19.9.07

Chegou a minha vez - de volta ao mercado de trabalho!

369 dias, 12 cold calls, 48 vagas, 55 cover letters, 60 thank you letters, 512 horas de trabalho “escravo” (co-op), 14 horas de entrevista e 5 negativas depois; eu finalmente atingi o objetivo pelo qual venho trabalhando desde que pisei no Canadá – o tão sonhado emprego Canadense na minha área de atuação profissional!

A alegria e sensação de alívio não poderiam ser maior! Em pleno mês de aniversário de um ano por aqui e apenas 4 dias após completar exatos 365 dias de Canadá, eu recebo a oferta de emprego para atuar como Marketing Communications Coordinator na Redknee. Sim, a família inteira agora é sustentada pela indústria de Telecom. Começo a trabalhar dia 9 de Outubro, na volta do feriado do Thanks Giving – mais apropriado impossível!

O melhor de tudo é que sim, vou atuar na minha área de especialidade e em empresa (não em agência) que eu amo, a vaga não é entry-level – de iniciante/estudante – ou seja eles valorizaram a minha experiência do Brasil e, consequentemente, o salário é bom, justo e de acordo. Sem falar no desafio (eu amo desafios!) de atuar em uma nova indústria (telecom) e em um novo mercado o de B2B, o que muda um pouco o foco da Comunicação, já estou até devorando livros sobre o assunto!

E para completar a minha imensa e indescritível felicidade de conquista, a minha querida e “amiga-irmã” de tantos anos Cris Mano vai dar o ar da sua graça aqui em casa no último fim de semana do mês! A Cris além de meiga, inteligente e amiga companheira tudo de bom, é editora de negócios da Exame e vai espremer a sua agenda de trabalho especialmente para nos encontrarmos. Cris, ainda estou custando a acreditar que vou poder te abraçar para comemorar isso tudo! Boa viagem amiga!

Enfim, como às palavras não foi dada a capacidade de expressar o que estou sentindo agora, vou terminar esta edição mais do que especial do Era fazendo alguns agradecimentos especiais:


Marido – Este foi sem dúvida o meu grande segredo para o sucesso! O Maurício merece 50% de todo o meu sucesso daqui para frente a assim tenho certeza que sempre será a nossa parceria de sucesso. Te amo muito!

Liliane e Rafael – Casal, vocês não tem noção da importância da presença constante de vocês para eu conseguir seguir em frente! As palavras sempre otimistas e de apoio do Rafael e o meigo sorriso da Liliane sempre ali, presente, nos momentos mais difíceis!

Katiane e Peter – Kati, nossas conversas de horas sobre as angústias, o mercado de trabalho, os dilemas e tudo mais me encheram de ânimo sempre. Peter, o meu editor preferido e sempre tão pronto a ajudar! Casal, eu não vou sossegar enquanto não atingirmos juntos o objetivo da Kati que um dia vai chegar também!

Vizinhos de North York – desde que chegamos, o conforto emocional de saber que temos ao nosso redor pessoas que torcem e passam pelos mesmo momentos que nós. Fabi, Cleber, Luly e Wander, Luci (que sempre orou e torceu, além de tão pronta em ajudar logo que chegamos. O que seria do meu carpete sem a gentileza da Luci né vizinha?) e Rogério.
Caroles e Fernando (estes dois, meu deus, simplesmente sem pedir nada em troca nos ofereceram o carro para trazer a mudança de onde ficamos nos nossos primeiros dois meses para cá). Dani e Rafa sempre dando as dicas e tudo mais (Dani, não foi desta vez que me tornei sua colega de trabalho mas como você mesma disse, o objetivo final era o emprego e este foi atingido).
Familia 3M, esta turminha então sempre com uma palavra de conforto. Acho que pelo fato de eles serem de Salto (terra bem pertinho da minha Boituva), toda vez que converso com esta linda família que em breve será 4M sinto muito conforto! Com esta turma passamos o primeiro natal, o ano novo. Enfim, as primeiras datas familiares importantes, por isso porque não dizer à esta turminha obrigado "família" de Toronto.

Ana Célia, Henrique e Alessandro – Desde o primeiro mês em que cheguei a Ana Célia sempre tão pronta em me ajudar, enviar currículo, indicar. O Alessandro a mesma coisa. Não é à toa que o Henrique é a criança mais sociável que eu conheço!

