27.11.10

Férias no Brasil

Passei para contar que em cinco dias eu e o Arthur (marido vai depois) embarcamos para a nossa temporada de férias no Brasil. Como volto só em janeiro, esse blog deve ficar um pouco às moscas por uma "ótema" causa!

Desde que me mudei para o Canadá, em setembro de 2006, nunca mais passamos o natal no Brasil, ou seja, eu já estava totalmente acostumada ao natal branco, com muita neve e gelo. Esse ano vamos mudar um pouco a paisagem. Vai ser uma festa só! Vamos batizar o Arthur, vai ser a festa de um aninho dele tudo em volta de muita gente querida.

E como já estamos em ritmo de férias de verão, queria dividir com vocês esse video dessa criança que vimos semana passada no Fantástico. Tudo de bom o figurinha que se acalma com reggae!

E viva as férias, o verão brasileiro, o sol, a praia, o pastel, bohemia gelada, restaurante por quilo, a picanha do Juarez, pão de queijo, chuva tropical, bolinho de chuva, o quintal da vó, a conversa jogada fora, manicure toda semana, comida de mãe, os amigos, a família e tudo de bom que vem junto!

11.11.10

Honrando o sacrifício no serviço militar

A semana de 5 a 11 de novembro aqui no Canadá é dedicada a honrar homens e mulheres que sacrificaram suas vidas no serviço militar. Hoje, em especial, dia 11 do mês 11 as 11 horas, dois minutos de silêncio são observados em todo o país para prestar tributo aos homens e mulheres que deram suas vidas na primeira guerra, na segunda guerra mundial, na guerra da Coreia, no conflito do Afeganistão e em missões de paz. Também conhecido como dia dos veteranos nos EUA, o tributo foi introduzido em 1919 e marca o fim da primeira guerra mundial que aconteceu, um ano antes, as 11 horas do dia 11 de novembro.

Desde o meu primeiro ano aqui no Canadá, em 2006, faço questão de acompanhar o desfile e a cerimônia dos veterenos e militares e sempre me emociono muito. Entretanto, esse ano foi diferente. A emoção foi maior ainda. Em primeiro lugar, quanto mais tempo você vive em uma sociedade, mais você se insere em sua cultura, hábitos e costumes (e essa data é definitivamente muito importante por aqui). Há quatro anos acompanho pela imprensa e no cotidiano os episódios envolvendo militares canadenses.

Outro fator, acredito, é que agora sou mãe de um canadense (brasileiro-canadense melhor dizendo), levei o Arthur para o desfile e a nossa querida vizinha Kati colocou uma poppy no peitobdele. A poppy (uma florzinha vermelha) é o maior símbolo desse evento e toda a imprensa, cidadão, enfim, muita gente usa o símbolo durante essa semana.


Esse ano, além de ter sido o ano do nascimento de nosso pequeno, foi também o ano em que demos entrada na cidadania canadense. Todos esses motivos contribuiram sem dúvida para que eu me emocionasse ainda mais em relação aos anos anteriores mas acho que o maior deles foi ter visto nosso queridíssimo amigo e vizinho Peter liderando o 48th Highlanders of Canada! Que orgulho sentimos Peter e Kati queridos, em poder ter participado desse momento. Uma honra sem tamanho! (*O Peter é o da esquerda do seu monitor na foto).


Dessa maneira, não poderia deixar passar em branco e registrar aqui o meu mais profundo respeito e admiração, não só pelo nosso querido Peter mas por todos aqueles que honraram e que honram o sacrifício no serviço militar canadense. "Lest We Forget".

5.11.10

Atomic Tom

Estava zapeando na TV hoje a tarde enquanto o Arthur dormia e eis que me deparo com essa cena incrível! Os caras tocando com seus iphones no metrô de Nova Iorque.

Adorei a música e claro que a cena por si só é bem megalomaníaca pós moderna. Hoje, no mundo dos apps e mp3s da vida, tudo isso acabou virando banal mas sempre paro para pensar que loucura é essa que se transformou esse mundo mega tecnológico!

Divagações à parte, adorei o som do Atomic Tom! Ah, e os caras foram bem criativos em fazer isso pois dessa maneira fui fuçar, saber que a banda existe e cá estou eu falando deles. Bem sagaz!

12.10.10

4 anos no Canadá - parte IV (final)

Estava devendo a quarta parte dos slides das 300 imagens que selecionei nesses quatro anos de Canadá. O meu quarto ano aqui será também sempre lembrado como o ano mais feliz e importante de toda a minha vida, foi o ano que Deus nos presenteou com o Arthur!

Além de muito feliz, cheio de muitos desafios e aprendizados. O maior aprendizado de todos: o de ser mãe! Com relação a experiência de ter engravidado e parido no Canadá, não poderia ter sido melhor! Não tenho nada para reclamar, fui sempre muito bem tratada por todos, obstetra que fez o meu pré natal, médicos e enfermeiros no hospital. Como nunca fiquei grávida no Brasil não posso fazer nenhuma comparação mas o que posso dizer é que eu tenho certeza que não teria lugar melhor para eu viver essa experiência - a experiência da minha vida!

Exatos nove meses depois de chegar com o pacotinho em casa, percebo quanta coisa vivi desde aquele teste positivo de farmácia e quanta coisa ainda vou viver! E para quem acha que eu já havia passado pelo maior desafio da minha vida (imigrar para o Canadá, o que não é pouca coisa!), engana-se pois o maior desafio de todos começa agora! Se eu "apenas" puder ver o meu filho se transformar em um ser humano de caráter e que preze pelo zelo ao outro, pela humildade e pelo amor ao conhecimento, já terei feito o que de mais importante me propus a fazer nessa viagem chamada vida!

Eis o último slide da série!

7.10.10

ONG pró reforma

Foi inaugurada dia 28 de setembro que passou a ONG pró reforma na política de imigração Centre for Immigration Policy Reform e junto com ela, o debate só esquenta! Independente da opinião de cada um, imigração sempre foi e sempre será considerado tabu. Desde que o mundo é mundo como diz a minha avó.

A ONG, que conta com um ex embaixador com 30 anos de experiência em relações exteriores, um ex membro do departamento de imigração canadense, jornalistas e professores de universidades em seu quadro de diretores fundadores, já está "causando" como diria um adolescente antenado. Veja cobertura na imprensa aqui , aqui e também aqui . Afe quanto "aqui":)!



6.10.10

Série sobre imigração

O jornal canadense THE GLOBE AND MAIL está com uma série intitulada "Canada our time to lead - 8 discussions we need to have" que traz, entre outros assuntos, o da imigração é claro!

A equipe de reportagem do jornal criou perfis fictícios de imigrantes e lançou o debate entre especialistas sobre qual perfil de imigrante deveria ser escolhido. Entre os 5 perfis figuram os quatro países que mais mandam imigrantes para cá e um americano. A série lança também o debate sobre se políticas de imigração existem para construir uma nação ou serem administradas de acordo com a economia. Hoje ainda, o ministro da Imigração vai falar sobre o assunto. Vale seguir.

5.10.10

Na real

A CBC acaba de noticiar o que para nós imigrantes que já estamos aqui no Canadá há algum tempo não é nenhuma novidade. Entretanto, não deixa de ser sempre uma constatação, nesse caso triste constatação, e que sempre ajuda (senão aos responsáveis por modificar políticas de imigração e empregadores canadenses) aos que aspiram entrar nessa luta! Todos temos o direito de, mesmo sabendo das dificuldades, ainda assim toparmos entrar na luta. O que acho muito importante é o conhecimento pleno da realidade como ela de fato é e não floreada por fatos e visões distorcidas. É assim que acho que estudos como esse ajudam muito!

