“I would say that it’s a bargain we make with this nation, and that this nation makes with us, and both sides have to live up to the bargain… We will work hard and try to learn your customs and peculiarities, cope with your winter and our children will be Canadian. And you will treat us equally, fairly; you will not treat us differently simply because of our accent, language or the country we came from”.
O depoimento acima foi extraído da edição de maio de 2007 do tablóide Canadian Immigrant. Além de indicar esta boa leitura para quem está chegando e sofrendo com todas as dificuldades inevitáveis do começo para se estabelecer por aqui, estive lembrando o quanto refleti na época em que li a opinião da Iraniana-Canadense Ratna Omidvar ao afirmar que o estabelecimento do imigrante no Canadá é uma frágil barganha entre o mesmo e o País.
Tenho lido o Canadian Immigrant (a publicação é gratuíta e distribuída todos os meses nas estações de metrô de Toronto) desde que cheguei no Canadá e quando li o trecho da entrevista acima estava começando o meu co-op (pagando para trabalhar e ser tratada como “iniciante/estudante” mesmo tendo 7 anos de experiência no que estava fazendo) e já sentindo na pele a frágil barganha da qual a entrevistada falava.
Sim, pensava eu, ela tem toda razão, fazemos sim uma barganha e da muito frágil com o País quando aqui chegamos. Estava eu lá – em maio quando ela deu a entrevista – dando a minha parcela da barganha no Co-op que mais tarde faria com que eu começasse a ser chamada para as entrevistas que me levaram ao meu emprego de verdade (agora pago e sem ser tratada como estudante/iniciante no que faço).
Aliás, esta prática de nivelar todos os imigrantes que aqui chegam por baixo e os tratá-los como inépcios (e aí estou falando do sistema todo da imigração desde os cursos do governo até os co-ops da vida) seria bem melhorada na minha opinião se, de todos os profissionais envolvidos em receber os imigrantes e dar as primeiras orientações, fosse exigida a leitura do excelente livro que estou lendo agora – The Emerging Markets Century. How a new breed of World-Class Companies is overtaking the World.
Eu não pude evitar a correlação quando Antonie van Agtmael – autor do livro e criador do termo Emerging Markets que substituiu o pejorativo Third World – abre o livro contando que em 1974 – em uma das palestras no Bankers Trust Company em Nova York – ele ouviu a seguinte afirmação “There are no markets outside the United States!” (não há mercados fora dos EUA).
Embora a afirmação tenha sido feita há mais de 30 anos, parece que hoje ainda há na America do Norte (e aí incluo o Canadá especialmente no trato com seus “qualificados” imigrantes) quem esqueça da excelência mundialmente comprovada de países como India – que está entre os 6 únicos países no mundo capaz de construir satélites - China, México, Argentina, Brasil, Russia. Só para ficar em alguns exemplos.
Será que os profissionais dos projetos de apoio ao imigrante que recebem engenheiros e profissionais Indianos, Chineses, Brasileiros e Russos já ouviram falar do BRIC? Aposto que não! O que isso tudo tem que ver com os profissionais imigrantes que chegam de todas estas partes do mundo e são tratados como se para trabalhar no Canadá tivessem que morrer e nascer de novo? Simples, estes profissionais estão vindo de verdadeiros centros de excelência em diversas áreas de negócios e ler este livro dá uma lista infinita de exemplos como a Mexicana Modelo que vende mais cerveja (Corona) para Americanos do que a Heineken, o fato de a Inbev-Ambev (maior fabricante de cerveja do mundo que deixou as “velhas” cervejeiras Européias impressionadas com a eficiência dos parceiros Brasileiros). A lista não tem fim.
Claro que para tudo há exceções mas na minha opinião bastaria um pouco mais de conhecimento sobre o que o mundo “emergente” tem realizado na esfera empresarial nas últimas décadas - independente de fortes crises econômicas, pobreza e corrupção – para se ter uma melhor noção de que os profissionais que aqui estão chegando tiveram uma boa base educacional e principalmente capacidade de superação perante às adversidades. Acho que dá para mudar um pouquinho a presunção de que não há vida inteligente fora do Canadá não? Pois é mais ou menos assim que a lavagem cerebral acontece até que você consiga entrar para o mercado de trabalho. Não que não dê para sobreviver, eu sobrevivi, muitos sobreviveram e você também pode mas que poderia ser diferente, ah isso poderia!.
O livro The Emerging Markets Century é um bom começo.
Excelente semana e boa leitura!
