30.12.08

Bobo, chato e feio...

Tivesse eu a autoridade de uma criança de 4 anos, era exatamente assim que chamaria o ano de 2008 ao me despedir dele (o ano): “Bobo, chato e feio…” 

Nunca exerci tanto a capacidade humana de cair e levantar, chorar e sorrir logo depois na tentativa de lembrar que depois de fortes baques – tanto físicos quanto emocionais -  vem sempre a suavidade de um sorriso te acalmar, seja o seu mesmo, de um grande amigo ou até mesmo de um estranho na rua! 

Como em um gráfico inconstante eu conquistei, comemorei e logo em seguida tive que “desconquistar” e “descomemorar” (com o perdão da desconstrução das palavras) por várias ocasiões durante todo o ano. O que exatamente estariam vocês se perguntando? Honestamente, agora que o “Bobo, chato e feio” está se despedindo e a luz de um novo ano chega perto de mim, não importam mais os diversos acontecimentos que me entorpeceram, tanto no profissional quanto no pessoal (emprestando um dos chavões mais irritantes do apresentador de TV Fausto Silva) J 

Mas espera aí… Não sou eu a seguidora da filosofia budista que diz que em tudo que é negativo sempre há o lado positivo? Aquela que quase que diariamente repete o que o meus queridos Sifus (mestres do kung fu) me ensinaram : “Sem dor não há crescimento”. Sim, claro! Acontece que em 2008 cresci demais, ou seja, sem dor realmente não há crescimento e vamos dizer que em 2008 devo ter atingido a altura dos Deuses! 

Agora o lado positivo do ano “Bobo, chato e feio”: o amor incondicional do meu marido, o apoio mesmo que de longe da minha família e dos amigos de lá e de cá. A palavra de carinho no momento certo, o ombro amigo, um gesto, um sorriso. Ei, mas espera aí, isso não pode ser privilégio logo do ano “Bobo, chato e feio”! Afinal de contas tenho isso tudo todos os anos desde que me conheço por gente! Tá bom 2008, vou deixar como sendo o seu privilégio, afinal de contas foi o ano em que mais precisei de tudo isso, incluindo a minha saúde. 

E por falar em saúde, agora que o furacão passou e o ciclo se reinicia, queria aproveitar o ultimo post do ano para desejar a todos que me acompanham um ano novo cheio de paz, saúde e sabedoria! Tenho certeza que ao final de 2009 não o chamarei de Bobo, chato e feio pois o treinamento intensivo em 2008 me deu a serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, a coragem para mudar aquilo que posso e a sabedoria para saber a diferença… 

Um lindo e feliz ano novo a todos e que venha 2009! 

21.12.08

Bem perto do ídolo

Havia alguns anos que não me sentia assim, tensa e sem palavras diante de um ídolo. Lembro-me da última vez que me senti assim quando encontrei com o meu eterno ídolo Arnaldo Antunes. A simples tarefa de lhe pedir um autógrafo do seu livro de poesia concreta se tornou algo complexo pois as palavras não saiam.

Curiosa esta magia que acontece quando nos encontramos com nossos ídolos. Desde que cheguei no Canadá desenvolvi uma admiração muito forte pelo trabalho do jornalista George Stroumboulopoulos que comanda brilhantemente as entrevistas diariamente no The Hour. Não era de hoje que eu queria fazer parte da platéia dele e assistir a gravação de um programa.

Aproveitei a presença da Leslie aqui e fomos juntas. Ao final da gravação fui logo dizendo: "Leslie, eu não posso sair daqui sem uma foto com o George!" Coisa de tiete mesmo. E como vocês podem perceber o meu objetivo foi atingido, mas não sem a tradicional "travada" diante do ídolo.

Quando cheguei para conversar com ele e pedir a foto, nem me lembro o que falei. A Leslie ainda comentou comigo. "Amiga, que fofo como você falou com ele dizendo "I am a huge fan of you and Leslie is a good friend of mine who came from Brazil to see you..." Eu logo disse, eu falei isso? Não lembro, estava anestesiada pelo efeito admiração do ídolo. 

Para mim, o George é o melhor entrevistador da TV canadense, o mais inteligente e sagaz. Adoro mesmo o seu trabalho e tive a chance de dizer isso para ele mas confesso que alguns segundos antes de conversar com ele cheguei a ter a sensação de ter esquecido que sabia falar inglês.

14.12.08

It is not funny!!!!!!!

Há certas coisas que só os grandes amigos e de longa data fazem por você. Nas últimas semanas tenho tido o privilégio de hospedar uma grande amiga de mais de dez anos que trocou o calor dos trópicos pelo inverno Canadense para passar suas férias junto de nós. A Leslie é daquelas amigas que já presenciou muitos momentos especiais de nossas vidas, tristes e felizes. Enfim, já fizemos de um tudo juntos e o que mais sabemos fazer de melhor sempre que nos reunimos é rir muito de nós mesmos, de nosso besteirol e de tantas histórias que já passamos juntos em tantos anos de amizade.

Ano entra, ano sai, a distância geográfica nos separa e nada muda! Desde que a Leslie chegou e nos mostrou este video aqui já demos muita risada e o slogan "blooda, it is not funny!" se tornou um mantra aqui em casa para as mais diversas situações. O video é tão engraçado e a criança é tão fofa que resolvi dividir aqui para espalhar o efeito gargalhada que o mesmo provoca aqui em casa cada vez que assistimos. 

Eu não poderia deixar de citar neste post outra grande e muito querida amiga - a Dani Zuim - que ficou no Brasil mas mandou via Leslie este video divertidíssimo. Zuina, só poderia ter vindo de você mesmo este vídeo! Saudades mil!

7.12.08

Um aniversário muito especial

Sábado que passou comemorei o meu aniversário juntamente com mais 2 queridas amigas que também nasceram em dezembro. Na verdade o meu aniversário ainda será dia 17 de dezembro mas a festa de arromba já aconteceu e foi o máximo! Queria aproveitar o post para agradecer a todos os presentes e especialmente a Kati e a Fabi que juntamente comigo formaram o trio parada dura desta festança!

O meu agradecimento especial para:

Luci que nos presentou com o seu delicioso bolo.
Leslie que veio do Brasil para passar este momento especial comigo e trouxe o chocolate granulado do Brasil para o brigadeiro.
o marido que entrou na roda na hora de encher bexiga e tudo mais (não basta ser marido, tem que participar).
Guta que me tranquilizou em um momento muito difícil da minha vida e concomitante à festa (valeu Guta!).
Dona Mirtes (a mãe da Fabi) que com seu carinho de mãe nos ajudou na hora de alimentar a galerinha na festa.

E o meu muito obrigado para todos vocês que estiveram presente neste que foi para mim um aniversário muito especial. Obrigada pela força e pelo apoio de todos em um momento particular não tão feliz quanto foi esta linda festa! Vocês certamente fizeram a diferença!

22.11.08

Motorizados novamente

Eis que após um longo e tenebroso inverno de dois anos e dois meses (leia-se desde que chegamos em Toronto), o carro volta às nossas vidas! 

Foi até engraçado o primeiro fim de semana de carro, não sabíamos nem como agir direito com  o novo brinquedinho apesar de ter dirigido e ter tido carro a vida inteira no Brasil, o fato de ter ficado sem o meio de transporte mais famoso na america do norte por um bom tempo nos fez habituar com outro estilo de vida, bem mais ecologicamente correto por assim dizer:)

Mas como nem só de preservar o ambiente vive o ser humano, e, principalmente, o pobre do marido que já não aguentava mais gastar duas horas para voltar do trabalho usando o transporte público (o marido trabalha em outra cidade próxima à Toronto) lá fomos adquirir o nosso carrinho compacto e econômico para aliviar o marido principalmente. E claro que agora, motorizados, acabamos até conseguindo economizar em outras coisas podendo ir mais longe em busca de comida e das necessidades básicas da vida. 