Realizado pela Community Foundations of Canada, o estudo constata que imigrantes com menos de 5 anos de Canadá com nível superior de educação equivalente ao de um canadense experimenta um indíce 4 vezes maior (isso QUATRO vezes maior) de desemprego! Em porcentagem isso dá um índice de 13,9% de desemprego para os imigrantes contra 3.4% para o canadense. Será que não há algo de errado aqui?? Claro que sim! E nós que moramos aqui há mais tempo sabemos exatamente o que está errado. Interessa mudar? Aí já é uma outra questão.... Eu, sempre que posso, faço minha parte. Acabei de mandar para a CBC uma carta (veja abaixo) que escrevi em 2009 com a intenção de enviá-la ao Ministro da Imigração mas que acabei não o fazendo por outras prioridades que surgiram. Agora deu vontade de espalhar o que escrevi naquela época e que continuo achando exatamente a mesma coisa portanto, a carta ainda vale!

Toronto May, 2009

Ref: Waiting for the outcome – immigrant co-op programs are not delivering as they promise.

I do not have any quarrel with the fact that a lot is being done to enable the new immigrant to settle down smoothly. I do think the Canadian government is quite earnest to do something constructive in this direction. The amount of funds allotted to various immigrant settlement agencies is huge and, in fact, this has become a thriving industry now, but precious little comes out of it.

For the past two years and a half, since I landed in Canada and started navigating the complex and disconnected system in place to support newcomers in their long journey through the Canadian market place, I have been witnessing an accountability issue when it comes to the way the system approaches newcomers. In almost 3 years, I have been to 3 different programs targeting newcomers: NOW (Newcomer Opportunities for Work - October 2006), CanEx Co-op Program - January 2007 and SLT Hospitality with Co-op Program - February 2009. In total, I spent 41 weeks attending job search seminars, orientation to Canadian workplace culture, resume critique. I also worked for free during six months in 2 different places.

Although I have seen so many mistakes in all places I have been, my last experience (SLT Hospitality with Co-op Program) was the worst ever regarding the lack of accountability towards newcomers. Since I already had an advanced level of English (ten years of studies and use before coming to Canada) but I was still out of the job market, when I joined SLT Hospitality with Co-op program, I was hoping, as its name and the flyers make newcomers believe, to start a co-op by the end of the course. It never happened and I was not alone. Unfortunately I have never been alone down this road. I write especially for the majority of newcomers who are still coming and won’t have a voice for years to come.

Another issue that deeply affects newcomers, emotionally wise, is how the volunteering word has been misused to make them even more confused when they arrive, especially the majority of those who are coming from countries where there is no such a thing as working for free in order to get their feet on the door. Still, they go and work for free, as I did, and nothing happens. Promises have been made. Promises are not being kept. Accountability is the main issue here. In my opinion, if the funds were not provided by headcount and rather by the measurement of the quality of the results (like the multinationals do) the accountability issue wouldn’t be there.

Although the list that follows is far from its end and the Hospitality with Co-op program was not the only place where I faced an accountability issue, I will briefly state what I have experienced there because it was my last attempt to be part of one of these programs:

· Lack of face-to-face meetings with the job developer. High turnover (we had 3 job developers in less than 3 months).

· The approach: it would be a good start if the agencies stopped treating us as
“clients” and started seeing and treating us as who we really are: highly educated professionals. The “speech” is there but not the action.

· Lack of transparency when it comes to analyze and communicate the real chances of securing a placement at the end of the program. (After more than 2 weeks of the end of the program nobody was given a clue about the possibilities of a placement).

· Huge gap between management and the “clients”, total disconnection with the real world of newcomers.

· The field trip (to a fancy hotel to impress) wasn’t tailored to the audience meaning the clients didn’t need to be part of the program to get that kind of tour.

· Nobody knows better than newcomers the importance of networking, especially because since they arrive in Canada they are forced to restart everything from scratch. So, the agencies don’t help immigrants by insistently repeating how important is to network. Instead, it would be more helpful if they actually helped newcomers through their network. That is why immigrants register for programs with co-op.

· Although newcomers know the importance of networking, it is very unclear and there are few registers or success stories about the agencies playing a formal role in the establishment of networks, focusing instead on teaching techniques for networking during the in-class component of the programs.

Despite a well-developed immigration policy, Canada lacks a more integrated and centralized policy that guides immigrants coming from all over the world and, with different needs. My experience as an immigrant trying to be part of the Canadian marketplace for the past two years and a half has proven that there was no shortage of efforts on my side and on other immigrants side. Rather, an increasing underutilization of the skills of newcomers – skills for which many were selected – is directly connected to a significant increase in poverty rates among new immigrants and their families. Therefore job market integration for newcomers remains a challenge and there is a continuing role for the provincial and federal governments to truly tell the world that Canada is a land where immigrants fully integrate social and economically. Getting immigration right has never been easy. But getting it wrong – the usual result of lurching from one expedient to the next – will mean a shrinking economy, a drop in living standards and a loss of vitality, which in fact is the last thing newcomers want to happen with the country they now call home.

Sincerely,

*Paula Regina Mazulquim


1.10.10

Esse é o cara!!!!!!!!!!!!!!

Deveria virar lei! Todo imigrante deveria assistir, ainda em seu país de origem se possível, a palestra do francês Lionel Laroche . Precisou um engenheiro francês, também imigrante no Canadá como nós, para finalmente apresentar a real dos fatos na dificílima tarefa de recolocação e integração de profissionais qualificados, oriundos de outros países, no mercado canadense!

Nada contra engenheiros, pelo amor de deus! Eu me casei com um e acho que no fundo no fundo tenho uma invejinha de não ter o perfil necessário para ser engenheira:). Daí talvez a minha admiração pelo racional, exato e matemático dos bons engenheiros, mas enfim Freud deve explicar uma comunicadora com esse tipo de crise:) Afinal Deus me deu o dom da palavra, dos idiomas e lá vou eu com ele seguindo em frente:)

O fato é que nos últimos quatro anos, dos quais três inteiramente, arduamente e exclusivamente dedicados a me recolocar no mercado de trabalho, é a primeira vez que ouço alguém traçar o cenário da recoloação profissional de imigrantres de maneira inteligente, real e mais importante ainda, com muita qualidade! Nesses 3 anos das minhas idas e vindas ouvi muita besteira, mas muita besteira mesmo! Presenciei de tudo que vocÊ pode imaginar e quando ouço um palestrante desse nível só posso lamentar o fato de os funcionários das instituições que ajudam os imigrantes não terem sequer um terço da capacidade e visão que tem esse engenheiro!

Se mais pessoas envolvidas com a imigração aplicassem na prática o que esse engenheiro diz talvez houvesse menos discrepância entre a expectativa dos que chegam e a realidade dos que recebem. Portanto, se você me lê e ainda não chegou no Canadá faça um favor a si mesmo : veja e reveja essa palestra uma vez por dia até você chegar por aqui. Quando chegar vai entender que o que ele fala é a mais pura verdade!

Na outra ponta, se você já está aqui no Canadá, já trabalha por aqui também vai usufruir muito dela! Enfim, serve para todo mundo! E o melhor, esclarece de uma maneira objetiva, sem frescura e direta que talvez precisasse de um engenheiro mesmo para apresentar:)

Quando aqui chegamos, o que mais incomoda (como o Lionel explica tão bem) é o fato de os funcionários das instituições que ajudam o imigrante terem muito pouca intimidade com o assunto, não serem imigrantes (a maioria não é., portanto não conhece a dor da experiência) e pior, não terem a mínima idéia do que você fazia no seu país e ainda quererem "ajudar" com a sua recolocação! É patético!

