para que o gato não se movesse enquanto eu estivesse ainda fora do carro... UFA! As sorridentes senhoras ainda me brindaram com um simpático "Viu com ele é inteligente??" assim que eu liguei o carro e o gato saiu do meu capô. Ninguém merece...

Acho que qualquer outro "brasileiro apaixonado por carro" teria ficado tenso/irritado e preocupado com a possibilidade de as garras da "bola de pêlos ambulante" riscarem a pintura de seu carro... já eu ? Logo eu ? A última coisa que viria na minha cabeça era isso....

Até porque, quem já perdeu as contas de quantos meses (eu disse meses) faz que não lava o carro, não deve ser lá uma pessoa muito ligada nisso né? O carro funcionando e me transportando está mais do que cumprindo suas funções... Ah tá.. agora sim entendo porque o gatinho ficou uma hora sobre o meu capô. Ele só deve ter confundido com uma grande rocha de tão sujinho que está o carro. Acho que está na hora de começar a pensar em lavar o carro... eu é que não vou querer encontrar o mesmo gato todas as manhãs sobre o meu capô!




5.7.06

Aniversário de Casamento

Há exatos três anos oficializavamos nossa união no civil. Naquela manhã (também ensolarada) de 5 de julho trocavamos alianças perante o juiz de paz no cartório do Cambuci (curiosidade: mesmo bairro onde casou-se o jogador Kaka); almoçavamos com nossos pais, irmãos e queridas cunhadas (Larissa e Edvânia - as futuras esposas de nossos queridos irmãos) e embarcavamos para a Argentina para uma lua de mel dos sonhos! A combinação Bariloche/Buenos Aires em pleno inverno é uma viagem maravilhosa! Vale muito a pena! Se for lua de mel então...

Alguém vai perguntar: "E o religioso? a festa? os convidados? as daminhas de honra? o bolo? e todo o resto?" E eu respondo: Não seria eu se quisesse casar seguindo todo este script... Nada contra. Muito pelo contrário. Meus amigos e parentes que casaram-se seguindo todo o ritual sabem como eu choro ao ver tudo isso, acho lindo, só não me sentiria nada bem fazendo tudo isso.

Certa vez li uma entrevista da atriz Camila Morgado (que tão bem interpretou Olga no cinema e muitos outros papéis em novelas) e, quando perguntada sobre o que achava do casamento (leia-se todo o ritual), ela definiu que achava lindo, chorava quando via uma amiga casando desta maneira mas que ela mesma sentiria-se "ridicula" fazendo tudo aquilo. É exatamente isso Camila!

O negócio é unir duas pessoas que pensam exatamente igual em muitas questões. Eu não somente encontrei uma, como me apaixonei e me casei com ela! Querido marido, eu vou aproveitar nossas "bodas" (simulando o texto Caras de ser - ergh! Aliás, alguém sabe de que material estamos falando? bodas de papel, algodão, etc..?) para registrar o quanto te amo e o quanto sou feliz em partilhar esta caminhada deliciosa que é a vida junto de ti. Se vc não existisse teriam que inventá-lo só para casar comigo!!


E hoje, há exatos dois meses de deixar o Brasil em busca do nosso maior projeto de vida, só tenho razões para comemorar. Não sem antes, claro, assistir à segunda semifinal da Copa do Mundo entre Portugal e França. Embora tendo um "caso de amor" com a França (que vem desde a faculdade quando comecei a estudar francês) hoje torcerei para que Felipão, Deco, Figo, Maniche e cia façam a final contra a Itália.

Este Felipão é uma coisa mesmo .. até o Roberto Leal (acho que é isso né? Só vi a imagem dele na TV. Quem lembra desta figura que canta: "é uma casa portuguesa com certeza.."?) a TV desenterrou para falar dos patrícios comandados por um grande brasileiro.. saudades da época em que o Felipão treinava o Palestra!! Bem, melhor deixar para lá.

Feliz aniversário de casamento para nós querido marido!

3.7.06

O início do recomeço

Hoje foi um dia muito importante e simbólico para mim. O primeiro dia útil fora do meu último trabalho no Brasil. O próximo agora só no Canadá. Por isso, fiz questão de começar muito bem a minha nova rotina do último mês em Sampa.

