14 de setembro de 2006, por volta de sete horas da manhã no aeroporto internacional Pearson em Toronto, Canadá. Duas pessoas, quatro malas e o frio na barriga do aeroporto de São Paulo só fez aumentar. É real, ou melhor, surreal! Agora estávamos em solo canadense. Quanta coisa ainda estaria por vir! Boas, ruins, reais, surreais, tristes, felizes, amargas, frustrantes, desgastantes, impactantes, consternantes, maravilhosas, surpreendentes e a lista segue... Tudo veio mesmo e a uma velocidade desconcertante! Muitas vezes tudo ao mesmo tempo.
Como disse na primeira parte da série, deve ser essa a beleza de tudo e deve ser também esse o tipo de experiência que almas desapegadas buscam quando deixam a sua terra. Aliás, ninguém deixa. Nada deixa. Tudo é tão impermanente nessa vida que nada fica. Ilusão achar que deixamos algo ou que temos algo. Nada em essência material fica. Ficam os momentos vividos, mas nem esses devem ficar tão fortemente guardados dentro de nós a ponto de valorizarmos o saudosismo. Sigamos em frente. Para onde vou? Só deus sabe, diria o caboclo.
Frio? Idioma? Comida? Distância da família? Lembro-me como se fosse ontem quando cada um que sabia do que estávamos prestes a fazer me perguntava. Imagina! Quatro anos depois, sei que frio se aquece, idioma se estuda, comida se adapta e distância se encurta com imaginação, carinho no coração e com a ajuda do skype e do avião de vez em quando é claro. Isso tudo é o de menos. O negócio é que a experiência de expatriado é tão profunda que altera sua alma, seus valores, seus conceitos. Inquieta eu diria.
Há um provérbio checo que diz "aprenda um novo idioma e adquira uma nova alma". Muito verdadeiro se apenas você ficasse na sua terra estudando qualquer que fosse o idioma em uma escola particular qualquer. Agora imagine viver em uma outra terra! Se aprender um outro idioma traz uma nova alma, viver em outra terra traz essa nova alma à vida!
Eita, já divaguei demais! É que essa semana estou fazendo uma retrospectiva e com isso vem a divagação:) Eis o segundo slide das 300 imagens selecionadas da saga. E para não perder o hábito de reverenciar meu eterno ídolo Arnaldo Antunes eis uma de suas pérolas criativas que eu mais gosto: "tudo isso vem, tudo isso vai... pro mesmo lugar de onde tudo sai..."
4 comentários:
Pq toda vez q leio um post seu tenho vontade de chorar? Nao sei se é o tema... se pq estou no começo do processo... se é pq sei q vamos passar muitas coisas q vcs passaram ou se vc é poeta mesmo....rsrsrs Mas dá vontade de chorar.
Parabens pelos 4 anos!
Paula, adorei a retrospectivas de fotos. Eh... esses momentos de divagação são necessarios para prosseguirmos.
beijos, Shirlei
Fantástico. Emocionante.
Cheers,
Der Doppelgänger
http://canadasaga.blogspot.com/
Paula, Paulinha.... chorei ao ler este post, sou uma mãe de filha unica que esta morando em Toronto há 15 dias. Li o Estadão que vc postou e li os comentarios, meu coração ficou apertado qdo soube as dificuldades, ou seja a tal experiencia canadense e bla bla bla das dificuldades, mas me reconfortei ao ler este seu post, qdo vc diz: tudo é tão impermanente nessa vida que nada fica, ilusão achar que deixamos algo.... QUE SABIAS PALAVRAS, vc tem o dom da palavra... Adoro vc mesmo sem te conhecer. Minha filha tem um blog gostaria que vc desse uma olhadinha se possivel... INDOMAISPRONORTE.BLOGSPOT.COM .
Um beijo e fique com Deus.
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