31.3.07

A primeira festa Canadense

Como prometido no último post, vou contar um pouco como foi a minha primeira festa Canadense na quarta-feira que passou. Gosto de brincar que nesta festa só havia "Roots" (com licença poética da música roots bloody roots do Sepultura - eu uso o termo para Canadenses nascidos aqui).

Pois bem, à convite da Natalie - dona da agência onde estou trabalhando (ainda de graça mas já valendo muito o esforço e investimento) + colega de trabalho + "figura" (aliás, dizem que "figura" atrai figura então estamos nos divertindo um bocado) - lá fui eu para a festa da Bombay Sapphire no Gardiner Museum.

Imaginem um espaço com cerca de 100 pessoas (entre jornalistas, assessores, designers e formadores de opinião), imprensa cobrindo o evento, DJ, luzes, uma decoração de muito bom gosto focada no azul safira da bebida britânica que estava patrocinando a competição de designers de copo (sim, vocês leram direito) e coquetéis chiquetérrimos nos copos desenvolvidos pelos designers (nem preciso dizer que experimentei os dois mais famosos da festa).

Nos primeiros minutos da festa a minha sensação era de estar em uma entrevista de emprego de tão tensa que eu estava, preocupada com todos os detalhes (como me portar, cumprimentar as pessoas e interagir) mas graças a desenvoltura da minha "chefa" que conhece todo mundo no meio e ia me apresentando à todos, com o tempo fui me sentindo muito em "casa". Afinal de contas este era o meu meio no Brasil. Quando vi estava lá eu me comunicando com os "colegas" daqui.

Após umas três horas de festa algumas constatações de verdades universais no meu meio profissional e no comportamento humano:

Jornalista é tudo igual só muda o idioma (tem a chefe de redação desvairada, a elegante editora de estilo, a hippie fashionista, a desbocada e por aí vai) e é justamente este contato direto com esta mistura de gêneros que eu mais adoro na minha profissão de assessora de imprensa, transitar em meio a tantos perfis diferentes e tantas figuras! Estava com saudades disso.

Assessor de imprensa (jornalista em sua essência exercendo outra função da comunicação) também não fica atrás. Adora uma festa, bate-papos descompromissados, pessoas de diferentes estilos e transita bem em qualquer roda (a melhor amiga da Natalie era a assessora de imprensa desta festa e outra canadense muito do bem e doida no melhor sentido, se é que vocês me entendem)

Mulher em ambiente de festa muda muito pouco também. Fala de um tudo, elogia o sapato da amiga (aliás, o povo que está aqui já percebeu como as Canadenses adoram elogiar os sapatos?) Das duas uma, ou eu realmente estou usando sapatos que elas gostam (querida mamãe ainda bem que trouxe os seus sapatinhos de festa ehehe) ou elas tem uma tara pelos acessórios que devo confessar também curto um pouco, além de bolsas é claro.

Os Canadenses (ao menos no meu meio de trabalho) se beijam quando se cumprimentam sim! Claro que ali eu estava em uma festa onde todos já conhecem (por isso eu mesma apenas apertava a mão das pessoas uma vez que era a primeira vez que os encontrava) mas queria registrar isso aqui porque nunca achei justo este papo de generalizações como este "povo" (seja ele Canadense, chinês ou britânico) é frio e não se cumprimenta, blá , blá , blá....

Sempre achei (e pude comprovar em alguns mochilões por este mundão de deus) que é tudo uma questão de tempo e de você , enquanto estrangeiro, se inserir de verdade na sociedade em questão para vivenciar as suas qualidades. Afinal o que seria do amarelo se todos gostassem do azul?

25.3.07

Show de Metal em Toronto - o cúmulo da civilização

Quem se lembra daquelas brincadeiras por meio das quais ficávamos tentando encontrar o cúmulo das coisas? Pois é, esta semana que passou descobrimos é o cúmulo da CIVILIZAÇÃO - um show de heavy metal em Toronto.

Antes de contiuar, preciso contextualizar um pouco para ajudar a leitra daqueles que não nos conhecem. O casal aqui sempre foi um casal Rock´n Roll. Esta que "vos" escreve na verdade sempre foi muito musical (é mais fácil apontar os gêneros de música que eu não gosto. Embora a minha essência mesmo seja Rock´n Roll) já o marido, também rock´n roll mas mais focado em sons - digamos assim mais pesados - é um grande apreciador de bandas como Metallica, Iron Maiden, Black Sabath, Sepultura, Megadeth e por aí vai.

