30.11.09

Aprendendo a parir

Semana passada terminamos o curso prenatal no hospital onde o Arthur vai nascer. Mais uma das boas e positivas experiências que tenho tido durante toda a minha gestação aqui no Canadá. O povo vem pedindo para que eu as relate aqui. Aos poucos, conforme elas forem acontecendo prometo que venho aqui contar. Afinal de contas, parir em uma pátria que não te pariu (não resisti ao trocadilho:) trata-se de uma experiência e tanto! Mesmo que não raras vezes, enquanto imigrante e cidadã do mundo, me pego sentindo como em uma letra dos Titãs que diz nenhuma pátria me pariu"...

Resolvi apelidar o cursinho de "aprendendo a parir":) Como se isso fosse possível! Mesmo ainda não tendo parido, tenho que concordar com a enfermeira e com os "trocentos" livros e revistas sobre gravidez e parto que já li nestes quase nove meses de gestação. São unânimes em afirmar que não há parto igual ao outro e cada mulher, que por sua vez tem o corpo diferente da outra, vivencia o trabalho de parto de uma maneira totalmente diferente da outra. Tá, então o que há para ser ensinado? Toda a teoria e as características em comum claro!

O que mais eu tenho amado de poder ter o privilégio de vivenciar a minha gestação aqui no Canadá é o fato de toda a cultura daqui estar voltada para o parto normal. É fantástico o esforço que os profissionais de saúde (obstetras, parteiras, enfermeiras, clínicas, hospitais) e também da mídia fazem em torno de auxiliar a mulher a ter a melhor e mais normal experiência de parto possível! Disse dia desses ao meu marido que eu nasci para parir aqui! Claro que sei que sempre pode haver a necessidade de intervenções como a cesária e outras cositas, entretanto é muito bom saber que aqui , ao menos no hospital que vou parir, tudo é feito antes para evitar tais procedimentos.

Daí o foco todo do cursinho ser o ensinamento de técnicas (as quais algumas delas já sou bem treinada como por exemplo meditação e controle de respiração devido à prática de kung fu no passado e o meu envolvimento com filosofias do budismo) para o controle da dor, além de melhores posições e atividades a serem praticadas na hora das contrações. Enfim, uma arte do controle do corpo em um momento tão sublime!

Muito do que foi dito em 3 dias de cursinho eu já havia lido na minha compulsão por leitura (não importando o momento da minha vida), entretanto o que foi muito válido foi o fato de termos feito o tour pelo hospital e simulado tudo que vai ser feito quando chegarmos lá para parir. Sendo mãe de primeira viagem isso só nos dá uma segurança maior e a certeza de que eu não poderia ter escolhido lugar melhor para viver esta rica experiência.

Ok, tá bom, para não dizer que eu não tenho nenhuma reclamação aí vai. O estacionamento do hospital é um ROUBO, um assalto à mão armada e no nosso caso que precisariamos passar várias horas por causa do curso e ainda vamos precisar quando formos parir, ficamos pensando em uma estratégia. Bem, que o hospital não nos ouça, mas o estacionamento da IKEA (que fica a 5 minutos de caminhada até o hospital) tornou-se nosso estacionamento oficial todas as vezes que precisamos ir para o hospital. Afinal de contas a enfermeira vive falando da importância em caminhar para a gestante, mesmo tendo contrações, para ajudar na hora do parto. Voilá, dois coelhos em uma cajadada só.

Ah, e se vocês pensam que foi nossa a brilhante idéia, estão enganados. Em princípio, estávamos hesitantes em deixar o carro lá sabendo que a loja fecha as 9h30 da noite e o curso acabaria mais tarde. Bastou apenas um bate papo com os casais canadenses que estavam no mesmo curso, todos consternados com o preço do estacionamento do hospital, para termos a certeza de que a melhor saída era mesmo deixar o carro lá e sem problemas nenhum em pegar de novo mais tarde. Todos fizeram isso! Foi muito engraçado, até a enfermeira concordava com a expressão corporal mas obviamente não podia recomendar tal façanha enquanto funcionária do hospital.

Como vocês podem perceber o novo slogan da IKEA para nós aqui em casa é "IKEA love your home ... and your pocket!" Ah, quanto ao peso na consciência ao ler a placa do estacionamento da IKEA dizendo que é para clientes, quem é imigrante aqui em Toronto sabe muito bem o quanto somos todos clientes da IKEA desde o nosso primeiro dia aqui em Toronto quando chegamos com duas malas e temos a casa para montar e pouco dinheiro no bolso! Santa IKEA!

