30.10.06

Fim do horário de verão canadense

Terminou hoje, na província de Ontário, o Daylight Saving Time. Equivalente ao nosso conhecido horário de verão, teve início no primeiro domingo de abril e terminou no último domingo de outubro – vulgo ontem!

Assim como no Brasil, não são todas as regiões do país que participam do Daylight Saving Time. Mas nós, moradores de Toronto, atrasamos nossos relógios em UMA hora ontem voltando para o horário padrão da zona de fuso conhecida como Eastern Time Zone (fuso da zona leste).

O Canadá possui 6 zonas de fuso e as regiões que não entraram no horário que acabou ontem foram Fort St. John, Charlie Lake, Taylor e Dawson Cree na Columbia Britânica, Creston no East Kootenays e parte de Saskatchewan (com exceção de Denare Beach e Creighton).

Então, desde de ontem estamos duas horas atrasados em relação ao horário de Brasília. Entretanto, será por pouco tempo pois em 5 de novembro são os nossos conterrâneos que entrarão no horário de verão adiantando seus relógios em UMA hora. Resumo da ópera – de hoje até dia 5 de novembro estamos com duas horas de diferença e a partir de 6 de novembro estaremos TRÊS horas atrasados em relação ao Brasil Varonil!

Em nosso passeio dominical (afinal quem trabalha a semana inteira procurando emprego merece um passeio de domingo) pelo bairro Paquistanês/Indiano e que acabou na Biblioteca (ainda vou escrever sobre este que é o meu local favorito em Toronto), percebemos que não somente o horário mudou. Mudaram a paisagem e os acessórios que usamos para caminhar pela rua.

As árvores já estão quase todas “peladas” . O vento de hoje contribuiu muito para acabar com aquelas que ainda insistiam em não cair. O sol brilhava bonito e eu só observando o espetáculo inusitado de milhares de folhas amarelas voando pelo chão em meio aos carros e pessoas nas ruas!

Aí vocês vão pensar como aguentei ficar tranquilamente caminhando pela cidade em meio à ventania gelada? Simples e barato se você comprar no bairro Indiano (paguei 7 doletas no meu) como eu fiz .
Apresento-lhes o SENSACIONAL PROTETOR DE ORELHAS !!


Não , não são as orelhas do Mickey Mouse não!! Foi a melhor compra que eu fiz desde que cheguei. Uma vez que você coloca suas orelhinhas ficam tão confortáveis e quentinhas que você não quer mais tirar!

Padrões estéticos? Balela…você não será e não é o único a usar este excelente acessório por aqui mas se você é daqueles que adora um acessório fashion (eu fui mais discreta e comprei um preto) não tem problema.. Há protetor de orelha cor de rosa da Hello Kitty , camuflado, com plumas, de todas as cores e tamanhos!

Tem para todos os gostos! Só não demore para comprar o seu porque novembro está aí e as orelhas agradecem!

26.10.06

Rodrigo Santoro na telinha Canadense

Hoje os meninos vão me perdoar (a começar pelo querido marido) mas preciso causar uma "pontinha de inveja" nas meninas que ficaram no Brasil. O Rodrigo Santoro já está dando o ar de sua graça nos lares Canadenses na terceira temporada de LOST!

Desculpem meninas mas vocês terão que esperar até março de 2007 para apreciar a performance do moçoilo na pele do personagem Paulo. Ontem já o vi jogando golfe na ilha e interagindo com outro "perdido".

E por falar em "perdido", se tem uma coisa que eu fico toda vez que tento assistir esta série é "Perdida"! Confesso que não sou muito fã não. Prefiro um Law & Order e House da vida. Digamos que prefiro séries mais urbanas e policiais.

O fã do LOST aqui em casa é o querido e maravilhoso marido que acompanha o seriado e me avisa toda vez que o "bem afeiçoado moçoilo" (esta é a frase que uma senhora de respeito e bem casada como eu deve usar ..vou deixar a tarefa de adjetivar o moço por conta das casadoiras...eheheh) aparece na telinha. Não é um marido e tanto?

Sim, pois como eu fico sempre "perdida" na série aproveito o momento distração do marido para usar o computador ficando, portanto, de costas para a TV.

Como em todo episódio o Rodrigo Santoro tem aparecido, provavelmente até o final da temporada acabarei com um torcicolo daqueles! Mas eu prometo que vou me comportar e não contarei que "o mocinho morre no final" para que os fãs brasileiros do LOST possam continuar "Perdidos" eheheh ...

23.10.06

Passeio em Niagara Falls


Sábado que passou recebemos o gentil convite do Fábio e da Eliane, nossos novos colegas “importados” de Montreal, para visitarmos um dos pontos mais famosos não somente no Canadá mas também no mundo Niagara Falls

Afinal de contas, quem não se lembra do clássico desenho animado que o Picapau tenta descer as cataratas em um barril ou ainda da clássica cena do superman resgatando o menino que despenca catarata abaixo?

Confesso que não deu para deixar de imaginar o superman sobrevoando as belas águas de geleira que descem com tamanha potência. Ficamos eu e o Fábio (outro leitor do blog que saiu do virtual para o real) tentando imaginar de que lado teria acontecido o resgate do Superman. Teria sido do lado americano ou do Canadense?

Fábio, após extensas pesquisa em tão rico campo científico posso afirmar que o menino foi resgato pelo Superman do lado Canadense.

Brincadeiras e fantasias à parte, o local vale a visita especialmente se você é como eu – um amante de águas em geral e natureza. Mesmo em um dia sem sol pudemos apreciar da beleza do local e também do gostoso encontro com nossos novos colegas. Valeu casal!


Curiosidades sobre as Cataratas do Niagara

Dista 111km de Toronto e recebe mais de 20 milhões de turistas/ano.

Pode ser vista do lado Americano e Canadense, fazendo fronteira entre eles. Apesar da queda d´água no lado Americano ser mais alta, vista do lado Canadense é mais bonita.

Niagara Falls despeja 2831.7 metros cúbicos de água por segundo (de abril até novembro) e 1415.85 nos outros meses. O lado Canadense possui 56.69 metros de altura e 58.83 de largura. No Americano as cataratas medem 58.83 metros de altura e 304.8 metros de largura.

Além das cataratas, há o Casino Niagara, a Torre Skylon (236 metros) , a loja de chocolate da Hersheys (Ai meu deus, foi a perdição!), o Pica Pau e o Superman - se a sua imaginação deixar é claro!

