26.5.09

Habilitada no Canadá

Motorista, motorista, olha o poste, vai bater... Não é de borracha, não é de borracha, vai bater, vai bater...Inevitável não lembrar da musiquinha que eu cantava quando tinha apenas 5 anos e frequentava o Pequeno Príncipe sem nem sequer imaginar quem um dia bem distante dali eu faria e passaria no exame de habilitação do Canadá e receberia a carteira de motorista canadense para dirigir no país que adotei como casa.

E lá estava eu hoje diante do instrutor fazendo as manobras e dirigindo "em inglês":) Sim, porque depois que nos mudamos para outro país com o idioma diferente do nosso (no caso o inglês) começamos a reparar que agora brincamos com os cachorros em inglês (meu deus, nunca vou esquecer a sensação esquisita que tive ao brincar com um cachorro da minha ex chefe em inglês, foi bizarro:). Claro que como tudo, depois de repetir e repetir acabamos nos acostumando com a nova realidade. 

Realidade minha que, até ontem, enquanto residente do canadá era apenas de passageira! Então sim, foi bizarro "dirigir em inglês" pela primeira vez, além de claro ter que se habituar ao modo canadense de dirigir e algumas regrinhas e detalhes que só existem aqui. Sem contar o carro automático. Claro que quem dirige o carro manual, como estamos acostumados no Brasil, dirige de olhos fechados o automático, é até mais fácil. Entretanto, ainda assim não é a mesma coisa de sentir o controle sobre o carro e coisa e tal. Eu, particularmente prefiro o manual mas como a onda aqui é o automático (e o nosso carro também), o exame é feito neste tipo de carro, então nos acostumamos rapidinho.

Nunca tive pressa para tirar a carteira de motorista canadense porque desde que chegamos aqui, em setembro de 2006, moramos em um lugar onde tudo está ao alcance das mãos e dá para ser feito a pé ou de metrô. Então não via necessidade mesmo, mas aí o marido comprou o carro em outubro do ano passado e eu logo fui dizendo, agora sim, agora eu também quero dirigir o "nosso" carro:) E, a partir de hoje, lá vou eu desviando dos postes pelas ruas e avenidas canadenses... Bi Bi Bi...
 

25.5.09

O estado imigrante

Sempre digo que a experiência da imigração, antes de qualquer outra coisa, trata-se de algo muito enriquecdor emocional e espiritualmente falando e que acaba nos levando a um crescimento espiritual nunca antes imaginado. Ao menos para mim é isso que acontece todos os dias enquanto imigrante.

E não é difícil entender os motivos de tamanha transformação interior e de um maior auto conhecimento. O simples fato de passarmos muito tempo, mas muito mais tempo mesmo, conosco mesmos nos leva a uma escala maior de conhecimento de nossas emoções, frustrações, expectativas e, principalmente, um grande afinamento da maneira com a qual reagimos a todo e qualquer tipo de estímulo seja ele positivo, negativo, triste, de dor, de alegria... Enfim, é de fato uma longa jornada interior. O que na minha opinião torna a experiência da imigração única e enriquecedora!

Pelo simples fato de termos nos desligado fisicamente e geograficamente (mas não emocionalmente claro) de todas aquelas pessoas queridas que nos conhecem tão bem e nos acompanharam durante toda a nossa vida antes de chegar aqui, além da total mudança de hábitos por razões óbvias, acabamos por nos concentrar naquilo que realmente importa. 

Viver longe de nossas raízes nos ajuda a ter mais clareza do que somos e do que gostamos e a focar no que realmente interessa. O resultado é um ser humano mais consciente e mais maduro. Não há a possibilidade de passar em branco. E esta semana, vendo o video vencedor do TROPFEST de Nova York do ano passado, parei para pensar também como o significado de todos estes pequenos gestos acabam sendo maximizados à máxima potência no estado imigrante. As imagens foram captadas via celular. Vale ver e pensar.

 

13.5.09

Torcedor Virtual

Acredito já ter mencionado a minha paixão por esportes em geral e o gosto pelo futebol. Entretanto, não me lembro de ter mencionado o meu time do coração - o Palmeiras. Desde o momento que eu consegui pronunciar a palavra Palmeiras eu torço pelo verdão, ou seja, desde muito pequenina. Claro que vindo de uma família de italianos (do lado do meu pai) alguém poderia dizer que seria um caminho natural torcer para o Palmeiras mas não foi o caso do meu querido irmão que torce pelo São Paulo por exemplo e nem mesmo de alguns primos (né Dani, Lucas e Lais?) que foram corrompidos por alguns tios desertores a torcer para o Santos mas enfim...

Ontem foi o jogo decisivo pela Libertadores da América entre o Palmeiras e o Sport e, para a minha felicidade e para a felicidade da nação verde, passamos para as quartas de final! Como a Globo Internacional não transmitiu este jogo eu tive que apelar para o Justin TV ou seja assistir ao clássico pela internet e aí foi diversão garantida (abafando o caso que eu quase infartei vendo o Palmeiras jogar na retranca a maior parte do tempo... torcedor sofre!).

Como temos a Globo Internacional e a mesma transmite os jogos do Brasileirão e do Paulista, esta foi a primeira vez que eu assisti um jogo pela internet e qual não foi a minha surpresa ao acompanhar o chat dos torcedores virtuais na janela ao lado da transmissão do jogo.  É cada besteira, diversão pura e garantida! O marido que na sala assistia a programação canadense e ouvia as minhas gargalhadas me perguntava se eu estava mesmo assistindo ao jogo ou a um show de comédia:) 

Tudo bem que com o Palmeiras mais defendendo do que atacando (acho até que devido a vantagem que tinha de poder empatar em 0 a 0 mas que mata qualquer torcedor do coração) e com as 3 defesas do Marcos (o meu santo de devoção:) eu acho que eu ria mais de nervoso do que qualquer outra coisa. Mas o fato é que conversa de torcedor virtual pode até ser mais divertida que as já engraçadas expressões e cantorias que você ouve no estádio (saudades do Palestra), ou seja, torcedor em geral tem uma criatividade que deveria servir de estudo para antropólogos e comunicadores se é que já não o serviu. 

Mas nem sempre o chat dos torcedores virtuais é tão divertido assim. Quando começou a cobrança dos penaltis eu tive que tapar o lado direito da tela do meu computador com uma folha sulfite para não ler o que eles falavam pois havia uns  "infelizes" que estavam com a transmissão uns minutos na frente da minha e ficavam narrando o jogo e quando um deles soltou que o goleiro do Sport havia defendido o primeiro penalti cobrado pelo Mozart eu quis morrer de catapora (parafraseando a minha querida amiga Caldeirinha) pois naquele momento, para mim o Mozart ainda colocava a bola na marca do penalty para bater! Foi aí que decidi tapar o chat com uma folha de sulfite e sofrer na solidão do meu escritório em frente ao meu computador. O marido, na sala, só ouvia os gritos de desespero e alívio..Affe.. ninguém merece decisão por penaltys mas o São Marcos mais uma vez esteve lá, firme e forte.

Após a minha primeira experiência em assistir a uma decisão por penaltis com torcedores virtuais eu cheguei a conclusão que torcedor é tudo igual , não importa o meio (estádio, tv, internet) chinga, chora, grita, sofre e diz coisas muito mas muito engraçadas mesmo quando está nervoso e torcendo pelo time do coração.