31.12.07

Crônica de Ano Novo ou de Ano Velho (como preferir!)

2007 vai ficar marcado em minhas entranhas como o ano do PERTENCER. Ligado anteriormente apenas à possessões materiais e até mesmo à equivocados e irreais sentimentos de posse, repenso o PERTENCER que - ao fechar deste primeiro ano completo em terras estrangeiras – carrega uma outra dimensão de significados quando busco PERTENCER.

Nunca antes entendi tão de perto este estado PERTENCER. Aí vocês vão pensar “claro que sim Paula, em alguns momentos de sua vida você viveu o PERTENCER. Lembra quando desejou fazer parte do clube das meninas mais populares do colégio, da fanfarra da escola para tocar no 7 de Setembro, do grupo de moleques que “voava” em seus skates sem nem mesmo se preocupar com o próximo esfolar de joelhos?”. Verdade, lhes respondo. Sim, já senti o PERTENCER antes, inclusive com a implícita prerrogativa do “Não” embutido na condição de PERTENCER o que – em tese – deveria ter sido ainda mais difícil de carregar.

Olhando para trás não me parece que estes momentos “PERTENCER” tenham sido tão significativos quanto o PERTENCER do agora enquanto estrangeiros na terra de outrém. Caso contrário, certamente teriam eles deixado marcas profundas em mim. Alguem aí pode me explicar porque tudo que acontece de ruim ou forte (se assim o preferir) em nossa infância carregamos conosco sempre? Daí eu levar tão à sério o que falo perto de uma criança e como ajo ao seu redor.

Enfim, voltando à vida adulta que não me deixa parar de tentar entender o motivo pelo qual este PERTENCER de agora enquanto imigrante é algo tão mais forte! Já dizia o sábio e bom vernáculo da língua portuguesa que quem PERTENCE, pertence à algo ou à alguém. Daí a minha inquietação!

Aí viriam vocês novamente dizer “mas Paula, você pertence ao seu universo, ao seu país, à sua cidade, bairro, conjunto de regras, etc e tal” e eu vos replico “não, tudo isso ficou para trás, PERTENCIA ao que antes virou hoje. Ao não imigrante que virou imigrante, ao singular que virou plural, ao “preto e branco” que virou uma infinidade de cores se misturando em uma profusão de sensações, tatos e fatos.

Então PERTENCER à que? E quando o PERTENCER não mais basta e você chega a conclusão que o que foi não mais será e o que é ainda pode, quem sabe um dia vir a ser PERTENCIDO por alguém ou por algo?

Somos imigrantes enquanto procuramos PERTENCER, mas pertencer à o que exatamente? À um País? À um conjunto de valores? Normas e condutas? À uma cidade, um bairro? Silêncio...

PERTENCE quem busca, almeja, alcança e volta a buscar, almejar e alcançar. Acho que é isso! Hoje, no último dia do ano estive fazendo uma retrospectiva do ano que se vai -mais conhecido como 2007 - e não pude evitar de chegar à seguinte conclusão: ao chegarmos em Toronto dia 14 de setembro de 2006, atingimos uma meta previamente planejada e que PERTENCIA aos nossos sonhos. Continuando a linha de raciocíncio, surge o corolário de que fizemos muito (mas muito mesmo, coisas antes inpensáveis!) e conquistamos muito no ano que passou.

Conquistamos à duríssimas “penas” e não raras vezes com fortes emoções e desgastes emocionais envolvidos mas conseguimos muito. Eis que nos encontramos hoje aqui morando muito bem, ambos empregados em seus ramos de atuação e com saúde graças a Deus. E somos muito gratos à tudo e sabemos bem agradecer à cada nascer do dia!

Mas aí vem a natureza do ser humano – ao menos eu sou assim – e me obriga a ter um diálogo comigo mesma “Ninguém melhor do que eu sabe a luta que foi para conseguir tudo que somos e temos hoje além do exato tamanho das dificuldades enfrentadas para conseguir algo. Entretanto, eu acabo o meu ano me perguntando, uma vez conseguido tudo isso e agora 2008?”

Na condição de estrangeiros em terra de outrém, continuamos a busca – que por muitas vezes parece infindável – por PERTENCER e mais importante ainda PERTENCER como e à que? Não há dúvidas de que o nascer de um novo ano nos dá o gás e o fôlego suficientes para prosseguirmos PERTENCENDO sem jamais perder de vista o que nos foi cabido PERTENCER!

2008 aqui vamos nós na busca incessante por PERTENCER e buscar e seguir...

Um equilibrado ano novo para todos que me lêem, sim equilibrado, pois não há nada neste mundo que não carregue consigo as duas faces da moeda, o positivo e o negativo, o bom e o ruim, o belo e o feio, a saúde e a doença, o riso e o choro, a lua e o sol, a vida por fim!