Sem falar que ficou bem melhor para receber visitas. Leslie querida, você vai ser a primeira a usar o carro novo, estamos te esperando ansiosamente já com o seu quarto preparadinho aqui para passarmos juntos o Natal!

7.11.08

Festival de Cinema brasileiro em Toronto

Se você está em Toronto e gosta de um cineminha não pode perder o BRAFFT 08 Brazilian Film Festival of Toronto que começou ontem e vai até domingo - 9 de novembro. 

Eu? Vou ver se consigo ver Orquestra dos Meninos ainda hoje, O meu nome não é Jonnhy e A nossa vida não cabe em um Opala amanhã e quem sabe alguma outra coisinha no domingo! É isso aí, aproveitem o cinema da terrinha sendo promovido além mar.

Bom fim de semana!

6.11.08

Yes, We Can...

Como curiosa que sempre fui, além da formação de jornalista e de ter crescido amando acompanhar os grandes eventos do mundo via cobertura jornalística, há dois assuntos que sempre adorei seguir mais de perto - história e política de qualquer país do mundo. O fato é que agora, morando aqui no Canadá e portanto sendo vizinha dos EUA, ficou ainda mais interessante acompanhar a história e a política do vizinho do sul como os canadenses gostam de se referir aos Estados Unidos da América. 

Acompanhei as eleições americanas bem de perto desde o início tanto sob o ponto de vista da imprensa canadense quanto da brasileira. Assisti a todos os debates, discursos, entrevistas, além das análises dos jornalistas mais inteligentes reunidos em um único programa chamado Manhattan Conexion (estava morrendo de saudades das análises cruas, inteligentes e ácidas do Diogo Mainardi e de seus não menos inteligentes e capacitados colegas Caio Blinder, Lucas Mendes e Ricardo Amorim). 

Enfim, ontem à noite discutíamos em sala de aula - liderados pelo melhor professor que já tive aqui no Canadá - (o cara já foi repórter do Washington Post e é um arquivo vivo da história e política dos EUA. Resultado, a aula dele é um deleite!) - as estratégias de comunicação por trás das campanhas eleitorais e como a Web 2.0 influenciou a maneira como os profissionais de assessoria de comunicação e estrategistas preparam suas campanhas de PR. Foi aí que o meu professor mostrou em aula este video baseado no slogan de campanha de Barack Obama, o  44 presidente eleito dos EUA. 

Independente de sua opinião politíca ou qualquer julgamento que seja, o fato é que Obama é um grande comunicador com uma habilidade de oratória impressionante que todo assessor de imprensa deseja em seus porta-vozes. O video realizado para sua campanha, assim como seu slogan de campanha Yes, We Can são espetacularmente bem feitos, produzidos e com o poder de persuadir.

Além deste vídeo, ambos os discursos tanto o de Obama quanto o de McCain aceitando a derrota são dignos de servirem como modelos de discursos bem feitos! Se você não é como eu e não ficou acordado na noite de 4 de novembro esperando para ver o discurso ao vivo, veja aqui o de Obama e o também muito bem conduzido discurso de McCain. Emocionante e parte da história!

3.11.08

Halloween "Brazuca" em Toronto - segundo ano

A festa de Halloween dos amigos e vizinhos que, em sua maioria, vive seu terceiro ano em Toronto mais uma vez foi muito divertida e não faltou animação assim como no ano passado. Já está virando até uma tradição as animadas rodas de dança ao som de Balão Mágico, Xuxa e todos os hits da infância e da adolescência da turminha que passou dos trinta. Sem falar que o pessoal caprichou nas fantasias. Parabéns a turminha mais uma vez pela animação de sempre e para as organizadoras. A festa estava o máximo!



10.10.08

O desafio de fazer política em dois idiomas

É curioso acompanhar o cenário político canadense com suas particularidades bilingues. A coisa fica mais interessante ainda quando se está há 4 dias de eleições federais. Tudo é motivo para esquentar os debates e as entrevistas que os candidatos ao cargo de Primeiro Ministro canadense dão aos veículos de comunicação canadense.

Para quem está fora do Canadá ou não está acompanhando, o cenário político para as eleições federais resume-se aos seguintes partidos e candidatos: o atual primeiro ministro Harper tentando se reeleger pelo partido Conservador, Stephane Dion (lider da oposição pelo partido Liberal) centro da última polêmica e motivo deste post, Jack Layton pelo NDP (o partido democrata) e Elizabeth May  (líder do partido verde).

De volta à última polêmica. Todos os candidatos ao cargo de primeiro ministro do Canadá passam por debates conduzidos nos dois idiomas: inglês e francês. Naturalmente, o inglês é o primeiro idioma de uns, o francês o segundo idioma de outros e vice-versa. A panacéia linguística se deu ontem quando o líder da oposição Stephane Dion deu esta entrevista, em inglês,  para um canal canadense  e o jornalista teve que repetir 3 vezes a mesma pergunta e ainda assim Dion não conseguiu entender. O primeiro idioma de Dion é o francês. 

Daí começa a confusão. A pergunta hipotética "If you were the Prime Minister what would have done about the economy and the global crisis that Mr. Harper hasn't done?" e a ausência de resposta de Dion agora se espalha e surgem diversas teorias. O próprio Dion, enquanto eu escrevo este post, está dando entrevistas tentando esclarecer o episódio dizendo que o inglês é o seu segundo idioma e é natural que ele não tenha entendido, isso acontece. Um de seus assessores mencionou que Dion tem um problema de audição. Enquanto isso ....

O atual primeiro ministro e candidato à reeleição diz que isso não tem nada a ver com idioma, falta de audição mas com o simples fato de Dion não ter um plano para lidar com situações de crise como a que estamos passando agora. Ah, há ainda a opinião de alguns eleitores canadenses que estão comentando nos blogs de notícias e que, naturalmente apoiam a reeleição de Harper, que se fosse o atual primeiro ministro sendo entrevistado em francês (segundo idioma de Harper) ele teria entendido e respondido a mesma questão em francês.

Está armado o circo faltando apenas 4 dias para as eleições federais que, segundo analistas e pesquisas, deve reeleger o atual primeiro ministro. Entretanto, independente de opinião política e partidária, achei o fato muito curioso. Como jornalista e uma apaixonada por discussões em torno de comunicação, linguística, semântica e idiomas estrangeiros, não poderia deixar de notar o ocorrido.

E você? O que acha? Foi um problema de idioma? de audição? falta de preparo? falta de plataforma política ou tudo junto? 

Bom fim de semana  à todos!

6.10.08

Cegueira Branca

E se você fosse a única pessoa que pudesse enxergar?

Aqui em casa, ambos leitores de Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago, estávamos muito ansiosos para conferir a adaptação da obra que começou a passar nos cinemas por aqui na última sexta-feira, 3 de outubro, com o título de Blindness. Fomos ontem e não nos decepcionamos! Um excelente filme, assim como o livro!

Fernando Meirelles simplesmente deu um show de direção e, na minha opinião, atingiu seus objetivos em fazer uma adaptação naturalista que fizesse com que as pessoas saíssem do cinema se perguntando “E se isso acontecesse comigo?” Provocativo, forte, impactante. Um clip sobre as misérias do caráter humano e suas consequências...

Isso sem falar nos efeitos visuais e de som utilizados para causar em quem assiste a verdadeira sensação da cegueira – a cegueira branca. Usar a luz branca como recurso de finalizar uma cena e iniciar outra. O senso de desorientação que a direção do filme atingiu ao usar e abusar de sons é incrível! 

Blindness – Ensaio sobre a Cegueira aí no Brasil – é um filme sobre a condição humana. Assim como no livro, não se trata de contar a estória de algum lugar ou tempo específico. Os valores humanos, seus limites, a moralidade e o que acontece quando uma sociedade toda é avassalada por um problema e apenas uma pessoa está em condição diferente? Aí entra a brilhante atuação de Juliane Moore, ela carrega o filme, a história é contada sob o ponto de vista dela. 