20.10.06

Estudando para procurar emprego no Canadá

Hoje completei a minha primeira semana do NOW (Newcomer Opportunities for Work) Program. Mantido pelo governo Canadense (gratuito para o imigrante) e direcionado à profissionais que possuem um diploma internacional, o objetivo do programa é preparar o imigrante para procurar emprego no Canadá em sua área de atuação.

Independente da sua experiência ou cargo ocupado no país de origem (tenho colegas na minha sala que possuem MBA nos Estados Unidos, foram gerentes em seus países de origem, etc), quanto antes você começa um destes programas, mais cedo você pode aplicar as “etiquetas” Canadenses na sua busca por emprego.

Mas antes de falar sobre o curso em si, contarei um pouco sobre como o imigrante chega até um destes programas. Confesso que quando chegamos por aqui ficamos confusos com este assunto, o que é natural devido à enorme quantidade de escolas que oferece programas de ajuda ao imigrante. São tantas siglas, nomes e processos que só agora, após a primeira semana do curso, consigo visualizar claramente como tudo é estruturado.

Nas primeiras duas semanas me senti como uma folha solta ao vento que está sendo levada de lá para cá devido aos vários processos. No final, vale à pena.

A Primeira coisa que fizemos e que recomendo fortemente é ir direto para um dos centros de Recursos Humanos do Governo Canadense. Lá você é entrevistado por um consultor de RH que levanta suas necessidades, área de atuação, suas habilidades e objetivos na profissão.
Ao fim desta entrevista ele desenvolve um “Employment Action Plan” para você e apresenta algumas opções de programas de treinamento que melhor se encaixam com o seu perfil, entra em contato diretamente com a escola que você vai frequentar encaminhando o plano de ação de carreira feito na entrevista.Algumas exigem um breve teste do idioma. É o caso do NOW.

Eu fui entrevistada por uma pessoa e encaminhada para o NOW, o Maurício foi entrevistado por outra e encaminhado para o Job Start Program Vou falar um pouquinho da experiência que estou tendo até agora participando do programa.

A carga é pesada (diariamente das 9h às 16h) e, entre muitas dicas úteis que aprendemos, é claro que você vai acabar ouvindo algo que lhe parece “óbvio” e sem mistérios. Entretanto, o balanço geral é bem positivo e , na minha opinião, um passo extremamente necessário e indispensável para quem chega independente do grau de experiência no Brasil. Acho que a palavra que melhor se aplica para a Imigração é RECOMEÇO e procurar emprego em outra cultura não seria uma exceção!

Vantagens de participar de um programa destes logo de “cara”:
Profundo entendimento e acesso à todas as ferramentas (e não são poucas!) de pesquisa sobre o seu mercado de trabalho e da busca pelo emprego em si. Quando você chega, não faz a mínima idéia da existência do NAICS (North American Industry Calssification System), do SCOTTS´s Ontario Business Directory e do NOC (National Occupation Code). Extremamente ÚTEIS!

Ótimas dicas e “cases” sobre a cultura Canadense e, principalmente, etiquetas no ambiente de trabalho daqui.
Consultoria e prática no desenvolvimento do Currículo de acordo com os padrões mais aceitáveis pelos empregadores daqui.

Teoria e prática das ferramentas usadas para procurar emprego por aqui. As Cover Letters, as Letters of Recommendations, References Tips e as Cold Calls. Todo um universo específico do Mercado daqui.
Simulação de entrevistas e gravação das mesmas.

Além de muita mas muita lição de casa como a preparação de todo o material e pesquisa dos potenciais empregadores Canadenses. Isso explica aos meus queridos seguidores porque não tenho conseguido atualizar este blog diariamente. Assunto não falta, o que está faltando mesmo é algum tempo mas estou me organizando para não deixá-los na mão por mais do que dois dias sem notícias!

Antes que me perguntem se estou gostando lhes digo – estou ADORANDO! Além de já estar simulando um ambiente de trabalho tipicamente Canadense (falando inglês o dia todo e levando a marmitinha do almoço para almoçar no parque Em frente à minha escola tem um parque lindo onde as árvores estão amarelas, vermelhas e cor de rosa!), estou em um dos ambientes que mais amo – o ambiente multicultural.

A minha sala é uma verdadeira conferência da ONU. A começar pelo staff (três professores que se dividem de acordo com o assunto – um da Inglaterra, uma do Egito e outra da Turquia) Tenho colegas Chineses, Indianos, Búlgaros , Colombianos, Japoneses e o Mauro (mais conhecido como pai da “fofa” Mariana). É sensacional!!

Hoje tivemos um POWER BREAKFEAST muito comum no ambiente de trabalho Canadense. Quando uma reunião é marcada pela manhã, cada um leva o seu próprio café da manhã e toma o café no escritório. O mais legal é ver a cultura através do café da manhã.

Hoje lá estávamos eu com meu paõzinho (Dani e Rafa, achei pão francês no Loblaws aqui da Bayview) e manteiga, leite e fruta, a chinesa com sua garrafinha térmica (aquelas bonitinhas sabe?) com chá verde e um pão com ovo, o professor britânico com seu cereal multi grãos e leite, o meu colega nascido nas Ilhas Maurício dizendo que não toma café da manhã porque senão ele engorda e o Indiano com sua TUPERVARE cheia de arroz e vegetais.

AWESOME! Como eles dizem aqui.

17.10.06

Balanço de um mês de imigração

Há exatos 30 dias (mais conhecido mundialmente como um mês), aterrisávamos no Pearson International Airport de Toronto. Entretanto, como já sustentou o sábio dos desajeitados cabelos e bigodes brancos famoso por seu E=m(c)2, a relatividade está aí para nos deixar com a sensação de que vivemos um ano em um mês! Tamanha a quantidade de providências que tomamos neste “relativo” espaço de tempo “batizado” de 30 dias.

O balanço é bem positivo. Nada de surpresas, tudo dentro do programado. Aliás, dizer que não houve surpresas não é um retrato fiel da realidade. Tivemos surpresas sim, mas todas elas muito positivas! Em homenagem aos estudantes de Física (querido primo Daniel, encontrando alguma incorreção no assunto me avisa hein?) e à Albert Einstein, segue um resumo do nosso primeiro mês no Canadá que resolvi batizar de “A Relatividade do primeiro mês do Imigrante”:

A conexão com o mundo – compramos nosso laptop e acessórios no terceiro dia de Toronto. Os celulares compramos no quarto dia. Para o imigrante que chega sem emprego e vai começar a vida por aqui, acreditem, estes dois ítens formam a “cesta básica” e são mais importantes que cama, geladeira e fogão. Adquira-os o quanto antes!

