12.3.12

Próximo Bill Gates ou Steve Jobs pode chegar.

Atenção candidatos a imigração para o Canadá. Se você é o próximo Bill Gates ou Steve Jobs não perca seu tempo. Aplique já!

Agora se você for apenas mais um imigrante que vai administrar uma lojinha de conveniência em um centro comercial não perca seu tempo. Você não vai gerar os empregos que a economia candense tanto precisa para decolar.

Eu juro que gostaria de estar fazendo uma piada com isso. Entretanto, não se trata de uma piada. Infelizmente, trata-se da declaração nua e crua feita pelo Ministro da Imigração canadense, o senhor Jason Kenney, ao comentar as mudanças no sistema para atrair os empreendedores que o país "tanto precisa".

Desculpem-me o desabafo mas achei essa declaração um insulto! Talvez eu esteja exagerando por conta do meu histórico de profissional da comunicação que treinava porta-vozes para falar com a imprensa. Não tem como separar anos de experiência nessa área das análises que faço ao ler algum executivo ou personalidade falando com a imprensa. Some-se a isso o fato de eu ser uma imigrante e conhecer muito bem a realidade daqueles que, segundo o ministro, só servem para abrir a lojinha de conveniência e não são os próximos Steve Jobs da vida e, portanto, não vão gerar os empregos que o Canadá precisa.

Ei espera aí. Afinal de contas de quem é o papel de criar oportunidades para gerar empregos? Do imigrante? Do governo? Da sociedade como um todo? Recruta-se imigrante porque há empregos e a economia gira ou a economia gira e gera empregos porque recruta-se imigrante? que tipo de imigrante? o brilhante inovador , futuro Steve Jobs como quer o nosso ministro, ou a média trabalhadora assalariada que luta e que, segundo o mesmo senhor Kenney, não ajuda?

Para começar a semana pensando. Sou só eu ou a sociedade está de pernas pro ar?

Será que todos esqueceram-se que para que tenhamos mais "Steve Jobs" precisamos das mães em casa dando educação e ensinando civilidade aos pequenos, dos pais fora de casa suando na construção civil para possibilitar que uma mãe fique em casa, do lixeiro na rua que tira o lixo para que o empresário possa conduzir seu negócio de maneira decente, da moça que serve o café, do padeiro, do ministro, do professor , do bombeiro, do médico, da senhora idosa que dá o sorriso ao menino de 3 anos que passa na rua, do carteiro que dá o exemplo de gentileza e que faz com as correspondências do pequeno negócio chegue a tempo...

Será que o senhor ministro esqueceu-se que para que as exceções aconteçam, as regras precisam estar bem estabelecidas e funcionando em harmonia? Será que ele acha que o Brasil, por exemplo, teria capacidade de produzir um Pelé por ano, um Ayrton Senna por mês e um Machado de Assis por semana? Ele só pode estar de brincadeira! Pronto falei, ou melhor, escrevi.

1.3.12

cooperativa educacional

Nascida e criada em uma família de professores e funcionários de escola no Brasil, eu cresci ouvindo as análises do meu querido pai e mestre amado, as experiências de tios secretários de escola como o querido tio Junior, tia Elza querida inspetora de alunos, Iracema também no ambiente escolar, enfim, uma vida no ambiente escolar no Brasil. Costumo brincar que, depois de velha, descobri que a paixão por escola-estudo-educação veio comigo desde o útero da minha mãe!

Em meio há tantas análises e reflexões, uma que sempre me chamou mais a atenção e que, mesmo quando jovem, sem filhos, e ainda com muita coisa por vivenciar, eu já concordava sem hesitar com o meu pai. A de que os pais deveriam participar da escola dos filhos, acompanhar e se envolver. Aqui não estamos falando de checar se o pequeno fez a lição de casa. Falo de colocar a mão na massa e participar de tomada de decisões, ou cooperar para um objetivo em comum.

Por isso escolhi falar das cooperativas educacionais. Graças a querida Cecilia Gomes que tem dois fofos frequentando uma Co-op nursery school em Toronto, tomei contato com essa excelente opção para aqueles que, como eu, optaram por ficar em casa com o filho pequeno e participar em cada minuto de seu desenvolvimento emocional, educational e social na primeira infância.

Fui ler, pesquisar e, essa semana visitei uma escolinha. Em setembro, quando começam as novas turmas, o Arthur terá quase 3 anos e frequentará, duas vezes por semana e por apenas dois horas por dia, uma co-op nursery school aqui em Mississauga. Eu escolhi dois dias por semana mas há opção de cinco vezes por semana. Funciona assim: as escolas não obtem lucro da pequena mensalidade (isso se comparado aos altissimos custos das creches) que os pais pagam e todo o dinheiro que entra volta para a escola. Apenas os salários de dois educadores infantis, no caso dessa que eu visitei, e o aluguel do local saem daí. Todo o operacional é feito pelos pais que podem inclusive participar do comitê executivo da escola dependendo de suas habilidades.

É claro que para vivenciar a verdadeira experiência de uma cooperativa educacional o pai ou mãe no meu caso tem que ter optado anteriormente por dedicar seu tempo integral ao filho, ou seja, acaba sendo um modelo excelente para famílias que optaram por viver com uma renda apenas e que, portanto, não teriam condições de bancar os cerca $1400 por mês de uma creche. E, de quebra, vivenciam a escola dos pequenos. E esse modelo pode ir até os 6 anos de idade, ou seja, idade do prezinho.

Para que se tenha uma ideia, o custo mensal no caso de um pequeno como o Arthur e que vai frequentar apenas dois dias por semana por duas horas (por minha escolha. Há opções de cinco dias por semana), seria algo entre $135 e $180 de pendendo da escola. Esse sábado vou visitar mais uma co-op nursery school aqui pertinho de casa e, casa alguma mamãe se interessar é só entrar em contato.

Resolvi escrever sobre isso porque quando aqui cheguei não fazia ideia da existência dessas cooperativas como opção para quem não trabalha fora e não quer deixar o filho na creche ou não pode arcar com os custos elevados. Então se você está chegando com pequenos e pretende dedicar seu tempo integral para os pequenos essa talvez seja uma ótima e , principalmente mais em conta opção. Fica a dica.

No meu caso, além de sempre ter sido uma apaixonada por educação e agora ter um motivo maior para me envolver chamado Arthur, eu estou estudando para me tornar uma educadora infantil. Então, acabo unindo o útil ao agradabilíssimo que é me envolver na primeira formação escolar do meu filho. Um bom começo para a sua pesquisa aqui em Ontario pode ser esse site aqui. Ah, os pequenos precisam estar fora das fraldas para frequentar a maior parte dos programas. O Arthur só vai começar em setembro mas eu já não vejo a hora de colocar a mão na massa no primeiro ambiente escolar (ou, pre escolar:) do meu filho!