Outro mérito do filme foi o de ser bem fiel ao inteligente texto de José Saramago! Até o cachorro, que no livro é chamado de “cachorro das lágrimas”, está no filme. Segundo o próprio Fernando Meirelles, este foi o único toque que José Saramago deu a ele durante as filmagens, o de não esquecer do cachorro das lágrimas! 

Filme para pensar. Filme de metáforas e ao mesmo tempo tão real e naturalista. Filme muito bom. Excelente trabalho do Fernando Meirelles e de todo o elenco. Quem leu o livro e gostou muito da obra não sai do cinema desapontado com Blindness ou Ensaio da Cegueira aí no Brasil. O filme é nota mil! Como diz o slogan do filme por aqui: "You won't believe your eyes!"

*PS – Como a maior parte do filme foi rodada em São Paulo capital, outro exercício interessante para quem, como nós já morou ou mora na capital, é o de reconhecer cada viaduto, cada cenário mostrado nas externas do filme. Embora a produção tenha feito um excelente trabalho em trocar as placas com os nomes das ruas por nomes em inglês e cuidadar de todos os detalhes.

2.10.08

A Era do Gelo na revista do Itaú

A revista do Instituto Cultural Itaú deste mês reflete a migração e traz uma série de reportagens sobre o assunto. Entre elas, está o texto de Micheliny Verunschk "As grandes navegações - a era dos blogs reinventa a migração" para o qual fui entrevistada e pude contribuir para uma das muitas matérias sobre o assunto. 

Se você é, foi ou será um migrante, vale a leitura da série de reportagens!



Um lugar diferente, pessoas novas, uma língua estranha, costumes desconhecidos. Um sonho, talvez um pesadelo, mas sempre uma experiência. A Continuum de outubro Um lugar diferente, pessoas novas, uma língua estranha, costumes desconhecidos. Um sonho, talvez um pesadelo, mas sempre uma experiência. A Continuum de outubro propõe uma discussão sobre um tema complexo: a migração, seja ela física ou psicológica, espacial ou temporal. Os textos dessa edição não buscam oferecer respostas, mas, sim, reflexões sobre a vida face à mudança de lugar - ou à decisão de jamais sair dele. uma discussão sobre um tema complexo: a migração, seja ela física ou psicológica, espacial ou temporal. Os textos dessa edição não buscam oferecer respostas, mas, sim, reflexões sobre a vida face à mudança de lugar - ou à decisão de jamais sair dele.

26.9.08

Mudaram as estações...


Há uma semana tenho acompanhado da sacada as mudanças gradativas de tonalidade das folhas das árvores em volta de casa. Inclusive a única foto panorâmica do slide foi tirada da minha sacada.

Hoje peguei a máquina fotográfica e foi caminhar em meio a esta linda paisagem que timidamente dá as caras do outono por estas bandas.  Apesar de este já ser o meu terceiro outono aqui, não consigo deixar de apreciar e de continuar achando muito lindo! O mais gostoso é que vira um tipo de tarefa levantar todas as manhãs e procurar novas árvores coloridas em meio ao verde, pois daqui a pouco estarão todas alaranjadas, vermelhas e amarelas. Aqui em casa já virou competição:)



25.9.08

Experiência canadense

Em dois anos que estou aqui já ouvi muita gente tentando explicar o inexplicável, justificar o injustificável e até trabalhar muito de graça em busca da famijerada experiência canadense (incluindo a pessoa que vos escreve:). Até aí nada de novo. Estamos aí para o que der, vier e o que não der também.

Estava eu aqui fazendo umas pesquisas para um trabalho do certificado de Corporate Communications que estou fazendo e, eis que me deparo com esta excelente análise sobre a dita cuja, esta mesmo. Não vou repetir o termo pois acredito na proliferação das palavras e se tem um termo que eu desejo que seja quebrado um dia para que os próximos não sofram tanto é este mesmo, este ai...

O fato é que, até então, eu ainda não havia me deparado com uma análise tão bem feita sobre o termo que atormenta grande parte dos imigrantes recém-chegados. É claro que o artigo, publicado no National Post de Julho deste ano, foi escrito por uma imigrante que está aqui e trabalho com imigrantes. Nem poderia ser diferente.

Eu leio muito, e nem tudo que leio me faz pensar - "UAU! queria ter escrito este texto!" Este certamente foi um deles, tanto que resolvi traduzi-lo aqui. 


*Versão em Português do Texto “A Waste of Talent” escrito por Najia Alavi e publicado no National Post de Julho de 2008.

Os imigrantes possuem menos chances de encontrar trabalho no Canadá se comparados com os nascidos no Canadá, mesmo que os mesmos tenham estudado em Universidades Norte Americanas, revelou estudo do Statistics Canada no fim de Julho de 2008. Tudo que eu posso dizer é: Me conte uma novidade.

Ao formular a política de imigração para a economia do Canadá baseada no conhecimento, nosso governo esqueceu que trabalho baseado no conhecimento involve pessoas – pessoas trabalhando com outras pessoas. E a maioria das pessoas prefere trabalhar com outras que se parecem com elas, falam como elas a dividem experiências de vida parecidas.

Isso posto, realmente não importa onde os imigrantes estudaram, ou, quão qualificados os mesmos são. De acordo com outro estudo do Statistics Canada, 51% dos imigrantes recém chegados no Canadá possuem curso universitário completo – índice duas vezes maior que os nascidos no Canadá. Ainda assim, a taxa de desemprego é duas vezes maior entre os imigrantes recém-chegados quando comparada com a população nascida no Canadá.

O que importa para os empregadores Canadenses é se o potencial funcionário “se encaixa” em suas empresas. Em outras palavras, como eles se apresentam, sua aparência, maneira de se vestir, de falar e sobre o que eles falam. Empregadores parecem preferir assuntos tipicamente Canadenses, como neve e casas de veraneio, a assuntos “estrangeiros” como avós que vivem em Karachi. Além disso, arrumar um trabalho frequentemente depende de quem você conhece; imigrantes recém-chegados, “carne nova no pedaço”, sequer conseguem encontrar um médico, então como eles vão ser capazes de localizar uma referência interna para o famoso “Mercado Escondido” (as vagas que nem chegam a ser anunciadas e são preenchidas via “network”)?

Um estudo de 2007, realizado pelo grupo CERIS de Toronto, sobre as atitudes dos empregadores e suas práticas de contratação, mostrou que empregadores confiam muito em seus contatos informais e referências internas para contratar. Empregadores sequer se dão conta de que seguindo estas práticas estão excluindo imigrantes recém-chegados.

Ou, talvez, em alguns casos, a exclusão se faz presente sim. Empregadores frequentemente dizem não contratar imigrantes justificando que os mesmos não possuem “Experiência no Mercado canadense”, incapacidade de se comunicar em Inglês, ou problemas com equivalência de credenciais internacionais. Ainda assim, mesmo imigrantes portadores de diplomas universitários obtidos nos Estados Unidos da América não conseguem encontrar trabalho. Além disso, em uma economia globalizada onde a mão de obra é cada vez mais “móvel” – não tem pátria – o fato de um candidato não possuir “experiência Canadense” deveria ser irrelevante.

Um exemplo: Um empregador diz a um imigrante que está procurando emprego: “Eu entendo que você era um chefe de culinária muito respeitado em um restaurante de Dubai, mas a maneira como preparamos a comida aqui é muito diferente de como vocês preparam lá.” Então eles oferecem ao candidato que de fato é adequado para a vaga de chef, uma posição como lavador de pratos no restaurante, para “ajudá-lo” a adquirir alguma “Experiência canadense”. Por mais ridículo que isso possa parecer, aqueles que como eu trabalham com imigrantes os ajudando a arrumar emprego, ouvimos histórias como estas todos os dias. Nós enviamos os imigrantes para palestras sobre como redigir um currículo Canadense, ensinamos técnicas de entrevistas e habilidades de comunicação no ambiente de trabalho canadense, e ainda assim vemos os mesmos gastarem meses procurando trabalho. Alguns simplesmente desistem.

