Toronto May, 2009
Ref: Waiting for the outcome – immigrant co-op programs are not delivering as they promise.
I do not have any quarrel with the fact that a lot is being done to enable the new immigrant to settle down smoothly. I do think the Canadian government is quite earnest to do something constructive in this direction. The amount of funds allotted to various immigrant settlement agencies is huge and, in fact, this has become a thriving industry now, but precious little comes out of it.
For the past two years and a half, since I landed in Canada and started navigating the complex and disconnected system in place to support newcomers in their long journey through the Canadian market place, I have been witnessing an accountability issue when it comes to the way the system approaches newcomers. In almost 3 years, I have been to 3 different programs targeting newcomers: NOW (Newcomer Opportunities for Work - October 2006), CanEx Co-op Program - January 2007 and SLT Hospitality with Co-op Program - February 2009. In total, I spent 41 weeks attending job search seminars, orientation to Canadian workplace culture, resume critique. I also worked for free during six months in 2 different places.
Although I have seen so many mistakes in all places I have been, my last experience (SLT Hospitality with Co-op Program) was the worst ever regarding the lack of accountability towards newcomers. Since I already had an advanced level of English (ten years of studies and use before coming to Canada) but I was still out of the job market, when I joined SLT Hospitality with Co-op program, I was hoping, as its name and the flyers make newcomers believe, to start a co-op by the end of the course. It never happened and I was not alone. Unfortunately I have never been alone down this road. I write especially for the majority of newcomers who are still coming and won’t have a voice for years to come.
Another issue that deeply affects newcomers, emotionally wise, is how the volunteering word has been misused to make them even more confused when they arrive, especially the majority of those who are coming from countries where there is no such a thing as working for free in order to get their feet on the door. Still, they go and work for free, as I did, and nothing happens. Promises have been made. Promises are not being kept. Accountability is the main issue here. In my opinion, if the funds were not provided by headcount and rather by the measurement of the quality of the results (like the multinationals do) the accountability issue wouldn’t be there.
Although the list that follows is far from its end and the Hospitality with Co-op program was not the only place where I faced an accountability issue, I will briefly state what I have experienced there because it was my last attempt to be part of one of these programs:
· Lack of face-to-face meetings with the job developer. High turnover (we had 3 job developers in less than 3 months).
· The approach: it would be a good start if the agencies stopped treating us as
“clients” and started seeing and treating us as who we really are: highly educated professionals. The “speech” is there but not the action.
· Lack of transparency when it comes to analyze and communicate the real chances of securing a placement at the end of the program. (After more than 2 weeks of the end of the program nobody was given a clue about the possibilities of a placement).
· Huge gap between management and the “clients”, total disconnection with the real world of newcomers.
· The field trip (to a fancy hotel to impress) wasn’t tailored to the audience meaning the clients didn’t need to be part of the program to get that kind of tour.
· Nobody knows better than newcomers the importance of networking, especially because since they arrive in Canada they are forced to restart everything from scratch. So, the agencies don’t help immigrants by insistently repeating how important is to network. Instead, it would be more helpful if they actually helped newcomers through their network. That is why immigrants register for programs with co-op.
· Although newcomers know the importance of networking, it is very unclear and there are few registers or success stories about the agencies playing a formal role in the establishment of networks, focusing instead on teaching techniques for networking during the in-class component of the programs.
Despite a well-developed immigration policy, Canada lacks a more integrated and centralized policy that guides immigrants coming from all over the world and, with different needs. My experience as an immigrant trying to be part of the Canadian marketplace for the past two years and a half has proven that there was no shortage of efforts on my side and on other immigrants side. Rather, an increasing underutilization of the skills of newcomers – skills for which many were selected – is directly connected to a significant increase in poverty rates among new immigrants and their families. Therefore job market integration for newcomers remains a challenge and there is a continuing role for the provincial and federal governments to truly tell the world that Canada is a land where immigrants fully integrate social and economically. Getting immigration right has never been easy. But getting it wrong – the usual result of lurching from one expedient to the next – will mean a shrinking economy, a drop in living standards and a loss of vitality, which in fact is the last thing newcomers want to happen with the country they now call home.