*PS – O Ministério da Saúde do Intelecto Não recomenda tentar isso em casa. Refletir sobre a condição humana pode causar sérios danos às sinapses cerebrais! (Não custa nada avisar àqueles que ainda não cultuam o hábito da reflexão e se você é um caso perdido como o meu, bem vindo ao clube:)

23.12.07

O segundo Natal no Canadá

Graças aos queridos Katiane e Peter que gentilmente cederem o aconchego de seu lar e corações, pudemos realizar ontem - sábado 23 de Dezembro - a nossa ceia "antecipada" de Natal. Desta maneira aqueles que - como os anfitriões possuem família aqui no Canadá - poderão passar a noite de natal com seus familiares e nós pudemos ter o nosso momento de aconchego e "cheiro" de natal no ar mesmo estando longe dos queridos que ficaram no Brasil!

O momento auge da nossa ceia foi a entrada triunfante do Papai Noel - conhecido por aqui como Santa Claus - pois ninguém esperava que o tão ocupado bom velhinho fosse aparecer por lá! E este "Santa" eu posso garantir que era o verdadeiro, Canadense e habitante do Polo Norte, o Papai Noel mais verdadeiro que já tivemos. E para completar a magia do Natal a linda Sofia estava lá - sim porque Natal sem criança não é Natal.

Queridos Katiane e Peter, este post é uma homenagem à vocês donos de corações do tamanho do mundo e merecedores de tudo de melhor! Disse ontem e repito publicamente aqui que Deus abençoe vocês e que nunca falte nada neste ambiente lindo que é o lar de vocês. Um Feliz Natal e obrigada por tudo queridos!

Aproveito a ocasião para desejar à todos que me lêem os meus mais sinceros votos de paz de espírito e um Feliz Natal! Alguns lances do nosso segundo Natal no Canadá. Quem sabe no próximo ano conseguimos ir para o Brasil, enquanto isso vamos vivendo o melhor daqui, as pessoas especiais como a Kati e o Peter que tem cruzado o nosso caminho desde que aqui chegamos.




16.12.07

A maior tempestade de neve dos últimos dez anos!

E lá fomos nós hoje - domingo 16 de dezembro de 2007 - caminhar pela vizinhança em meio à maior tempestade de neve que já caiu nos últimos dez anos aqui no Canadá!

Eu não poderia deixar de dividir as imagens impressionantes. E nós que pensamos ter visto neve no último inverno. Que nada! Isso sim foi uma tempestade de respeito! E agora entendo muito bem quando as minhas queridas colegas Canadenses de sala de aula me diziam que eu ainda não havia visto nada! Agora sim, podemos dizer que vimos uma real tempestade de neve. Confiram as imagens e para as legendas é só deixar o cursor sobre a imagem.

Finalmente terei o meu tão sonhado aniversário e natal brancos! Alguém tem alguma dúvida?



15.12.07

33 anos de vida!

Enquanto todos celebram o início de um novo ciclo no mundialmente famoso Primeiro de Janeiro, eu começo mesmo o meu novo ano um pouco antes. Renasço a cada ano no dia 17 de dezembro - mais conhecido como meu aniversário - ou o dia em que minha querida mãe foi para a maternidade do Hospital Samaritano em Sorocaba dar à luz.

O segundo aniversário fora do País de origem e das minhas raízes – será que as tenho ou tive um dia? (quem sabe no meu aniversário de 43 anos eu consiga responder estas e mais outras questões que tenho feito para mim mesma) – vem cheio de significados para mim.

Sempre gostei muito e vou continuar gostando de fazer aniversário por este turbilhão de reflexão e renovação de mim mesma que a cada ano que passa acontece. Não há dúvidas de que a experiência profunda e emocionalmente marcante da imigração ajuda a acentuar ainda mais este cenário.

Olhar para trás e lembrar de quando eu tinha os meus 20 anos e me projetava para onde estou hoje me deixa ao mesmo tempo orgulhosa de mim mesma, ansiosa e pronta para começar a projetar os meus próximos dez anos! Quem eu quero ser, como quero estar, que valores quero continuar carregando comigo, quais não valem o meu esforço e, mais importante, que estilo de vida quero ter para mim daqui há dez anos?

Para muitas das perguntas que tenho feito no decorrer da minha vida e que sempre me projetaram para onde eu queria chegar – afinal de que adianta você caminhar se não sabe para onde o caminho vai te levar? – eu já tenho respostas. Sim, comecei a agir hoje para determinar como quero estar – e não ser ou ter - aos 43 anos de idade.

A primeira providência que já tomo há uns cinco anos, e que continuo tomando e ficou mais forte ainda com a experiência da imigração - é a de acordar todas as manhãs me lembrando da MORTALIDADE – da minha e dos queridos (à minha volta, distantes, que já se foram e os que ainda virão).