O depoimento acima foi extraído da edição de maio de 2007 do tablóide Canadian Immigrant. Além de indicar esta boa leitura para quem está chegando e sofrendo com todas as dificuldades inevitáveis do começo para se estabelecer por aqui, estive lembrando o quanto refleti na época em que li a opinião da Iraniana-Canadense Ratna Omidvar ao afirmar que o estabelecimento do imigrante no Canadá é uma frágil barganha entre o mesmo e o País.
Tenho lido o Canadian Immigrant (a publicação é gratuíta e distribuída todos os meses nas estações de metrô de Toronto) desde que cheguei no Canadá e quando li o trecho da entrevista acima estava começando o meu co-op (pagando para trabalhar e ser tratada como “iniciante/estudante” mesmo tendo 7 anos de experiência no que estava fazendo) e já sentindo na pele a frágil barganha da qual a entrevistada falava.
Sim, pensava eu, ela tem toda razão, fazemos sim uma barganha e da muito frágil com o País quando aqui chegamos. Estava eu lá – em maio quando ela deu a entrevista – dando a minha parcela da barganha no Co-op que mais tarde faria com que eu começasse a ser chamada para as entrevistas que me levaram ao meu emprego de verdade (agora pago e sem ser tratada como estudante/iniciante no que faço).
Aliás, esta prática de nivelar todos os imigrantes que aqui chegam por baixo e os tratá-los como inépcios (e aí estou falando do sistema todo da imigração desde os cursos do governo até os co-ops da vida) seria bem melhorada na minha opinião se, de todos os profissionais envolvidos em receber os imigrantes e dar as primeiras orientações, fosse exigida a leitura do excelente livro que estou lendo agora – The Emerging Markets Century. How a new breed of World-Class Companies is overtaking the World.
Eu não pude evitar a correlação quando Antonie van Agtmael – autor do livro e criador do termo Emerging Markets que substituiu o pejorativo Third World – abre o livro contando que em 1974 – em uma das palestras no Bankers Trust Company em Nova York – ele ouviu a seguinte afirmação “There are no markets outside the United States!” (não há mercados fora dos EUA).
Embora a afirmação tenha sido feita há mais de 30 anos, parece que hoje ainda há na America do Norte (e aí incluo o Canadá especialmente no trato com seus “qualificados” imigrantes) quem esqueça da excelência mundialmente comprovada de países como India – que está entre os 6 únicos países no mundo capaz de construir satélites - China, México, Argentina, Brasil, Russia. Só para ficar em alguns exemplos.
Será que os profissionais dos projetos de apoio ao imigrante que recebem engenheiros e profissionais Indianos, Chineses, Brasileiros e Russos já ouviram falar do BRIC? Aposto que não! O que isso tudo tem que ver com os profissionais imigrantes que chegam de todas estas partes do mundo e são tratados como se para trabalhar no Canadá tivessem que morrer e nascer de novo? Simples, estes profissionais estão vindo de verdadeiros centros de excelência em diversas áreas de negócios e ler este livro dá uma lista infinita de exemplos como a Mexicana Modelo que vende mais cerveja (Corona) para Americanos do que a Heineken, o fato de a Inbev-Ambev (maior fabricante de cerveja do mundo que deixou as “velhas” cervejeiras Européias impressionadas com a eficiência dos parceiros Brasileiros). A lista não tem fim.
Claro que para tudo há exceções mas na minha opinião bastaria um pouco mais de conhecimento sobre o que o mundo “emergente” tem realizado na esfera empresarial nas últimas décadas - independente de fortes crises econômicas, pobreza e corrupção – para se ter uma melhor noção de que os profissionais que aqui estão chegando tiveram uma boa base educacional e principalmente capacidade de superação perante às adversidades. Acho que dá para mudar um pouquinho a presunção de que não há vida inteligente fora do Canadá não? Pois é mais ou menos assim que a lavagem cerebral acontece até que você consiga entrar para o mercado de trabalho. Não que não dê para sobreviver, eu sobrevivi, muitos sobreviveram e você também pode mas que poderia ser diferente, ah isso poderia!.
O livro The Emerging Markets Century é um bom começo.
Excelente semana e boa leitura!
11 comentários:
Como sempre, perfeito!
Queria escrever assim, numa talagada só, com ritmo e levando o leitor da primeira frase à última!
Parabéns!
Oi Paula!!!
Adorei o post!
Beijos
Lu
Eu tento não ficar revoltada mas fico quando ouço "mas vc não tem canadian experience". Dá vontade de falar um monte de coisas, mas me contenho. Claro que existem empregadores que não se importam com isso, mas mesmo com todo o esforço do governo canadense (e eu já começo a me questionar sobre o tamanho deste esforço) ainda existe muita resistência em se contratar um imigrante pela primeira vez. Agora que o Pedro já tem emprego não param de chegar ofertas de trabalho pra ele.
