15.12.11

Benefícios

Dia desses, em uma das minhas pesquisas, deparei-me com esse site do governo canadense que pode ajudar aos que estão chegando na província de Ontario a saber quais benefícios podem aplicar dependendo de sua situação por aqui: se tem filhos, estudante, mãe solteira, doméstica e tantos outros cenários.

São tantos programas oferecidos que fica confuso saber a qual benefício você tem direito. Então fica a dica para aqueles que possuem o cartão de residente permanente ou são cidadãos canadenses.


7.12.11

Tudo novo de novo.

Há cinco anos eu deixava o Brasil com inúmeras dúvidas e uma certeza: não buscava no Canadá uma carreira. Já havia construído uma no Brasil e, se quisesse avançar, era no Brasil que deveria ficar. Sabia disso. Sempre soube. Buscava muito mais que um título bonito no currículo e-ou uma conta bancária mais polpuda.

Buscava um estilo de vida diferente. Encontrei e gostei. Os títulos do currículo foram apagados e a conta bancária diminuiu. Os anos passaram, vi e vivi altos e baixos ao tentar me recolocar no mercado de trabalho. Tentei. Mudei. Replanejei. Reinventei e cansei. Hora de parar para realizar outro sonho: o de ser mãe. Engravidei. Optei por ser mãe em tempo integral e ficar com meu filho em casa. Escolha mais acertada não há! Mas os filhos crescem e a alma inquieta precisa de algo mais.

Desde que saí do Brasil tinha comigo a certeza de que trabalhar com crianças sempre foi uma paixão antiga nunca realizada. E dizia para mim mesma que trocaria de profissão se preciso fosse para poder ficar no Canadá. Hora de tirar o plano da gaveta. A partir de janeiro de 2012 serei oficialmente uma estudante do Sheridan College fazendo o diploma de Early Childhood Education (Educadora infantil)

A principio vou estudar à noite, no curso part-time, porque a formação do meu próprio filho ainda é prioridade. Dessa maneira não preciso tirar dele o privilégio de ter a mãe como primeira referência e de mim mesma os melhores momentos da minha vida. Nunca estive tão feliz! Zerada. Renovada.

Desde que o Arthur nasceu, há dois anos, eu venho frequentando programas para crianças pequenas oferecidos pela prefeitura, biblioteca e centros comunitários e cada vez que sento no chão com as crianças tenho mais certeza de que é esse o ambiente de trabalho que a Paula do futuro quer. A Paula dos próximos cinco anos quer. Quando chegamos no Canadá o que mais recebemos nos cursinhos oferecidos ao imigrante pelo governo são treinamentos para as entrevistas de emprego e uma das perguntas mais feitas é "Como você se vê daqui a cinco anos?"

E a resposta da Paula é : "quero ver o brilho dos meus olhos refletido no brilho dos olhinhos puros e sinceros de uma criança". Quero ter o meu nome repetido por um pequeno que está aprendendo a falar e já demonstra que eu faço diferença na vida dele. É isso que tenho visto por aí, com o meu filho. É isso que quero ver para mim.

Então agora é esperar pelo início das aulas em janeiro e de um novo começo. Com a diferença importante de cinco anos nas costas de Canadá, de saber o que funciona e o que não funciona no que diz respeito ao imigrante e, não esqueçamos, dos 37 anos de experiência muito bem vividos que completarei agora em dezembro e que, tenho certeza, farão toda a diferença ao iniciar uma nova carreira.

E, do que eu conheço dessa alma inquieta, esse será apenas um primeiro passo. Do college para a universidade. Da universidade para uma especialização mas tudo, tudo ao seu tempo. E tendo, sempre como prioridade a formação do meu filho antes de qualquer outra criança. Quando a base dele estiver bem sólida aí sim estarei totalmente pronta para fazer o mesmo pelos filhos dos outros e ser paga por isso. Enquanto isso vou adquirir conhecimento e receber o meu diploma de educadora infantil. E que venha 2012. O ano que dará início a um novo começo, a tudo novo de novo.





17.11.11

Academia feminina

Desde que engravidei e diminuí, por razões óbvias, a intensidade de atividade física que pratico, meu corpo vinha gritando pela volta ao que considero a prática regular de aitividade física, ou seja, diária.

Primeiro aparecem as linhas paralelas mais felizes do mundo naquele pequeno bastão comprado na farmácia. Sim, você vai ter um filho! Depois nove meses de gestação, 10 meses amamentando e mais todo o primeiro ano de vida da cria para a adaptação de todos à nova realidade.

Daí que não precisa ser nenhum Oswald de Souza para fazer as contas e concluir como, apesar de muito ocupado com o feliz mas tumultuado universo do primeiro ano da maternidade, meu corpo estava enferrujado e gritando por atividade física que não fosse abaixar para pegar brinquedo no chão o dia todo, colocar e tirar criança da cadeirinha do carro, tirar e colocar do berço e por aí vai...Gritava mesmo, pedia flexões de braço, abdominais, corrida, movimento!

Era setembro de 2011, a cria já andava, falava feito um papagaio, não mais mamava no peito e tudo que fazia era repetir o dia todo que queria fazer tudo sozinho! Ah, o tão sonhado momento havia chegado. Mãe se dá conta de que não tem mais um bebê em casa, eba! Claro, ainda tem uma criança pequena o que consome muito ainda mas o bebê já não estava mais ali! Que gostoso! Independência para a mãe, independência para o filho!

Então, em mais uma das rotineiras idas ao mercado com seu fiel companheiro, o pequeno Arthur, eis que em um daqueles momentos mágicos a mãe olha para cima e lê a informação que mudaria sua vida: "Goodlife Fitness for Women"

Em cinco anos de Canadá jamais havia frequentado uma academia por aqui por duas razões: nunca gostei de academia, a minha vida de atividade física sempre envolveu artes marciais, corridas e esportes como basquete, futebol, etc. E não menos importante, sempre assumi que elas eram mais caras do que o orçamento familiar poderia aguentar. Entretanto, o corpo gritava tanto por exercício e a placa salvadora dizia que havia uma creche dentro da academia onde as mamães poderiam deixar seus filhos lá enquanto malhavam. Bom demais para ser verdade pensei! Vai custar "ozóio da cara" como diria o caboclo!