Mortalidade esta que me dá – ao contrário do que quer fazer crer a vã filosofia – um maior prazer em viver cada pequeno momento da vida como um lindo amanhecer de verão, enxergar a beleza das pequenas coisas - principalmente da natureza (seja ela chuva, neve, sol, nuvem, pássaro ou vento)- como algo muito superior a toda a ganância e audácia que o ser humano consegue colocar em prática como uma forma de auto-engano diante de sua propria pequenez e mortalidade.

Faço pequenas coisas hoje – há dois dias antes de completar 33 anos de idade – para que elas me levem onde eu quero estar e como eu quero me sentir daqui há dez anos. Não, nada concreto como cidade, País ou até mesmo endereços que estarei. Entretanto, algo que me leve ao estado de espírito que quero preservar - independente do passar dos anos.

Sim, estou falando de equilibrio, paz, coerência de atitude com discurso , zelo com as palavras e plenitude do ser! O melhor de tudo é perceber que a cada aniversário que passa se separa dentro de mim o EU sou do EU não sou.

Feliz Aniversário para mim e que os primeiros dias dos meus próximos dez anos sejam dignamente sentidos e me tornem um ser humano melhor a cada dia. Senão, de que vale a nossa breve, passageira e mortal existência ?

Um Maravilhoso fim de semana à todos!

9.12.07

Com a casa nas costas... de novo!

Há duas semanas que não faço outra coisa senão lembrar da minha querida sogra que dizia sempre ter a "casa nas costas" mencionando o fato de que estava sempre preparada para as várias mudanças que por ventura acontecessem na vida dela. Não sem motivos me lembrava da sogrinha.

Agora em dezembro acabou o contrato de um ano de aluguel que assinamos ao entrarmos com apenas 4 malas em nosso primeiro cantinho em Toronto. Ao tentarmos prolongá-lo por mais um ano, eis que o proprietário resolve vender o imóvel. E lá vamos nós de novo.

Sei que isso é perfeitamente normal, tanto que já aconteceu com vários dos nossos vizinhos por aqui. Entretanto, como passamos por tantas mudanças desde que chegamos, a sensação de passarmos por intermináveis etapas antes de nos aquietarmos não é das mais agradáveis. Desta forma, vamos à lei do mínimo esforço - estamos trabalhando para nos mudarmos dentro do mesmo prédio ou no máximo atravessar a rua para os prédios vizinhos.

Já temos alguns apartamentos em mente e na terça-feira vamos nos encontrar com a nossa corretora para quem sabe fecharmos algo por aqui mesmo na vizinhança (North York) e se tudo der certo nesta semana mesmo já sabemos para onde vamos pois precisaremos mudar até no máximo em janeiro.

No que depender de mim, já passaremos o natal em novo cantinho. Aliás, Natal? O que é isso? Eu mal estou me dando conta de que uma semana antes do natal - mais conhecida como semana que vem - será o meu aniversário! Tudo que eu quero neste momento é me aquietar. E lá vamos nós desmontar a casa, colocá-la literalmente nas costas, atravessar a rua (na pior das hipóteses) e montar o segundo cantinho no Canadá.

Fazendo umas continhas básicas, no Brasil eu já havia encarado 6 mudanças em 12 anos - o que a boa matemática diz que dá 1 mudança a cada 2 anos da minha vida. Tudo bem que o intuito é trabalhar para que esta média caia e nós nos assentemos, mas parece que o estado constante de "casa nas costas" é algo que ainda vai durar mais um pouco em minha vida! Quando vamos diminuir as andanças de um canto para o outro? Como dizia o caboclo - só Deus sabe! Enquanto isso vou colocando em prática a experiência que adquiri em meio à tantas mudanças.

Excelente semana à todos.

2.12.07

Show do Iron Maiden em Toronto aí vamos nós!

Aqui em casa já estamos em contagem regressiva para ver o show do Iron Maiden que vai acontecer dia 16 de março aqui em Toronto.

Graças ao vizinho Wander, fornecedor de carona para o trabalho e também apreciador de um bom metal, claro que já estamos com os ingressos em mãos para ouvir a incofundível voz do Bruce Dickinson ecoar no Air Canada Centre.

O show em Toronto encerrará a primeira etapa da Tour mundial de 2008 após ter já passado por São Paulo e Porto Alegre no Brasil.

Será o primeiro show do Iron Maiden que vamos e por isso estamos contando os dias. Há mais de 6 anos vimos o show do Bruce Dickinson - o que já é digno de nota - em sua carreira solo no Brasil. Isso nos tempos áureos em que eu fazia assessoria de imprensa para as casas de shows no Brasil e tinha o privilégio de ver todos estes shows de graça:)


"Your time will come..." E que venha o Iron Maiden!