Os documentos Canadenses – demos entrada no SIN Card (sem ele o imigrante não pode arrumar emprego), no PR Card (o cartão que comprova seu estatus de Residente Permanente e teremos que apresentar toda vez que entrar e sair do Canadá) e o OHC (Ontario Health Coverage – a carteirinha que nós dará, após dois meses de carência, direito ao sistema de saúde público Canadense).

A saída do Hotel e a ida para um apartamento. O Hotel no Centro, apesar de mais caro, faz-se necessário nas primeiras semanas para quem não conhece a cidade. E o Grange Hotel é muito bem localizado. Foram duas semanas de andanças pelo centro com o mapa em mãos.

O encontro com os colegas blogueiros brasileiros e agora vizinhos de bairro. Este é um capítulo à parte. Os EBSs (como a Lu definiu em seu blog) encontros de blogueiros e simpatizantes são deliciosos e a tchurma é de primeira! Só sendo imigrante mesmo para entender a real importância da Colônia.

Ficamos membros do YMCA (suporte na busca de emprego) , da Co-op Mountain Equipment (aqui em Toronto se você não carrega um acessório desta loja você se sente à margem da sociedade. É impressionante a cooperativa!), da Blockbuster (afinal ficamos uma semana com uma TV 42 polegadas sem sinal de cabo), e por último mas não menos importante, da ESPETÁCULAR rede de bibliotecas públicas de Toronto. Não precisa nem dizer que toda semana eu vou lá emprestar livros (por enquanto sobre mercado de trabalho mas deixa passar esta fase...).

Nos matriculamos em um dos programas de aconselhamento ao imigrante na busca de trabalho oferecido gratuitamente pelo governo. O Maurício já está frequentando e o meu começou esta semana. Estamos em escolas diferentes. Resumidamente é isso.

Abaixo uma tabela que fiz com os gastos que tivemos neste primeiro mês por aqui. Trata-se de uma tabela que mostra o quanto gastamos (casal) e não sobre o preço das coisas. Portanto, para ter uma idéia aproximada para uma pessoa basta dividir por dois.

Claro que este tipo de coisa varia muito e depende também das escolhas feitas, do tipo de planejamento e a reserva de dinheiro. Entretanto, quando percebi que estamos completando um mês achei que seria uma boa fazer este levantamento (até para concluirmos que está dentro do que planejamos anteriormente) e , quem sabe, ajudar outros que estão pensando em vir para cá.

Uma coisa é certa – IMIGRAR é muito diferente de qualquer outro formato de viagem conhecido e exige muito mais tempo amadurecendo a idéia, planejando, levantando dinheiro e informações. Assim fica mais fácil superar dificuldades e continuar no caminho ESCOLHIDO com satisfação. É o que nos tem mostrado até agora os nossos cerca de 6 anos de planejamento.
ÍTEMOBSPreçoCAD$
Táxi do aeroporto para o hotelGorjeta incluída$52
Duas semanas de hotel no centroFlat sem café da manhã$1424
duas primeiras semanas de almoçocomendo em fast foods e salve os japoneses$300
Passe Transporte Públicocomo chegamos no meio do mês compramos dois semanais$120
Entrada Feira de Trabalho e Carreiraquase todo mês tem uma acontecendo por aqui$10
Laptopcompramos no terceiro dia$1000
mouse sem fioeu amo tecnologia$30
celulares Rogerscomo o imigrante não tem crédito,deixa um depósito com resgate em um ano$100
primeiro mês aluguel aptoem esquema compartilhado$600
jogo de cama casalQueen Size na Sears$60
colchão inflável queen sizemelhor que muito colchão por aí$45
bota de neve da PaulaResistente à água e à32 graus negativos$70
casaco inverno PaulaResistente à água e ao vento$100
Lumináriaé padrão por aqui as salas não terem luz no teto$10
Passe Transporte Público OUTUBROagora compramos o mês cheio com acesso ilimitado aos ônibus e metrô$200
Jogo de 44 Tapewares (assim que escreve?)aqui é acessório de primeira para levar o almoço para o trabalho ou escola$10
TOTALdentro do calculado em nosso planejamento$4303

16.10.06

Aprendendo Mandarim

Quem me conhece há mais tempo sabe que uma das minhas paixões é o estudo dos idiomas estrangeiros. Desde criança trago comigo este gosto. Começou aos 7 anos com o inglês e não parou mais.

Na faculdade, um daqueles professores que merece o título de “mestre” inspirou-me a estudar Francês e lá fui eu decifrar o idioma de Montesquieu. Por quatro anos frequentei a Aliança Françesa na Vila Madalena em São Paulo.

Alguns anos mais tarde, veio a curiosidade e vontade de estudar o idioma de meus antepassados – o italiano. Uma vez que a estrutura gramatical de ambos é muito parecida, quem estudou o francês e parte para o italiano faz muitas assimilações e segue bem com o idioma que ecoa na voz de Pavarotti. Lá fui eu para o Istituto Italiano.

Certa vez o jornalista Pedro Bial definiu muito bem um poliglota. Dizia ele em uma entrevista que toda pessoa que fala 4 ou mais idiomas, não domina (escrita, fala e leitura) de todos e ele não era exceção. O que acontece é que, a cada idioma novo estudado, as conexões e assimilações vão ficando mais fáceis (principalmente se os mesmos forem da mesma família) e vai ficando mais e mais gostoso estudar outros idiomas. Seria eu uma “viciada” em linguística?

Viciada ou não, o fato é que esta paixão vou levar comigo para onde quer que eu vá e não existe melhor lugar na face da terra para eu me deliciar com a minha paixão do que o Canadá. Quem nos acompanha sabe que estamos dividindo apartamento com uma Chinesa, ou melhor, uma Canadense que veio da China pois ela é cidadã Canadense.

Sabe também da minha paixão pelo lado Oriental do planeta (não me perguntem de onde isso vem que eu não sei explicar só sei sentir). Antes mesmo de sair do Brasil estava pesquisando escolas de Mandarim por lá. Isso mesmo vocês entenderam direito... Pois bem, uma destas noites eu e minha nova amiga batíamos um “papão” no sofá de casa sobre a vida, a proprietária do apartamento que estava triste com as brigas com o namorado, etc.