De novo, o desespero por voltar a fazer algo que me lembrasse que antes de ser mãe existia alguém que amava se exercitar era tanto que resolvi entrar e me informar. Enquanto a gerente ia me mostrando as instalações, a creche, os banheiros com toda a infra, a sala onde aconteciam as aulas, eu ia pensando cá com meus butões: "Vou sair deprimida daqui porque isso aqui é muito bom e com certeza é carísssiiiimo e não vou poder ficar".

Ao final da visita, ao saber o preço incluindo a creche do Arthur eu assinei o contrato no ato! Claro que não é baratinho mas é totalmente acessível. Resultado: desde setembro sou uma pessoa mais feliz porque frequento todos os "bodys" que a academia oferece (nomenclatura para as aulas). Um dia é o body combat, no outro body attack, na quarta body step, quinta body vive e na sexta body flow. Enquanto cuido da minha mente e do meu corpo meu filho brinca com as "tias", segundo ele, e todos ficamos mais felizes.

Mas o curioso mesmo é que essa academia, que por sinal é a maior rede do Canadá, ela é exclusiva para mulheres. Homem não entra. Homem não trabalha lá. Um ambiente totalmente feminino. Dia desses tinha um aviso enorme no mural avisando que dia tal UM HOMEM iria entrar no recinto para arrumar a sauna e o chuveiro! Achei muito divertido, parecia que o aviso nos previnia de um alien que chegaria:) Brincadeiras à parte, entendo totalmente o conceito que acaba virando um nicho de mercado pois muitas mulheres aqui no Canadá são muçulmanas e não podem mostrar o corpo perto de um homem, daí elas ficam totalmente à vontade por lá. Sem contar que muita gente detesta ir à academia para ficar sendo paquerada, principalmente as mulheres casadas e mães!

Quem estiver chegando no Canadá e quiser uma academia eu recomendo muito a Goodlife Fitness e se vocÊ vier morar em Mississauga e tem um filhote pequeno procure uma filial que tenha "for women" no nome. São essas que precisam te avisar quando um encanador precisa entrar lá. Tá vendo! Se ao menos tivesse um Pereirão por aqui não haveria esse problema:)

17.10.11

Discutindo a relação de 5 anos

14 de setembro que passou completei cinco anos vivendo no Canadá. Eu não podia deixar essa data em branco mas como estava passeando no Brasil, acabou que não postei na data certa. De qualquer maneira, tamanho acontecimento ainda merece um post.

Costumo dizer que o imigrante passa, de acordo com o tempo que vive fora, por algumas fases em sua longa jornada longe de sua pátria mãe:

Primeiro ano - fase lua de mel, romântica e ainda extasiada pelo sabor da conquista em ter chegado em território canadense, o que não é pouca coisa!
Segundo ano - fase baixando a poeira e colocando as coisas no lugar.
Terceiro ano - novas conquistas, lutas, algumas frustrações e a luta por pertencer.
Quarto ano - início de um balanço, reflexões, estou no caminho certo? Qual o caminho certo afinal?

De alguma maneira, quem chegou aos cinco anos de Canadá acaba passando pelos estágios anteriores. Enquanto vivia os anos interiores me perguntava qual seria a etapa em que eu entraria ao completar cinco anos de Canadá. E eis que completei cinco anos!

Ainda não sei bem definir como chamaria essa fase dos cinco anos, portanto acho mais fácil pensar nela como o famoso DR (discutindo a relação).

Isso mesmo! Estou discutindo a minha relação com esse maravilhoso país chamado Canadá que me acolheu...Espera um pouco. Quem acolheu quem? Não raras vezes eu tenho minhas dúvidas de quem acolhe quem. Tendo a achar que o imigrante acolhe e adota o país escolhido muito mais e com muito mais fervor do que o próprio país em questão deveria fazer. Aliás, tenho certeza disso. E talvez aí resida o principal motivo pelo qual é muito natural encontrar os imigrantes discutindo a relação, não com o namorado ou com o marido, mas com o país. No caso, o Canadá.

Eu e ele (o Canadá) ainda estamos no início desse processo que não sei bem quanto tempo pode levar mas estamos fazendo um levantamento de quem deu mais em nome do que sabe? E como eu tenho esse hábito de fazer balanços de cinco em cinco anos em minha vida, nada mais natural do que discutir uma relação que já dura cinco anos! Onde quero estar em mais cinco anos? Como quero estar? Vivendo de que jeito?

É isso Canadá. Por hora sigamos em frente. De fato você me oferece inúmeras vantagens. Vantagens essas que, sei bem, só as encontro por aqui. Entretanto, ainda preciso ver muito mais do seu lado do que do meu para que sigamos com mais cinco e cinco e mais cinco anos juntos.

E nessa barganha, que é a relação do imigrante com o Canadá, ainda dou mais do que recebo. Não tem problema Canadá, dou porque posso, porque quero, porque tenho forças e amo viver aqui mas até quando? Mais cinco ou cinquenta anos? O tempo vai dizer e por hora sigo vivendo e cantando essa linda oração ao tempo que agora ouço na maravilhosa voz da Maria Gadu.

E que venham mais quantos anos forem possíveis e ou desejados e necessários!

7.10.11

Voz interior

Estou de volta. De volta à Toronto. De volta ao Canada. De volta à minha casa e, portanto, de volta ao blog. Estive em férias. Passeava pelo Brasil e revia queridos amigos e familiares. Foram frenéticos 30 dias que ficarão sempre em minha mente.

Estava com saudades. Saudades do blog. Saudades de casa. Saudades do marido que voltou antes.

Já estou com saudades. Das risadas, dos abraços, carinho, beijos, risos e palavras ao vento que lá ficaram. O consolo é que não ficaram só no Brasil mas também no meu coração e lá sempre estarão. Pena não podermos ter todos que amamos juntos em um mesmo lugar não é?

E por falar em coração é justamente à ele que sigo quando continuo no Canadá. Ainda, apesar de todas as lutas, tropeços. Acertos também claro mas há uma voz que fala comigo que, apesar de querer que todos os queridos do Brasil estejam sempre comigo, devo e quero ainda continuar no Canadá.