O marido ficou sabendo do show que o Dio (vocalista que sucedeu o Ozzy Osbourne no Black Sabath) faria em Toronto e seria aberto pelo Megadeth, consultou a esposa "topa tudo" e também louca para voltar para um show de rock´n roll (montanha-russa e show de rock´n roll sempre foram minhas duas técnicas preferidas para descarregar tensões) e lá fomos nós para o cúmulo da civilização, digo, show de heavy metal em Toronto.

Como foi no Air Canada Centre (a casa do Toronto Raptors e do Maple Leafs), havia a configuração pista e cadeiras numeradas. Por uma combinação muito conveniente entre ingresso mais barato e cadeira (no começo confesso que estranhamos um pouco assistir a um show de rock pesado sentados) mas sempre abertos à novas experiências lá fomos nós.

Já no metrô (PRIMEIRO sintoma de civilização - o acesso tranquilo, rápido e direto ao Air Canada Centre que tem conexão com a estação do metrô) começamos a cruzar com nossos companheiros de show. Adolescentes vestindo camisetas pretas, trintões ("é nois na fita"), quarentões e por aí vai por conta do Black Sabath.

Entrada do show (SEGUNDO sintoma de civilização - revistas individuais para evitar a entrada com garrafas de água e qualquer objeto potencial de ferir alguém e todos seguindo os procedimentos na maior tranquilidade). Como fomos com um amigo Peruano do Mauricio (foi divertido os três sul-americanos falando inglês o tempo todo), ficamos batendo papo nos barzinhos dentro do Air Canada antes de começar o show de abertura do Megadeth quando, de repente, ouvimos o "grito" da guitarra e nos dirigimos para nossos lugares. Eis o TERCEIRO sintoma de civilização.

Entramos - já estava escuro pois o show de abertura havia começado há cinco minutos - e precisávamos achar as cadeiras 10 e 11 na fileira 26. Foi aí que percebi que consigo me comunicar em inglês literalmente "gritando". Podem imaginar eu na fileira 26 (já com todos sentados e o show em andamento) falando com o canadense sentado na primeira cadeira enquanto o Dave Mustaine (ex Metallica) cantava?

Pois é, agora estou craque em falar inglês sussurando como já escrevi aqui antes e gritando rsrs..Entrei na fileira 26 e a cada 4 pessoas que passava eu perguntava que número é esta cadeira pois não enxergava nada.. e assim fui até achar as duas cadeiras lindamente vazias (QUARTO sintoma de civilização) em meio a todos sentados!!

Eu simplesmente amo esta cidade, ou melhor, este país! Sentamos felizes, curtimos muuuito o nosso primeiro show no Canada e para quem curte Black Sabath, o Dio fez um excelente show acompanhado de duas lendas vivas da formação original do Black Sabbath (esta banda que vimos chama-se Heaven and Hell por questões de business entre ex membros e membros atuais) - Geezer Buttler e o Tony Iommi além de um monstro na bateria (que nos presenteou com um solo de 20 minutos!! puro êxtase!).

Este post ficaria mais longo ainda se eu fosse citar todas as cenas de educação e civilização que eu presenciei em pleno show de Heavy Metal. Certamente este foi apenas o primeiro de muitos shows de rock que iremos por aqui.
No próximo post contarei um pouco da festa canadense que fui esta semana que passou à convite da Natalie (my boss). Outro capítulo à parte.

18.3.07

Cheques "Assustados"


Alguém aí tem notícia de proprietário de imóvel que esquece de depositar o cheque do inquilino e demora uns quinze dias depois da data combinada para fazê-lo? Tudo bem vai, isso não é lá muito comum mas acontece vez ou outra. Fica pior, que tal proprietário que perde 7 cheques (de março até o fim do nosso contrato) de uma vez? Este é o ilustríssimo proprietário do nosso apartamento!!

Sim, ele teve a capacidade intelectual! Não tentem fazer isso em casa pois exige muito treino e dedicação para que sete cheques criem perninhas e saiam todos juntos voando! As imagens são impressionantes! Isso porque por aqui é muito comum você já deixar os cheques pré-datados e nominais dos respectivos meses do aluguel até o final do contrato com o proprietário.