E como eu nunca perco a oportunidade de aprender a cultura alheia quando estou com um estrangeiro ao lado, aproveitava para fazer mil perguntas sobre o mandarim. Quando de repente ela saltou do sofá toda entusiasmada e disse – “Eu vou te ensinar... pegue papel e caneta”. Eu não conseguia administrar dois sentimentos concomitantes – a alegria de ter uma base de mandarim direto de uma chinesa e a adrenalina do que eu achava que seria um desafio para o meu cérebro. Ledo engano!

Após uma perfeita e bem dada aula dos 4 tons básicos que formam o Mandarim e sua fonética (vocês precisavam ver eu e o Maurício repetindo sons em Mandarim foi lindo! Sim, o meu marido acha, assim como eu, muito legal toda esta troca cultural!), entendi que o maior desafio não é para o cérebro mas sim para os ouvidos. O Mandarim é como uma música e quem fala precisa ter a habilidade de um músico para diferenciar os tons da fonética. Dependendo da sonoridade que se dá, uma mesma palavra possui vários significados.

Após avaliar o cenário, eu e meu marido vibrando com tudo aquilo e ela entusiasmada por sentir o nosso interesse (a cada som que eu repetia com sucesso ela dizia PERFEITO!! E estimulava cada vez mais!), eu só pude chegar a uma conclusão – “Este tipo de experiência não tem preço!!”

Depois deste momento único, o melhor ainda estava por vir... Enquanto a nossa querida professora de mandarim usava o computador (de costas para a TV), o Maurício sintonizou o canal Chinês, aumentou o volume e ficamos fingindo que estávamos assistindo. Ela deu um pulo virou para o casal “insano” e espantada disse “o que vcs estão fazendo”? Estamos fazendo “listening” (exercício de escuta) respondemos com toda naturalidade e os três cairam na gargalhada....

13.10.06

Campanha Contrate um Imigrante

Um rapaz caracterizado com uniforme de quem trabalha em cadeia de fast food entrevista um homem de terno e gravata. Destaca seus empregos, graduação, além de seus MBAs e finaliza com a questão que comprova a inadequação da formação do entrevistado para a função. A dramatização (veja video abaixo) que terminava com um o slogan "Se o Canadá é a terra das oportunidades, qual o motivo de engenheiros trabalharem em fast foods?" chamou-me a atenção enquanto via TV hoje.

Tanto que no mesmo instante corri para o computador buscar o site da Campanha HireImmigrants e pude perceber que trata-se de uma campanha "educativa" totalmente voltada para estimular os empregadores Canadenses a aproveitar melhor o potencial de imigrantes que chegam com qualificação internacional. Encarar isso como tal e não como "falta de experiência Canadense".

Como tudo na vida, há os dois lados da moeda nas entrelinhas de uma Campanha como esta. De um lado, a realidade de profissionais altamente qualificados e com experiência em suas áreas no país de origem que aqui acabam por trabalhar em funções que não aproveitam seu potencial (sem demérito algum à qualquer função que é nobre enquanto trabalho. Entretanto, a questão é meramente da não adequação). Ao fazer uma campanha destas o governo assume que os empregadores ainda resistem à falta da "experiência Canadense".

Por outro lado, há a certeza de que algo precisa ser feito e está sendo por meio de orgãos como o TRIEC . O governo sabe que a mão de obra qualificada nascida no Canadá está encolhendo (quando não se dirigindo para os EUA) e a oferta de trabalho aumentando. O número de imigrantes que, em 2001, chegou em Ottawa com Doutorado foi o dobro do que as duas universidades locais juntas podia formar.

Ainda de acordo com dados da Campanha, na década de 90 cerca de 40% dos imigrantes que chegavam tinham ao menos um diploma universitário se comparado à média de 22% dos Canadenses com a mesma qualificação.

De um lado estão os números que não negam. De outro o Governo que reconhece a necessidade de os empregadores Canadenses adotarem como Cultura "Vital" a contratação de imigrantes qualificados em posições onde possam render seu verdadeiro potencial. Resta unir as duas pontas. Justamente aí reside o objetivo da campanha.

Nós, imigrantes recém-chegados, sabemos das dificuldades de inserção na sociedade e que isso não se dá da noite para o dia mas nos juntamos à campanha e bradamos - CONTRATE UM IMIGRANTE!


Interview

12.10.06

Preparados para o Halloween no Canadá


Este definitivamente vai ser um Halloween diferente. Para quem foi para o FISK aos 7 anos de idade, comemorar a data (mesmo que no Brasil) não é novidade.

Novidade é estar em terras Canadenses e constatar que as prateleiras das lojas estão todas decoradas e prontas para preparar os adultos, não somente com a decoração, mas também para atender à molecada que vai bater à nossa porta dizendo a famosa frase "Trick-or-treating" (algo como doce ou travessura).

Ao contrário do que muitos imaginam, o Halloween Day não é apenas comemorado nos Estados Unidos. O Canadá, a Irlanda, Porto Rico, o Reino Unido e mais recentemente a Austrália e a Nova Zelândia celebram, todo 31 de outubro, esta tradição originada há mais de 2 mil anos entre os Celtas na Irlanda.

Os Celtas acreditavam que, no último dia do verão (31 de outubro), os espíritos saiam dos cemitérios para tomar conta dos corpos dos vivos. Para amedrontar estes "fantasmas", os celtas colocavam objetos assustadores nas portas de suas casas. Daí a decoração toda ser em torno de monstros, caveiras, bruxas.

Hoje, com a ajuda dos pais, as crianças participam da festa fantasiadas e maquiadas de bruxas e batem de porta em porta na vizinhança soltando a frase "Trick-or-treating" e levam para casa muitas guloseimas.

A contar pelo tanto de lojas enfeitadas e a quantidade de kits de guloseimas Halloween que invadiu as ruas, estou ansiosa para ver os pequenos batendo na minha também é claro. Por isso, hoje quando fui à Canadian Tire, comprar as famosas Tupervares (Taperwares) para levar o "lanchinho" para a escola, aproveitei para pegar os kits guloseimas. Hum....

O melhor é que se sobrarem os doces quem vai se deliciar sou euzinha mesma.
Happy Halloween!

11.10.06

A Escola para aprender a procurar emprego no Canadá

7h30 da bela manhã de outono e o despertador toca. O casal levanta, troca o surrado par de tênis, o inseparável jeans e veste-se de “morador de Toronto que sai para o trabalho ou para a escola”.

8 em ponto deixa o apartamento em direção ao metrô. Lá, junta-se à centenas de Canadenses (de todas as partes do mundo, inclusive daqui). Não carregam consigo mais o mapa das ruas e do metrô. No lugar, a pasta com caderno e caneta e a deliciosa sensação de começar sua incursão na vida daqui, o dia dia e a abençoada rotina que começa a tomar forma.