Eu sempre soube que seguia meu coração no que estou fazendo enquanto imigrante mas essa semana, em especial, com a morte de um gênio inspirador como Steve Jobs, suas palavras bateram mais forte ainda quando dizia: "...You can't connect the dots looking forward; you can only connect them looking backwards. So you have to trust that the dots will somehow connect in your future. Your have to trust in something - your gut, destine, life, karma, whatever. This approach has never let me down, and it has made all the difference in my life".

De fato Steve, confio que, de alguma maneira, os pontos conectarse-ão lá na frente no meu futuro. Sinto isso, algo fala. Não sei dizer bem como mas fala. "Listen to that voice in the back of your head that tells you if you are on the right track or not", continuava a mente inovadora que tocou vidas no mundo todo das mais diversas maneiras. Devo dizer que, por vezes, essa voz fica um pouco confusa e, principalmente, em momentos sensíveis como a volta das férias. Entretanto, Steve, ela ainda me fala que estou no caminho certo e devo seguir lutando.

Mesmo que, por muitas vezes, os pontos pareçam não ter conexão nenhuma com nada nesse instante eles vão fazer sentido em um futuro não tão distante. Ao menos é o que diz a minha voz interior Steve e, para homenagear essa mente brilhante e a todos os imigrantes que estão tentando ouvir aquela voz interior dizer se estão no caminho certo, eu lembro um conhecido muito criativo que agradece muito a Steve Jobs pois não fosse ele (Steve) estaria fadado a usar um PC até hoje:) Faço minhas suas palavras!




15.8.11

A Pá

Como de costume, ao menos até que o verão no hemisfério norte termine, mãe e filho brincam na areia do parquinho no fundo do quintal de sua casa. O ritual diário, seguido há quatro meses , já rendeu muitas amizades para o pequeno Arthur e sua mãe que parece pertencer ao mundo infantil. Ela (a mãe do Arthur) acha até que deveria tirar o sustento desse prazer mas isso já é assunto para um outro post.

Na casa da coruja de porcelana que faz o pequeno Arthur parar todos os dias para falar oi e tchau para a "cocuja", moram as gêmeas Ema e Meredith (as primeiras melhores amigas do Arthur) que do alto de seus onze anos se encantam com o Arthur e funcionam como líderes do território dividido pelos pequenos vizinhos. Além delas há mais uma dúzia de crianças e cachorros. Aliás, mamãe Paula dia desses se deu conta de que sabe o nome de todas as crianças e cachorros da rua mas não sabe o nome dos pais das crianças nem dos proprietários dos cães. Talvez porque o horário de trabalho da mãe Paula seja o mesmo das crianças e o "escritório" o tanque de areia.

Dia desses o cenário do escritório de areia, digo do tanque de areia, mudou! Um bando de 4 crianças novas na vizinhança chegou por ali. Arthur e Paula, como de costume, foram logo se enturmando. Coversa vai, conversa vem, todos muito concentrados em seus afazeres de cavar e construir castelos de areia quando o pequeno Arthur chega para a pequena (canadense filha de indianos) que usava uma pá e diz : "A pá"!

A pequena mais do que espantada diz: "A pá" é o nome do meu pai! A mãe Paula usa de todos os recursos psico-neurológicos de que tem conhecimento para segurar a gargalhada e respeitar a multiculturalidade em que habita, respira fundo e diz: "A pá" é como chamamos esse objeto que você está usando em Português. A pequena faz uma expressão de "como isso é possível" e segue executando seu projeto na areia.

Portanto, se você mora aqui no Canadá e de repente ouvir no escritório alguém pedindo "A pá" já sabe que é um dos seus colegas indianos que está sendo requisitado. Isso que dá morar por essas bandas! Ao menos encontrei um nome Indiano que sou capaz de pronunciar:)




23.7.11

Cidadã canadense

Meus olhos pareciam não acreditar no que viam, nem tão pouco meus ouvidos no que acabavam de ouvir: "Eu os declaro cidadãos canadenses". Essas palavras soaram como a gaivota que sobrevoa o mar em um final de tarde no verão. Música para os meus ouvidos era o que vinha da boca daquela Juíza.

O dia: 19 de julho de 2011. O local: prédio do governo canadense no centro de Toronto. O momento: inesquecível, quase que indescritível não fosse o distanciamento que procurei ter deixando passar alguns dias do ocorrido para conseguir relatar a realização de um sonho, o fim de um ciclo. Alguém se perguntou por aqui se ao obter a cidadania estaríamos, nós imigrantes, finalizando uma etapa e foi exatamente com essas palavras que a Juíza abriu seu discurso emocionante naquele dia: "Agora vocês podem dizer que concluíram, finalizaram um ciclo e estão em casa. A casa que escolheram para chamar de sua".

Ao finalizarmos o juramento à Rainha e às leis do Canadá, a juíza iniciou seu discurso falando do fim, o fim de uma etapa. E é exatamente assim que nos sentimos. Lembrou também que até chegar ali, todas as 8O pessoas (vindas de 39 países diferentes) ali presentes haviam trabalhado duro, sofrido, encarado um duro começo mesmo para só então poder dizer essa é minha casa. Ela tem razão, imigrar não é fácil, tem muitos baixos e menos altos, muito suor e menos regalo, muita humildade e menos prepotência, muita abnegação e menos apego...

Meus olhos marejaram ao ouvir tão claro e coerente discurso para definir aquele momento que seguiria com o hino do Canadá. O meu esforço para cantar o hino foi homérico, não porque não sabia a letra mas a emoção foi tão grande que as palavras teimavam em não sair. O som teimava em não ecoar. As lágrimas teimavam em cair. Eu estava ali após muito esforço e muita abnegação. Tudo fazia sentido. O fim e ao mesmo tempo um novo começo. Novo. De novo!

É assim que me sinto. Chegando de novo e agora com duas vantagens que não tinha naquele dia 14 de setembro de 2006 quando aqui chegamos: a cidadania e a experiência e, acima de tudo, a vivência de cinco anos no país. Ah, que diferença isso faz! E com a conclusão de um projeto outros se fazem necessários e já estão sendo pensados e colocados em prática. Entretanto, carrego agora comigo o peso, a responsabilidade e o privilégio da conquista da cidadania canadense. Ainda não parece real. E esse é um dos motivos pelos quais eu fotografo, assim acredito no que vejo quando tudo parece uma obra de ficção orquestrada pelo destino e pelo livre arbítrio.








