23.2.07

A batalha dos flocos de neve

Ontem era para ser apenas mais uma tradicional manhã de inverno na casa do casal Paula e Maurício em Toronto. Toca o despertador às seis e meia da manhã e ambos se preparam para suas atividades diárias - Maurício vai para o trabalho e a Paula vai para a sua última semana na escola do Co-op - Teria mesmo sido rotineira não fossem dois fatos extras combinados :

1- O meu marido, nesta manhã, ao invés de ir para o escritório saiu cedo para um mega evento de confraternização da empresa. Imaginem que a Rogers juntou cerca de 700 funcionários e levou para passar um dia inteiro em uma estação de esqui, há duas horas de Toronto, com tudo pago pela empresa (esta Rogers é uma mãe!)

2- A tempestade de neve

Todas as manhãs, o único trecho que eu caminho pela superfície (é, em fevereiro é de fato bem interessante esta conexão subterrânea do prédio com o metrô) leva apenas cinco minutos de caminhada pois a escola fica do lado da estação do metrô. Pois bem, estes cinco minutos naquela manhã foram muito interessantes e surreais em minha vida.
Mesmo antes de sair de casa já havia visto pela janela que nevava muuito! Então vesti minha super jaqueta impermeável e as excelentes botas de neve que neste mês mais parecem parte do meu corpo de tanto que tenho usado (e estão aprovadíssimas, não levei um tombo sequer até agora) e lá fui para a aula.

O trecho que andei entre a estação do metrô e a escola debaixo de neve foi suficiente para ver o cenário caótico e aproveitar para me divertir com ele. Não pode mudar o cenário? Divirta-se com ele!

Era cada flocão de neve! Fazia PLOFT PLOFT quando caía na minha cabeça bem protegida pelo capuz impermeável.

Em segundos vi guarda-chuvas - ou melhor "guarda-neves" - todos iguais, quero dizer brancos! A calçada se confundia com a rua, a minha calça jeans que costuma ser azul marinho ficou branca, o casaco também azul adivinhem que cor ficou? O negócio é que, pela primeira vez, andei debaixo da tempestade de neve contra o vento! Parecia que eu estava em um daqueles cinemas tridimensionais que os objetos saem da tela e vem com toda velocidade em sua direção. A diferença é que os mega flocos realmente atingiam meu rosto.

Aproveitei o que minha fértil imaginação chamou de "a batalha dos flocos de neve" para brincar com os flocões "inimigos". Testava onde eles iam me acertar conforme o movimento que fazia com a cabeça. Se olhasse para o chão os flocões atingiam meus lábios (hum, praticamente uma raspadinha fresca, só faltou a groselha) . Ao levantar a cabeça atingiam meus olhos. Hum ,aí não há nada de gostoso nisso. Melhor ficar com a cabeça ereta mesmo e tomar uns flocões na bochecha de vez em quando. Diversão garantida ou seu dinheiro de volta. Claro que só me diverti deste jeito porque o tempo de exposição foi pequeno né! Isso foi pela manhã.

Quando voltava do curso que estou fazendo no Seneca , lá pelas 10 e meia da noite, não tive mais que efrentar os FLOCÕES.. agora eram apenas floquinhos. Ah que pena! agora não podia brincar de batalha da neve. Entro no ônibus e escuto na secretária eletrônica do meu celular a mensagem mais surreal da minha vida deixada pelo marido.

"Paula, o passeio foi ótimo. Esquiei o dia todo mas agora estamos presos na estrada em uma tempestade de neve. Então vou chegar tarde em casa, ou melhor, nem sei se vamos chegar hoje. Te ligo mais tarde".

Foi uma mistura de cena surreal com algo do tipo - já esperava por isso pois se os flocões estavam atacando Toronto porque não atacariam as redondezas? Uma hora mais tarde o marido chega também feito uma criança feliz contando a nova experiência de vida!

É, certamente, nesta quinta-feira vivemos experiências de um dia de inverno de verdade! Ainda assim continuo preferindo a neve à chuva, as tempestades de neve às enchentes. O inverno ao verão (gosto do verão e aproveito muito quando ele chega mas gosto mais do inverno). Como dizem as minhas queridas amigas que deixei no Brasil - "Paula, você não nasceu para o clima dos trópicos"

19.2.07

As Barganhas de Toronto

Imagine uma rua inteira tomada de lojas de roupas e sapatos dos mais variados estilos para todos os públicos e gostos. Adicione aí uma palavrinha mágica para o recomeço de vida do imigrante que está economizando - "outlet"- mais conhecido como ponta de estoque mesmo. Isso, nesta rua só há ponta de estoque. Imaginou?


Se você mora em São Paulo capital provavelmente pensou na rua José Paulino no Brás (ZEPA para os íntimos) mas para nós aqui de Toronto trata-se da Orfus Rd. A nossa nova colega Liliane nos deu mais esta boa indicação. Aliás, o post de hoje só foi possível devido às preciosas dicas de onde encontrar as barganhas de Toronto que nos foram dadas pela Liliane - a nova colega de trabalho do Maurício (do jeito que vai daqui um tempo o controle acionário da Rogers vai parar nas mãos de brasileiros!rs).