16.11.09

Quando você é parte do grupo de risco

Para os que moram no hemisfério sul do globo, o pior já passou com o fim do inverno e a chegada das temperaturas mais amenas. Já para os que como nós habitam o hemisfério norte do globo, a temporada de resfriados, gripes e agravamento de doenças pulmonares está só começando com a proximidade do inverno e consequente baixa nas temperaturas.

Até aí nada de novo, isso acontece todos os anos. Não fossem 3 pequenos detalhes combinados (no meu caso ao menos) : a circulação do virus da H1N1 (vulgo gripe suína) no mundo todo, o fato de eu estar grávida de 8 meses e de que vou parir na estação mais fria do ano (que tem lá suas vantagens do ponto de vista gestacional como a ausência total de inchaço e desconfortos relacionados a ele), e eu estaria agindo como sempre agi na minha vida, mesmo quando morava no Brasil.

Todos os anos tomava a vacina da gripe "normal" por assim dizer e seguia minha rotina sem nunca ter pego a gripe. Sempre acreditei que quando o assunto é saúde o resto todo perde importância. Os meus pais sempre me ensinaram que se tem uma área que não se deve menosprezar na vida é com médicos e cuidados com a nossa própria saúde, qualidade de vida e coisa e tal. Talvez seja por isso que acredito serem os enfermeiros, médicos e profissionais da área de saúde aqueles que exercem as funções mais nobres e dignas e, portanto, merecedoras do meu mais profundo respeito e consequente confiança.

Não me entendam mal, quando eu falo que valorizar a saúde e respeitar e confiar nas recomendações de profissionais para mim é como uma religião, entendam saúde como a "ausência" de doença, portanto não sou nem de longe uma maníaca por remédios e coisas do gênero, ao contrário!

Enfim, com todoo cenário da gripe H1N1 literalmente esquentando as baixas temperaturas por aqui eu coloquei como prioridade conversar com o meu obstetra à respeito. Não precisei. Dia 25 de outubro, mais ou menos quando o governo começou a vacinar os grupos de risco, recebi a ligação do consultório do meu obstetra orientando todas as grávidas com mais de 20 semanas de gestação (eu já estou na 33 semana) e que vão ganhar neném (como se diz na minha terra) no North York General Hospital a comparecerem no hospital no dia 30 de outubro para tomar a vacina contra a gripe. Não hesitei um segundo!

Que alívio! Afinal não é fácil passar uma gestação inteira com a preocupação de evitar pegar uma gripe que possa causar danos graves ao meu filho e a mim mesma. Nunca fui neurótica com estas coisas, sempre procurei agir da maneira mais racional possível mas confesso que estar grávida diante de algumas circunstâncias nos faz ficar mais medrosas. Daí o meu alívio em saber que tomaria a vacina.

Hoje, 17 dias depois de vacinada, imunizada (e alividada!), posso dizer que estou muito mais tranquila e que a vacina não causou efeito colateral nenhum nem em mim e nem no meu bebê que está ótimo e cresce a cada dia. Ponto para o hospital onde o Arthur vai nascer que, organizadamente, tomou esta iniciativa e tratou suas grávidas com respeito e carinho.






9.11.09

20 anos da queda do Muro de Berlim

Em 2002, durante um mochilão que eu e o marido fizemos pela Europa, tive o privilégio de conhecer Berlim, uma das mais belas cidades que já visitei mundo afora!

E claro que nesta viagem não poderia faltar a visita aos restos do muro de Berlim. Fomos também ao que foi o campo de concentração em Dachau, visitamos o CheckPoint Charlie e muitos outros locais relacionados ao período em que havia duas Alemanhas.

Sempre guardarei excelentes recordações desta viagem fantástica que fizemos mas esta semana, por conta das celebrações mundo afora dos 20 anos da queda do muro de Berlim, refiz todo o trajeto mentalmente e foi como se estivesse lá de novo. Não bastasse isso, o UOL entra em contato comigo pedindo autorização para publicar uma foto minha (tirada pelo marido fotógrafo em 2002) em frente aos restos do muro grafitado.

Autorização concedida e eis o resultado nesta bela galeria de fotos que o UOL montou com imagens deste ícone que é o muro de Berlim. Já deixei aberto na nossa foto (sim, sou eu mesma aí de casaco preto, cabelos longos e 7 anos menos experiente:) Vale conferir! E viva a queda!

Nossas preciosas recordações do Muro de Berlim: