Eu vivi:
Bons, muito bons, felizes, muito felizes e nem tão bons e tão felizes momentos assim;
Aceitação, rejeição, assédio moral e exploração (sim, talvez daqui há uns 20 anos eu seja capaz de falar mais abertamente sobre isso. Por enquanto ficou lá no baú das péssimas experiências que nos ensinam muito!);
Descobertas, surpresas, neve, chuva, sol; esqui, snowboard, patinação no gelo;
Viagens, frustração, inquietação e recomeços;
NBA (um sonho!), vizinhos brazucas “gente boa”, civilização, fila respeitada no ônibus;
Celebridades (encontrei gente bem famosa em um de meus estágios de graça), a ásia é aqui, suas comidas e filosofias que eu curto bastante também;
Apoio incondicional do marido e…
Eu aprendi:
A trabalhar de graça ininterruptamente para provar aos potenciais empregadores que sou capaz. (Já estou pensando até em colocar no meu CV: “especialista em caridade” e mandar uma carta ao Dalai Lama para ele ver como sua discípula está evoluindo espiritualmente!:) ;
A ouvir de professores e supervisores dos programas para os quais eu trabalhei de graça, a tradicional pergunta: “O que vc está fazendo aqui com toda a sua experiência??” E ainda sim não poder dar a honesta resposta e seguir sorrindo “Imagina!” (o eterno exercício da modéstia e humildade). A última que ouvi foi do professor de “Media Relations” semana passada na Humber me dizendo que eu poderia estar no lugar dele dando aula (Ok teacher, whatever…);
A relatividade do conceito que determinado Mercado de trabalho está em um bom momento e cheio de vagas – caso do meu Mercado aqui na América do Norte . Vagas nem sempre são sinônimos de oportunidades.
A ser humilde e desapegada de bens materiais (mais ainda… ok, confesso. A minha única fraqueza são os brinquedinhos da Apple… também não sou o Buda né gente! Apenas sigo sua filosofia rsrs);
A aceitar prazer e sofrimento, ganho ou perda, vitória e derrota com a mesma serenidade de espírito ;
A ficar mais próxima ainda da doutrina budista por meio da qual o homem examina tudo, é um cético no sentido etimológico da palavra. O budismo não é a doutrina do êxtase, mas da reflexão profunda sobre as coisas.
Eu senti:
Impotência em ter total condição e qualificação para fazer muito e não poder;
Confusão de sentimentos;
Vontade de voltar querendo ficar . Vontade de ficar para não voltar (Complicado né?);
A síndrome do “O que eu estou fazendo aqui? A que custo?” (esta, na mesma velocidade que vem, costuma ir embora. Em média, dura até que eu saia na rua ou vá até a biblioteca – o meu templo sagrado – ou vejo a ordem na fila do ônibus que vou para a escola;
Imensa satisfação ao ouvir de um profissional de RH que você tem potencial para uma vaga do mesmo porte que você tinha no Brasil (ah vá!);
Paz ao meditar no jardim japonês bem pertinho de casa;
Eu concluí:
Que ainda está valendo à pena;
Que enquanto valer à pena vou lutar com todas as forças para seguir;
Que estou no caminho certo;
Que ainda quero fazer muito por aqui;
Que escolhi a melhor pessoa do mundo para estar ao meu lado nesta empreitada;
Que estou vivendo um sonho – o meu sonho!
*PS – Este depoimento é única e exclusivamente pessoal. Aqui é a Paula apenas que está colocando um pouco para fora suas intermináveis reflexões de imigrante. Eu estou escrevendo a minha história e você a sua!
10 comentários:
Paula, sei que você deve estar cansada de ouvir que você é uma lutadora, que é isso ou aquilo. E é mesmo, mas infelzimente palavras são são ações. Gostaria muito que todas estas pessoas que reconhcem sua capacidade a reconhecem em forma de ação te indicando para oportunidades de emprego e, finalmente, te contratando.
De qualquer forma, admiro sua garra e persistência. Do jeito que sou, acho que já teria entregado os pontos no seu lugar.
Parabéns por ser quem você é!
bjs
Paula!
Acho que o mais importante nisto tudo é você acreditar nos seus sonhos. Mesmo que algumas vezes vc se sinte em um pesadelo. Coisas boas ainda virão.
Bjos
Chris
a vida vai retribuir toda essa 'caridade' que você está fazendo :)
e a sua história dá esperança pra gente fazer a nossa!
beijo,
claudia
Oi Paula,
acompanho vc desde a sua chegada e adoro os seus posts. Talvez por também ter trabalhado em assessoria de imprensa e também ter cultivado por anos o sonho de viver no Canadá, sonhava em chegar em Toronto e encarar tudo da maneira positiva como vc encarou os seus desafios. Ainda aqui na Suíça, me vejo comparando nossos primeiros dias e os de vcs. A Ikea, a descoberta que vc pode (comprar, transportar, carregar e montar) tudo. Espero escrever também uma história vitoriosa. Vontade de voltar querendo ficar .
Um abraço,
CArol
Paula
Muito bom o seu relato, verdadeiro e encorajador para todos que lutam pelos seus sonhos e não desanimam com as dificuldades na longa caminhada da vida.
Continuaremos acompanhando e torcendo pelo sucesso da família em terras canadenses.
Abraço
Parabens por esses 2 anos de terrinhas geladas
Tenho certeza que logo vc vai se recolocar no mercado de trabalho e prosperar cada vez mais!
Bjs
Parabens pelos 2 anos, Paula. Vai valer a pena, voce vai ver... :)
Oi Paula, meus primeiros 2 anos nos EUA não foram suficientes e acabei voltando. Dessa vez já estou aqui há 7 anos and loving i! : )
bjs
É, minha menina, ao ler seu post ontem, e, ver a matéria HOJE do Bom Dia Brasil...resolvi, postar, meu comentário!Vocês se completam ( Mauricio, vc , é dez, tb)!Agora, Paulinha querida, vc fez a análise, tal qual, nossa grande emissora, GLOBO, o fez hoje!Parabéns, e, FIRME, porque força, convicção, e, metas vcs têem!
BEIJÃOOOO....DEUS OS ABENÇOE!
Parabéns pelo aniversário de 2 anos. Quero agradecer pelo seu blog que me ajudou muito antes de vir para o Canadá. Ainda ajuda! Gostei muito do seu texto. Um abraço.
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