Gean – também sempre pronto para ajudar não somente com palavras mas com atos!

E por último mas não menos importante a família no Brasil que torce de lá e dá todo o apoio necessário para eu poder seguir em frente sem olhar para trás, aquele departamento de Comunicação da Johnson & Johnson comandado pela minha ex gerente Lais Mazzola que em todo momento que liguei, precisei pedir um material aqui e outro lá para completar meu portfolio, todos sempre muito prontos. Não é à toa que lá não deixei colegas de trabalho, deixei amigos de uma vida!

Enfim, o meu muito obrigado à todos que direta ou indiretamente torceram, passaram por aqui e mandaram suas energias positivas, os recém-chegados, os que ainda estão se preparando no Brasil. À todos o meu muito obrigado do fundo do coração e agora é arregassar as mangas e seguir em frente! E para mim, agora sim o WELCOME CANADA vai começar a fazer sentido e daqui para frente as coisas começam a se assentar!

13.9.07

Um ano de Canadá

Um ano se passou! E entre aquele instante em que pisei o solo Canadense – dia 14 de setembro de 2006 - e as dez horas de vôo que me separavam dos 31 anos de vida (familia, pessoas, amigos, coisas, cheiros e experiências) deixados para trás, veio a lembrança do bate-papo com o primo Murilo às vésperas do embarque : “Prima, boa viagem e não se esqueça de ir com a xícara vazia!”

O meu querido primo e companheiro de altos papos filosóficos referia-se à uma história zen-budista. Certa vez, o mestre japonês Nan-in concedeu uma audiência a um professor de filosofia. Ao servir o chá, Nan-in encheu a xícara de seu visitante mas continuou despejando sem parar. A certa altura, o professor não se conteve: “Pare, a xícara está mais do que cheia. Nada mais cabe aí”, disse ele. Nan-in respondeu: “Como essa xícara, você também está cheio de opiniões e idéias. Como posso mostrar-lhe o zen sem que antes você esvazie a sua xícara?” Quando nossa “xícara” transborda, perdemos a noção do tamanho real do que temos pela frente.

E este tem sido nosso trabalho constante neste primeiro ano em novas terras – não perder a noção real do que ainda temos pela frente. Após um ano, agradeço a mim mesma por ter tido esta consciência e ter esvaziado a minha “xícara” antes de chegar, pois mesmo tendo feito isso, a riquíssima – enquanto escolha e vontade própria - e emocionalmente desgastante experiência de imigrar nos obriga a quase que constantemente esvaziarmos nossa “xícara”.

Entre a indescritível sensação de prazer pela conquista de um sonho - a chegada - e o restabelecimento do novo “modus vivendi”, borbulham simultâneamente sentimentos complicados de se administrar como medo, insegurança, prazer, contemplação, saudades, riso, choro, angústia e toda a lista de sentimentos que o ser humano conhece em seu mais profundo significado!

Os três primeiros meses que, como o sopro do vento de um furação, te levam para cá e para lá sem nem mesmo perceber a troca de direção. A sensação de liberdade proporcionada pela conquista é tamanha que nem mesmo o melhor dos anestesistas com a droga mais potente do universo conseguiria simular o mesmo efeito. E assim seguem os três próximos meses completando o primeiro semestre da saga. Este é o tempo de duração da potente anestesia.

A partir daí sua razão começa a ser recobrada e o sistema nervoso já dá sinais ao cérebro (ah o cérebro! Este é o que mais sofre neste processo todo, ao menos o meu foi) de que você, durante todos estes primeiros meses foi tratado como bebê e agora já chega à adolescência. Enquanto adolescente em plena ebolição hormonal, chegam as dúvidas e alguns sentimentos de inadequação. Lembram quando éramos muito novos para entrar na festa que mais queríamos ir e, ao mesmo tempo, nos sentíamos muito “velhos” para usar uma roupa cafona info-juvenil que algum parente distante insistia em trazer pro Natal?

Pois é, a festa desejada pode ser, por exemplo, uma vaga de emprego qualquer na sua área de atuação (ou ao menos relacionado à algo que você saiba fazer) e a roupa cafona info-juvenil que você não quer mais usar é uma outra vaga no mercado de trabalho que, embora mais juvenil (vulgo “entry level” ou vaga para estudante, iniciante) também não serve para você porque você é “over qualified”- no caso do adolescente, "muito velho".