O Conference Board of Canada estima que se todos os imigrantes estivessem empregados de acordo com suas qualificações e experiências, até $4,97 bilhões poderiam ser adicionados à economia canadense, anualmente. 

Infelizmente, noções ultrapassadas e inseguranças sobre os imigrantes ainda existem. A percepção de que imigrantes prejudicam a sociedade canadense persiste. Esta percepção precisa mudar se quisermos solucionar o problema.

Os imigrantes de hoje são dinâmicos, jovens profissionais altamente educados que vieram para o Canadá por causa de sua abertura, liberdade e respeito aos direitos individuais. Selecionados para entrar no país por meio de um sistema de pontuação de acordo com sua educação, qualificação e experiência, eles corretamente assumem que suas habilidades são necessárias neste pais.

Há demanda para Engenheiros, medicos, enfermeiras, profissionais de finanças e negócios em geral no Canadá. Ainda assim, empregadores continuam seguindo práticas de contratação arcaicas e que excluem os imigrantes, que, no final das contas, os mantém afastados de contratar o candidato mais competente.

A maioria dos imigrantes recém chegados ao Canadá veio de duas das economias que mais crescem no mundo – China e India. É apenas uma questão de tempo antes que eles se cansem de ser mal remunerados, de trabalhar com aquilo que não lhes traz satisfação e não é adequado ao seu perfil, e voltem para seus países de origem, onde suas habilidades e experiências serão bem vindas.

Aí sim, a realidade de escassez de mão de obra no Canada vai realmente se abater por aqui.



22.9.08

Imigração para o Canadá no Bom dia Brasil

Hoje de manhã, ao assistir ao Bom dia Brasil graças ao alerta de minha mãe lá do Brasil, tive a nítida sensação de que a produção de um dos melhores telejornais da TV Globo leu o meu post aí embaixo sobre a "verdadeira verdade"  - como cantou um dia a banda Cidade Negra - de parte dos imigrantes qualificados que chegam ao Canadá e resolveu usar a minha sugestão de pauta para o jornal:)

Parece até que eles leram o artigo "A Cara do Brasil em Ontario" que eu escrevi para a Brazilian Wave baseado em alguns resultados da pesquisa recentemente realizada pelo Centro Brazil Angola e, certamente, leram a última pesquisa do Statistics Canada sobre o assunto.

Achismos à parte, o fato é que finalmente uma matéria tratou do assunto de uma maneira mais séria e de acordo com a realidade de muitos! Parabéns ao Bom dia Brasil, sua produção e principalmente ao Marchos Uchoa que conduziu tão bem a matéria. 

Para quem já está no Canadá e não tem Globo Internacional, vale acompanhar a matéria aqui.


14.9.08

Dois anos de Canadá e...

Eu vivi: 

Bons, muito bons, felizes, muito felizes e nem tão bons e tão felizes momentos assim; 

Aceitação, rejeição, assédio moral e exploração (sim, talvez daqui há uns 20 anos eu seja capaz de falar mais abertamente sobre isso. Por enquanto ficou lá no baú das péssimas experiências que nos ensinam muito!); 

Descobertas, surpresas, neve, chuva, sol; esqui, snowboard, patinação no gelo; 

Viagens, frustração, inquietação e recomeços; 

NBA (um sonho!), vizinhos brazucas “gente boa”,  civilização, fila respeitada no ônibus; 

Celebridades (encontrei gente bem famosa em um de meus estágios de graça), a ásia é aqui, suas comidas e filosofias que eu curto bastante também; 

Apoio incondicional do marido e… 

Eu aprendi: 

A trabalhar de graça ininterruptamente para provar aos potenciais empregadores que sou capaz. (Já estou pensando até em colocar no meu CV: “especialista em caridade” e mandar uma carta ao Dalai Lama para ele ver como sua discípula está evoluindo espiritualmente!:) ; 

A ouvir de professores e supervisores dos programas para os quais eu trabalhei de graça, a tradicional pergunta: “O que vc está fazendo aqui com toda a sua experiência??” E ainda sim não poder dar a honesta resposta e seguir sorrindo “Imagina!” (o eterno exercício da modéstia e humildade). A última que ouvi foi do professor de “Media Relations” semana passada na Humber me dizendo que eu poderia estar no lugar dele dando aula (Ok teacher, whatever…); 

A relatividade do conceito que determinado Mercado de trabalho está em um bom momento e cheio de vagas – caso do meu Mercado aqui na América do Norte . Vagas nem sempre são sinônimos de oportunidades. 

A ser humilde e desapegada de bens materiais (mais ainda… ok, confesso. A minha única fraqueza são os brinquedinhos da Apple… também não sou o Buda né gente! Apenas sigo sua filosofia rsrs); 

A aceitar prazer e sofrimento, ganho ou perda, vitória e derrota com a mesma serenidade de espírito ; 

A ficar mais próxima ainda da doutrina budista por meio da qual o homem examina tudo, é um cético no sentido etimológico da palavra. O budismo não é a doutrina do êxtase, mas da reflexão profunda sobre as coisas. 

Eu senti: 

Impotência em ter total condição e qualificação para fazer muito e não poder; 

Confusão de sentimentos; 

Vontade de voltar querendo ficar . Vontade de ficar para não voltar (Complicado né?); 

A síndrome do “O que eu estou fazendo aqui? A que custo?” (esta, na mesma velocidade que vem, costuma ir embora. Em média, dura até que eu saia na rua ou vá até a biblioteca – o meu templo sagrado – ou vejo a ordem na fila do ônibus que vou para a escola; 

Imensa satisfação ao ouvir de um profissional de RH que você tem potencial para uma vaga do mesmo porte que você tinha no Brasil (ah vá!); 

Paz ao meditar no jardim japonês bem pertinho de casa; 

Eu concluí: 

Que ainda está valendo à pena;

Que enquanto valer à pena vou lutar com todas as forças para seguir;

Que estou no caminho certo;

Que ainda quero fazer muito por aqui; 

Que escolhi a melhor pessoa do mundo para estar ao meu lado nesta empreitada; 

Que estou vivendo um sonho – o meu sonho! 

*PS – Este depoimento é única e exclusivamente pessoal. Aqui é a Paula apenas que está colocando um pouco para fora suas intermináveis reflexões de imigrante. Eu estou escrevendo a minha história e você a sua!

 

 

 

 

 

 

 

 


9.9.08

Brazilian Wave Magazine - edição de outono

Já está nas ruas das principais cidades do Canadá a edição de outono da revista Brazilian Wave para a qual tenho dedicado parte das minhas horas de voluntariado como editora e colaboradora. 

Esta edição traz a entrevista especial que me foi concedida pelo VP de planejamento de malha da Air Canada, matérias sobre o Centenário de Morte do Machado de Assis,  as co-produções na indústria do cinema entre Brasil e Canadá, a pesquisa realizada com os brasileiros em Ontario pelo Centro Brasil Angola para o qual o Gean dedica suas horas voluntárias, turismo na reserva florestal de Haliburton em Ontario, como se dar bem nas universidades canadenses, o perfil do caricaturista brasileiro Cláudio Moura, artigo sobre depressão entre imigrantes e as notas do News Flash. Vale conferir!

O meu especial agradecimento vai para os colaboradores desta edição: a Guta, a Alexandra, a Luciana Savioli lá de Montreal e a Nádia Nogueira, além da participação especial de Neuza Silveira Húmer lá do Brasil que, além de minha querida sogra, é autora de livros sobre culinária e pedagogia publicados no Brasil.

Boa leitura!
ah, o outro projeto para o qual estou dedicando a outra parcela dos meus voluntariados fica para um próximo post.

2.9.08

Comilança da boa no Labour Day

Para comemorar o dia do trabalho que acabou de passar, a galerinha se reuniu para uma rodada de pizza na casa dos queridos Kati e Peter. Luly, a sua idéia estava YUMMY como eles dizem por aqui! 