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13.7.11

Desigualdade de renda

Os ricos estão ficando mais ricos. Os pobres e a classe média estão perdendo território, digo poder de compra. Cenário bem conhecido dos brasileiros não? Entretanto, estou falando do Canadá. Sei que o Brasil de hoje já avançou bastante no quesito dar mais acesso aos menos favorecidos e isso deve ser realmente comemorado, mas por décadas o país (Brasil) vivenciou o que, na minha modesta e não especialista opinião, pode acontecer de pior para um país: a enorme distância entre a renda dos que ganham mais e a dos que ganham menos.

Digo e repito, não sou economista nem tampouco especialista em ciclos econômicos de poder (leia-se renda) mas parece que a nova ordem mundial é crescimento econômico acelerado (o que também não deixa de ser preocupante do ponto de vista econômico) e aumento de poder aquisitivo aos países subdesenvolvidos (taí o BRIC que não nos deixa mentir) e desaceleração econômica e aumento do intervalo na renda dos países desenvolvidos, ou seja, uma maior distância entre a renda dos que menos ganham para os que mais ganham no país.

O Conference Board of Canada soltou hoje um relatório dizendo justamente isso e para quem interessar pode ler a notícia na íntegra aqui. Fiquei muito triste ao ler o que, na prática, já venho observando por aqui, especialmente entre os imigrantes, que tendem a ser aqueles que mais "frequentam" a linha dos que possuem menos, ao menos em seus primeiros (muitos) anos por aqui. Embora, outro relatório tenha lembrado que 30% das pessoas mais ricas do Canadá nasceram fora do país. Ótimo, mas não confundamos alhos com bugalhos já diria sei lá quem:)

Elementar meu caro, em um país formado por imigrantes a grande maioria não nasceu aqui então fica relativamente fácil encontrar esses 30% em uma amostra tão grande. Depois de algumas décadas no Canadá aqueles mais empreendedores, por dom ou necessidade mesmo, acabam fazendo parte da camada mais rica. Já os nascidos aqui ( a chamada segunda geração), como meu pequeno Arthur, ainda tem um tempinho para participar da população economicante ativa do Canadá.

Mas e o resto? E a grande maioria? Essa perdeu poder aquisitivo. O relatório observa que, entre 1976 e 2009, a renda média canadense cresceu apenas 5.5% de $45.800 para $48.300 e, no mesmo período, o espaço entre os 20% que ganham menos e os 20% que ganham mais aumentou de $92.300 para $177.500, a prova de que a renda está cada vez mais sendo desigualmente distribuída.

Não dá para comparar Brasil com Canadá nesse quesito pois ambos possuem realidades e história bem diferentes, entretanto, fiquei muito triste ao ler a notícia porque já vivi a realidade de um país onde os que tem menos tem muuuuuito menos que os que tem mais e sei que o cenário não é nada bonito. Aqui no Canadá esse "muito" ainda não é tanto assim mas de qualquer maneira, independente do país, essa notícia vai ser sempre muito triste para mim. Deveria ser lei universal, nenhum país no mundo deveria ter esse tipo de problema. Falou a Pollyanna dentro de mim:)





26.6.11

Cidadania canadense: a cerimônia


Estou sem palavras! E olha que não me lembro a última vez em que isso aconteceu! É real. Vamos fazer o juramento à Rainha, no dia 19 de julho, durante a cerimônia para receber a cidadania canadense.

E já que as palavras faltam de tanta felicidade, vou apenas copiar abaixo o "timeline" (mais conhecido como linha do tempo) do processo todo para que os futuros candidatos a cidadania canadense tenham uma idéia da cronologia dos fatos. Demos entrada no processo no dia 19 de julho de 2010 e um ano depois, dia 19 de julho de 2011, vamos receber a cidadania. Uma coisa é fato: eu vou chorar! Depois passo aqui para contar. Por enquanto fica a cronologia do nosso processo e a deliciosa sensação de mais um ciclo fechado na saga da imigração. Pronto, agora o Arthur não vai mais ser o único canadense aqui em casa:)


We received your application for Canadian citizenship (grant of citizenship) on July 19, 2010.
We sent you a letter acknowledging receipt of your application(s), and a study book called A Look at Canada on July 19, 2010. Please consider delays in mail delivery before contacting us.
We started processing your application on March 23, 2011

Your file was transferred to the St. Clair, Citizenship & Immigration office on April 20, 2011. The St. Clair, Citizenship & Immigration office will contact you if additional information is required. The St. Clair, Citizenship & Immigration office will contact you regarding your citizenship test once all the necessary checks on your file are complete.
We sent you a notice on May 10, 2011 to appear and write the citizenship test on May 24, 2011 at 1:00 PM. The notice you will receive by mail will be your official confirmation of your appointment. If you have not received this notice prior to the date of your scheduled appointment, please contact us. If we have sent the letter to the wrong address, pleasecontact us.

We sent you a notice on June 16, 2011 Canada to appear and take the oath of citizenship at the citizenship ceremony to be held on July 19, 2011 at 8:15 AM. The notice you will receive by mail will be your official confirmation of your appointment. If you have not received this notice prior to the date of your scheduled appointment, please contact us. If we have sent the letter to the wrong address, please contact us.

19.6.11

As duas pontas da vida

Naquela manhã de quarta feira eu voltei para casa pensando em como as crianças e os idosos são seres que estão em outro patamar. Bem mais próximos de Deus do que todos nós que já não somos mais crianças e ainda não somos idosos. Quando saí de casa pela manhã nem sequer imaginava que iria experimentar uma das mais ricas e restauradoras experiências da minha vida desde que aqui cheguei em terras canadenses.

O que era para ser apenas mais uma manhã de atividades com o meu filho se tornou um remédio para a alma. Seria a primeira vez que iriamos àquele centro. Até então frequentavamos, eu e meu querido filhote, todos os programas da biblioteca e do centro comunitário. Entretanto, o da biblioteca havia terminado e só voltaria após o término do verão, então fui atrás de outro. E uma busca no Google me levou até lá.