Um ano se passou e, embora saibamos que teriamos feito tudo de novo pela simples razão de nossa filosofia de vida ser calcada no fato de vivermos de acordo com os valores que nós acreditamos serem os melhores para nós, torna-se inevitável afirmar que os altos e baixos (neste começo bem mais baixos que altos) para quem escolhe comandar o rumo do barquinho de suas vidas, embora nos ensine muito, cobram um pedágio emocional bem pesado daqueles que optam por este caminho. Assim o é a vida de maneira geral, não apenas para o imigrante não é mesmo? Acontece que em imigrando tudo é elevado à enésima potência!

E para quem esperava um post comemorativo de um ano sobre as vantagens e desvantagens de se viver aqui e fazer o que fizemos, peço desculpas pois apesar de já celebrar a cada minuto as escolhas que fazemos por esta vida, ainda esvazio a minha “xícara” todos os dias para que ela não transborde e eu possa seguir acreditando nos meus sonhos.

E para celebrar nosso Primeiro Ano de Canadá, agradeço o apoio direto e indireto de todos aqueles que passaram e ainda passam pelos nossos caminhos! Também não preciso nem dizer (xi, já comecei a dizer:) ) que este é um depoimento estritamente pessoal baseado meramente no meu histórico de experiências de vida pré e pós imigração e que, portanto, acaba representando também a saga do melhor ser humano do mundo que eu escolhi para seguir em frente comigo e por estar em todas - o meu querido e sempre tão atento e atencioso marido Maurício.

Além de claro, seguir repetindo meus mantras pessoais e dois dos "top ten" saem direto da obra do poeta que, na minha opinião, melhor entendeu a alma humana - Fernando Pessoa:

"Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À PARTE ISSO, TENHO EM MIM TODOS OS SONHOS DO MUNDO" (in Tabacaria)

e
“Cada coisa a seu tempo tem seu tempo. Não florescem no inverno os arvoredos, Nem pela primavera Têm branco frio os campos." (in Cada coisa a seu tempo tem seu tempo).


Sem esquecer é claro do velho e bom "mentor espiritual" Zeca Pagodinho que já dizia -Deixa a vida me levar, vida leva eu ....kkkk E que venham os próximos anos!

10.9.07

Os meus favoritos na TV

Após quase um ano por aqui – esta semana ainda sai o post comemorativo – já posso eleger os meus programas favoritos na grade de programação da TV Canadense.

E como TV, juntamente com os livros e o exercício físico têm sido minhas melhores fontes de terapia enquanto administro algumas ansiedades típicas do ser humano que se reinventa enquanto imigrante recém-chegado (sim, só vou parar de me considerar recém-chegada depois dos 3 anos de Canadá), nada melhor do que fazer uma listinha dos favoritos na TV:

Para Pensar e refletir:


Eye to Eye – canal CTS (programa de entrevista do estilo “Marilia Gabriela entrevista” do GNT e que traz bons convidados portanto gerando ótimo conteúdo)


Behind the Story – canal CTS (Quem é da área de comunicação certamente conhece o Brasileiro Observatorio da Imprensa. Aqueles que não, trata-se de uma roda de debates entre profissionais da imprensa que a cada semana debatem uma matéria de capa diferente de uma revista ou jornal. A versão Canadense segue o mesmo formato)


The Agenda – with Steve Paikin – canal TVO (Excelente mediador e entrevistador, o programa do Steve Paikin lembra o formato do Roda Viva da Tv Cultura ou do Manhatan Conexion GNT)

The Hour – CBC Television
(O programa comandado, na minha opinião pelo melhor apresentador da TV Canadense, é mais variado com entrevistados das áreas de arte, cultura, política, etc. Excelente fonte para conhecer a cultura Canadense em geral)

Puro entretenimento :

Dr. House – Já era fanática pelo humor sagaz e ácido do médico de sotaque Britânico brilhantemente interpretado por Hugh Laurie e sua equipe de médicos “investigadores” . Prova de que o formato funciona é que eu nunca consegui nem nunca gostei de assistir seriados médicos e este me pegou de vez desde que eu morava no Brasil. Mal posso esperar pela estréia da nova temporada agora em setembro.


Gilmore Girls – Embora bem água com áçucar, acho esta série um dos mais bem feitos retratos da relação mãe e filha com o humor na dose certa e não escarrado.