Quinta-feira por volta das dez e meia da noite voltando do meu curso no Seneca (já com o cérebro mais do que derretido e querendo logo descansar) pego o recado da Janet (ainda bem que ela existe! é a nossa corretora aqui e nos representa junto ao corretor do proprietário do imóvel) pedindo para eu entrar em contato sem deixar mais detalhes. Eu logo pensei - "aí vem problema". Vamos à ele. Eis que a Janet me conta o até então para mim era inimaginável!

Sexta de manhã lá fui eu para o banco falar com o gerente e após bater um papo agradável do tipo "então menino, você consegue imaginar que o proprietário do meu apartamento conseguiu perder 7 cheques!. Eu quero outro "landlord" este é muito desorganizado", brincava eu com o gerente que acompanhava o meu inconformismo e de volta me perguntava "Onde você está alugando?"

Para sustar (o incorreto mas famoso e engraçadíssimo "assustar") um cheque no nosso banco aqui custa $10 por folha. E graças à minha mania de manter documentos organizados e à preciosa dica da Janet de fazer cópia dos cheques emitidos eu tinha guardado toda a numeração dos cheques "alados" e resolvemos isso de uma maneira muito simples.

Uma vez que vou ter que emitir todos os cheques novamente, os $70 serão descontados do preço do aluguel em um dos cheques e lá vou eu novamente fazer a cópia de mais 7 cheques e guardar muito bem guardado. Vai saber se estes também não resolvem dar uma voltinha por aí antes de serem depositados na conta do proprietário!

Para "assustar" um cheque por aqui basta chegar no caixa (aqui conhecido como Teller) e usar o termo STOP PAYMENT (literalmente parar pagamento dos cheques em questão ou seja não receber aqueles cheques). "Elementar meu caro Watson!". A simplicidade e lógica aplicadas ao idioma inglês nunca vão dar chance para termos incorretos mas engraçados como os cheques "assustados!" e neste caso voadores.


14.3.07

6 meses de Canadá

Hoje estamos comemorando meio ano de Canadá e estamos muito felizes e satisfeitos com a escolha que fizemos. Desde que chegamos muito já fizemos e conquistamos e temos certeza que muito ainda há para aprender, viver e conquistar neste grande desafio que é imigrar.

E para não deixar passar em branco esta data passei para registrar nossas reflexões desta semana sobre tudo que estamos vivendo. Estava eu dizendo ao querido marido que quando eu estou no meu dia a dia por aqui (no trabalho e na escola à noite falando e interagindo em inglÊs) não sou “eu” Paula (aquela Paula que ficou no Brasil) mas sim outra “Paula”(a Paula daqui). É incrível como esta relação entre as emoções e o idioma é forte. Alguém já parou para pensar porque alguém que domina mais de um idioma quando fica muito bravo ou nervoso solta o palavrão no idioma mãe – por mais que domine o segundo idioma? Pois é...

Aí vem o marido e completa brilhantemente a reflexão – “Claro que você é outra pessoa pois você não somente está agindo em outro idioma mas esta se reconstruindo”. Isso! O imigrante se reconstrói a todo momento se é que vocês me entendem. Reconstruímos nossas rotinas, nossos hábitos, alimentação, colegas de trabalho, clima, roupas, literalmente tudo.

E por falar em relação das emoções com o idioma, esta semana conheci os dois lindos perdigueiros da minha “chefa” e quando vi estava brincando com os cães e falando com eles obviamente em inglês pois estávamos eu, ela e um primo dela. No momento me pareceu muito natural brincar com o cão e dizer “Hey buddy...” mas depois me peguei pensando “meu deus como é estranho brincar com cachorro em outro idioma!”

Outra técnica que a sobrevivência no trabalho nos faz desenvolver é cochichar em inglês! Sabe quando você está falando sobre alguém e de repente abaixa o tom quase que sussurando? pois é cada vez que me pego nesta situação (obviamente provocada por terceiros) eu paro e penso "agora a casa caiu!" e na maioria das vezes ela cai mesmo aí é só sorrir concordar e seguir em frente! São estes detalhes simples que tornam a experência de viver em outro país tão rica pois as mínimas coisas que fazíamos de um jeito agora estão sendo reconstruídas de outra maneira e por conta de ser em outro idioma sentimos isso de maneira mais forte ainda.

8.3.07

A maçã fashion

Conforme disse no último post, “ganhei” (enquanto trabalho para a agência é claro) um mac muito fofo para levar para casa todos os dias. Quem me conhece melhor sabe como eu amo tecnologia e se juntar design então sai de baixo!
Como diz o meu marido - eu adoro o mundo "fashion" (seja tecnologia, pessoas, roupas, embalagens).

É verdade, gosto mesmo e desde quando morávamos no Brasil, sempre que aparecia um mac nos filmes eu dizia que queria tanto ter um porque aquilo sim era computador "fashion" não aqueles PCs cor de burro quando foge em cima de nossas mesas - jesus!

Aí vinha o marido e me trazia para a realidade – “Paula, aqui no Brasil não é muito interessante porque a maioria tem PC e aí vc vai ter uma crise de compatibilidade além de ser mais caro né”. Tá bom marido mas ao menos o direito de desejar um eu tenho né e virou mexeu ficava brincando que um dia eu ia ser “fashion” e ter um daqueles.

Durante anos fui convivendo com isso e aquilo sempre voltava. Em nossa primeira semana por aqui (nos idos de setembro de 2006) quando ainda estávamos andando pela cidade para conhecer Toronto entrei naquele antro de perdição que é a loja da Apple no Eaton Centre! Lá atrás, sem sequer imaginar o que aconteceria depois, repeti para o marido - "Agora que não estou mais no Brasil posso ter um Mac um dia né?... e claro um Ipod também ai ai.. depois que eu arrumar emprego etc e tal... "

Cinco meses se passaram e cá estou eu feliz da vida, vivendo uma experiência valiosíssima de trabalhar na minha área (ainda que por enquanto sem ganhar para comprar um Ipod rsrs) quando minha “Supervisor” (me recuso a escrever a palavra chefe - ops!) pede para eu ir até a loja da Apple – aquela mesma o antro da perdição – ir buscar o “meu” ibook (estava lá fazendo um upgrade) e começar o meu treinamento no Mac.

Sim, querida supervisor, farei este SACRIFÍCIO de passar duas horas naquela loja fashion, fancy e ultra mega moderna recebendo treinamento !! Não é possível, só pode ser coisa de destino brinco eu com meu marido. Fui lá fiz o treinamento básico incial e sexta passada voltei para a casa com o novo brinquedinho.

Como todo brinquedinho tecnológico acaba precisando de reparo em algum momento. Resumo – o bebê está de volta na UTI para reparos e só esperando para voltar para as minhas mãos! Cá estou eu de volta ao bom e velho PC (de casa mesmo que eu tenho levado para o trabalho porque a minha "supervisor" é muito fashion e tem outro mac).
Alegria de pobre dura pouco mesmo!

3.3.07

O primeiro dia de trabalho no Canadá

Aquele domingo (26 de fevereiro) parecia que nunca mais teria fim. Eu andava para lá e para cá no apartamento, pulava, cantava e não conseguia conter a minha ansiedade. O paciente e sempre companheiro marido que o diga! Afinal, após quase 8 meses fora do mercado de trabalho (desde o momento que saí da Johnson no Brasil para cuidar dos preparativos da vinda para cá até agora) eu voltaria para a ativa!

Só sosseguei quando peguei a mensagem da Natalie (my new boss) no meu celular dizendo que ela me pegaria no metrô. O marido já começou - "Mais é incrível mesmo, além de trabalhar no centro a "chefe" ainda pega no metrô no primeiro dia!". Incrível como aquele telefonema me acalmou e ela finalizava assim - "I can´t wait!" , ou seja, ela estava tão ansiosa quanto eu. Bom saber, isso torna a relação mais humana e menos tensa no começo.

Manhã gelada e branca de segunda e lá estava eu dentro de uma SUV gigante com a Natalie batendo papo como se já nos conhecessemos de longa data. Quando ela estacionou na agência entendi porque ela quis me pegar no metrô no primeiro dia. A entrada fica nos fundos de um conglomerado de galerias de arte.

Ela vinha me atualizando que acabou de mudar e as pessoas tem dificuldade em chegar e que por isso fará uma festa na primavera que levará os convidados com limosines até lá. "Aqui do lado é o restaurante francês onde eu levo os clientes novos para almoçar", continuava ela. E eu ah tá, desculpa! Aliás a região toda ali é muito elegante neste sentido, se estivéssemos em São Paulo capital, guardadas as devidas proporções, seria algo como a Vila Madalena aqui em Toronto é Annex.