Esta semana comecei a trabalhar com um novo projeto e como também recomeçaram as aulas do meu curso, mais a revista e os voluntariados, a coisa encavalou como diria o caboclo. Semana que vem volto aqui com mais calma para contar um pouco sobre o projeto novo que meti as caras enquanto o emprego fixo não vem, até porque quem fica parado é poste:).

Uma ótima semana para todos.

21.8.08

Contra fatos não há argumentos

Sim, vou escrever novamente sobre as complicações da inserção de imigrantes, profissionais experientes e fluentes no mercado de trabalho Candense de maneira decente . Chatice minha? Claro que não pois muito antes deste blog existir, ou melhor, desde que me conheço como gente me interesso em observar e ler sobre o comportamento humano e suas reações diante de dificuldades e desafios. Daí a minha veneração pelos atletas, olimpíadas e coisa e tal... mas isso é um outro assunto. Negativismo? De maneira alguma, apenas resultado de uma coincidência  entre o meu gosto pela leitura e a reflexão. Afinal, agora que sou uma imigrante tudo fica mais intenso, foge apenas da reflexão e vira vivência mesmo! Bem mais empírico, convenhamos.

Pois bem, durante a minha saga aqui para ter certeza de que estou dando o meu melhor e tudo que está ao meu alcance está sendo feito para que, mais para frente, eu possa participar novamente da famosa PEA (População Economicamente Ativa), tenho me embrenhado nas ferramentas de relacionamento professional e social do mundo virtual (calma gente, o meu mundo real de ir à escola, casa, marido, amigos reais e os meus sagrados exercícios físicos e de meditação não foram afetados:).

Há duas semanas comecei a participar de uma rede de relacionamento de imigrantes no Canadá fundada pelo editor da revista Canadian Immigrant (uma velha conhecida minha pois não somente pelo interesse enquanto comunicadora mas também como imigrante leio a publicação desde que aqui cheguei em 2006). Por meio de tal comunidade virtual cheguei no blog do editor desta revista que, por sua vez, reproduziu o artigo motivo deste post.

Assinado por Sandra Fonseca, o artigo é mais um no mar de artigos que falam do problema de inadequação da mão de obra imigrante e o quanto o país perde de capital humano em não ouvir este chamado que as pesquisas relatam a cada ano. Ao ler os resultados mais recentes do estudo "O Imigrante Canadense e o Mercado de trabalho em 2007" , o que me chama mais atenção (não que eu não suspeitasse e nem me surpreendesse com isso) são os que seguem:

imigrantes educados nos Estados Unidos (77.8%) e na Europa (73.8%) tiveram taxas mais elevadas de emprego se comparados com imigrantes educados em outros países de regiões da Asia (65.5%), América Latina, oh nóis aí (59.7%) e Africa (50.9%). Vale ler mais este pedido de alerta para a questão aqui

Por essas e outras é que me incomodo um pouco quando leio e ouço tudo sendo pintado tão lindamente azul, em qualquer que seja o meio. Contra fatos, ou melhor números, não há argumentos. Embora muitos tenham na ponta da língua vários bla, bla, blas como inglês não fluente, não reconhecimento de estudo adquirido fora do país.. blá, blá, blá. 

E antes que alguém me diga que sim, há este tipo de problema, já vou logo dizendo que ninguém mais do que eu que estou morando aqui sei disso. Entretanto, não é este o meu ponto. Quero saber quando os empregadores vão parar para pensar que não dá para colocar todo mundo em uma mesma baciada e arriscar um pouco mais em dar chances para tantos qualificados que estão por aí afora e descobrir o óbvio: quanto capital humano desperdiçado!
 




17.8.08

Terapia do Grito

Já repararam como muitas vezes em nossas vidas temos vontade de gritar muito apenas para espantar os males e dar uma rasteira no baixo astral e stress? Não sei para você, mas para mim a terapia do grito é tão eficaz quanto a minha sagrada meditação diária e os exercícios físicos para a manutenção do equilibrio entre a minha saúde física e mental. Tá, tudo bem que é muito mais fácil e aceito socialmente meditar e fazer exercícios. Vocês não pensaram que para colocar a terapia do grito em prática eu saio gritando pelas ruas feito uma doidivanas, pensaram? Claro que não né gente!

Para o bem de adeptos da terapia do grito como eu, inventaram a montanha-russa e os parques de diversão. Desde que me conheço como gente tenho verdadeira paixão por montanha-russa e sempre fui daquelas de descer do carrinho e entrar na fila novamente. A última vez que estive no Brasil e fui ao Hopi-Hari com a minha afilhada perdemos as contas de quantas vezes subimos e descemos da montanha-russa, né Rafa? Sem falar dos vários gritos dados na montanha-russa do Playcenter durante a minha adolescência (sim, eu conheci a EVA - a boneca gigante, assisti ao show dos ursos e andei no carrinho da montanha encantada. Só não tinha ainda consciência, naquela época, dos benefícios que a terapia do grito traz:) 

Pois é, daí a pessoa se muda para o Canadá, junta um casal de amigos e o marido, vai ao Wonderland e se acaba de tanto gritar ao subir e descer 7 vezes de 4 montanha-russas diferentes! Eu nunca vi tanta montanha-russa em um parque só! É a meca da terapia do grito! 

Graças ao marido, que comprou os ingressos em uma promoção da "firma" para a qual ele trabalha, o parque abriu algumas atrações principais, incluindo a nova BEHEMOTH, com uma hora de antecedência para que os funcionários da Rogers curtissem os brinquedos sem fila. Com isso, fomos 3 vezes seguidas na Behemoth para depois começar o dia com todos os outros frequentadores do parque e dar sequência à nossa saga pelas montanha-russas. 

Para quem gosta de montanha-russa e está no Canadá, eu recomendo muito a terapia do grito, ou melhor, uma ida ao Wonderland. Só não se surpreenda se, ao final de um dia inteiro brincando, você não encontrar mais a sua voz e seus referenciais de chão e céu tiverem ido por água abaixo de tanto que subiu, desceu e virou de ponta cabeça! O vídeo abaixo, apesar de não passar a velocidade que este "bicho" pega, dá uma idéia do percurso da Behemoth, a nova e mais disputada atração do parque testada e aprovada por nós!!





8.8.08

Passeando pela "França"

Feriado que passou (1 a 4 de agosto) fomos passear na “França” – como carinhosamente chamamos a províncea de Quebec. Apesar de o marido  já ter trabalhado por 2 meses em Montreal, enquanto ainda morávamos no Brasil, e eu mesma já ter passado por Montreal na volta de uma outra viagem que fizemos à “França” com nossos queridos vizinhos Rafael e Liliane, ainda não havíamos feito uma viagem exclusivamente para Montreal com objetivos meramente turísticos. 

Às vésperas de completarmos dois anos por aqui, resolvemos que era hora de explorar Montreal como ela merece. E como merece! Tanto quanto à sua “ídala” Paris (a verdadeira) merece quantas idas você puder fazer na sua vida – eu graças à minha alma mochileira já tive o privilégio de fazer duas para a capital Francesa (a Européia). Sim , porque temos a capital francesa aqui no Canadá mesmo e lá passamos deliciosos 3 dias. Poucos para explorar tudo mas certamente suficientes para deixar com gosto de quero mais... 

Além de bater ponto nos principais pontos turísticos como o Estádio Olímpico, a catedral de Notre Dame (os Quebequenses vão me desculpar mas para quem já entrou na original em Paris não faz o mesmo efeitoJ), o jardim botânico (para mim o ponto alto da visita! Quem ama natureza como eu precisa conhecer este lugar!), andar muito pela velha Montreal, à beira do cais e comer muuuuuito gostoso, ainda nos encontramos com um velho amigo do Maurício – O Walter é Canadense de Montreal e passou seis meses no Brasil trabalhando na Ericsson com o marido – e juntamente com sua esposa nos proporcionou deliciosos momentos, além de claro nos ter contado fatos que só um local poderia fazer tão bem. Ambos não se viam há sete anos! Foi uma delicia! 