Para se ter uma idéia do que estou falando, compramos dois pares de luvas de couro para o Maurício por $10 enquanto que um único par de luvas do mesmo modelo e marca não sai por menos de $30 nas lojas comuns (já haviamos pesquisado antes). Os Canadenses que lá estavam faziam compra para o próximo inverno o que, aliás, é muito inteligente fazer agora quando as sobras de inverno das lojas estão indo parar nos outlets!


E para deixar a andança das compras mais apetitosa ainda paramos na Grand Cheese Factory loja italiana especializada em queijos também localizada na Orfus (abençoada rua!) Eu e meu marido sempre fomos dois apreciadores de queijos mas desde que chegamos por aqui este "hobby" se tornou um tanto quanto impossível devido aos preços praticados pelos supermercados. Agora tudo mudou! Precisa ver a cara de felicidade do meu marido voltando para a casa com uma peça de 5 libras (cerca de 2 kilos) de mussarela que pagamos 23 doletas - metade do preço do supermercado. Sem contar a variedade de queijos e antipastos que há lá. Vale à pena a visita mas NUNCA, mas nunca mesmo, entre lá com fome.


Outro lugar que vale a visita é a Value Village. Trata-se de uma cadeia de lojas de roupas usadas e utensílios domésticos. Claro que precisa-se gastar um tempo lá e garimpar mas acha-se coisas em muito bom estado por 3, 4 dolares. Desde calça, sapato e acessórios até bicicleta, patins, torradeira. De um tudo! Boas compras ou melhor boa economia!

14.2.07

De volta ao mercado de trabalho !!!!!!!!!!!


O dia 14 de fevereiro nunca mais será o mesmo em minha vida. Não importa quantos anos se passem eu sempre lembrarei desta data com muito carinho. Há exatos 5 meses eu e meu querido e amado marido chegávamos no Aeroporto Internacional de Toronto com duas malas cada um, inúmeras incertezas e uma única certeza - de que estávamos fazendo a coisa certa para a qual nos planejamos muito e sempre sonhamos.

Hoje, Valentines´s Day (equivalente ao dia dos namorados por aí) e com muita mais muita neve pelas ruas, eu consegui o meu primeiro emprego Canadense!!
Ainda é um estágio não remunerado de três meses resultado do Co-op que eu comecei a semana passada mas o melhor de tudo é que a vaga é exatamente na minha área. Trata-se de uma agência de comunicação mais conhecida por aqui como PR agency.

Eu estou muito feliz! Não encontro palavras para expressar o que sinto pois cada passinho que damos por aqui significa muito e o mais difícil foi feito. Quebrei a primeira barreira de entrar na minha área e utilizar as minhas habilidades para fazer o que gosto muito de fazer. Agora depende só de mim, das minhas capacidades e vontade de aprender e seguir em frente e isso eu tenho de sobra.
O melhor de tudo é que a dona da agência que foi quem me entrevistou disse que vai precisar contratar alguém em alguns meses mais para frente. Agora é arregassar as mangas para que ela queira ficar comigo e o que hoje é um estágio um dia vire trabalho pago.

Bem, como eu estou meio anestesiada e sem palavras para expressar tamanha alegria, vou apenas agradecer e como diz o meu marido - Hoje a casa está feliz! E como!

Além de agradecer à todos que, de uma maneira ou outra, torceram e sei que ainda torcem por mim, a minha mais pura gratidão vai para:

Povo da Johnson & Johnson - queridos Lala, Re, Danis, Leslie, Bruninha, João Ricardo e Valdir. Cá estou eu de volta aos eventos, releases, entrevistas, enfim ao mundo maravilhoso da comunicação e saibam que vocês continuam no meu coração e serão parte da minha história sempre!

Luiz Carlos Franco e povo da Primeira Página - o meu primeiro mestre e toda a turma que riu , chorou , sofreu e trabalhou muuuito comigo! Lembrei muito de vocês neste recomeço aqui, afinal foi aí que comecei a carreira no Brasil.

Família querida - meus pais e querido irmão que apesar da distância sempre entenderam e apoiaram a minha decisão de deixar o país.

Os novos amigos e "família" daqui - Fabi e Luly nós estamos fazendo fama de estudantes aplicadas e boas profissionais no Canex. Luci, obrigada pelas preces e torcida. Mirela, Mauro e Mariana, Carol e Pinho, Dani e Rafa. E a todos os outros que torceram e não deu para listar por aqui.

E finalmente o meu muito obrigado para a pessoa mais especial da minha vida. Aquele que eu escolhi para dividir cada momento. Sem o apoio diário e constante deste ser lindo e especial que é o meu marido eu não teria a mesma força para lutar e seguir em frente. Mesmo em momentos em que eu mesma duvidava de mim mesma ele sempre estava lá me lembrando que sim que eu era capaz. Mauricio neste Valentine´s Day eu só tenho uma coisa a dizer EU TE AMO MUITO!
Happy Valentine´s Day!