Estes somos nós começando a nos sentir menos turistas e mais cidadãos. Só quem chega como imigrante é capaz de avaliar a montanha russa de emoções e sentimentos das primeiras semanas de quem aterrisa com as malas de roupa, suas economias e a satisfação do sonho concretizado. O resto? A gente corre atrás...

Foi o que começamos a fazer ontem. O governo Canadense oferece ferramentas e está muito bem estruturado para ajudar neste início mas é claro que você precisa “se ajudar” também (e como!!). Entrando com toda a parte da disciplina, determinação, equilíbrio emocional e financeiro para encarar os altos e baixos característicos de momentos de transição e, principalmente, ter sempre em mente que VOCÊ ESCOLHEU O CANADÁ.

Logo, cabe à você estudar e entender como tudo funciona por aqui e adaptar-se para se inserir da melhor maneira e o mais rápido possível, respeitando sempre os valores do lugar que adotou para viver!

E lá fui eu para o meu primeiro dia no Toronto District School Board dar início aos procedimentos necessários para frequentar o NOW. Programa de consultoria para a busca de emprego no Canadá e que me foi recomendado pelo Departamento de Recursos Humanos e Desenvolvimento do Canada.

Logo que chegamos por aqui, fomos até o HRDC do Dufferin Mall e lá eles te entrevistam, levantam sua ficha e te direcionam para um dos inúmeros programas existentes com o próposito de orientar o imigrante no quesito trabalho. Há programas apenas para mulheres, para quem não fez faculdade no país de origem, para quem fez e por aí vai.

A minha primeira impressão não poderia ter sido melhor. Logo ao chegar fui recebida por um senhor britânico muito simpático e agradável (aliás a hospitalidade e simpatia são lugares comuns por aqui!!). O mesmo me aplicou um teste (para quem saiu do Brasil com inglês avançado não apresenta dificuldade alguma), corrigiu na minha frente e já deu o ok para a matrícula. Basta atingir 15 em uma escala de 20.

Ele ainda brincou comigo e disse que me deu 19,5 porque na copa do mundo de 1998 ele perdeu dinheiro apostando no Brasil na final contra a França. E quando a recepcionista (que não sabia que no Brasil falávamos português) disse à ele – “Você sabia que no Brasil eles falam português?” Ele mais que prontamente brincou – além de saber que eles falam português, ouvi dizer que eles possuem péssimos jogadores de futebol!”

É claro que uma conversa entre uma brasileira (que gosta de futebol) e um britânico (em geral os Britânicos são apaixonados pelo esporte também) só poderia acabar nisso!!

Antes de ir embora ainda passei pela Nagla (o meu objetivo até o final do curso é pronunciar o nome dela direito) uma Nigeriana incrivelmente agradável que me matriculou no curso que começa segunda que vem. Ao me despedir dela eu virei e perguntei – “Preciso trazer algo para segunda? (claro que me referia a algum material)” Ela logo armou um largo sorriso e disse “Traga apenas a sua atitude positiva!”

Voltei embora para casa feliz da vida. Sempre sonhei em morar em um lugar assim. Onde é muito natural você encontrar em um mesmo lugar pessoas do mundo todo e, com menos de dez minutos de conversa, aprender sobre outras culturas!! E por falar em cultura, alguém aí já assistiu ao filme A Corrente do Bem. Pois é, ás vezes me sinto exatemente em meio ao filme por aqui.

Em tempo – as pessoas na rua já me param para pedir informações. No metrô então é uma festa! E o melhor de tudo? Eu já sei responder!!! É, parece que comecemos a deixar de ser turistas para começarmos a ser moradores desta adorável cidade.

10.10.06

Edição Outono/Inverno do Blog

Atendendo à pedidos daqueles que nos acompanham (Ernani, você é um dos mais participativos neste quesito) e até à minha pessoa mesmo que não aguentava mais aquele rosa choque, mudei a "roupa" do blog.

Ao menos enquanto eu não coloco em prática o meu auto-didatismo nos livros de HTML, vai o padrãozinho oferecido pelo Blogger mesmo. Mas tenham certeza que assim que eu terminar as minhas inserções pelo mundo HTML (quem diria uma jornalista entrando nesta esfera!!).

Mas justamente por ser jornalista e amar escrever e refletir sobre assuntos, que eu tenho levado cada vez mais à sério esta coisa de blog. Sendo assim, está na hora de usufruir das maravilhosas e gigantes bibliotecas públicas de Toronto e usufruir (gratuitamente) dos milhares de livros sobre o assunto.

E quem sabe para a edição primaverão/verão já teremos algo mais desenvolvido particularmente por mim. Adoro desafios!

Aproveito também para agradecer à todos que tem frequentado este cantinho reservado para compartilhar nossas experiências como imigrantes no Canadá (Landed Immigrant como eles chamam). Sintam-se à vontade para interagir, sugerir assuntos e comentar. A casa é de vocês!
Logo traremos as primeiras imagens de Toronto por aqui também.

Como já dizia o bom e velho saquinho de papelão da padaria - SERVIMOS BEM PARA SERVIR SEMPRE!

9.10.06

Escaneando Prateleiras / a série– episódio 2

NA TERRA DO SALMÃO QUEM COME BOI É REI!


Para minha alegria, definitivamente estamos na terra do Salmão! É salmão enlatado, do pacífico, do atlântico, defumado, de micro-ondas. Até linguiça de salmão a peixaria do supermercado que frequentamos oferece. Ainda não vi suco de salmão mas quem sabe?

E o melhor de tudo é que por aqui o lindo e suculento peixinho é barato se comparado à carne de boi por aqui e ao mesmo no Brasil.

Se você é daqueles que não curte um peixinho, é rato de churrascaria, saliva só de imaginar uma picanha sangrenta pingando no espeto do rodízio e pretende imigrar para cá, meu amigo, você precisará de uma boa quantia de dinheiro por mês para se alimentar em terras Canadenses.
Afinal de contas em terra de Salmão quem come Boi é Rei!

Basta uma breve passada de olhos nos preços das carnes de boi nos frigoríficos dos supermercados para entender porque os gringos (não somente aqui mas nos Estados Unidos também) fazem seus “churrascos” basicamente com hamburgueres e salsichas.

Um só motivo explica aquelas “fatídicas” cenas dos “churrascos” gringos e que fogem ao entendimento de um brasileiro da “gema” que faz seu churrasquinho sagrado regado à muita picanha, maminha, alcatra e o que tiver direito. GRANA! Custa caro.