Mesmo com toda a simpatia e alto astral da Natalie, primeiro dia de trabalho não deixa de ser primeiro dia seja aqui, na China ou em São Paulo. Bom seria se pudéssemos começar a trabalhar do segundo dia em diante mas como não dá encaramos esta tensão. Se no Brasil já era assim vocês podem imaginar por aqui em outra cultura e tal!

Tudo parecia um sonho para mim pois quando me dei conta estava ali de volta ao mundo que eu tanto gosto, o mundo da comunicação e como estou em uma agência pequena (tenho a minha "boss" e uma colega de trabalho muito especial - a Janette Ewen é editora de estilo da revista Chocolat e por conta disso e das parcerias da agência ela mais viaja do que fica lá na agência) não dá para me disfarçar de samambaia e nem muito menos não interagir o tempo todo com a dona da agência - o que eu estou achando ótimo!

Em pleno primeiro dia já estava eu em meio a uma reunião de um cliente novo fazendo media training, ajudando a Natalie com Q&A e debatendo o plano do novo lançamento! Participo ativamente de tudo que acontece lá justamente por se tratar de uma agência pequena e neste momento de recomeço de carreira aqui não poderia ter melhor lugar para eu estar! Claro que no fim do primeiro dia o meu cérebro tinha derretido mas a cada dia que passa (completei apenas a primeira semana) vai ficando melhor.

Até cartão da agência com o meu nome a Natalie já veio me mostrar que vai mandar fazer e o melhor de tudo - o meu computador é um ibook da Apple que posso trazer para casa todos os dias. Resultado - estou me inserindo em um mundo que sempre amei - o mundo maravilhoso da tecnologia da famosa maçazinha mas isso já é assunto para outro post .

1.3.07

É a neve de março fechando o inverno


A cidade de Toronto está vivendo hoje a pior tempestade de neve deste inverno de 2007. Digo está vivendo porque só estou escrevendo agora pois fui dispensada mais cedo do trabalho (como quase toda cidade a contar pelo caos que estava lá fora) por conta do tempo.

Enquanto escrevo, o vento "uiva" lá fora juntamente com a neve que cobre a cidade. Normalmente eu uso o metrô e um trechinho pequeno de ônibus para ir e voltar da agência. Neste sentido sou uma das privilegiadas que trabalha no centro da cidade. O Maurício mesmo está , neste exato momento (17h43), na estrada desde às 15 mais ou menos. Não se preocupem está tudo bem (acabo de falar com ele) o negócio é que os carros precisam andar em passo de tartaruga e nem tem como ser diferente.

Bem, voltando à cidade. Esperei por meia hora no ponto de ônibus e claro que nada de ônibus. O cenário era de carros parados, não se via a diferença entre calçada e rua e havia muita neve acumulada e ainda caindo. Foi aí que resolvemos, eu a moça que também esperava, literalmente socar o pé na neve e ir caminhando para o metrô.

Claro que devidamente preparadas de bota de neve (que eu troco pelos sapatos decentes quando chego na agência e troco novamente para sair. Já me habituei a mais esta nova rotina) e capuz fomos lá para a nossa caminhada de quinze minutos até a estação do metrô mais próxima. Mesmo com toda a neve acumulada, andavamos mais rápido que qualquer um que estivesse dentro de um carro naquele momento.

No caminho encontrei donos das casas já tirando o acúmulo de neve na frente das calçadas, ciclistas (sim, ciclistas) que também iam mais rápido que os carros e a frente e os telhados das casas cobertos de branco! Claro que por se tratar ainda do meu primeiro inverno aqui acho essa paisagem muito linda (mesmo em um dia de caos como hoje) mas tenho certeza que podem passar duzentos invernos e eu vou continuar achando muito lindo.

Ao chegar em casa, mais cedo que o de costume, lembrei-me de uma das canções mais belas já compostas (Tom Jobim) e tão lindamente interpretada por Elis Regina - Águas de março. Como por aqui em março não cai água, a licença poética vai me permitir dizer que a paisagem de hoje "É a neve de março fechando o inverno" (fechando "numas" também licença e esta meteorológica)

A partir de amanhã, quando completo uma semana no novo trabalho, vou inciar uma série contando a minha experiência por lá. Adianto que estou AMANDO e além de já estar em plena atividade ainda por cima a minha "chefa" (Caldeirinha, usei este termo em sua homenagem. Embora continue achando que quem tem chefe é índio) pratica snowboard, surfa e é muito gente boa!