Outro fato que amei desse palestrante é a ausência do Power Point!! De novo, nada contra pois usei muito power point na minha outra encarnação como assalariada de multinacional, mas o Power point é uma dessas ferramentas que escraviza e empobrece muito a palestra se você não tomar cuidado. O Lionel me lembrou um daqueles excelentes professores que dominam tanto o assunto que lecionam e que por isso não precisam de muletas para ensinar. Tive poucos desses na vida mas sempre admirei muito. Assisti a palestra dele e fiquei com vontade de ter aula com ele, mesmo que fosse de cálculo para eu não entender nada!

Enfim, aqui um desabafo de quem demorou para ouvir alguém falar de maneira inteligente e realista para um imigrante, entre outras coisas, que a média (dependendo do ramo de atuação como ele bem explica) vai demorar de 6 a 12 ANOS (e não meses) para chegar próximo do nível intelectual-financeiro-profissional que exercia antes de chegar no Canadá. E melhor, apontar os pontos que devem ser trabalhados de verdade e não meramente ficar repetindo os velhos clichês : você precisa fazer NETWORK (arrrgh), ter um bom inglês (ah vá!) e ser flexível (aliás a parte que ele fala da flexibilidade dos imigrantes é ótima!) e team player (arrrgggh ao quadrado). Enfim, uma massa cefálica funcionando e ajudando de fato em meio a um mar de deserviço e desinformação! E olha que a palestra nem é nova (2008). FINALLY!!!!!Affe.... falei!

Em tempo, a Jeanne minha vizinha foi quem compartilhou esse video e merece o crédito de ter achado essa preciosidade! Valeu Jeanne! Muito bom mesmo! Bom fim de semana a todos!


26.9.10

Dois por dia escolhem o Canadá como lar

Está no jornal O Estado de São Paulo de hoje : "Dois por dia escolhem o Canadá como lar". Os números apresentados na matéria mostram bem o que eu já havia reparado apenas no meu cotidiano no bairro onde moro há quatro anos. Quando cheguei, em 2006, quase não encontrava brasileiros por aqui. De um ano para cá é bem mais fácil ouvir o português no mercado, na rua, na farmácia...

20.9.10

4 anos no Canadá - parte III

Continuando a série de comemorações dos meus 4 anos aqui no Canadá segue o terceiro vídeo dos melhores momentos! Estranhamente hoje não estou inspirada para divagar então ficam só as imagens mesmo. Quem sabe na quarta parte volto o meu lado "espelho" e eu volte a refletir:) Nesse vídeo tem um pouco de viagens que fizemos a Montreal, Nova York, Washington e a visita super especial que recebemos do Brasil, nossa grande amiga irmã Leslie Diorio.






14.9.10

4 anos no Canadá - parte II

14 de setembro de 2006, por volta de sete horas da manhã no aeroporto internacional Pearson em Toronto, Canadá. Duas pessoas, quatro malas e o frio na barriga do aeroporto de São Paulo só fez aumentar. É real, ou melhor, surreal! Agora estávamos em solo canadense. Quanta coisa ainda estaria por vir! Boas, ruins, reais, surreais, tristes, felizes, amargas, frustrantes, desgastantes, impactantes, consternantes, maravilhosas, surpreendentes e a lista segue... Tudo veio mesmo e a uma velocidade desconcertante! Muitas vezes tudo ao mesmo tempo.

Como disse na primeira parte da série, deve ser essa a beleza de tudo e deve ser também esse o tipo de experiência que almas desapegadas buscam quando deixam a sua terra. Aliás, ninguém deixa. Nada deixa. Tudo é tão impermanente nessa vida que nada fica. Ilusão achar que deixamos algo ou que temos algo. Nada em essência material fica. Ficam os momentos vividos, mas nem esses devem ficar tão fortemente guardados dentro de nós a ponto de valorizarmos o saudosismo. Sigamos em frente. Para onde vou? Só deus sabe, diria o caboclo.

Frio? Idioma? Comida? Distância da família? Lembro-me como se fosse ontem quando cada um que sabia do que estávamos prestes a fazer me perguntava. Imagina! Quatro anos depois, sei que frio se aquece, idioma se estuda, comida se adapta e distância se encurta com imaginação, carinho no coração e com a ajuda do skype e do avião de vez em quando é claro. Isso tudo é o de menos. O negócio é que a experiência de expatriado é tão profunda que altera sua alma, seus valores, seus conceitos. Inquieta eu diria.

Há um provérbio checo que diz "aprenda um novo idioma e adquira uma nova alma". Muito verdadeiro se apenas você ficasse na sua terra estudando qualquer que fosse o idioma em uma escola particular qualquer. Agora imagine viver em uma outra terra! Se aprender um outro idioma traz uma nova alma, viver em outra terra traz essa nova alma à vida!

Eita, já divaguei demais! É que essa semana estou fazendo uma retrospectiva e com isso vem a divagação:) Eis o segundo slide das 300 imagens selecionadas da saga. E para não perder o hábito de reverenciar meu eterno ídolo Arnaldo Antunes eis uma de suas pérolas criativas que eu mais gosto: "tudo isso vem, tudo isso vai... pro mesmo lugar de onde tudo sai..."

13.9.10

4 anos no Canadá - parte I

13 de setembro de 2006, nove horas da noite no aeroporto internacional de Guarulhos, São Paulo - Brasil. Duas pessoas, quatro malas de roupas e só. Só não! Frio na barriga, medos, sonhos, angústias, inquietações e principalmente muita alegria por saber que aquele vôo nos levaria ao primeiro dia do que acreditava ser a realização de um sonho, um projeto longamente planejado. Acredito ainda. Embora 4 anos de vivência mudam bastante a ótica das coisas.

Certamente que não sou mais a mesma pessoa. Ninguém é. Após 4 anos de uma experiência como deixar a pátria mãe ninguém sai imune. Nunca mais serei a mesma. Ninguém será. Nunca mais enxergarei o mundo com as mesmas lentes. Mas não é exatamente aí que está a beleza disso tudo? Sim, claro! E qual motivo, ou melhor motivos?

ANO I (fase lua de mel/turista) O encantamento e a descoberta do novo;
ANO II (realidade da descoberta) A adrenalina dos primeiros desafios mais pesados e a descoberta de uma força interior que nem mesmo você sabia que possuía;
ANO III (realidade nua e crua) com o verdadeiro conhecimento que só o amadurecimento de idéias e experiências traz chegam as primeiras decepções, revoltas e incomformismos.
ANO IV (poeira baixando) uma vez tendo a exata e real noção do que de fato é possível ou não, a poeira se assenta e inicia-se uma nova fase. A fase do balanço. Quanto pesa cada situação vivida? O que estamos dispostos a vivenciar dentro daquela realidade? E mais tantas perguntas ainda por serem respondidas ou não.
ANO V (balanço geral-conclusão da análise). Apesar de eu não ter vivido o quinto ano ainda, tenho certeza que esse acaba sendo um período das análises mais profundas e das conclusões mais benéficas para nós mesmos enquanto expatriados. Até porque apenas depois desses cinco conseguimos enxergar tudo com o distânciamento necessário para entendermos algo e sem o excessivo encantamento natural do começo que cega tudo.

E para comemorar os meus quatro anos por aqui e agradecer a todos que de alguma maneira, direta ou indireta, pessoalmente ou virtualmente, fizeram com que essa experiência transformadora se tornasse mais rica e mais suportável (nos momentos mais duros) , selecionei 300 imagens (divididas em 4 slides de 5 minutos cada para não cansar os que tiverem a paciência para ver) que publicarei aos poucos por aqui.