11.2.07

E o lago congelou


Este sábado tiramos a tarde para passear à beira do lago Ontario e um dos mais belos espetáculos da natureza foi o que nossos olhos e mentes registraram para sempre! Para quem mora em Toronto, e é apaixonado pela natureza como eu, vale o espetáculo.

Em meados de setembro do ano passado quando chegamos o lago estava assim





Cinco meses depois ele se transformou. Está inteiro congelado.



Para completar o delicioso passeio terminamos a tarde jogando conversa fora com uma Canadense que fotografava a linda paisagem de inverno. Enquanto batíamos papo com a simpática senhora, outro Candense estaciona o carro e se aproxima carregando um saco de ração para patos. Enquanto o mesmo alimenta os patos, a gentil senhora logo chama o senhor para a nossa conversa e nos apresenta para ele.

O bate-papo com o segundo Candense durou o tempo que ele demorou para alimentar os patos e passar a seguinte instrução - "se vai alimentar os patos dê a comida correta , nunca pães"(Por aqui até os patos são mais chiques). Despede-se, entra no carro e vai embora. Sim, ele comprou ração, saiu de sua casa foi para a beira do lago apenas para alimentar os patos. É o cidadão cuidando do bem comum à todos.

Adoro estas cenas surreais que encontro por aqui sempre.

4.2.07

A fumaça barulhenta


Cinco e meia da madrugada de sábado para domingo. O casal acorda com o som mais estridente que pode existir e ser suportado pelo ouvido humano.


Já sabendo se tratar do alarme de incêndio (aqui em Toronto mais apropriado chamar de detector de fumaça) do prédio, ambos se dirigem para a sala na espera pelas orientações da voz sem rosto que consegue se comunicar com cada apartamento do prédio por meio dos auto-falantes que ficam sobre nossas cabeças nos tetos dos apartamentos.

O marido liga a TV e coloca no canal que nos mostra a movimentação na recepção. Nada de orientação e o som mais estridente do mundo toca incessantemente. Ao menos temos um recurso interno de abafar o som dentro do apartamento enquanto ele toca mais violentamente lá fora.

A voz chega - “O problema parece vir do térreo e o corpo de bombeiros já foi acionado. Aguardem mais intruções” e o alarme toca. Não há como voltar para cama. Ficamos de plantão junto com o staff e toda a população do prédio.

Em menos de cinco minutos chegam os Bombeiros (equipe de 5 toda equipada e agora sim me senti em um filme - isso que dá ser cinéfila). O Marido ainda observou - “Se estivesse pegando fogo em algo já teríamos todos percebido” . Os Bombeiros fazem o seu trabalho e de repente ecoa a voz que invade o seu apartamento - “Aqui quem fala é o comamdante do corpo de bombeiros, isso foi um alarme falso e estamos desativando o sistema”

Ótimo! Agora podemos voltar a dormir. Deitamos e após cinco minutos toca novamente, agora sem mais nenhuma instrução. Apenas temos que levantar para abafar o som novamente. O interruptor que deveria ficar na parede do quarto fica no hall de entrada do apartamento.O episódio descrito acima me fez lembrar outro. Morávamos em SP mais ou menos na mesma disposição de prédios bem vizinhos dentro do mesmo condomínio. Em uma manhã de domingo perfeita para dormir, o querido e aplicado marido acorda cedo para fazer compra e deixa a esposa dormindo.

Horas depois ele volta me acorda e pergunta - você não viu o que está acontecendo lá for a? A esposa enquanto responde um sonolento não levanta-se e abre a janela. O prédio vizinho tinha sido evacuado por conta de uma explosão de gás. Era corpo de bombeiro, todos os vizinhos para fora, helicóptero do Datena sobrevoando nossas cabeças e eu? Dormia meu merecido sono de domingo (adoro dormir mais nos fins de semana). Tudo foi resolvido lá fora e eu pude continuar dormindo.

Na província de Ontario é lei que todas as casas e apartamentos possuam detectores de fumaça e, quando acionados, os bombeiros chegam na mesma hora. O meu vizinho Rogerio falou sobre a relação da cidade com os bombeiros certa vez.

Longe de mim criticar o trabalho de tão nobre profissão e que por aqui é muito ágil. Mas que o sistema de detectores de fumaça do prédio poderia ser um pouco mais inteligente e menos pertubador Ah isso sim!.
Deveria ser assim :
o alarme toca só para o staff
staff averigua se chama os bombeiros ou não e também se aciona o alarme para o prédio todo ou não mesmo antes da chegada dos bombeiros.
Os bombeiros avaliam se o prédio precisa ser evacuado.
Jesus! Desta maneira não precisariamos acordar à toa e participar inutilmente de algo que não está acontecendo de verdade!

Esta semana mesmo, estava eu cozinhando ovos quando disparou o alarme do prédio inteiro. Como era primeira vez que eu passava por isso me assustei e pensei -"puxa será que a fumaça da água quente fez tudo isso e agora o que faço?" Cinco minutos depois veio a voz que mora com você - “Desculpem o inconveniente . Trata-se de um teste do alarme “

Parece que ainda não resolveram o problema. E pelo jeito adeus manhãs de domingo como aquela de SP. Snif, Snif…