Mas o que eu mais gosto mesmo de ir para a “França” é que posso desenferrujar um pouquinho os meus 4 anos passados na Aliança Francesa da Alameda Tietê que tanto eu sinto saudades (assim que sobrar tempo$$ eu volto para o francês). Por enquanto vou brincando. 

Estávamos na enorme fila para subir a torre do Estádio Olímpico quando atrás de nós um senhor nos aborda em Francês perguntando se o ingresso que ele tinha em mãos valeria para aquela atração. O marido já foi logo soltando o “Desolé, Je ne parle pas français” que eu ensinei para estas ocasiões…quando eu fui fazer graça e virei para o senhor e disse , olha moço eu falo um pouco e se o senhor falar devagar compreendo tudo, posso ajudar? Pronto…. Foi a senha! 

Em meia hora de fila, eu já sabia a vida do senhor e ele a minha, começamos a falar de teatro, show em Quebec (tratava-se de um habitante de Quebec City que falava ZERO inglês) que eu já conhecia Quebec, bla, bla, bla…. Vez ou outra ele até soltava uma palavrinha em inglês querendo envolver o marido na conversa mas o negócio é que subimos a torre e chegamos lá em cima e eu soltei um "A tout a l´heure" porque o meu tico e teco já estava fundindo com o moço do estádio falando inglês comigo de um lado , o senhor francês do outro e o meu pobre cérebro entendendo tudo e dizendo por favor defina uma linguagem padrão!!!!! Ganhei o dia, fui dormir “me achando” porque um cidadão de Quebec havia dito que o meu francês era bom! Tá bom moço educado….Merci.

Ah, ainda conseguimos aproveitar o festival de música francesa que estava acontecendo por lá de graça! Tudo de bom o "Les Francofolie de Montreal".



 


31.7.08

Umberto Eco, DOS e MAC

A Alexandra reproduziu excelente texto de autoria do Umberto Eco que ironiza o mundo da informática e que um professor dela havia lhe enviado quando a mesma adquiriu seu primeiro Mac. Bem, como o texto é muito bom e, no início de 2008, quem adquiriu o primeiro Mac fui eu, então resolvi passar para o português (muita audácia minha traduzir um texto de Umberto Eco:) mas vá lá, perdão ao grande autor se a mesma não saiu ipses literes) e dividir com alguns leitores que não compreendem inglês e que também acompanham este blog. 

“É fato. O mundo é dividido em usuários de Macintosh e usuários de computadores compatíveis com o sistema MS-DOS. Eu acredito piamente que  o Macintosh é Católico e o DOS é Protestante. De fato, o Macintosh é contra-reformista e tem sido influenciado pelo “ratio studiorum*” dos Jesuítas (*Nota da Paula : o ratio studiorium é um tipo de plano de estudos que sistematizou a pedagogia dos Jesuítas. O método consistia na pré-leitura, leitura, exercícios e na repetição. Os Jesuítas descobriram como a memória potencializava o aprendizado de maneira eficiente. Tudo feito com muita disciplina.). É prazeroso, amigável, conciliatório; diz aos seguidores como eles devem agir passo a passo para alcançar – senão o reino dos céus – o momento em que o documento deles vai ser impresso. Catequiza: lida com a essência da revelação por meio de fórmulas simples e ícones bem elaborados. Todos têm direito à salvação. 

O DOS é Protestante, ou até Calvinista. Permite livre interpretação da sagrada escritura, exige difíceis decisões pessoais, impõe sobre o usuário uma sutil hermenêutica, e assume sem questionamento a idéia de que nem todos conseguem atingir a salvação. Para fazer o sistema funcionar você precisa interpretar o programa por conta própria: Bem distante da comunidade barroca, o usuário experimenta forte intimidade com a solidão de seu próprio tormento interior. 

Você pode até se opor a este argumento. Com a transição para o Windows, o universo DOS passou a se assemelhar mais com a tolerância contra-reformista do Macintosh. É verdade: o Windows representa uma dissidência do estilo Anglicano, suntuosas cerimônias na catedral, mas há sempre a possibilidade de um retorno ao DOS mudar as coisas de acordo com estranhas decisões: em se tratando disso, você pode decidir canonizar mulheres e homossexuais se assim o desejar. 

Naturalmente, nem o Catolicismo nem o Protestantismo têm qualquer relação com as escolhas culturais e religiosas de seus usuários. Questiona-se talvez se, com o passar do tempo, o uso de um sistema em detrimento do outro acarrete em profundas mudanças interiores. Você pode usar DOS e apoiar Vande? E mais: Celine teria escrito usando Word, WordPerfect, ou Wordstar? Descartes programou usando a linguagem Pascal? 

E código de máquina, que está por trás de tudo e decide o destino de ambos os sistemas (ou ambientes, se você preferir)? Ah, isso pertence ao Antigo Testamento, e é Talmúdico* (*nota da Paula: o Talmud é o texto básico da lei Judaíca) e cabalístico." 

25.7.08

Conservadores X Liberais e a imigração

Quando o assunto é política de imigração, mais especificamente mão de obra estrangeira temporária x mão de obra de residentes permanentes, o debate entre as duas facções políticas Canadenses - Conservadores (atual governo) e Liberais (atual oposição)- ganha as páginas dos jornais e coloca mais lenha na fogueira sobre um assunto por si só delicado e muito complexo de se administrar. 

Cada vez que o orgão oficial de estatísticas do Canadá solta um novo relatório, Liberais acusam o governo Conservador de inundar o país com mão de obra estrangeira temporária enquanto a taxa de desemprego no Canadá atinge 6% (residentes permanentes como eu mesma que me vi na obrigação ética de pedir demissão do meu último trabalho, cidadãos canadenses como a minha ex-colega de trabalho que também se viu na obrigação ética de pedir demissão do meu último trabalho e tantos outros que ainda nem sequer tiveram o privilégio de conseguir seu primeiro emprego no Canadá fazem parte deste número). Sem contar a atual situação econômica do país (basta ler um pouquinho de jornal para ver que estamos em meio à uma "crisezinha" econômica, embora alguns especialistas Canadenses insistam em dizer que o Canadá não sente os reflexos da crise norte-americana. Só se for na terra das maravilhas da cabeça deles!

Enfim, mas tudo isso apenas para dar um breve contexto do debate político que sempre acontece. Estou há dois anos aqui e, há dois anos vejo o mesmo debate na imprensa e entre os formadores de opinião. Hoje, com a divulgação de novos dados constatando que o número de trabalhadores estrangeiros com visto temporário quase que dobrou em 4 anos enquanto que o número de residentes permanentes caiu em cerca de 26.000 em 2 anos na região da Grande Toronto (GTA), não foi diferente. O debate político volta à tona.


Fosse só o debate político (perfeitamente natural dentro de uma democracia e necessário para o progresso) tudo bem. O problema, na minha modesta opinião, é que a polêmica extrapola as esferas políticas e acaba gerando uma não tão positiva reação xenofóbica na população em geral (basta parar um pouco e prestar atenção nos comentários gerados pela matéria que saiu hoje no jornal). População esta que, oprimida por condições adversas e como forma agressiva de auto-defesa, se arma, mesmo sem querer, de sentimentos nada saudáveis para um país que se diz dependente da mão de obra imigrante para crescer economicamente. Honestamente, eu torço muito, do fundo do meu coração para que as minhas percepções estejam totalmente equivocadas.

Bom fim de semana à todos.

24.7.08

Master Series - Etapa Toronto

Sábado que passou passamos o dia no complexo Tennis Canada (situado no campus da York University) acompanhando as classificatórias da Rogers Cup, a etapa de Toronto do ATP Master Series que traz para a cidade 9 entre os 10 melhores jogadores de tênis do mundo! 

Para quem gosta do esporte, o evento é bem bacana e uma excelente pedida. Especialmente para nós, pobres mortais que não conseguimos desembolsar centenas de dólares para uma final do torneio, as classificatórias têm um preço bem acessível, você vê os "craques" jogando e ainda acompanha várias partidas no mesmo dia (afinal, neste evento eu brinco que as quadras de tênis são muitas e se reproduzem rapidamente!).