O que faz todo sentido. Alguém aí pode me dizer onde e como os pobres dos boizinhos conseguiriam pastar sobre as pradarias geladas do norte? Mesmo que alguns poucos criadores consigam a proeza, investem pesado para tanto, além de ter que basicamente importar a maior parte para atender a demanda. Resultado – preços elevados!

Já o querido Salmãozinho, vive feliz e contente nas águas geladas do norte. Tão felizes que reproduzem-se incessantemente. Bom para quem ama peixe como eu e tem no salmão o seu preferido. Aqui já vi que vou consumir muito mais o peixinho do que o boizinho.

O mais engraçado é a cena de nosso carrinho de compras no supermercado. Aqui, uma compra de quem está economizando sai com salmão no carrinho e não chega nem perto do boizinho, ou seja, o oposto do Brasil.

É, em terra de Salmão quem come Boi é Rei!

7.10.06

Escaneando Prateleiras - A Série/Episódio 1

O Cartão de Débito Canadense
Ontem eu tirei a tarde para rastrear as lojas e pesquisar os preços de tudo por aqui. Ao fazer isso, tive a idéia de criar uma série neste blog chamada “Escaneando Prateleiras”. Desta forma, sempre que lerem este título já saberão que trata-se de pesquisas de preços, produtos, lojas e tudo que envolve os hábitos de consumo por aqui.

Obviamente que fiz isso sozinha. Deixei o querido marido em casa estudando e sai à caça dos bons preços e do reconhecimento de uma infinidade de produtos (casa, comida, higiene, roupa) aos quais não estávamos habituados no Brasil. Claro que, em um mundo globalizado, muitos dos produtos que consumíamos no Brasil podemos encontrar nas prateleiras daqui, ou melhor, chegaram até aí por conta da multinacionalidade de grandes empresas.

Sempre gostei muito de observar em minhas viagens (e até mesmo no Brasil) o comportamento dos consumidores no momento da compra, além de observar as diferenças (diversidade de produtos, cores, tamanhos e formas) nas gôndolas de supermercados e prateleiras de lojas. E após ter passado quase 4 anos trabalhando na comunicação de uma multinacional focada em vender produtos para o consumidor final, aprendi muito sobre esta “ciência” que é o desenvolvimento de produtos, sua adequação a cada mercado e comportamento do consumidor local.

Pois bem, o meu objeto de pesquisa ontem foi a loja Winners (que a minha querida amiga Dani Zuim já havia indicado antes de sair do Brasil). A loja em questão fica dentro de um Mall (conjunto de lojas, praça de alimentação, farmácia) então o meu campo de pesquisa era muito fértil!

Após algumas horas por lá, pude constatar que a loja realmente vale à pena para quem acaba de chegar e está administrando uma equação inversamente proporcional entre os coeficientes +Tempo e –Dinheiro. A mesma jaqueta da Columbia que eu havia visto dois dias antes na Sears trazia uma diferença de 30 doletas Canadenses! Mas é preciso fuçar muito pois as marcas ficam todas misturadas nas araras e nem sempre há o seu número.

Já na fila para pagar (seria a primeira vez que eu usaria o cartão de débito do banco Canadense) observei a diferença de procedimento no pagamento. Ao contrário do que estamos habituados no Brasil (do caixa passar o nosso cartão e vc vai lá digita a senha), por aqui a moça do caixa apenas diz o valor , vira a máquina para você e você mesmo passa o cartão (uma ODE à independência!). Tudo bem que eu tive que repetir a operação três vezes antes da palavra ERROR sair do monitor (tudo uma questão de treino, ou melhor, falta de).

Uma vez que a palavra ERROR se foi, veio a segunda diferença. O meu pobre cérebro estava condicionado a digitar a senha direto. Entretanto, agora ele já percebeu que terá que optar pelo tipo de conta de onde vai tirar o dinheiro antes. Quando abrimos a conta no banco, colocamos dinheiro em duas contas – a Checking Account (vulgo nossa conta corrente) e a Saving Account (vulgo nossa poupança) . Aí você olha para a maquininha, aperta a tecla de uma das contas e só então aparece o ENTER PIN (famosa senha) + OK. AH tá!

Em tempo – o supermercado Loblaws (que temos frequentado por ficar á uma quadra de casa) nos traz uma opção que AMAMOS, não sem antes sofrermos um pouquinho para pegar a malícia claro!

Trata-se do SELF SCAN CHECK OUT (outra ode à independência que eu particularmente amo). Finalizadas as suas compras, você vai direto para as máquinas (sem operadores/pessoas) escaneia seus produtos por meio de leitor de código de barras, coloca seus produtos nos saquinhos (que já ficam prontinhos pendurados em um prato giratório), faz seu troco, pega seu recibo que a máquina solta e vai embora.

Claro que a “casa caiu” um pouqinho mais quando compramos pela primeira vez frutas e vegetais. Como não possuem embalagens, cada fruta e legume já possui um código registrado na máquina. Você precisa selecionar o produto e o código aparece. Hoje já sei o código da banana de cabeça – 4011 é só chegar e teclar!!

Nada como um dia após o outro...





5.10.06

Testando o Inglês - CLBA

Acho que já mencionei por aqui toda a estrutura que o Governo Canadense possui montada para receber o imigrante. Há Centros Comunitários espalhados por toda Toronto. Os mesmos funcionam, parte graças ao trabalho voluntário que é muito forte por aqui e parte aos investimentos que o próprio governo injeta nos programas de ajuda ao imigrante recém-chegado.

Como os mesmos são incrivelmente interligados uns aos outros, quando você sai andando pela cidade e entra em um, acessa informação de outros e assim começa o ciclo de quem chega por aqui. Logo nos nossos primeiros dias de Toronto o Maurício foi até o Centro Brasil Angola e lá foi muito bem orientado pelo Gean que coordena um belo trabalho de ajuda aos imigrantes da língua portuguesa que por aqui chegam.

O mesmo nos orientou sobre os cursos de idioma que o Governo Canadense oferece gratuitamente para o imigrante. Para tanto, quem chega pode se dirigir à um dos centros que fazem o teste para certificar o seu grau de conhecimento do idioma para, depois, encaminhar você para a turma mais adequada.

Estivemos no YMCA no dia 27 de setembro que marcou nosso teste para 4 de outubro. Trata-se do CLBA (Canadian Languages Benchmarks Assessment) certificado que o Centro de Informação, Cidadania e Imigração Candense oferece gratuitamente para acessar o grau de conhecimento do idioma.