Muitos que me leem e que ainda não estão por aqui não estarão nas fotos mas eu deixo desde já o meu mais profundo agradecimento a cada palavra de carinho e cada comentário que me ajudaram muito nestes últimos anos. Esse espaço é o meu divã acreditem! Já quem está aqui e chegou mais ou menos junto comigo, pode procurar que você está aí em uma das imagens. O meu muito obrigado a cada um de vocÊs sem os quais nada do que vivi teria tido tanta cor!




10.9.10

Terapia celular

Faz tempo que não uso esse espaço como terapia em grupo! Mas preciso desabafar:) Serei eu um ser de outro planeta ou o mundo está muito conectado no celular? Nunca tive uma boa relação com esse aparelhinho tão amado por muitos. Sei de gente que leva até para o banheiro e para a academia, praticamente um outro membro do corpo da pessoa. Já euzinha affe... se eu lembrar de recarregar o bichinho de vez em quando já faço muito!

O pior é que essa minha relação mal resolvida com o celular não vem de hoje. Não é porque agora tenho o Arthur e mil tarefas a mais por dia para cumprir não. E olha que a minha formação é em jornalismo, trabalhei mais de dez anos com comunicação empresarial, sempre tive celular mas sempre encarei como obrigação do trabalho e coisa e tal. Acho que só comprei meu primeiro startac da motorola justamente porque o trabalho me obrigava. Hoje, o trabalho não me obriga. O meu filho não precisa de celular para me dizer se quer mamar ou coisa do gênero:)

E a coisa só piora! Deve ser trauma de infância não é possível! Aí os amigos sofrem (né Kati e Luly?). Dia desses rimos muito porque uma delas ficou tentando me ligar desde o meio dia e só conseguiu falar comigo lá pelas sete da noite. Disse ela que na primeira hora achou que eu estivesse no metrô, sete horas depois quando finalmente atendi ela me perguntava se eu ainda estava no metrô:) Resumo, eu tinha saido passear e deixado o celular em casa, no vibra. Aí fica difícil né?

Eu juro que tento melhorar. Não quero chegar ao estágio ultra dependente mas já me contento se algum terapeuta me ajudar a conseguir lembrar que o bichinho existe e passar a carregar mais vezes comigo para cima e para baixo. É engraçado e trágico ao mesmo tempo. O engraçado é que o mesmo não acontece com outras mídias. Tenho blog, perfis nos facebook e orkut da vida e e-mail. O negócio é com o telefone mesmo. Então fica aí a dica. A maneira mais fácil de falar comigo mesmo é o e-mail que checo várias vezes diariamente. Ah, e caso você tente me ligar já vou logo avisando que passo váaaaaaarias horas por dia dentro do metrô:)

30.8.10

um pouco de História

Ontem, em uma das minhas incursões diárias pela biblioteca do lado de casa (acho que já disse aqui que é o meu local favorito da cidade), peguei um achado! Havia tempo eu não fuçava a parte dos DVDs. Independente de procurar livro, CD ou DVD, eu sempre busco pela folhinha vermelha da bandeira canadense primeiro. Uma maneira inteligente que a biblioteca encontrou de catalogar e avisar o usuário que trata-se de autor-cantor-filme canadense.

Enquanto estrangeira na terra que escolhi para chamar de segunda pátria e minha casa, procuro sempre ler um pouco da História do lugar. Na verdade, sempre fiz isso até para viagens curtas a outros países e cidades, antes mesmo de me tornar uma expatriada. O caso é que em vivendo no local tenho mais curiosidade ainda para aprender o que e quem veio antes, porque as coisas são como são e como o país chegou até aqui. E com essa minha mania, eis que fui apresentada, através de um filme que recomendo a todos que querem conhecer um pouco mais da história recente do Canadá, a um dos mais importantes personagens de sua história contemporânea - Tommy Douglas!

A História dele inspira! Adoro conhecer a biografia de almas idealistas e que, acima de tudo, trabalharam duro em direção aos seus ideais. Melhor ainda quando esses ideais atendem a um coletivo, no caso, a toda uma nação! Não foi fácil a luta de Tommy Douglas, ele teve que quebrar conceitos, enfrentar lobbies, elitismos e paradigmas estabelecidos. Então se você mora no Canadá e ou pretende vir para cá, coloque aí na sua lista de lição de casa aprender um pouco sobre esse fascinante personagem conhecido como o "pai do sistema de saúde pública do Canadá".

Utopia minha querer uma sociedade justa em todos os seus aspectos. Entretanto, se há algo bem próximo disso, chama-se sistema público de saúde canadense e o responsável por tudo isso chama-se Tommy Douglas. Um homem com a História dele e que disse (e lutou por!) o que transcrevo e humildemente traduzo abaixo, merece o meu mais profundo respeito e a minha mais sincera admiração!

“I felt that no boy should have to depend either for his leg or his life upon the ability of his parents to raise enough money to bring a first-class surgeon to his bedside. And I think it was out of this experience, not at the moment consciously, but through the years, I came to believe that health services ought not to have a price tag on them, and that people should be able to get whatever health services they require irrespective of their individual capacity to pay.”(Nenhum garoto deveria depender, nem as custas de sua perna ou de sua vida, da capacidade que seus pais possuem de ter dinheiro suficiente para trazer um bom cirurgião até seu leito. E, eu acho que por conta dessa experiência por mim vivida, não no momento conscientemente mas com o passar dos anos, eu passei a acreditar que o acesso aos serviços de saúde não deveriam ter um preço atrelado a eles, e que as pessoas deveriam poder ter acesso a todo e qualquer tipo de serviço de saúde que precisassem, independente de sua capacidade indivudal em pagar por tal.")
T. C. Douglas, The Making of a Socialist, p. 7.


The religion of tomorrow will be less concerned with the dogmas of theology and more concerned with the social welfare of humanity.” (A religião do amanhã estará menos preocupada com os dogmas da teologia e mais preocupada com o bem estar social da humanidade)
Research review, 1934

25.8.10

Hollywood é aqui!

Pelo menos de 9 a 19 de setembro, quando Toronto abre as portas para o festival de cinema que acontece todos os anos na cidade. E eu, boa cinéfila que sou, todo ano fico antenada nas novidades e claro nas celebridades que vem para a cidade.

E não pensem que depois do nascimento do Arthur eu reduzi a minha carga de filmes não! Pelo contrário, a única diferença é que não vou mais ao cinema (ao menos enquanto ainda estou amamentando) e tenho que esperar um pouco mais para ver os filmes novos mas a conta de aluguel de filmes aqui em casa nunca foi tão alta! Além dos filmes que pego na TV bem na hora da soneca diária do Arthur:) Sempre tem um que eu ainda não vi!

Aliás, quando me perguntam o que faço no meu tempo livre depois que virei mãe (quem é mãe full-time sabe que não é muito) eu logo digo livro, biblioteca (o Arthur conhece todos os funcionários da biblioteca do lado de casa de tanto que vamos lá) e filme! Tudo de bom, cura qualquer depressão. E se ainda tiver algum resquício de deprê, um pouco de exercício físico ao ar livre e rolar no chão com um bebê de 7 meses também funciona muito bem - cura qualquer mal da alma:)

Pois bem, ontem saiu a lista dos convidados para o festival de cinema desse ano! Estarão na cidade Bruce Springsteen, Helen Mirren, Clint Eastwood (amo!), Bill Murray, Bill Gates (sim, ele mesmo. Vai participar de um debate sobre educação por conta do documentário "Waiting for Superman", Edward Norton, Woody Allen, Nicole Kidman, Hilary Swank (adoro), Robert de Niro (monstro sagrado!), a canadense Ellen Page (fofa!), Matt Damon (AMO!) e a lista vai longe!

E eu aqui, só acompanhando o noticiário e quem sabe esse ano pego o Arthur e vamos dar um passeio em Yorkville (o bairro mais frequentado pelas celebridades durante o festival) dar um alô para o Clint, nosso velho e bom conhecido das telhinhas:)







12.8.10

Há sete meses...