O lá era próximo. Muito próximo de casa. Questão de passos largos e, em 10 minutos, eu estava lá. Logo na entrada, estavam os vovôs e vovós canadenses do Arthur (sim, porque depois dessa experiência voltamos lá toda semana) para nos receber com um largo sorriso e brincadeiras com o Arthur. Lá dentro, em uma sala, nem tão grande que intimidasse e nem tão pequena que não fosse aconchegante, um grupo de mães e seus pequenos brincavam e conversavam, orientados por uma coordenadora do programa, como se estivessem em seus lares. A atmosfera era de puro entrosamento.

Comecei a conversar com as mães, enquanto o Arthur explorava os livros e brinquedos espalhados pelo chão, e fui percebendo que aquele grupo se reunia há anos! Uma estava lá desque que o filho mais velho de 3 anos nasceu, outra há cinco anos...O grupo, que se reunia em outros locais, agora segue a coordenadora e viaja quilômetros para se encontrar uma vez por semana.

Passados uns dez minutos ali, naquela atmosfera já muito agradável aconteceu a magia. Começaram a chegar, um a um, em suas cadeiras de roda ou andadores, os vovôs e vovôs canadenses do Arthur. Enquanto isso as atividades seguiam seu rumo, teve música, brincadeira, lanchinho, tudo como em uma escolinha. E os vovôs e vovós começam a interagir com o meu filho. Fiquei de canto, um pouco afastada dele, só vendo tudo anestesiada pelo remédio que a minha alma estava recebendo!

Uma das vovós só faltou colocar o Arthur no colo, brincava com ele e ele respondia com sorrisos e sinal de jóia para ela. Enquanto as outras crianças brincavam com os brinquedos, meu filhote se divertia com os vovôs e vovós e eu recebia um banho de acalanto e uma sensação deliciosa e quase mágica de puro prazer!

Que idéia simples e ao mesmo tempo tão genial! Colocar um programa para crianças para funcionar dentro de um asilo! Colocar em contato as duas pontas da vida (o início e o fim) parece fazer o tempo parar e tudo ficar pequenino! Quanta sabedoria no olhar de um idoso e quanta sinceridade nos olhos de uma criança! Pronto, a mistura perfeita para dar um remédio para a alma daqueles meros mortais, assim como eu, que estamos no meio do caminho tentando manter a sinceridade e a pureza da criança e adquirir a sabedoria do idoso!

Ponto para o governo de Ontario que traz qualidade para os programas desenvolvidos pelo Ontario Early Years Centres e ainda tem essa sacada de colocar um de seus centros para funcionar dentro do asilo.

13.6.11

Vovô Paulo



Com a proximidade do dia dos pais aqui no Canada (19 de junho) resolvi colocar esse vídeo do meu filhote para homenagear o meu pai querido lá no Brasil!

A todos os pais desse mundo a minha mais sincera homenagem e, em especial, o meu muito obrigado a dois homens muito importantes e que me deram os dois bens mais preciosos que possuo: um deu a minha vida (obrigada pai) e o outro me deu a vida do meu filho (valeu marido)!

Marido e Pai vocês são especiais!
Nós te amamos!
Paula e Arthur.

25.5.11

Cidadania canadense: o exame

Terça-feira que passou não foi uma qualquer. Marido e eu demos mais um importante passo em direção ao sonho de uma vida! Fizemos o exame para a cidadania canadense. Duas semanas antes, na minha caixa de correio, o envelope do departamento de imigração e cidadania do governo canadense me dizia que havia chegado a hora!

Aquele envelope eu não abri. Eu o destruí tamanha era minha ansiedade em ler o que ali dizia: " Notice to write the citizenship test" dizia o dito cujo. Uma hora da tarde do dia 24 de maio de 2011, prédio do governo canadense na St. Clair, centro de Toronto, eramos eu, meu marido e mais ou menos uns 50 e tantos candidatos à cidadania canadense.

Carteiras de grupo escolar e, à nossa frente, a mesa dos examinadores. Eram três: a sorridente moça dos cabelos longos e dentes tão brancos que seu sorriso não passava desapercebido, o muito educado moço careca que daria todas as instruções e uma outra não menos simpática e educada cidadã.

"Somos dois grupos hoje aqui..." Iniciou o moço careca enquanto eu não conseguia parar de pensar que era verdade! Sim, eu estava ali! "Um grupo das pessoas com mais de 55 anos de idade que serão chamadas primeiro para a conferência dos documentos e não precisam fazer o exame", prosseguia ele. "E outro de 18 a 54 anos de idade". Com isso deu-se inicio o que só terminaria as 3:30 da tarde.

Nunca estive tão feliz em esperar para cumprir uma tarefa. E a espera acontece devido a checagem de todos os documentos e a pequena entrevista que acontece individualmente, começando pelo grupo dos mais velhos. Uma vez checado os documentos de todas as pessoas na sala, processo que foi da 1 da tarde até as 3, dá-se início ao teste em si.

A prova é composta de 20 perguntas das quais precisamos acertar 15 em trinta minutos. Não é feita no computador mas sim com um livrinho de folhas de sulfite com as perguntas e você transfere as respostas para uma cartela semelhante a dos vestibulares (aquelas de pintar bolinhas com o lapis sabe?).

Para quem já mora no Canadá há mais de três anos (requisito mínimo para dar entrada ao pedido de cidadania), assiste TV e ou lê jornal, além de ter lido o study guide não deve ter grandes dificuldades na prova. Além disso, os simulados online como esse aqui ajudam a praticar um pouquinho se achar necessário.

Fora isso, é fazer o exame, esperar a carta verde (a que recebemos para convocar para o exame é pink e a de aprovação é verde) e ser convocado para a cerimônia de entrega da cidadania. Segundo o examinador, a carta deve chegar em no máximo dois meses. E é isso que estou fazendo agora, esperando a carta verde.

Lembram do moço careca? 3 e 20 da tarde quando eu entregava a minha cartela de respostas e já me preparava para sair ele vira para mim e susurra (para não atrapalhar o povo que ainda fazia o exame) "Então quer dizer que você é brasileira! Você sabe fazer pão de queijo?" Digo: "Sim, mas como você sabe?" Vira o simpático moço careca e responde: "Sou português e adoro pão de queijo"..