Ontem (4 de outubro) fomos fazer o teste. Composto de 4 etapas (oral/audição, leitura e escrita), o teste me tomou uma hora e meia e não oferece dificuldades para quem saiu do Brasil com um inglês do intermediário para o avançado. A escala de nota vai de 1 a 8 e como, atualmente, o governo mantém turmas para quem tirou até nota 5 ou 6 no teste, se você tirar 7 ou a máxima 8, não é encaminhado para o LINC .

Foi o meu caso. Depois que terminei os testes, aguardei 15 minutos e a supervisora já veio com as minhas notas. Apesar de sabermos que cada um que chega possui necessidades e históricos diferentes, acreditamos também que, apesar de ouvir e acompanhar experiências de quem chegou antes e fez coisas parecidas ser de extrema ajuda, precisamos ter nossas próprias experiências e tirar nossas próprias conclusões.

Daí entendermos que, em cada lugar destes que vamos (apesar de nem sempre nos ser totalmente necessário), estamos aos poucos (mesmo sem perceber) nos inserindo na sociedade, falando e ouvindo gente falar em inglês e outros mil idiomas diferentes (esta é Toronto!). Enfim, interagindo. Claro que para o Governo Canadense (e para nós mesmos) quanto antes estivermos trabalhando melhor e eles trabalham bem para nos ajudar neste sentido. Entretanto, acredito que, principalmente no primeiro mês, todos estes locais que temos ido tem feito muito este papel de integração nas sociedade Canadense.

Nossos telefones tocam e já atendemos sem ficar pensando “vou ter que falar inglês”. Temos que ligar para estes lugares agendando palestras e cursos. Só agora percebo o quanto este tipo de estrutura organizada nos ajuda nestes primeiros dias a criar atividades em torno dos assuntos canadenses até que não tenhamos as nossas próprias criadas em torno do nosso trabalho.

O teste escrito de ontem, por exemplo, me contava a história daqueles que primeiro chegaram no país – os fundadores. Claro que cada um aproveita da maneira que achar melhor mas nós continuamos seguindo o que sempre foi nossa filosofia de vida – aproveitar ao máximo o que nos é oferecido AGORA. No mínimo, alguma coisa você sempre leva consigo.


Ah! Além de tudo isso, trouxe para casa as minhas notas (8 no listening e speaking, 8 no reading e 7 no writing) que precisarei apresentar para participar do NOW (treinamento de um mÊs que o governo oferece para profissinais que possuem diploma internacional e tiram mais do que 6 no teste que acabei de mencionar) que começarei a frequentar no próximo dia 10 de outubro.

Quanto ao Maurício, antes que o fã clube dele se agite e pergunte, ele foi encaminhado para fazer o LINC mais próximo de onde moramos agora. Tirou a nota máxima para entrar no LINC.

4.10.06

O Porco Chinês e o respeito ao outro

Já é sabido que estamos, temporariamente, dividindo o apartamento com uma moça chinesa. Pois bem, sempro digo que, ao contrário do que versa a matemática, dividir é agregar, ampliar horizontes e aprender sempre. Esta não é a primeira vez que divido apartamento com orientais. Já o fiz com uma graciosa japonesa quando fui estudar italiano em Florença.

E as estatísticas comprovam – as orientais são exímias mestre cucas e, guardadas as proporções dentro da cultura de cada país é claro, em geral são muito práticas e adoram cozinhar. E eu adoooro apreciar suas delícias, principalmente as japonesas! Justamente por isso, se for dividir apartamento com uma delas só o faça em países como os Estados Unidos, Canadá e Europa onde tudo é grande, inclusive a geladeira!

Meus amigos, vocês precisam ver o tanto de mantimento acumulado em uma geladeira para que elas possam cozinhar! As imagens impressionam! Mas espera aí, vocês vão pensar, onde está o porco chinês nisto tudo? Lá vai...

Dia destes, estávamos eu e meu querido marido (e companheiro da jornada migratória) usando o computador na mesa da sala de jantar (esta já se tornou o nosso home office) e a Chinesa preparando seu jantar na cozinha (por aqui o padrão de cozinhas nos apartamentos é como uma extensão das salas de TV e de estar.

Então quem está cozinhando interage com quem está na sala. Minha colega Luci já viu as vantagens disso. Segundo ela, por aqui se a visita chegar em sua casa e ela não tiver terminado o almoço, mesmo assim ela pode participar do papo sem deixar a cozinha! Parabéns amiga, este é o espírito de quem se muda para outra cultura. Enfatizar os lados positivos do novo). Voltando à China, ou melhor, ao porco chinês .

Ela cozinhava eis que de repente nos aborda com a seguinte questão : - “Vocês são muçulmanos?”. Confesso que não estava preparada para tamanha demonstração de zelo e respeito à cultura alheia! Tanto que demorei alguns minutos para processar a ligação entre a pergunta e o fato de ela estar cozinhando PORCO.

Nestes segundos que o meu pobre cérebro (que ultimamente tem transitado de um idioma para o outro incansavelmente) buscava sinapses, ela mesma continuou.... Estou perguntando isso porque vou cozinhar Porco... Nós dois com caras de “passados” (aliás, ultimamente são as nossas mais comuns expressões por aqui.) prontamente respondemos que não que ela podia ficar tranquila e continuar cozinhando!

A Chinesa em questão é uma imigrante que chegou exatamente como nós mas que, após cinco anos no país e cidadania canadense conquistada, está voltando para a China. Portanto, absorveu direitinho o que é viver em meio à diversidade com respeito ao outro. Eu AMO este lugar!

3.10.06

O Colchão de Ar e as Escolhas de Sofia

Em nossa segunda noite no apartamento (estamos em nossa quinta noite), tivemos que comprar um colchão para colocar no Den (uma espécie de quartinho menor só que sem janela) pois vamos ocupá-lo por 15 dias. Tempo que a Chinesa que alugou a suíte master do apartamento . Quando ela sair, lá vamos nós do Den para a suíte master. Por conta disso, a proprietária abateu 100 dólares do nosso aluguel no primeiro mês.

Uma vez que ainda não estamos em nosso canto definitivo (mudamos para cá porque além de ser um apê - e a sensação de casa nestes primeiros dias faz toda diferença – estamos pagando metade do preço que gastariamos com um mês de hotel) ainda não queremos comprar mobília daí o apartamento em que estamos ser todo mobiliado, com exceção do Den.