Há sete meses eu:

Entrei em pânico ao trazer um recém nascido para casa sem nenhum manual de instrução e constatei o quão divertido é aprender na prática,

olho para os olhos do meu filho e sei que ele confia em mim plenamente,

sinto o melhor cheiro do mundo: o cheiro de um bebê dormindo,

me emociono ao perceber que colocá-lo contra o meu peito e acariciá-lo acalma o seu choro,

tenho ficado mais cansada do que jamais estive em toda a minha vida e mais feliz também!,

sento na cama amamentando meu bebê no início da noite sabendo que ao redor do mundo tantas outras mães estão fazendo o mesmo,

me encanto com meu marido mostrando o pequeno para todos na rua com orgulho,

o levo para passear e percebo que todos na rua querem parar e conversar,

experimento o único e encantador sentimento de ternura quando ele dorme nos meus braços,

tiro "trocentas" fotografias todos os dias , as quais eu sempre digo que vou organizar em um album e não consigo,

me emociono com a alegria dos avós ao ouvir seu “dada baba” no skype,

redescubro as coisas mais simples da vida e seus encantos,

choro quando vejo um bebê nascer na TV , entendendo como uma mãe se sente em qualquer lugar da mundo, da Bolivia a Pequim,

tenho o maior prazer em ficar boba de novo, fazendo palhaçadas só para ver o sorriso banguela mais gostoso do mundo!,

descubro o mundo pelos olhos de meu filho que fica encantado ao ver um esquilo passar,

construo um novo circulo de amigos que também são pais,

descobri que um filho lhe dá um novo senso de foco na vida,

Há sete meses me tornei mãe e paro todos os dias e me pergunto como consegui viver até agora sem o meu filho!

2.8.10

Celebrando Simcoe

Simcoe quem? Mesmo que você more em Ontario as chances de você saber de quem eu estou falando são pequenas. Até porque se você mora em Ontario neste momento você deve estar fazendo tudo , menos lendo o meu blog! Claro, quem mora aqui sabe o principal : hoje é feriado (facultativo mas feriado para muitos). E o que o senhor Simcoe tem com o fato de estar fazendo um dia lindo de verão por aqui que as pessoas estão aproveitando à beira da piscina, em suas casas de veraneio, ou até mesmo meditando, lendo e escrevendo enquanto seu filhote tira uma soneca como eu:) ? Tudo!

Sempre gostei de saber a História por trás dos feriados. E até ontem me perguntava porque hoje é feriado por aqui. Então fui pesquisar. Tá bom vai gente, feriado é sempre bom não importa o motivo, mas eu tenho essa mania vai, será que sou só eu? Pois bem...

O sr. Simcoe foi o primeiro governador do "Upper Canada" , como antes era conhecida a provincia de Ontario em 1790. Lendo o jornal dessa manhã fui obrigada a concordar com o articulista que debatia o fato de o feriado ser chamado de "Civic Holiday" e não levar o nome de John Graves Simcoe. O "cara" merece gente! Afinal de contas se você mora em Ontario e não está lendo meu blog hoje é porque está curtindo o feriado graças ao Simcoe! Tá bom vai, ele merece por outros motivos:)

Veterano da "American Revolutionary War", Simcoe certamente deixou sua marca em Ontario durante os quatro anos em que foi "lieutenant-governor" nos idos de 1790. Ele mudou a capital de Niagara para Toronto, que na época chamava-se York, iniciou as ruas Yonge e Dundas como principais eixo de ligação norte-sul e leste-oeste (quem mora em Toronto sabe a importância desses eixos de ligação para a cidade), acabou com a importação de mão de obra escrava e introduziu o sistema legislativo baseado na "English common law".

Claro que como todo personagem Histórico, Simcoe tem seus criticos que diziam ter ele o desejo de implementar aqui o estilo aristocrático britânico e estabelecer a Igreja da Inglaterra por aqui. Mas que personagem não tem seus críticos? Ah, para confundir um poquinho mais aqueles que não faziam idéia do motivo desse feriado existir, outras cidades da provincia batizaram o feriado com outros nomes!

Políticos de Ontario, vamos dar um crédito ao senhor Simcoe e batizar o feriado com o seu nome? Afinal, o sujeito merece não é mesmo? Agora me vou pois tenho um feriado inteiro pela frente para aproveitar, um marido em casa para me ajudar com os afazeres enquanto eu descanso e um filho lindo que depois de acordar vai passear bastante conosco sob o sol de um dia lindo de verão. Tudo, graças ao senhor Simcoe!


16.7.10

Seis meses - os dezoito anos do bebê


Segunda que passou (12 de julho) meu filho completou seis meses de vida e devo confessar que esse negócio de cuidar de uma nova vida 24 horas por dia ininterruptamente, além de ter alguns momentos de tensão e cansaço é claro, nos traz uma nova prespectiva, um novo olhar em relação à tudo que fazemos e vemos. Nos torna seres humanos melhores eu diria. Não na acepção arrogante do termo, mas apenas pelo fato de pararmos nossas corridas vidinhas "ordinárias" pré maternidade-paternidade para apreciarmos a vida em sua plenitude.

Entendam que não é demérito nenhum a vida que eu ou qualquer outro cidadão tinha pré maternidade-paternidade, nem muito menos à opção consciente de não ter ou até mesmo de não poder ter filhos. Trata-se apenas de uma reflexão minha. A minha forma de ver esse momento tão intenso que vivo chamado primeiro ano de maternidade.

Então voltemos à questão filosófica. Essa semana, aos seis meses de idade, o Arthur deixou de ser exclusivamente amamentado para ser iniciado, aos pouquinhos, ao mundo maravilhoso das papinhas. Continua mamando no peito graças a Deus mas essa semana já esta degustando as papinhas de cenoura (imagem) que a mãe toda orgulhosa preparou em casa para ele (Aliás, o baby cubes que aparece na foto é uma excelente aquisição para quem faz as papinhas em casa). Claro que acompanhar todo o desenvolvimento do bebê até agora tem sido o máximo. Entretanto, agora tá ficando bem mais divertido.

Daí pensei: começa a comer de colher, senta sozinho, tá quase engatinhando, ampliou o repertório de emoções e como expressá-las, aumentou o vocabulário no dialeto dos bebês e até pronunciou a primeira palavra (essa semana repetiu a palavra ÁGUA após eu ficar falando feito Teletubies enquanto lavava a mãozinha dele. Não preciso nem dizer que chorei né? Sim, agora eu falo como Teletubies). É a emancipação! Ah, também pode usar protetor solar agora. Nossa quanta independência, daí os 6 meses serem os 18 anos do bebê:) Tudo bem que ele ainda não consegue pedir um carro de presente:) Enfim, vale a analogia.

Meu filho está crescendo e estou amando acompanhar! E fazer papinhas em casa (algo que sempre soube que queria fazer, assim como amamentar o máximo que der) me trouxe de volta à infância quando brincava de casinha e colocava os bolinhos de areia nas panelinhas para as minhas bonecas. A diferença agora é que o boneco é a criatura mais importante da minha vida juntamente com aquele que me deu esse presente, o meu marido é claro! Mas a diversão é a mesma!

Feliz aniversário de dezoito anos, digo seis meses, meu filho!

11.7.10

Melhor Português


Desde que moro em Toronto (e lá se vão 4 anos) tenho vontade de ir a um dos muitos restaurantes de alta culinária que fazem parte do evento anual SUMMERLICIOUS. O evento, que também acontece no inverno e aí chama-se WINTERLICIOUS, não deixa de ser uma maneira criativa que a prefeitura, juntamente com a indústria alimentícia da cidade, encontrou para promover os restaurantes da cidade e fomentar os negócios.

