15.8.11

A Pá

Como de costume, ao menos até que o verão no hemisfério norte termine, mãe e filho brincam na areia do parquinho no fundo do quintal de sua casa. O ritual diário, seguido há quatro meses , já rendeu muitas amizades para o pequeno Arthur e sua mãe que parece pertencer ao mundo infantil. Ela (a mãe do Arthur) acha até que deveria tirar o sustento desse prazer mas isso já é assunto para um outro post.

Na casa da coruja de porcelana que faz o pequeno Arthur parar todos os dias para falar oi e tchau para a "cocuja", moram as gêmeas Ema e Meredith (as primeiras melhores amigas do Arthur) que do alto de seus onze anos se encantam com o Arthur e funcionam como líderes do território dividido pelos pequenos vizinhos. Além delas há mais uma dúzia de crianças e cachorros. Aliás, mamãe Paula dia desses se deu conta de que sabe o nome de todas as crianças e cachorros da rua mas não sabe o nome dos pais das crianças nem dos proprietários dos cães. Talvez porque o horário de trabalho da mãe Paula seja o mesmo das crianças e o "escritório" o tanque de areia.

Dia desses o cenário do escritório de areia, digo do tanque de areia, mudou! Um bando de 4 crianças novas na vizinhança chegou por ali. Arthur e Paula, como de costume, foram logo se enturmando. Coversa vai, conversa vem, todos muito concentrados em seus afazeres de cavar e construir castelos de areia quando o pequeno Arthur chega para a pequena (canadense filha de indianos) que usava uma pá e diz : "A pá"!

A pequena mais do que espantada diz: "A pá" é o nome do meu pai! A mãe Paula usa de todos os recursos psico-neurológicos de que tem conhecimento para segurar a gargalhada e respeitar a multiculturalidade em que habita, respira fundo e diz: "A pá" é como chamamos esse objeto que você está usando em Português. A pequena faz uma expressão de "como isso é possível" e segue executando seu projeto na areia.

Portanto, se você mora aqui no Canadá e de repente ouvir no escritório alguém pedindo "A pá" já sabe que é um dos seus colegas indianos que está sendo requisitado. Isso que dá morar por essas bandas! Ao menos encontrei um nome Indiano que sou capaz de pronunciar:)




3 comentários:

leslie disse...

Adorei esse seu novo modo de escrever. Já estu até vendo seu livro de contos... bjs amiga

Diário Canadá Brasil disse...

kkkkkkkkkkkkk, adorei.
Abraço,
Diariocanadabrasil.blogspot.com.br

lizete disse...

Rsrsrs.. Mas você não é fácil mesmo heim? Perfeita colocação! Aliás , como mãe , você também , está genial! Parabéns , meus amores.Beijos.. beijos....