E assim foi minha grata experiência ao fazer um dos testes mais importantes, mas nem por isso um dos mais difícieis, da minha vida! E que venha a carta verde!



13.5.11

caderno, estojo e caneta na mão.

Estojo? Caneta? Caderno? Ok pessoal, eu sei que em plena era digital em que estamos todos conectados aos nossos laptops, notebooks e smartphones eu devo ser um dos poucos seres estranhos que, ao ir para a escola, adoro meu estojo (de preferência cheio de canetas coloridas) e meu velho e bom caderno!

Claro que tambem fui pega pelo bichinho das redes sociais e dos smartphones (esse e um capitulo a parte que vai render outro post)! Mas não ao ponto de abandonar meus queridos caderno e estojo colorido para ir a escola. Mas espera um pouco...Ir para a escola?

Criar um filho, cuidar da casa, do marido, do corpo, do lazer e ainda nas horas vagas escrever por puro deleite ja não esta mais do que suficiente para me manter ocupada? Aparentemente não e la vou eu para a escola de novo. Começo meu curso em 2012 então mais para frente conto mais detalhes por aqui pois esse vai ser meio que um divisor de aguas na minha saga "imigrante tentando achar o seu caminho em meio a PEA (vulgo população economicamente ativa) " episodio 1289.

Por hora passei para dar a dica de uma excelente ferramenta para quem vem para o Canada e quer fazer um "college". Melhor dizendo para quem vem para a provincea de Ontario. O portal Ontario Colleges vale muito a pena mesmo que seja apenas para estudar as alternativas e entender o sistema dos colleges que por aqui sao muito famosos e valorizados.

Outra boa fonte para entender melhor o sistema (inclusive no item ajuda financeira para estudar) e o site do Ontario Ministry of Training, Colleges and University. Lembro de quando cheguei por aqui nos idos de 2006 e, pela primeira vez, fui procurar o meu primeiro curso em terras canadenses. Fiquei um bom tempo so tentando entender como funcionava o sistema.

Ok pessoal. Ambas as ferramentas sao online e acesso pelo meu laptop ou ate mesmo via meu "smartphone". Sou muito online sim e adoro o que a internet fez com nossas vidas. Ainda assim, na hora de anotar o que o professor diz, não dispenso o meu bom e velho caderno e minhas canetas coloridas! Então caderno, estojo e caneta na mão e vamos estudar!

*PS - o acento agudo do meu teclado desapareceu! Que aflição escrever assim mas o dia que ele voltar corrijo o texto.










18.4.11

Centros Comunitários

Lá se vão quatro anos e meio vivendo no Canadá e sempre morando bem pertinho dos Centros Comunitários (os "community centres" como eles chamam aqui:)! Percebi que não consigo mais morar longe dessas maravilhas que são um verdadeiro complexo de biblioteca, piscina, salas de ginástica e muito mais.

Há três semanas nos mudamos de Toronto para Mississauga e, ao procurar a nova casa, coloquei como prioridade ter um desses centros à uma distância que eu possa ir à pé de casa. E assim o fiz! Os últimos quatro anos morei a cinco minutos à pé do North York Civic Centre que virou minha segunda casa! Mesmo antes de o Arthur nascer eu não saia de lá tanto para atividades como palestras quanto para biblioteca. Depois que o Arthur nasceu então passava mais tempo lá do que em casa mesmo!

Mudei de casa, de cidade mas não de estratégia. Hoje estou à dez minutos à pé do Erin Meadows Community Centre. E novamente minha segunda casa. É lá que levo o Arhtur toda semana para o "Storytime" , é lá que empresto livros, vou à biblioteca, levo o Arthur para a natação e é lá que faço as minhas aulas de Cardio Kickboxing, encontro pessoas, faço amigos.

E o melhor de tudo é que faço tudo ou por um preço bem acessível ou gratuitamente como acontece com várias atividades. E a qualidade das instalações e dos programas é garantida! Não é para se apaixonar? Eu mudo de endereço mas os centros comunitários vão comigo para minha felicidade!

31.3.11

Pão Francês

Não acreditei. Fiquei perplexa. Passada mesmo, acho que de tanta felicidade e cansaço ao mesmo tempo! Cansaço porque aquele era nosso primeiro sábado (digo dia) na casa nova e eu só fazia desempacotar mudança (ainda estou fazendo mas bem menos). Felicidade porque o marido trazia da rua o meu amado, delicioso, gostoso e imbatível Pão Francês!!!!

Naquele dia faltou apenas a mortadela no meio dele (o meu querido pãozinho) mas foi queijo branco mesmo e eu me ludibriei dizendo a mim mesma que era mais saudável. Ok, saudável mas não mais gostoso. Enfim, quando dei a primeira mordida o meu paladar quase não acreditou que estava de fato comendo um verdadeiro pão francês, não um fajuto como muitos que já vi por aqui.

Aquele mesmo, sagrado de toda manhã e que, desde que nos mudamos para o Canadá, perdeu lugar para o famijerado pão de forma, que tem lá seu charme mas nunca vai chegar perto de um real e legítimo pão francês. Esse sim, vai bem com tudo!

E quando pensava que minha felicidade estava completa o marido me traz a informação que ao atravessar a rua, em nosso novo endereço, há uma padaria de verdade! Não um Tim Hortons nem um Starbucks, uma P - A - D - A - R - I - A! Coisa dos Portugueses que aqui habitam graças a Deus!

O nome do paraíso na face da terra? BRAZIL BAKERY:) Eu sei, engraçado mas não importa. Aliás se pararmos um pouquinho para pensar vamos perceber que o conceito da padaria brasileira foi mesmo trazido pelos Portugueses, então no frigir dos ovos as padarias brasileiras são na verdade de origem portuguesa, mas como disse não vamos brigar por isso vamos é aproveitar que depois de tanto tempo vou poder abandonar o famijerado pão de forma e voltar para o meu lindo, delicioso e tudo de bom pão francês . Bom sem contar nas coxinhas, nos bolinhos de bacalhau e nos diversos outros tipos de pães que há ao meu alcance agora.