Já munidos de dicas de nossos queridos companheiros de jornada e vizinhos de bairro, fomos atá a Canadian Tire comprar um colchão destes que se usa para acampar. Você carrega em uma pequena caixa, infla e voilá um colchão!

Em frente à gigante prateleira de colchões infláveis, nada mais nada menos que umas oito opções diferentes para escolhermos! Eu e meu querido marido (que por sinal adorou a loja que é repleta de equipamentos para camping e afins!) olhávamos um para o outro e falávamos nossa tradicional frase “A casa caiu!” (que já em terras brasileiras tinha sua versão em inglês – “The house has fallen”)

É pessoal, comprar por aqui (não só colchão mas tudo!) é um verdadeiro teste sobre o seu poder de escolha tamanha a variedade de opções em tudo. Desde a massa de tomate para o molho do macarrão até o colchão de ar! E olha que eu sou uma pessoa que não se pode considerar indecisa. O que nos salva neste momento é o fator orçamento bem controlado então o preço acaba ajudando a decidir. Não quero nem ver (ou melhor, quero sim!!!) quando tivermos trabalhando e pudermos respirar um pouco mais nestas escolhas.

Todos os tamanhos disponíveis para os colchões tradicionais também existem para os infláveis. King Size, Queen Size, Double, com bombinha para encher à parte, enchimento elétrico, com o pulmão mesmo.... Ufa! Ligamos para a pobre da Mirela para nos salvar. Tivemos que escolher sozinhos ela estava em aula.

Mirela, saiba que fizemos uma ótima escolha já seguindo a dica da Dani de não comprar muito alto para não afundarmos no colchão. Compramos o Queen Size (maior que nossa cama no brasil) da marca Woods sem bombinha. O pobre do marido queimou algumas calorias para inflar no pé (o processo de inflar é instalado dentro do colchão) mas valeu a pena e está fazendo muito bem ás vezes de um colchão! Sem contar que não precisamos ficar carregando a bombinha que não serve para mais nada além de encher o colchão.

Continuamos por aqui fazendo nossas “Escolhas de Sofia” (só para usar a expressão famosa mas nem sequer perto do real significado que originou tal expressão. Pelo contrário, nós por aqui estamos nos deliciando com todas as escolhas.)


1.10.06

FUTEBOL CANADENSE


O sábado à noite foi especial. Fomos eu, o Maurício, a Dani e o Rafa assistir ao jogo de futebol (no Brasil chamamos de futebol americano para diferenciarmos do brasileiro. Entretanto, como algumas regras do que vimos ontem são diferentes do futebol americano, vou chamá-lo Futebol Canadense). Para os Canadenses trata-se de um jogo de futebol puro e simples.

Às 19 horas de um sábado chuvoso (se é que se pode chamar uma garoa muito fina de chuva) estávamos nós e mais 32 mil pessoas lotando o Rogers Centre. Isso mesmo. Trinta e duas mil pessoas!

Ainda que você não entenda patavinas das regras do jogo (e este era o meu caso até um dia antes do jogo) vale o ingresso! A trilha sonora, o espetáculo, as chears leaders (quem nunca viu uma nos filmes balançando os pompons para cima e para baixo?) e os gritos da torcida empolgam.

Mas eu, como boa amante dos esportes e de futebol em específico (O Palestra Itália vai ter que me perdoar mas o meu time agora é o Argonauts) estava ali para aprender e, para minha salvação, a Dani estava ali para ensinar.

Querida “professora” , caso eu esteja cometendo algum erro técnico, tenha a bondade de corrigir os meus básicos conhecimentos deste jogo que eu simplesmente amei ter ido assistir no estádio!

Tratava-se de um jogo do campeonato Canadense de futebol. Frente à frente estavam o Toronto Argonauts (de azul) e o Calgary Stampeders (de vermelho). A partida é composta de 4 quartos de 15 minutos. Um total de uma hora de jogo que acabam se trasnformando facilmente em 3 horas devido ao espetáculo que se dá em campo.

É juiz que pára o jogo para assistir um lance duvidoso e só depois voltar para decidir o lance (como bem observou o Rafa, aqui não dá para sair dizendo que o juiz roubou), é jogador que se acidenta e não é retirado de campo para ser atendido. E não pensem que com tudo isso você se sente entediado não!! Ou o jogo de ontem foi muito bom ou realmente é muito dinâmico !! Sem contar os animadores de torcida que não nos deixam ficar entediados!

O melhor momento de todos foi o TOUCH DOWN dos Argonauts!! O estádio todo veio à baixo (o Rogers Centre é a casa do time então a maioria estava torcendo por eles). SENSACIONAL!! Além do Touch Down que vale 6 pontos (e que eu já sabia do que se tratava graças ao querido marido), aprendi com minha tutora oficial de esportes canadenses (a “tia” Dani) que, no Canadá, o time tem 3 DOWNS (três tentativas para atingir 10 jardas – o campo é dividio em linhas de 5 jardas cada) enquanto que nos EUA são 4 DOWNS para 10 jardas.

Sem falar nas flanelinhas laranjas que voam quando um dos times comete falta ! Tem também o TURNOVER – quando um time lança para o companheiro e o adversário intercepta o lançamento, ele fez um TURNOVER!

Acho que para uma primeira lição aprendi bastante! Mas depender do tanto que gostei, já estamos combinando que assim que estivermos todos empregados (eu e o querido marido) vamos comprar a temporada para acompanhar o campeonato no estádio !!

Foi muito bom matar as saudades de ir ao estádio e acompanhar um jogo ao vivo (que pena que eu tenha que ter viajado para tão longe para fazer isso). E este é um outro quesito à parte por aqui.

As 32 mil pessoas que estavam dentro daquele estádio, acessaram o mesmo de METRÔ que, aliás, tem uma ligação direta com o estádio (não é preciso nem caminhar na rua em temperaturas mais frias) que possui teto retrátil. Assistimos à partida de ontem com o teto fechado mas quando o tempo permite, o teto se abre.

Ao final, voltamos tranquilamente para casa, às 11 da noite, junto com a massa de torcedores. Esta paz e sensação de segurança ao andar pelas ruas daqui NÃO TEM PREÇO!!

Ah! Quem ganhou ? Os ARGOS (como soa o canto da torcida) o nosso time está invicto no campeonato. O placar foi de 23 a 16 e pudemos apreciar 3 TOUCH DOWNS (dois dos Argos e 1 dos Peders). Além de termos ouvido, pela primeira vez, o hino Canadense antes da partida começar! Confesso que me arrepiei inteira!