Sincerely,
*Paula Regina Mazulquim
8 comentários:
Sempre fui contra esse negócio de trabalhar de graça, mas tive que fazê-lo por 3 meses. Só assim meu telefone começou a tocar. A grande barreira que o imigrante enfrenta é, na verdade, o círculo vicioso da falta de experiência canadense. Se você não a tem, não te empregam, se não tem empregam, você não consegue a dita cuja. Eu costumo dizer que o governo canadense abre as portas `a imigração, mas as empresas abrem apenas uma frestinha na janela. O despreparo das pessoas nesses cursos do governo também é outro fator importante. Como comentei em outro post, eles podem entender muito do mercado de trabalho canadense, mas não sabem nada sobre a realidade do imigrante. Quando fui ao Skills for Change pela primeira vez, ninguém sabia que technical writing era uma profissão existente no planeta Terra. Graças à Ana Célia, que me mandou umas vagas na RIM, eu pude confirmar o nome da minha profissão e dizer ao Skills for Change que eu não precisava mais de um resume de entry level na parte de data entry.
Penso em fazer alguma coisa no futuro para poder mostrar a realidade aos newcomers e ajudá-los em sua integração no mercado canadense.
Adorei a carta, "assino embaixo"!
Excelente post. Definitivamente um "eye opener" para quem ainda não chegou (o meu caso, por exemplo). Capturei duas partes do texto. 1) De que os programas de co-op se tornaram uma "thriving industry" e 2) A lei da oferta e procura (a frestinha) não ajuda em nada essa situação. O resultado dos dois fatores é a falta de "accountability" que a Paula constatou.
Der Doppelgänger
Pois é Jeanne! Se um dia concretizar algo na direção de ajudar newcomers pode contar comigo.
Casal Leslapin, na época em que escrevi essa carta estava juntando o famoso abaixo assinado e tinha conseguido mmmuuuuuuuitas assinaturas , mas aí por razões pessoas tive que dar uma parada nessa luta. Ontem senti vontade de recomeçar rsrsr..
Der Doppelganger, é essa a idéia mesmo! Ajudar o pessoal a chegar melhor informado e nunca desanimar quem vem!
Paula, essa carta é um apelo para o governo canadense abrir o olho. Acho que vc poderia manda para um dos jornais que tanto publicam notícias sobre a imigração no Canadá. Se a carta chegar ao governo por meio da imprensa eles certamente vão agir um pouco mais rapidamente! Conte comigo aqui no Brasil. Posso mandar essa carta para os jornais daqui tb para que, pelo menos as pessoas que estão sonhando em ir para o Canadá construir a vida, saibam um pouco mais da realidade. bjs
Paula, assino embaixo. É a mais pura e dura realidade do mercado canadense. E acho que o que mais desanima é perceber o quanto os canadenses estão atrasados em vários aspectos. Cansei de ver no RBC gente que simplesmente não sabe usar o excel! Sem a estupidez das empresas em ignorar nossa experiência internacional e nos tratar como recém formados. Beijos! Carol
Muito boa essa carta! Para acrescentar, vale a pena ler o estudo efetuado por um professor da universidade de British Columbia sobre um dos motivos pelos quais os novos imigrantes possuem grande dificuldade de adentrar no mercado de trabalho canadense (http://www.docstoc.com/docs/16132381/Why-Do-Recent-Immigrantsto-Canada-Struggle-in-the-Labour-Market). O pesquisador utilizou 6 mil CVs simulados (mocks CVs) e comprovou empiricamente que há discriminaçao em relação a estrangeiros no mercado de trabalho canadense. Em uma das amostras, ele encaminhou dois CVs, com as mesmas qualificaçoes, experiência profissional, etc, mas em um ele colocou um nome "branco" (John Martin) e no outro um nome "preto" (Zhang Long). Adivinhem qual CV obteve o maior número de call backs? E vejam bem, a diferença entre os dois CVs era apenas o NOME. Sinal de que, mesmo entre canadenses, aquele que possui um nome e sobrenome de "branco" tem mais chances de ser chamado para uma entrevista e conseguir emprego do que um canadense com nome e sobrenome de "preto" (i.e. estrangeiro).