E porque ninguém é de ferro:

Canadian Idol – não perdi um episódio desta temporada. Esta semana sai o vencedor!

É isso, como diversão gratuíta é a chave do sucesso para o entretenimento do imigrante, estas são as minhas dicas. Sem esquecer é claro da Biblioteca Municipal onde alugo todos os filmes clássicos que quero assistir de graça. Aliás, faz tempo que não vou para a locadora pois a lista de filmes clássicos que quero assistir é grande e ainda por cima de graça! Se você está em Toronto e ainda não fez sua carteirinha da biblioteca corra já fazer.

4.9.07

Feriado do dia do Trabalho Canadense

Diferentemente do Brasil e de quase todos os outros países do mundo, o Canadá, os Estados Unidos da América, a Austrália e a Nova Zelândia celebram o dia do trabalho na primeira segunda-feira de setembro. Algumas controvérsias históricas, além da sempre quase que excêntrica preocupação com o politicamente correto de países como o Canada e claro que jogo político, explicam a diferença de data dos quatro "dissidentes".

Pois bem, como não fomos viajar neste feriado prolongado em comemoração ao dia do trabalho, curtimos Toronto em alto estilo e o melhor sem gastar quase nada, apenas com comida e da muito boa e saborosa!

Uma das grandes vantagens de se viver em uma cidade como Toronto é exatamente essa. Está sem vontade ou grana para viajar? Vai passar o feriado aqui? Longe de ser um problema! A programação cultural é intensa e para todos os gostos e bolsos!

Como moramos ao lado da Mel Lastman Square (nome de uma "figuraça" que hoje é dono de uma cadeia popular de lojas mas que já foi prefeito de Toronto antes do atual David Miller e também prefeito de North York quando este que hoje é um bairro de Toronto (onde moramos) ainda era considerado outro município ao norte de Toronto) toda vez que ouvimos um batuque, uma movimentação vamos para lá conferir o que se passa.

Neste final de semana prolongado quem mais agradeceu o fato de morarmos por aqui foi o meu querido estômago. Durante os três dias do feriado eu me esbaldei com as barraquinhas de comida Colombiana, Porto Riquenha, Peruana e Mexicana (vulgo comida latina e muuito saborosa, além do churrasco verdadeiramente preparado!).

A barraca da Colômbia foi meu pit stop favorito onde comi Bisteca de boi, arroz, salada e um tipo de omelete de batata delicioso que eles fazem além de outras "cositas". Ah, para os preocupados com a pimenta que é muito comum por aqui – zero de índice de pimenta! Tudo isso regado à música latina, barraquinha de artesanato e tudo que um festival tem direito – era o Hispanic Festival (vale muito à pena para comer!!).

Completamos a segunda-feira do dia do trabalho em uma das tardes mais agradáveis que já passei por aqui. À Beira do lago ficamos das 13 às 16h (sem perceber) juntamente com uma multidão que esticou suas toalhas e cadeiras no gramado para apreciar o show áereo dos caças (os "fighters") e da esquadrilha da fumaça Canadense (os "Snow Birds").


Sensacional!! Ano que vem certamente estaremos por lá novamente para apreciar ao melhor estilo Maverick versus Iceman em Top Gun - filme este que eu devo ter assistido umas dez vezes durante e pós minha adolescência. Passou de novo na TV estou vendo rsrs - com todas as maravilhosas máquinas voadoras e seus pilotos habilidosos.

Sempre valorizei muito os profissionais de aviação e apaixonados por voar, eu mesma sou uma que adoro voar. Talvez pelo fato de ser o momento em que mais me aproximo da mais pura versão de liberdade que existe - a dos pássaros! Imaginem aqueles pilotos dos caças em suas acrobacias neste tipo de apresentação! A estrela do show para mim foi o caça F22 Raptor (vejam fotos de todos os brinquedinhos que estavam presentes na apresentação)!

E todo este show acaba sendo de graça para aqueles que como nós não queriam entrar no CNE (já havíamos entrado mas de maneira geral não curtimos muito. Tem seus pontos de destaque mas não voltaríamos uma segunda vez não) . Se vc não quiser entrar e ficar como nós e a galera, há um ponto estratégico à beira do lago onde se vê muito bem todas as manobras aéreas de tirar o fôlego!




Boa semana à todos.