21.8.08

Contra fatos não há argumentos

Sim, vou escrever novamente sobre as complicações da inserção de imigrantes, profissionais experientes e fluentes no mercado de trabalho Candense de maneira decente . Chatice minha? Claro que não pois muito antes deste blog existir, ou melhor, desde que me conheço como gente me interesso em observar e ler sobre o comportamento humano e suas reações diante de dificuldades e desafios. Daí a minha veneração pelos atletas, olimpíadas e coisa e tal... mas isso é um outro assunto. Negativismo? De maneira alguma, apenas resultado de uma coincidência  entre o meu gosto pela leitura e a reflexão. Afinal, agora que sou uma imigrante tudo fica mais intenso, foge apenas da reflexão e vira vivência mesmo! Bem mais empírico, convenhamos.

Pois bem, durante a minha saga aqui para ter certeza de que estou dando o meu melhor e tudo que está ao meu alcance está sendo feito para que, mais para frente, eu possa participar novamente da famosa PEA (População Economicamente Ativa), tenho me embrenhado nas ferramentas de relacionamento professional e social do mundo virtual (calma gente, o meu mundo real de ir à escola, casa, marido, amigos reais e os meus sagrados exercícios físicos e de meditação não foram afetados:).

Há duas semanas comecei a participar de uma rede de relacionamento de imigrantes no Canadá fundada pelo editor da revista Canadian Immigrant (uma velha conhecida minha pois não somente pelo interesse enquanto comunicadora mas também como imigrante leio a publicação desde que aqui cheguei em 2006). Por meio de tal comunidade virtual cheguei no blog do editor desta revista que, por sua vez, reproduziu o artigo motivo deste post.

Assinado por Sandra Fonseca, o artigo é mais um no mar de artigos que falam do problema de inadequação da mão de obra imigrante e o quanto o país perde de capital humano em não ouvir este chamado que as pesquisas relatam a cada ano. Ao ler os resultados mais recentes do estudo "O Imigrante Canadense e o Mercado de trabalho em 2007" , o que me chama mais atenção (não que eu não suspeitasse e nem me surpreendesse com isso) são os que seguem:

imigrantes educados nos Estados Unidos (77.8%) e na Europa (73.8%) tiveram taxas mais elevadas de emprego se comparados com imigrantes educados em outros países de regiões da Asia (65.5%), América Latina, oh nóis aí (59.7%) e Africa (50.9%). Vale ler mais este pedido de alerta para a questão aqui

Por essas e outras é que me incomodo um pouco quando leio e ouço tudo sendo pintado tão lindamente azul, em qualquer que seja o meio. Contra fatos, ou melhor números, não há argumentos. Embora muitos tenham na ponta da língua vários bla, bla, blas como inglês não fluente, não reconhecimento de estudo adquirido fora do país.. blá, blá, blá. 

E antes que alguém me diga que sim, há este tipo de problema, já vou logo dizendo que ninguém mais do que eu que estou morando aqui sei disso. Entretanto, não é este o meu ponto. Quero saber quando os empregadores vão parar para pensar que não dá para colocar todo mundo em uma mesma baciada e arriscar um pouco mais em dar chances para tantos qualificados que estão por aí afora e descobrir o óbvio: quanto capital humano desperdiçado!
 




17.8.08

Terapia do Grito

Já repararam como muitas vezes em nossas vidas temos vontade de gritar muito apenas para espantar os males e dar uma rasteira no baixo astral e stress? Não sei para você, mas para mim a terapia do grito é tão eficaz quanto a minha sagrada meditação diária e os exercícios físicos para a manutenção do equilibrio entre a minha saúde física e mental. Tá, tudo bem que é muito mais fácil e aceito socialmente meditar e fazer exercícios. Vocês não pensaram que para colocar a terapia do grito em prática eu saio gritando pelas ruas feito uma doidivanas, pensaram? Claro que não né gente!

Para o bem de adeptos da terapia do grito como eu, inventaram a montanha-russa e os parques de diversão. Desde que me conheço como gente tenho verdadeira paixão por montanha-russa e sempre fui daquelas de descer do carrinho e entrar na fila novamente. A última vez que estive no Brasil e fui ao Hopi-Hari com a minha afilhada perdemos as contas de quantas vezes subimos e descemos da montanha-russa, né Rafa? Sem falar dos vários gritos dados na montanha-russa do Playcenter durante a minha adolescência (sim, eu conheci a EVA - a boneca gigante, assisti ao show dos ursos e andei no carrinho da montanha encantada. Só não tinha ainda consciência, naquela época, dos benefícios que a terapia do grito traz:) 

Pois é, daí a pessoa se muda para o Canadá, junta um casal de amigos e o marido, vai ao Wonderland e se acaba de tanto gritar ao subir e descer 7 vezes de 4 montanha-russas diferentes! Eu nunca vi tanta montanha-russa em um parque só! É a meca da terapia do grito! 