Mas como o meu interesse nunca foram os negócios, fui direto ao que interessa - a comida! Ontem fomos almoçar no premiado Lisbon by night e levar o Arthur a seu primeiro restaurante português. Como das outras vezes (o Arthur está seguindo os pais "bom garfo" dele e já esteve em cantina e no japa) foi um "gentleman" à mesa e deixou a mãe dele saborear um excelente bacalhau. Meu jesus! E que bacalhau!

Como parte do evento, os restaurantes criam cardápios fixos a preços que variam de $15 a $25 no almoço e $25 a 45 no jantar. Se vocÊ mora em Toronto vale a pena experimentar! No "Portuga" comemos um bolinho de bacalhau maravilhoso como entrada, o bacalhau como prato princial e a sobremesa. Tudo por $15 / cabeça. Além da opção que escolhemos, havia mais duas combinações diferentes. Para os vegetarianos, há restaurantes com opções vegetarianas também. Enfim, tudo de bom! E o Portuga está aprovadíssimo!

Affe, deixa eu ir fazer um lanche que esse papo está me dando fome. E para quem quer ir o evento começou sexta e vai até dia 25 de julho! Bom apetite!

8.7.10

Visitas ilustres

Depois das conferências do G20 e do G8 terem agitado a cidade com a presença de chefes de estado do mundo todo, veio a rainha Elizabeth visitar seus súditos e a senhora ultra moderna ganhou até blackberry ao visitar a RIM.

Anualmente, em setembro, todas as celebridades de Hollywood, incluindo os meus favoritos Tom Cruise, Denzel Washington, Matt Damon e Ben Afleck, dão o ar da graça por aqui por conta do festival de cinema.

São todos humanos eu sei. Como eu, como você, dormem, acordam, vão ao banheiro e tudo mais. Acontece que é sempre curioso ficar imaginando que naquela calçada, ao lado da loja ou do supermercado que você frequenta, pisam estrelas, chefes de estado... Enfim, os chamados VIP. Já pensou esbarrar com o seu ídolo por aí? Não sei, será que sou só eu que piro na batatinha imaginando tudo isso?

E por falar em ídolo, vem aí para mais uma visita à Toronto o Dalai Lama. Em sua última visita não consegui assistir à palestra que ele deu. Entretanto, dessa vez quero ver se consigo. Até lá (ele estará em Toronto em outubro), o Arthur não estará mais exclusivamente dependente do meu peito para se alimentar, então quero ver se vou ouvir umas sábias palavras para variar um pouco. Já deu no jornal que os ingressos para assistir o Dalai Lama começam a ser vendidos dia 14 de julho. Vamos ver o que consigo.

São as vantagens de morar em uma cidade onde as visitas ilustres sempre acontecem. Desde a rainha modernosa da Inglaterra, o bonitão do último sucesso dos cinemas até líderes espirituais como o Dalai Lama. Bom né?

7.7.10

Prêmio sanitário

Quando pensamos que todas as premiações já foram inventadas, eis que vem alguém e cria mais uma. Dessa vez o pessoal da América do Norte (leia-se EUA e Canadá) e, que diga-se de passagem adora criar um "Award", pensou nos banheiros!

Isso, basta acessar o site e escolher os melhores banheiros. Dos 5 finalistas, 3 ficam aqui em Toronto. Claro que estamos falando de banheiros de restaurantes e bares mas sempre é bom ter a informação. Vai que um dia você está batendo pernas pelas ruas de Toronto e bate aquela vontade. Que tal usar um banheiro premiado?:)

Isso me faz lembrar das minhas andanças de mochileira pela Europa e pelos EUA quando corria sempre para o "M" amarelo do MacDonalds na hora do aperto. Pelo menos era garantia que eu conseguia usar o banheiro sem ter que consumir um big mac:) Já esses banheiros premiados duvido muito que a mesma tática possa ser aplicada. Não custa tentar:)

23.6.10

Terremoto - segunda experiência

Estava eu aqui na calmaria da minha sala, no décimo quinto andar do prédio onde moro na região norte de Toronto, estudando para um exame que pretendo fazer. Meu filho dormia em seu quarto na paz que só um bebê dormindo consegue passar. Uma e quarenta da tarde do dia 23 de junho e, pela segunda vez em minha vida, sinto o chão tremer!

A cadeira tremeu e eu parei na hora. Acho que conheço essa sensação pensei. Quando olhei para o lado, a luz de leitura em cima da mesa também balançava. A luminária de chão, a cadeirinha do Arthur e até as paredes tremiam como que em um balé da mãe natureza. Eu tinha certeza tratava-se de um tremor de terra. Na hora, a minha reação de mãe foi me levantar de onde estava e ir até o quarto da cria ficar ao lado dele esperando ou que o tremor passasse logou ou que alguma instrução de evacuação do prédio fosse passada. Caso precissase agir rápido já estava do lado do bebê que dormia.

Não contei exatamente, mas acho que um minuto se passou e o chão ainda estava lá. Nada mais balançava e o meu filhote continuava sua soneca da tarde tranquilamente. Eu respirei fundo, tomei uma água (sim, porque essas coisas assustam. Ainda mais em prédio!) e voltei aos meus estudos.

Meia hora depois entra o sistema de microfone integrado do prédio em ação(dentro de cada apartamento há um auto falante que nos permite ouvir a administração do prédio sempre que preciso) para informar que o que havia acontecido era mesmo um terremoto leve que atingiu Toronto e que suas atividades já tinham acabado e que, portanto, era seguro permanecer no prédio. Eu estava certa!

No primeiro segundo que entrou a voz no microfone o Arthur acordou e começou seu "falatório" (vulgo dialeto que só os bebês entendem e os pais juram que eles estão falando papai e mamãe. Posso jurar que já ouvi o Arthur falar Paula:) quando acorda depois das sonecas. Em seu dialeto, Arthur devia reclamar do moço falando alto no seu ouvido e querendo saber porque o berço parou de chacoalhar já que bebês adoram um movimento não? Brincadeiras à parte, o susto passou , o Arthur acordou e os estudos vão esperar a próxima soneca do filhote à prova de terremoto:)

Ah, a primeira vez que senti um tremor de terra estava no Brasil na casa dos meus pais no interior de São Paulo, em Boituva. Entretanto, naquele ano, o tremor foi bem mais leve porque se tratava apenas de um reflexo de um abalo que havia ocorrido em outra cidade da região. Já esse de hoje chacoalhou um bocado as coisas por aqui!

4.6.10

Realidade nua e crua

É fato. Raça e sexo continuam sendo barreiras para os imigrantes que chegam em Ontario e tentam se inserir no mercado de trabalho. A pesquisa divulgada ontem, com base em dados no Censo de 2005, constata o que não é novidade nenhuma para quem mora aqui e vive o mundo real do estrangeiro que recomeça sua vida: o preconceito racial e o sexismo estão bem presentes e bem vivos por aqui. É a realidade. Nua e Crua.

Em 2005, diz a economista responsável pelo estudo Sheila Block, uma mulher estrangeira, ganhava 53.4 centavos de dolar para cada dolar recebido por um homem branco. Como estamos hoje? Pior - constata o estudo. Um homem recém-chegado em Ontario ganha 63 centavos de dolar para cada dolar recebido pelo homem nascido no Canadá. Entre as mulheres recém chegadas a situação é ainda pior. Em 2008, faziam 54 centavos para cada dolar do homem nascido no Canadá.