Tudo bem vai, acho que isso de ter padaria de verdade do outro lado da rua não vai prestar. Só não estou mais preocupada porque agora tenho lances de escada para subir e descer o dia todo e um filho de um ano e 3 meses que mais parece uma maquinha de sugar energia da mãe dele! Então tá tudo certo:)

Detalhe, quando viemos ver a casa para alugar nem sequer percebi que havia esse oasis do outro lado da rua!

18.3.11

Não entendo.

Lendo a Macleans da semana passada me deparei com uma matéria interessante e que diz respeito à realidade de muitos imigrantes. Aliás, tudo fica mais curioso quando nós mesmos somos objeto de observação. Não acham? Sempre que leio algo sobre o assunto, o faço com mais propriedade e me sinto melhor preparada para chegar a uma conclusão, uma vez que eu mesma sou uma imigrante.

Na realidade, a matéria em questão fala sobre pessoas que se casam com alguém de nacionalidade diferente da sua e que, por razões óbvias, decidem morar no mesmo país do cônjuge. Ilustra o caso de uma britânica que resolveu vir morar no Canadá para ficar ao lado do noivo canadense. Tudo bem que essa não é exatamente a minha realidade, pois meu maridinho é "made in Brazil" mesmo:) mas o que achei interessante compartilhar, principalmente com aqueles que estão chegando (independente de casados com canadense ou não), é a história da britânica que, advogada em seu país de origem, aqui só conseguiu até hoje ser recepcionista de um escritório de advocacia.

Não há demérito nenhum nisso, mas o ponto que gosto sempre de enfatizar é que o fato de ser casada com canadense, e, principalmente ter um inglês fluente (inquestionável no caso de uma britânica) não lhe garantiu o emprego no nível que ela imaginava e-ou merece. Como ela mesma cita na matéria, na época que chegou o que o Canadá precisava mesmo era de motoristas de taxi e "dançarinas exóticas (ops)". Tá já sei, ela é advogada e precisa estudar as leis canadenses blablabla... ok precisa sim, mas a ferida é muito mais profunda que isso e esse é só um exemplo "meigo" comparado a outras realidades bem mais duras.

Digo e repito não para desencorajar ninguém mas sim para dar forças. Até porque, não raras vezes, os recém-chegados sentem-se depreciados por conta do inglês que falam ou até mesmo em razão das "lavagens cerebrais" que são maquiadas em meio aos cursos oferecidos (pelo governo) ao imigrante e que fazem muita gente boa se sentir depreciada ao chegar aqui. Mas isso é assunto para uma série de posts que pretendo fazer um dia...Apesar de eu não ser mais uma recém-chegada há coisas que vivenciei quando aqui cheguei que faço questão de registrar um dia para ajudar outros a entender melhor o "sistema".

Saber do real cenário significa ter mais ciência do que está fazendo e mais forças para lutar. Afinal, como sabiamente escreveu Clarice Lispector: "Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras..."

Sempre achei , e continuo achando, que mais transparência por parte das instituições canadenses no que o imigrante, em sua grande maioria, vai de fato encontrar quando chega não machucaria ninguém! E matérias como essa, ainda que pontuando casos mais específicos, acabam dando uma pequena idéia do que realmente acontece. Pequena. Até porque parafraseando Clarice Lispector novamente: "...Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais, mas pelo menos entender que não entendo..."

10.3.11

Mudança à vista.

De repente me vejo rodeada de caixas por todos os lados. Dia desses quase perdi meu filho em meio a tantas caixas:) Os tiozinhos que descarregam as frutas e legumes no mercado da vizinhança já ficaram meus amigos. Todo dia apareço por lá e pego 4 caixas com eles. É o que consigo carregar, além do carrinho e do Arthur:) De grão em grão...

Ontem o meu filho parecia um retirante voltando para casa. Era caixa por todos os lados do carrinho dele, oh dó! Há uns dias que, ao chegar por volta de oito horas da noite, sinto meu corpo todo reclamar. Parece que carpi o dia todo na roça de tanto que tenho trabalhado por aqui. Afinal apesar de já ter me mudado algumas vezes, essa é a primeira que me mudo com um pequenino junto. O trabalho físico é dobrado mas estou feliz, muito feliz! Como nunca estive... Vamos nos mudar!

Dezenove de março é o dia ! Dormiremos inverno, acordaremos primavera. Quão romântico, inspirador e renovador é isso? Essa não é uma mudança qualquer. Não apenas uma mudança física, de um prédio para uma casa. Trata-se de mudança de espírito, de luz, de energia. Afinal, após 15 anos morando em apartamento vou finalmente voltar para uma casa!

Que delícia! Vamos morar em uma daquelas casas dos filmes que eu assistia quando menina e sempre dizia ao meu pai que quando crescesse moraria em uma delas. Em meu imaginário de menina as casas que via nos filmes americanos (sem muro e sem portões) representavam toda a liberdade que habitava o meu ser. Eu cresci, casei, imigrei, gerei um sonho (meu filho), tenho saúde e uma família linda! O que mais posso querer? Que cada um que me lê agora, ou melhor, que cada ser que habita o planeta terra, sinta a mesma felicidade que estou sentindo. Apenas isso.

Ah, vamos morar em Mississauga, em uma casinha honesta e compacta (do jeito que eu queria, afinal sou eu mesma quem faço a faxina:) nessa região aqui.

22.2.11

Quarta melhor do mundo

Há quatro anos e meio adotei Toronto como a cidade do meu coração, a minha cidade. Assim como havia aprendido a amar São Paulo, com seus problemas e encantos, aprendi a amar Toronto também com suas belezas e desafios.

Adotar uma cidade e aprender a amar o lugar onde moramos é algo que nem sempre acontece da noite para o dia. Agora que fica mais fácil quando moramos na quarta melhor cidade do mundo, segundo levantamento do Economist Intelligence Unit, ah isso fica! Toronto aparece em quarto lugar perdendo apenas para Vancouver, também no Canadá, Melborne e Viena.