Graças ao marido, que comprou os ingressos em uma promoção da "firma" para a qual ele trabalha, o parque abriu algumas atrações principais, incluindo a nova BEHEMOTH, com uma hora de antecedência para que os funcionários da Rogers curtissem os brinquedos sem fila. Com isso, fomos 3 vezes seguidas na Behemoth para depois começar o dia com todos os outros frequentadores do parque e dar sequência à nossa saga pelas montanha-russas. 

Para quem gosta de montanha-russa e está no Canadá, eu recomendo muito a terapia do grito, ou melhor, uma ida ao Wonderland. Só não se surpreenda se, ao final de um dia inteiro brincando, você não encontrar mais a sua voz e seus referenciais de chão e céu tiverem ido por água abaixo de tanto que subiu, desceu e virou de ponta cabeça! O vídeo abaixo, apesar de não passar a velocidade que este "bicho" pega, dá uma idéia do percurso da Behemoth, a nova e mais disputada atração do parque testada e aprovada por nós!!





8.8.08

Passeando pela "França"

Feriado que passou (1 a 4 de agosto) fomos passear na “França” – como carinhosamente chamamos a províncea de Quebec. Apesar de o marido  já ter trabalhado por 2 meses em Montreal, enquanto ainda morávamos no Brasil, e eu mesma já ter passado por Montreal na volta de uma outra viagem que fizemos à “França” com nossos queridos vizinhos Rafael e Liliane, ainda não havíamos feito uma viagem exclusivamente para Montreal com objetivos meramente turísticos. 

Às vésperas de completarmos dois anos por aqui, resolvemos que era hora de explorar Montreal como ela merece. E como merece! Tanto quanto à sua “ídala” Paris (a verdadeira) merece quantas idas você puder fazer na sua vida – eu graças à minha alma mochileira já tive o privilégio de fazer duas para a capital Francesa (a Européia). Sim , porque temos a capital francesa aqui no Canadá mesmo e lá passamos deliciosos 3 dias. Poucos para explorar tudo mas certamente suficientes para deixar com gosto de quero mais... 

Além de bater ponto nos principais pontos turísticos como o Estádio Olímpico, a catedral de Notre Dame (os Quebequenses vão me desculpar mas para quem já entrou na original em Paris não faz o mesmo efeitoJ), o jardim botânico (para mim o ponto alto da visita! Quem ama natureza como eu precisa conhecer este lugar!), andar muito pela velha Montreal, à beira do cais e comer muuuuuito gostoso, ainda nos encontramos com um velho amigo do Maurício – O Walter é Canadense de Montreal e passou seis meses no Brasil trabalhando na Ericsson com o marido – e juntamente com sua esposa nos proporcionou deliciosos momentos, além de claro nos ter contado fatos que só um local poderia fazer tão bem. Ambos não se viam há sete anos! Foi uma delicia! 

Mas o que eu mais gosto mesmo de ir para a “França” é que posso desenferrujar um pouquinho os meus 4 anos passados na Aliança Francesa da Alameda Tietê que tanto eu sinto saudades (assim que sobrar tempo$$ eu volto para o francês). Por enquanto vou brincando. 

Estávamos na enorme fila para subir a torre do Estádio Olímpico quando atrás de nós um senhor nos aborda em Francês perguntando se o ingresso que ele tinha em mãos valeria para aquela atração. O marido já foi logo soltando o “Desolé, Je ne parle pas français” que eu ensinei para estas ocasiões…quando eu fui fazer graça e virei para o senhor e disse , olha moço eu falo um pouco e se o senhor falar devagar compreendo tudo, posso ajudar? Pronto…. Foi a senha! 

Em meia hora de fila, eu já sabia a vida do senhor e ele a minha, começamos a falar de teatro, show em Quebec (tratava-se de um habitante de Quebec City que falava ZERO inglês) que eu já conhecia Quebec, bla, bla, bla…. Vez ou outra ele até soltava uma palavrinha em inglês querendo envolver o marido na conversa mas o negócio é que subimos a torre e chegamos lá em cima e eu soltei um "A tout a l´heure" porque o meu tico e teco já estava fundindo com o moço do estádio falando inglês comigo de um lado , o senhor francês do outro e o meu pobre cérebro entendendo tudo e dizendo por favor defina uma linguagem padrão!!!!! Ganhei o dia, fui dormir “me achando” porque um cidadão de Quebec havia dito que o meu francês era bom! Tá bom moço educado….Merci.

Ah, ainda conseguimos aproveitar o festival de música francesa que estava acontecendo por lá de graça! Tudo de bom o "Les Francofolie de Montreal".