Claro que no nosso caso fica melhor ainda porque o evento é patrocinado pela "firma" do marido e o funcionário compra ingressos com desconto:)


17.7.08

Seminário sobre comunidades brasileiras no exterior

Está sendo realizado, no Rio de Janeiro entre hoje e amanhã, o primeiro seminário sobre comunidades brasileiras no exterior e o "Grupo Brasil of Ontario"  , que acaba de lançar seu blog , está representando a comunidade brasileira de Ontario no evento realizado pelo Itamaraty.

Para os que estão em Toronto, e passarão o domingo 20 de julho na Toronto Island por ocasião do BrasilFest 2008, não deixem de comparecer ao "stand" do "Grupo Brasil of Ontario" para contribuir com o abaixo assinado que pede aos orgãos do governo uma sede permanente para o Grupo Brasil poder tocar o centro comunitário.

Bom fim de semana!




15.7.08

Os desafios da política de imigração do Canadá

"Por que nós ainda precisamos trazer mais imigrantes com mão de obra qualificada (leia-se bachareis, doutores e coisa e tal) quando nós já temos milhares que ainda não conseguiram emprego em suas áreas de atuação?"

"Nós conseguiremos alcançar os objetivos decorrentes das mudanças recentes ou continuaremos a oferecer total incompatibilidade e trabalhos que oferecem salários baixos aos altamente qualificados e bem educados (leia-se diplomados) imigrantes?"

"Podemos coordenar as políticas que fazemos com o que resulta delas, ou nós simplesmente não nos importamos com seus resultados - o que parece ser o caso dada a atual condição sócio-econômica dos imigrantes qualificados que chegaram nos últimos cinco anos?"

Vocês acabam de ler 4 indagações do paquistanês Mehdi Rizvi, químico que chegou no Canadá em 1999, publicadas pelo Toronto Star de hoje. Vivenciando esta realidade bem de perto há quase dois anos, eu tenho certeza que ele não é o único que está se perguntando isso tudo. O problema é o lado da "corda" que está indagando. Estariam aqueles que fazem as políticas fechados em seus escritórios apenas considerando números que entram e que saem ou estariam eles nas ruas, nos cursos e na vida presenciando a realidade para chegar a uma conclusão mais de acordo com a realidade?

Eu mesma, honestamente tenho me feito muitas destas perguntas ao observar a total desconexão entre a política de imigração e o quão despreparados estão os empregadores Canadenses para tamanha inserção. 

E como bem finaliza o artigo: "Canadá precisa focar em suas necessidades de mercado, na mão de obra qualificada - ou não - que já possui em suas terras e na revisão do sistema de pontuação com o objetivo de criar um sistema de imigração baseado em demanda. Isso só será conseguido quando houver uma cooperação mais próxima entre pesquisadores, aqueles que fazem as políticas, empregadores e membros da comunidade de imigrantes" 

E eu completo... a sensação que dá é que cada um destes grupos está olhando apenas para seus próprios interesses sem levar em consideração o bem estar sócio-econômico que, a longo prazo, pode não dar exatamente no que se julga ser o mais saudável para a economia do País.



14.7.08

Orgulho de ser brasileiro

Curioso como viver no "estrangeiro" (parafraseando as simpáticas senhoras do interior paulista) potencializa o sentimento de orgulho por suas próprias raízes. Talvez isso seja facilmente explicado porque quando estamos longe temos a tendência natural de lembrarmos apenas das coisas boas (alguém aí sente saudades do que é ruim? óbvio que não!) e "esquecermos" os problemas. 

Por outro lado, acabamos por focar nos problemas que estão pertinho de nossa realidade onde quer que estejamos. Sim, curtimos as coisas boas daqui mas nunca deixando de lado aquele sentimento de lembrança do melhor que há na nossa terra natal. Especialmente se este melhor ganha projeção mundial à ponto de orgulhar quem vive no "estrangeiro".

Ao abrir as páginas do The Star e do Globe and Mail de hoje me deparei com uma notícia típica do mundo globalizado dos negócios mas com um toque especial de brasilidade. A Inbev (resultado da união, em 2004,  da belga Interbrew com a brasileira AMBEV) acaba de comprar a norte-americana Anheuser-Busch, fabricante da Budweiser (responsável pela minha introdução ao mundo saboroso da degustação de cerveja:) por $52 bilhões de doletas americanas!

Embora a maior parte das matérias publicadas por aqui obviamente não mencione, apesar da sede da Inbev ser na Bélgica, o verdadeiro comando desta gigante cervejeira sai mesmo é do Brasil. Carlos Brito é o cara. O engenheiro brasileiro será o CEO da nova empresa. Se a negociação for aprovada pelos orgãos competentes, será a quarta maior empresa de consumo do mundo e a maior cervejaria do planeta! E não é para ter orgulho de ser brasileiro? 

Tudo bem que eu sempre soube da capacidade que os empresários e as grandes empresas brasileiras possuem de fazer negócio e justamente por isso que sob a ótica de quem vivia no Brasil seria apenas mais uma notícia de um  negócio realizado. Entretanto, sob a perspectiva de quem tem que lutar a cada dia, ou melhor, a cada minuto, para provar que é capaz fora do seu país de origem e de sua zona de conforto, a coisa muda totalmente de figura.

Dá orgulho sim de ser brasileiro e ver que temos gente muito boa se projetando mundo afora para que pessoas de outras nacionalidades possam ver. Afinal de contas nós sabemos do próprio potencial!  

E por falar em "breja", leitura boa sobre este assunto é o livro Why Mexicans don't drink Molson da jornalista que tem sobrenome de sopa:) Andrea Mandel-Campbell. Saúde!




5.7.08

Toronto - a faca de dois legumes

Sobreviver ao mês de julho em Toronto, como diria o dito popular distorcido, é "uma faca de dois legumes". De um lado a enxurrada de festas, festivais (abafa o caso que por aqui eles resolvem chamar de festival qualquer reunião de 3 barraquinhas na rua...), atividades outdoor "pipocando" com as temperaturas altas do verão úmido da cidade e de outro tem você - habitante do mosaico multicultural - com suas míseras 24 horas por dia durante dois dias por semana e algumas meras horinhas pós trabalho durante a semana!

Se este é o seu primeiro ano na cidade vai sentir uma urgência em tentar ser onipresente. Aceite, você não vai conseguir ir à todos os eventos nem mesmo se tiver um clone. Ah, mas e onde fica o segundo lado da faca? Que faca? Aquela gente, a de "dois legumes"... O segundo lado está justamente no fato de você, habitante desta cidade que não pára no verão e hiberna no inverno, poder conhecer diferentes atrações a cada ano que passa sem se repetir.  

Aliás, por falar em hibernar no inverno, a autora Margaret Wente do meu atual livro de cabeceira - An Accidental Canadian - Reflecting on my home and (not) native land (que nem é assim uma Brastemp mas dá para passar o tempo e pensar um pouquinho), tem uma explicação para o fato de Toronto ser uma cidade mais workaholic no inverno. Segundo ela, difícil é achar o que fazer com tanta neve lá fora. Eu não necessariamente concordo com ela mas é de se pensar...

Pensar é o que não quero fazer agora, então vou sair já para aproveitar o calor lá fora (morando por estas bandas você acaba se sentindo um criminoso se não o fizer, vai por mim. Após quase dois anos morando aqui eu entendo mas acho que nunca vou me acostumar com esta "obrigação") e dar um pulo no Taste of Lawrence pela primeira vez (no ano passado fui à outros bons e alguns nem tão bons assim. Lembram da faca?). Amanhã? Vou contrariar um pouco a regra de verão  "fique ao ar livre a qualquer custo" e saciar a minha sede de teatro e curtir o Toronto Fringe Festival que traz toda uma programação de 2 a 13 de julho de teatro a no máximo $10! 

FUI.


