Atenção candidatos a imigração para o Canadá. Se você é o próximo Bill Gates ou Steve Jobs não perca seu tempo. Aplique já!
Agora se você for apenas mais um imigrante que vai administrar uma lojinha de conveniência em um centro comercial não perca seu tempo. Você não vai gerar os empregos que a economia candense tanto precisa para decolar.
Eu juro que gostaria de estar fazendo uma piada com isso. Entretanto, não se trata de uma piada. Infelizmente, trata-se da declaração nua e crua feita pelo Ministro da Imigração canadense, o senhor Jason Kenney, ao comentar as mudanças no sistema para atrair os empreendedores que o país "tanto precisa".
Desculpem-me o desabafo mas achei essa declaração um insulto! Talvez eu esteja exagerando por conta do meu histórico de profissional da comunicação que treinava porta-vozes para falar com a imprensa. Não tem como separar anos de experiência nessa área das análises que faço ao ler algum executivo ou personalidade falando com a imprensa. Some-se a isso o fato de eu ser uma imigrante e conhecer muito bem a realidade daqueles que, segundo o ministro, só servem para abrir a lojinha de conveniência e não são os próximos Steve Jobs da vida e, portanto, não vão gerar os empregos que o Canadá precisa.
Ei espera aí. Afinal de contas de quem é o papel de criar oportunidades para gerar empregos? Do imigrante? Do governo? Da sociedade como um todo? Recruta-se imigrante porque há empregos e a economia gira ou a economia gira e gera empregos porque recruta-se imigrante? que tipo de imigrante? o brilhante inovador , futuro Steve Jobs como quer o nosso ministro, ou a média trabalhadora assalariada que luta e que, segundo o mesmo senhor Kenney, não ajuda?
Para começar a semana pensando. Sou só eu ou a sociedade está de pernas pro ar?
Será que todos esqueceram-se que para que tenhamos mais "Steve Jobs" precisamos das mães em casa dando educação e ensinando civilidade aos pequenos, dos pais fora de casa suando na construção civil para possibilitar que uma mãe fique em casa, do lixeiro na rua que tira o lixo para que o empresário possa conduzir seu negócio de maneira decente, da moça que serve o café, do padeiro, do ministro, do professor , do bombeiro, do médico, da senhora idosa que dá o sorriso ao menino de 3 anos que passa na rua, do carteiro que dá o exemplo de gentileza e que faz com as correspondências do pequeno negócio chegue a tempo...
Será que o senhor ministro esqueceu-se que para que as exceções aconteçam, as regras precisam estar bem estabelecidas e funcionando em harmonia? Será que ele acha que o Brasil, por exemplo, teria capacidade de produzir um Pelé por ano, um Ayrton Senna por mês e um Machado de Assis por semana? Ele só pode estar de brincadeira! Pronto falei, ou melhor, escrevi.