O interessante é observar que das 10 primeiras colocadas, 7 são cidades da Austrália e do Canadá e ambos são os únicos países no mundo que possuem um programa oficial de recrutamento de imigrantes mundo afora. Deve ser por isso que nós imigrantes abrimos mão de tanta coisa e encaramos tanta luta (porque não é fácil se estabelecer em outras terras), ou seja, em nome de toda essa qualidade.

É, parece ser uma troca que tem dado certo. Os governos (no caso da Austrália e do Canadá) entram com as melhores cidades para se viver no mundo e nós imigrantes entramos com muito suor, sangue (sim, porque literalmente damos o sangue para nos inserirmos na sociedade escolhida) , lágrimas e....o privilégio de viver em uma dessas cidades com muita qualidade de vida.

Parabéns Toronto! Parabéns Canadá!

16.2.11

Prazo de validade vencido

Venceu o meu prazo de validade para morar em apartamento. É gente! A sua lata de sardinha e o seu pão não possuem data de validade? Nós também...bem, eu pelo menos tenho e o meu venceu, expraiu, expirou, enfim acabou mesmo!

Na verdade não é de hoje que venceu o meu prazo para morar em apartamento, mas antes de ter filhos (e no meu caso um filho muito ativo e moleque graças a Deus) vamos adiando, adiando, adaptando, "gambiarrando" (gerundio para a ação de fazer gambiarras:) O bom e velho empurrar com a barriga. E quando você mora onde moramos há quatro anos aí sim que você vai adaptando mesmo. O lugar vale o sacrifício!

Moramos no paraíso dos pedestres! Explico: moro em uma região onde tudo, mas absolutamente tudo mesmo está ao seu alcance a pé, sem precisar de carro (o que para mim é o paraíso)! Ah, se há alguma coisinha que vc precisa fazer e que não está aqui aos seus pés, há duas (eu disse duas) estações de metrô a cinco minutos à pé! Ou seja, é o paraíso para quem, como eu, detesta depender de carro para fazer tudo e adora caminhar! Paraíso caro é verdade, mas o paraíso. Paraíso onde espaço é luxo! E eu preciso de espaço, meu prazo venceu gente!

Para se ter uma idéia do que estou falando, dê uma fuçada no Walk Score (um site muito legal que descobri agora nas minhas pesquisas por casa para morar). O site mede a "walkability" (ou seja, o quanto você pode fazer tudo à pé ou não) de um endereço. A ferramenta é muito útil para procurar um novo endereço para morar. E para o meu atual endereço ele dá "Walker's paradise", em uma escala de 0 a 100 o meu atual endereço alcança 97! E é de fato o paraíso nesse sentido.

Bem mas chegou a hora de trocar o paraíso do pedestre por mais E-S-P-A-Ç-O porque senão daqui a pouco vamos ter que sair do apartamento, eu e o marido, para o Arthur morar sozinho com toda a tralha que acompanha uma criança:)

No momento estou naquela parte chata de procurar uma casa para morar mas ja já acho nosso novo canto e claro que sei que vou trocar o paraíso do pedestre por algo um pouco mais dependente do carro (afinal a cultura da américa do norte é muito centrada no carro então não há como fugir muito disso se quiser morar em casa dentro do seu orçamento por aqui). Mas há sim como achar o meio termo e eu estou encontrando isso em Mississauga que ainda de quebra vai ficar bem mais perto do trabalho do marido. Tenho visto casas por lá onde chego em uma escala de 57, 60 no Walk Score, o que dá algo como "somewhat walkable" pagando o mesmo aluguel do nosso apartamento aqui com muuuuito mais espaço!

Enfim, e dá-lhe pesquisa, dá-lhe andanças... pois até o final de março vamos mudar e eu não vejo a hora! Já sei gente, vou tirar neve de frente da calçada, vou ter mais espaço para limpar mas vou também ter mais armários, quintal , jardim, horta e tudo que tiver direito e que já estava com muuita saudades desde que saí de uma casa, no interior de São Paulo, para ir para faculdade na "capitar" e onde começou a minha longa estrada de morar em apartamento. Afinal são 15 anos morando em apartamento para agora, finalmente, voltar às origens e curtir muito o meu novo momento casinha, maridinho e filhinho com um quintal para cuidar! Estou muito feliz e queria dividir esse momento com todos. Assim que achar a minha casinha volto aqui para contar. Agora embora pesquisar.

31.1.11

Voltei

Após uma temporada literalmente fora do ar, volto para o meu querido blog. Estive fora uns dias é verdade, entretanto, estava eu vivendo momentos deliciosos, marcantes e especiais de nossas vidas junto de pessoas muito queridas em um momento chamado férias!

Teve férias no Brasil com direito a batizado do Arthur, festa de aniversário de um ano do meu filhote, passeio em parque aquático, casa de vó, pastel, chuva tropical, torrencial, humidade extrema do ar, calor quase impraticável, filho com pipocas na pele de tanto transpirar e mãe doente por conta do calor, mas teve também muito aconchego, filho feliz em meio a tantos tios, primos, vovôs e vovós...

Teve comilança, quebra de rotina, festa, bate papo, café da tarde na tia, mergulho na piscina do cumpadre, filho aprendendo a falar GOL de tanto que o vô assiste canais de esporte, presença de amigos queridos e de longa data, riso, choro (de emoção no batizado do filhote)... Enfim, de tudo um pouco!

Há uma semana voltei para casa. Ah, que bom voltar! Sempre digo isso e repito, passear, viajar, férias, casa de mãe, tudo isso é muito bom sempre, mas voltar para casa é melhor ainda! Sempre achei também que as férias, ou qualquer outro período sabático que queira, servem justamente para valorizarmos mais ainda nosso estilo de vida, nossa rotina. Ah, a minha rotina que bela companheira é ela! Gosto de quebrar de vez em quando claro (e para isso servem as férias) mas voltar e reestabelecê-la (a senhora rotina) não tem preço!

Então, em sendo esse o primeiro post de 2011 aproveito para desejar um feliz ano para todos que me leem e desculpar a ausência longa mas eu estava muito ocupada quebrando a minha rotina:) E agora que ela se reestabeleceu, fica bem mais fácil voltar aqui e escrever, pensar, divagar, contar, concluir ou apenas desabafar!

Um excelente ano a todos que me leem!