Não esqueçamos que estamos aqui falando de pessoas já empregadas, ou seja, não se discute se falam o idioma. Falam. Caso contrário não teriam sido contratadas. Digo isso porque não raras vezes o debate em torno da questão fica inapropriadamente centrado no fato de falar ou não falar o idioma. Com isso, o governo facilmente justifica seus investimentos nos recém chegados com uma indústria enorme de cursinhos do "B A B A" do inglês, ensinando literalmente como se apresentar e dizer "oi tudo bem" e os empregadores ficam confortavelmente "apoiados" na falácia de que não mantiveram alguém em seu quadro de funcionários ou , se mantiveram, pagam menos porque fulano não domina o "B A B A" do inglÊs, ou pior, não tem experiência canadense.

E o ciclo vicioso não tem fim. Ninguém coloca o dedo na ferida. Que ferida? O preconceito. Entra ano, sai ano, estudo atrás de estudo e a situação permanece onde está. Uma pena porque estudiosos como a economista que liderou o mais recente relatório sempre sugerem o óbvio mas ninguém quer cutucar a ferida.

Em tempo - eu não sou e nem nuca fui contra os cursinhos "B A BA" bem basiquinhos que o governo mantém para recém chegados. Sempre há público para tal, o problema é que enquanto governo, empregadores e autoridades continuarem se escondendo por trás da cortina que é a indústria de cursinhos "B A B A" para os imigrantes, ninguém faz o que realmente é necessário : políticas de governo que obriguem os empregadores a não praticar este tipo de preconceito. Melhor ainda e muito mais utópico - que a política de imigração esteja mais alinhada com as práticas de mercado e vice-versa. Com isso todos ganham.

Sonhar não custa nada. Bom fim de semana à todos.

27.5.10

bolha de calor


Deu no noticiário. A última semana tem feito mais calor do que em todo o verão passado aqui em Toronto! E a tendência continua para a última semana de maio. O negócio é se hidratar, tratar de se manter fresquinho e aproveitar o que der. E olha que o verão nem teve início oficialmente!

No meu caso que estou feliz da vida com a minha nova profissão de mãe "full time" (e quanto trabalho! muito prazeroso mas muito trabalho:) estou aproveitando o máximo em ficar ao ar livre com o filhote. Claro que sempre debaixo das árvores que são muitas em Toronto graças a deus!

Honestamente não sou muito fã de calor excessivo mas ao mesmo tempo também acho que é o nosso estado de espírito que faz o clima. Então, assim como sempre aproveito o inverno rigoroso com muita alegria, estou dando o meu melhor para curtir os quase 40 graus e muita humidade da melhor maneira possível : com muita sombra, água e a deliciosa presenca do meu filhote:)

20.5.10

De volta para casa

Que me perdoem os meus leitores mas este blog ficou um pouco às moscas por um excelente motivo. Há uma semana retornei do Brasil após uma deliciosa temporada de férias por lá com o meu filhote. Fomos levar o Arthur para família e amigos conhecerem.

A viagem foi ótima, nosso pequeno se comportou direitinho em ambos os voos, tanto de ida quanto de volta, e deixou todos por lá apaixonados por ele. Agora que estamos de volta para curtir o finzinho da primavera e início do verão canadense e a casa está em ordem devo passar com mais frequência por aqui.

Estava com saudades. É como sempre digo, viajar é sempre bom mas voltar para casa é melhor ainda. E que venha o verão canadense.

19.3.10

Oh Canada!


Estamos em festa aqui em casa! Chegou hoje o passaporte canadense do nosso pequeno Arthur e, como vocês podem checar pela imagem, ele ficou bem feliz em receber seu documento de canadense nato:) E eu me emocionei muito! Não sei se vou me emocionar tanto quando pegar o meu passaporte canadense (esse ano damos entrada no processo de cidadania canadense).

Semana que vem fica pronto o passaporte brasileiro a que ele tem direito enquanto filho de brasileiros nascido no exterior. E estará documentado para explorar o mundo e fazer seus primeiros vôos internacionais com a mamãe e o papai. Aí eu digo: um ser tão pequenino já tem dois passaportes! "So cute" como eles dizem aqui:)

26.2.10

Código de Conduta

Por de trás do meu monitor vejo os flocos gigantes de neve dançarem em desalinho. Para quem está do lado de cá da janela poesia pura já para quem está do lado de lá com o carro na rua nem tanto. Enfim, aproveitamos a única tempestade de neve um pouco mais significativa deste inverno "fraquinho" (a neve cai em Toronto sem parar há dois dias) para, além de navegar pelo mar de fraldas que o pequeno Arthur é capaz de produzir, amamentar 24 por 7, tirar caquinhas de nariz e tirar ramela nos olhos (lembrando que só a bailarina que não tem), assistir ao excelente LAW ABIDING CITIZEN.

Claro que alugamos o filme para termos a tranquilidade de saber que podemos parar 20 vezes se o Arthur exigir não é mesmo? É nosso pequeno está mesmo ficando homenzinho, desta vez não paramos uma só vez durante o filme (umas semanas antes alugamos Time Traveler's Wife e tivemos que parar umas duzentas vezes:) .

Mas hoje vim aqui para indicar o filme que no Brasil saiu como Código de conduta. Já vou logo avisando que não se trata de filme de "mulherzinha". O filme é forte, suspense de primeira com atuações impagáveis e final impactante. Fiquei presa no sofa o tempo todo, vale a pedida!

Fui! Qualquer hora volto por aqui para falar um pouco da minha experiência com o prenatal em Toronto e o parto no hospital daqui. Bom fim de semana.

17.2.10

Papai em casa

35 dias de vida tem o nosso pequeno Arthur e hoje passo aqui para falar um pouco sobre a benção que é a chamada parental leave, vulgo licença maternidade-paternidade, que vigora na provincea de Ontario (não sei no resto do Canadá). Graças a este sistema estou com o meu marido em casa para me ajudar (e como ele ajuda!) com o bebê por dois meses consecutivos.

Como quando nos planejamos para engravidar do Arthur eu estava fora do mercado de trabalho, decidi que pararia de procurar emprego para termos o pequenino. Desta forma não tinha e continuo não tendo direito à licença maternidade que por aqui é de um ano. Em casas onde pai e mãe trabalham fora quando o bebê nasce o que acaba acontecendo é que a mãe tira quase um ano e o pai tira só um pouquinho. Já aqui em casa, como o cenário era outro, por necessidade pura o marido tirou dois meses de licença (em tese ele poderia tirar um ano mas financeiramente não compensa uma vez que o governo só paga a licença até determinado valor e a empresa cobre um outro tanto).

Tivemos a minha sogra por aqui nos primeiros 20 dias o que foi de grande ajuda mas não pudemos nos dar ao luxo de ter minha sogra e nem minha mãe por aqui por muito tempo, uma vez que ambas tem suas vidas lá no Brasil. E quem já teve um recém nascido em casa sabe muito bem que os primeiros meses são bem puxados no sentido de que temos que nos adaptar a muita coisa nova ao mesmo tempo.

O primeiro mês, ao qual acabamos de "sobreviver":) , é muito puxado o que não torna o segundo mês menos puxado. A diferença é que vamos aos poucos nos adaptando a dormir pouco, trocar trocentas fraldas por dia, amamentar a cada duas horas, ficar podre no fim do dia e ainda assim se sentir bem quando vemos o pequenino crescendo com saúde e sorrindo para nós. Mas tenho que ser honesta, dá um baita medo sabermos que aquela vida frágil depende de nós 24 horas por dia para seguir em frente. A cada dia que passa vamos aprendendo a "ler" melhor os sinais que um bebê emite mas não é mole não. E mesmo com tudo isso me emociono cada vez que olho para os pezinhos e mãozinhas que um dia estiveram dentro de mim e agora estão aqui nos dando muito trabalho mas muita alegria ao mesmo tempo.