Acho esse tipo de pesquisa importantíssima para acabar com o mito de que não existe preconceito ou discriminação no Canadá. E é importante também que futuros imigrantes saibam disso. Quanto menos fantasias e deslumbres em relação ao país, mais fàcil é o processo de adaptação.
Complementando meu comentário acima, vi uma reportagem da CTV (http://www.youtube.com/watch?v=zLEwNZ6qkms&feature=player_embedded) na qual uma autoridade de Ontario afirma existir um descompasso entre as vagas de trabalho efetivamente existentes e o sistema de pontos de imigração. De acordo com a autoridade da província de Ontário, há sim muitos postos de trabalho, mas são postos mais braçais (ex: motorista de caminhão, peão de obra, atendente de comércio, etc), ao passo que o sistema de imigração canadense procura recrutar pessoas com qualificação de ensino superior e que não possuem um perfil, digamos assim, "braçal". OU seja, um caminhoneiro ou um peão de obras brasileiros nunca passariam no processo de imigração canadense, nada obstante existirem diversas vagas de trabalho para eles aqui no Canadá. Curioso, né? O governo canadense faz um processo de recrutamento altamente elitista (sim, porque quem possui curso superior, fluência no inglês/francês e dinheiro para bancar todo o processo faz parte de uma elite no Brasil, na China ou na Índia.), mas a vasta e majoritária parte das vagas no mercado canadense é para "peão". Honestamente, me pergunto se esse descompasso é mera falha do sistema de recrutamento de imigrantes qualificados ou se o objetivo da política de imigração é justamente trazer brasileiros, chineses, indianos qualificados para trabalharem em empregos não qualificados que são a maioria das vagas ofertadas por aqui? Mistério. A professora Nilce da Siva, da USP, que vem conduzindo pesquisa sobre os imigrantes brasileiros em Trois-Rivières levantou a seguinte tese: “Ao recrutar esta elite – por meio de palestras sobre o Canadá em território brasileiro, oferecimento de bolsas de estudos, estágios, dentre outros atrativos – o citado país da América do Norte atrai o grupo mais preparado em termos de recursos humanos brasileiros e afasta a ‘pobreza’ da porta de entrada do país. Tal política de imigração ergue barreiras e afasta definitivamente a imagem da pobreza, que incomoda (Cf. BAUMAN, 2001, 1998). Os sujeitos desta pesquisa – por não serem os indesejáveis ‘lixos humanos’ (Bauman, 2001, 1998) – não ameaçam a paisagem de Trois-Rivières, já que, no caso, possuem hábitos de vida (espécie de etiqueta social) que não incomodam demais à vizinhança trifluvienne. Ou seja, os sujeitos desta pesquisa, estando empregados ou desempregados, têm hábitos de leitura, boas maneiras à mesa, falam baixo, responsabilizam-se pelos seus filhos, falam diferentes idiomas (…)Além disto, tendo em vista a camada sócio-econômica da onde são oriundos, essas pessoas têm os sonhos de consumo ideais para o aquecimento da economia local, regional e nacional: computadores, televisão com tela plana e de plasma, carros, casa própria, dentre outros. Nesta direção, não menos importantes são àquelas referentes para mobiliar o novo lar e ainda as compras básicas para a sobrevivência de brasileiros em terra tão fria: botas e casacos para a neve; botas e casacos para a chuva; toucas, luvas e outros produtos indispensáveis para a vida no inverno de, em torno, menos 20 graus Celsius. O brasileiro se aquece e a economia – de produtos novos e usados – também esquenta junto com ele.” Silva, N (2010) “A emigração lusófona na região do Quebec: reflexões sobre a escolarização em língua portuguesa no ano em que Saramago morreu”. Millenium, 39: 9-18. Teorias da conspiração à parte, talvez haja um propósito nesse esquema de "imigrantes de luxo com curso superior".
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