Seis e meia da manhã lá estava eu no Parque da Aclimação alternando caminhada com corrida, alongamentos e afins... Que delícia! Éramos eu, a tenacidade dos patos no lago verde refletido pelas árvores que rodeiam a pista de cooper, os sábios orientais e seus exercícios matinais como pequenas doses da longa e saudável vida que eles sabem como ninguém levar, o canto dos pássaros, a brisa no meu rosto. Enfim, quem me conhece sabe como a natureza (mesmo que em meio à selva de pedra) e a atividade física sempre foram as minhas paixões. Combinadas então!

Sete e meia - os sábios orientais e os moços e moças em seus trajes de cooper e Ipods pendurados retiram-se. Entram em cena os pais que acabaram de deixar os filhos na escola e fazem a sua caminhada diária, a garota que leva o seu caõzinho oprimido em pequenos espaços para ter um pouco mais de liberdade e até as felizes crianças que se dão ao luxo de ir a pé para o colégio e cortam o caminho passando pelo meio do parque.


E lá vou eu feliz da vida de volta para casa! Agora sim posso começar o meu dia e a minha nova fase. Movimentei o corpo, exercitei a mente no contato com a natureza! Ufa.. faz um mês que deixei o Kung Fu por motivos óbvios e o meu corpo já gritava por exercício. Nada que o esporte mais democrático de todos não resolva - corrida e caminhada. Para praticar basta apenas vontade, um bom tênis velho, noções básicas de aquecimento e alongamento e um pouco de verde em volta. Pronto - é para lá que eu vou voltar todos os dias antes de embarcar para o Canadá.

Hoje foi dia também de burocracia (só para não perder o hábito). Fui até o sindicato dos jornalistas para a homologação da minha demissão. Pronto, mais uma diversão na nova rotina. Ao invés de pegar o carro para ir até o centro de SP, apliquei a regra básica de todos os mochilões que faço com meu querido marido - transporte público + caminhada + olhar observador.

Se os amigos de faculdade da Bruna (minha querida ex estagiária) me vissem hoje, facilmente me identificariam como estudante. Camiseta, mochila, jeans, tênis surrado e para completar peguei o meu já gasto e velho disckman (sim , ele sobreviveu à onde dos Ipods e mp3 - eu sabia que um dia usaria novamente) subi no "busão" e fiz um tour pelo centro velho de SP em direção ao sindicato dos jornalistas.

De repente me dei conta que o CD de música italiana que rodava no meu disckman era o mesmo que comprei há 4 anos quando estive na Itália para um destes períodos sabáticos (sempre planejados é claro) e de novas experiências que tanto a minha alma carece de tempos em tempos. Coincidência ou não, na última copa eu estava em Florença ouvindo aquele CD e agora, após um bom tempo sem ouvi-lo, era a minha trilha sonora no ônibus Praça da República que me levou até a Rua Rego de Freitas hoje. Não sem antes passar em pontos bem turísiticos de SP como o Mercado Municipal, a 25 de março, o largo do Arouche e por fim a Praça da República.

Após anos dirigindo casa/trabalho/casa a gente perde a capacidade de expectador, de turista de nós mesmos. É incrível como a tendência natural do ser humano é fechar-se cada vez mais em seus microcosmos. Não é uma crítica. Acontece... e é natural que aconteça!

O que deveria ser lei, com registro em cartório e tudo, é que deveriamos nos dar o direito de um periodo sabático de tempos em tempos (variando de acordo com a faixa etária - quanto mais velha a pessoa, menor o intervalo para estes periodos de transição e mudança de rotina) para que nunca perdessemos a capacidade de vermos o mundo com outros olhos que não aqueles restritos ao que convencionou-se chamar de "nossa realidade" .

Tudo isso para dizer que hoje, naquele ônibus, pude admirar o que passava aos meus olhos e agradecer São Paulo por ter me acolhido tão bem quando cheguei e ter me presenteado com momentos e pessoas muito especiais nestes dez por aqui. Quando cheguei, não tinha trabalho, não tinha amigos. Apenas a certeza de que era aqui que queria ficar. Hoje saio com amigos e tudo de melhor que pude tirar da cidade e a certeza de que quero ficar em Toronto.

E sentir este dia de hoje assim, como o início do recomeço, só me fez lembrar como a minha alma precisa destas mudanças para ficar em paz e seguir em frente.