Agora se há uma vantagem mesmo em ter um bebê de 35 dias em casa durante as Olimpiadas de inverno do Canadá e o carnaval no Brasil é que, você aprende a diferença entre os "esportes" de inverno luge, bobsleigh e skeleton. Ah, já quanto ao carnaval no Brasil cheguei à conclusão que aqui em casa tem mais peito de fora desfilando (para amamentar o Arthur é claro:) do que no desfile da sapucaí! Vai ver caiu de moda ficar de peito de fora no carnaval. Por hora é isso, dá licença que eu fui parir e já volto!

27.1.10

Meu amigo repolho

Fui parar e já volto fala hoje daquele que tem sido um dos meus melhores amigos nos últimos quinze dias em minha prazerosa mas também dolorosa e desafiadora tarefa de amamentar, ao menos no início é bem difícil e tem seus desafios. Queria é saber porque ninguém (enfermeiros, profissionais de saúde, mães e tal) toca no assunto. Talvez não querendo assustar as mães de primeira viagem a amamentar que é uma das melhores coisas que a mesma pode fazer por seu filho. Isso todos concordam mas enfim, isso já é texto para um outro fui parar e já volto.

Hoje quero falar do milagroso REPOLHO e as propriedades altamente cicatrizantes e medicinais de sua folha. Posso dizer hoje que o repolho salvou o meu seio direito. Por algum motivo, talvez o fato de ambos sermos destros, no início era bem mais difícil posicionar o Arthur do meu lado direito daí os machucados. Foi quando entrou em ação o meu melhor e mais fiel amigo REPOLHO! Ah, antes que alguém visualize a cena das indias usando folhas de repolho no lugar de lingerie, é isso mesmo. Sabedoria pura, sei que a cena é engraçada mas quem se importa. Tudo que queremos é sarar e continuar amamentando.

Rapazes que me lêem, sei que ultimamente os assuntos por aqui estão tendendo um pouco mais para o mundo das mulherzinhas mamães mas acho que acaba sendo uma forma também de ajudar aqueles rapazes, que por algum motivo, ainda não pararam para pensar o quanto suas esposas , irmãs, mães e mulheres guerreiras ao seu redor dão de si mesma para que a vida se inicie e siga seu fluxo, o façam!

De novo a mãe natureza ao nosso lado. E viva o Repolho. Fui parar já volto.

21.1.10

Nosso Herói


A Carol colocou no blog dela e achei o máximo o trailer deste novo filme e resolvi espalhar por aqui também. Vale conferir!

18.1.10

Fui parir e já volto

Amanhã nosso pequeno Arthur completa uma semana de vida. Aqui em casa estamos nas nuvens porque o milagre da vida veio nos visitar. Entretanto, devo registrar que esta primeira semana pós parto não é nada fácil. Interessante a maneira da mãe natureza se expressar. Veio ela e me disse: "vou fazer crescer uma sementinha dentro de você que, durante 9 meses, vai contigo para onde você for, vai desorganizar todo o seu sistema emocional e físico e reposicionar os orgãos todos dentro de você".

Por nove meses, vocês serão um só , um só sistema disse a mãe de todas , a mãe natureza. Ah, você vai ter dois corações batendo dentro do seu corpo e vai alimentar um ser vivo até que ele tenha condições de sair. Acontece que tudo isso demorou 9 meses para acontecer e foi acontecendo gradativamente, te dando tempo de adaptação.

Aí, de repente , com o parto, tudo é tirado de dentro de você de uma só vez! Aí dá pane no sistema geral. Você ainda procura o botão de ajuste para tanta desregulagem. Engana-se quem pensa que troca de fraldas constantes e noites picotadas para amamentar sejam o fardo mais pesado de carregar. Nestas primeiras semanas na verdade acho isso tudo o mais fácil. O negócio mesmo é que você precisa ter cuidados consigo mesma e ao mesmo tempo cuidados com a amamentação, isso demanda tempo e energia.

Aí vem a mãe de todas novamente e acha uma maneira sei lá como de nos prover de uma energia vinda sei lá de onde para mesmo amamentando a cada duas horas e todo o resto, você se sinta a pessoa mais feliz do mundo. Basta olhar no rostinho lindo do pequeno ser que vocÊ juntamente com a pessoa amada criaram, pronto! Milagre instantâneo: todas as dores físicas nestes primeiros dias de adaptação são suportadas como num passe de mágica.

É o milagre da vida! Fui parir e já volto é o nome da série que criei para registrar aqui toda a minha experiência com o parto, gerar e criar um filho no exterior, hospitais, médicos, sistema de saúde canadense, amamentação, os desafios e tudo que envolve este mundo que vivo a partir de agora. Claro que na medida em que for dando tempo venho aqui. Afinal, virei um restaurante ambulante aberto 24 horas para atender a um cliente muito VIP e exigente:)

Até já. Fui parir e já volto.

5.1.10

Que venha 2010!



Nem parece que já estou escrevendo por aqui no quinto dia do ano mais esperado por nós desde que soubemos que nosso pequeno Arthur chegaria no primeiro mês de 2010, nosso quarto ano em terras canadenses. Eu não poderia deixar de passar por aqui neste dia 5 de janeiro para registrar que hoje completo 40 semanas de gestação, o que signfica que, em no máximo duas semanas a contar de hoje, seremos três e não mais dois aqui neste lar.

Passo também para dizer que estamos bem, mamãe pratica suas meditações e caminhadas regulares para manter o espírito zen e carregar energias para o momento da grande "maratona" de sua vida (é assim que as enfermeiras descrevem o trabalho de parto por aqui, como sendo a maior maratona pela qual o seu corpo vai passar), continua suas atividades regulares de leitura e afazeres do lar e o pequeno Arthur espera calmamente o momento exato de avisar que é hora de sair. Parece que nosso pequeno está querendo fazer parte das estatísticas médicas canadenses de que 75% dos bebês nascem após a data prevista por conta da margem de erro, já esperada, de duas semanas na contagem das 40 semanas de gestação.

Enquanto isso resolvi apontar o que mais amei sobre essas 40 semanas de gestação:

1 - Sentir um ser vivo se movimentando dentro de você. (no começo é bem surreal e até mesmo estranho mas uma vez que você se acostuma é a sensação mais feliz e gostosa entre todas possíveis!)

2 - Os risos e encantos do marido com a barriga "mutante".

3 - Estranhos na rua, no mercado, e em todos os lugares te abordarem o tempo todo e conversarem com você sobre a sua barriga, sua gestação e tudo mais.

4 - Minha barriga ter virado praticamente um patrimônio público com todos querendo acariciá-la. É uma delícia sentir o carinho de todos para comigo em um momento tão especial!

5 - Ficar horas brincando com o marido de tentar adivinhar a carinha do Arthur, suas atitudes, seus gostos e personalidade.

6 - Passar toda a gestação sem nenhum grande problema de saúde, podendo continuar todas as minhas atividades normais. Até hoje, embora com uma barriga bem mais pesada, ainda estou indo à cinema, fazendo caminhadas e saindo para passear.

7 - O meu obstetra e toda a equipe que tem acompanhado o meu prenatal aqui em Toronto.

8 - Ouvir outro coração batendo dentro de você! Surreal e indescritível a emoção.

9 - Ver um pequeno ser se formando e crescendo mais saudável a cada ultrassom e a cada consulta: impagável!

10 - Sentir todas as vibrações positivas e o carinho de todos os amigos (os daqui e os do Brasil) e da família que tenho certeza fará toda a diferença no nascimento do Arthur.

Espero que todos tenham um ano de 2010 tão lindo e cheio de descobertas como já tenho certeza que o nosso será! Assim que der vamos mandando notícias, por hora vou curtindo a minha estação preferida do ano - o inverno canadense:)