25.6.08

Sick People!

Desculpem mas este post é um desabafo! Estávamos eu e o marido ouvindo o noticiário e eis que ficamos ambos sem palavras, um olhando para a cara do outro com aquela cara de "eu não acredito no que estou ouvindo"...

Eis que esta semana iniciou-se por aqui em Toronto uma campanha para deixar as mamães à vontade para amamentar seus bebês em locais públicos e restaurantes. Hein!!!! Como assim??? Em segundos ficamos nos perguntando qual seria o problema com o que eu acho ser um dos atos mais lindos, saudáveis e naturais do mundo. 

Bem, se estão fazendo uma campanha é porque as pobres mães se sentiam desencorajadas a amamentar seus filhos a qualquer hora e em qualquer lugar que fosse necessário!

Gente, juro, não acreditei! Para mim, uma mulher amamentando seu filho no metrô, em um restaurante, na rua ou em qualquer lugar que seja é algo tão natural quanto respirar! Mas parece que não são todos que pensam assim. Bem, agora com a tal campanha os restaurantes de Toronto vão ganhar o selo Brestfeeding Friendly. Anytime, Anywhere! 

Alívio para as mamães e bom senso dos donos de restaurantes. Honestamente, precisava de tudo isso? É cada uma!! Desculpem mas eu precisava desabafar e olha que nem mãe eu sou! E como diz a moça do vídeo, se ela tiver que amamentar somente em casa, ficaria em casa o tempo todo! Sem comentários...

 

18.6.08

Contagem Regressiva

Em 87 dias Toronto vai respirar cinema com o início do Toronto International Film Festival e eu já estou em contagem regressiva para acompanhar bem mais de perto o festival deste ano se comparado aos outros dois anteriores desde que aqui cheguei. 

A abertura oficial ficará por conta da estréia mundial do épico de guerra Passchendaele do diretor, roteirista e ator canadense Paul Gross. É a história do Canadá sendo levada por um filho seu para a tela grande e pela bagatela de $20 milhões - dinheiro de pinga para as mega produções de Hollywood. O filme foi rodado em Calgary e Paul Gross conta a história da batalha da Primeira Guerra Mundial que contou com a presença de 50.000 soldados canadenses nos campos de Ypres, na Bélgica. 

Outra estréia que estou louca para conferir é resultado de uma co-produção Brasil-Canadá. Trata-se de Blindness - o filme dirigido por Fernando Meirelles e baseado na alucinada mas muito boa obra de José Saramago - Ensaio sobre a Cegueira. Quem leu o livro sabe do que estou falando e entende o motivo da minha ansiedade. Como diz o meu marido, que também leu o livro, "como alguém teve a capacidade de levar o surreal cenário deste livro para as telas do cinema!!". é marido, vamos ter que esperar para descobrir.

Além de querer conferir tudo, este é mais um evento que desde que cheguei no Canadá já estava na minha lista para voluntariar. Por isso, eu já me candidatei para, em julho, participar do recrutamento de voluntários. Este ano, quem sabe, chegarei ainda mais perto de toda a movimentação que o Festival proporciona para quem, como eu, ama cinema.


13.6.08

Woodstock para crianças!

Como eu já comentei por aqui, voluntariar para o Luminato tem sido uma deliciosa e enriquecedora experiência para mim. Tanto que resolvi dividir tudo por aqui para que, aqueles que moram em Toronto, possam aproveitar também a variedade de atrações que o festival oferece. 

A dica de hoje é para quem tem criança em casa ou até mesmo para aqueles que, como eu, nunca "matou" a criança de dentro de si e é apaixonado pelos pequenos e por tudo que envolve o mundo mágico infantil. E por falar em magia, lá estava eu rodeada por 40 pequeninos com idades entre 2 e 8 anos brincando de trenzinho ao som da deliciosa música Catch that Train de Dan Zanes

Em uma hora e meia de apresentação teve de tudo, festa na Jamaica, música mexicana, passeio de barco. Tudo ao som do banjo, do violão, trompete e violino que apresentaram a música folk americana, jamaicana e mexicana para dentro da roda que se tornou uma verdadeira festa. Ninguém fica parado! Até a gerente da biblioteca - local do meu voluntariado - entrou na roda e as voluntárias (além de mim havia uma Canadense dos seus 50 anos muito animada também) claro precisam participar, este é o grande barato de voluntariar!

No início, era inacreditável de ver a organização dos pequenos todos sentadinhos no chão-  exatamente como havia recomendado a professora - apenas batendo palminhas e mexendo as cabecinhas para acompanhar o som, além de cantar juntos. Mas aí entrou em ação a forma gostosa como o Dan Zanes interage com os pequenos e ninguém mais ficou sentado.

Durante as horas que passei nos bastidores com a equipe do Dan Zanes -  antes de começar o espetáculo - eu pude ter a exata noção do alcance que ele tem não somente com as crianças mas também com os adultos. Ao término do show era mãe com livrinho de estórias do Dan Zanes and Friends para autografar, mãe com criança de colo pedindo para ser fotografada ao lado do ídolo (difícil era saber quem estava mais empolgado se eram as mães ou os pequeninos). Um típico caso de Adriana Calcanhoto e seu também delicioso show infantil Adriana Partimpim - quem está no Brasil e tem a chance de ver não deixe de ir, é uma delícia!

E para os papais e mamães que estão em Toronto ainda há apresentação do Dan Zanes neste fim de semana pelo Luminato. Veja as datas e preço aqui.


12.6.08

BLACK WATCH - Imperdível!

Black Watch arrasou – no melhor sentido da palavra – platéias inteiras no Festival de 2006 em Edimburgo e arrancou elogios da crítica e do público que lotou os teatros por lá. Agora, a tão comentada produção no circuito internacional de teatro chega à Toronto para a estréia Canadense como parte do Luminato (festival este para o qual eu tive o privilégio de voluntariar e a felicidade de, em troca, poder ver de graça espetáculos tão sensacionais como Black Watch). 

Baseada em recentes entrevistas feitas com ex-soldados que serviram no Iraque, a peça conta a história do legendário Black Watch, Regimento Escocês de 300 anos de idade cujo rompimento foi anunciado em 2004 pouco antes de seu batalhão de 800 homens substituir 4.000 cadetes da marinha Norte-Americana em uma das áreas mais sangrentas de conflito no Iraque.

Dramatizado por recentes acontecimentos, Black Watch revela a dura realidade da “Guerra no terror” e o que significa fazer a viagem de volta para casa. A produção de John Tiffany faz o uso poderoso e criativo do movimento e da música. O resultado é um espetáculo VISCERAL, COMPLEXO E DINÂMICO. 

Se você está em Toronto e gosta de grandes produções com temas de Guerra, não deixe de conferir este impactante espetáculo que ainda pode ser visto no Luminato. Há tempos que um espetáculo não me impactava tanto me fazendo sair do teatro de queixo caído e praticamente sem reação. Apenas minutos depois consegui expressar o que senti durante as quase duas horas de apresentação impecável da Cia de Teatro Escocêsa!

O espetáculo contém linguagem inadequada para menores (mamães e papais que me lêem, no próximo post vou falar de outro evento para o qual voluntariei sensacional para crianças), é bem barulhento (vai ser o mais próximo que você vai chegar de um campo de batalha na sua vida – acredite!) e tem também o sotaque “fofo” Escocês mas bem arrastado que em alguns momentos nos impede de entender algumas piadas (sim, há um humor muito bem feito mesmo em se tratando de um assunto tão trágico) mas nada que comprometa o seu entendimento geral da peça. Mesmo assim eu recomendo muito!!! 

A peça está sendo exibida no Varsety Arena na Bloor Street West e a maneira mais fácil de chegar lá é de metrô, você só precisa descer na estação St. George e dá de cara com a entrada do Varsety Arena. Chegue com 15 minutos de antecedência pois se você atrasar não há cristo que vai fazer você entrar para não atrapalhar um trabalho tão bem cuidado. Nada mais justo!