Como bem disse o cara que foi instalar o telefone lá e casa: "este é um país maravilhoso depois que vc consegue emprego".
Eu gosto muito daqui mas essa questão da experiência canadense me tira do sério, é simplesmente jogar no lixo todo o seu passado/conhecimento profissional, como se vc fosse um "retardado" que precisasse da dita cuja para ser "merecedor" de ter um emprego.
Francamente!
:0/
Gostei do post... acho que você tem razão... mas no fundo todos os países são iguais.
Imagine o Brasil recebendo um Indiano, tenho certeza que ele passaria pelo mesmo problema lá na Terrinha.
Acho dificil saber tudo... principalmente sobre os países emergentes, sendo que existem tantos outros países para admirar e aprender, entende???
Não ache que estou a favor do sistema... acho que falata muita explicação por parte do governo junto aos imigrantes... mas eu acho que o Canada nos recebeu de braços abertos e o começo não é fácil em lugar nenhum... E opção de mudar é sempre nossa...
sei lá...
bjs
devidamente anotado! obrigada!! tem coisa melhor pra treinar o inglês que livros sobre o assunto que estamos tendo tão interesse na atualidade?
Abraços,
Claudia
Olá Paula, adoro seu blog, leio sempre!
Eu e minha família chegaremos em Toronto dia 10 de novembro, se você puder, dê uma passada no meu blog: http://lllima.blogspot.com/
Abraços,
Laila
Oi Paula, tudo bem?
Obrigada pelas visitas lá no Unzip!
Fico super feliz por saber que vc acompanha este humilde Blog pq eu tento escrever mas você é um talento!
Já disse que sou fã do Era, certo?!
Bjs
Oi Paula
Parabéns pelo blog....Agora acompanhamos suas aventuras daqui...Já estava na hora de voces começarem a colher tudo o que plantaram...Parabéns!!!
Bjs
Michele e Cesar
Oi,
Encontrei seu blog por sorte no google... Interecante sua maneira de ver, acho que entendo a fustracao, contudo.... Veja as coisas do outro lado, tem imigrante que eh competente, que eh competente mas nao tem capacidade de comunicar em ingles, tem certificado que comprou na rua por $100 (comum em muitos paises de terceiro mundo)... agora concordo que a coisas deviam ser mais facil para engineiro/doutor provar suas abilidades, contudo o imigrante eh que deve mostrar que tem a abilidade nao o canada ter que torcer de 31 maneira diferente para funcionar como funciona em 31 diferente paises... Sou enginheiro e ja travalhei com varios enginheiros recem imigrantes e digo somente que vc pode ser o melhore engineiro do mundo mas se nao sabe pensar e travalhare como os outros enginheiros canadenses travalham vc nao serve para nada como enginheiro, nao conta dizer que na India/China/Polonia/Brasil se faz assim... aqui nao eh nenhum desses paises... Em mercado libre a empresa mete imigrante se acha que ele pode fazer o travalho melhore que nativo, se nao o faz a competicao faz e ele vai ao fundo pois nao pode competir, se empresas no canada (e nao somente no canada) nao metem mais imigrantes sem historico de travalho canadense porque acha que eh? certamente nao eh conspiracia entre empresas em mercado libre? Acredite, em meus anos como enginheiro tenho travalhado com muitos enginheiros que causaram muitas dores de cabeca a empresa por motivos de nao saberem travalhare e/ou comunicar com outros enginheiros, e tambem com muitos outros que sao simplesmente genios, por esse mesmo motivo a minha empresa nao mete mais enginheiro a nao ser que tenha feito estagio em pais de OECD ou tenha experiencia de projetos em pais de OECD pois conhece as regras e maneira de actuar desses paises, mas eh muito mais deficil verificar as capacidades de enginheiro de 101 outro paises...
Nao entendo o que quiz dizer 'os 6 únicos países no mundo capaz de construir satélites'... Sao bem mais os paises que tem satelites no espaco feitos por eles proprios... Sabe qual foi o terceiro pais do mundo a por satelite no espaco?
Take care,
James...
PS - Immigration is the sincerest form of flattery
Ei Paulinhaaa, obrigada pelo carinho no blog, eu espero poder escrever tão bem qnt vcs.
Adorei seu post, até pq aqui em casa mesmo eu ja havia comentado isso com meu marido.Eu não tenho uma idéia de como é estar num co-op e da sensação , mas com certeza, o fato de ser tratada como principiante depois de vasta experiência não deve ser nada fácil.Bom, parabéns pelas conquistas, e nós aqui estamos preparando tudo para chegarmos por ai, desde o psicológico até o financeiro. Abraços, Ninha
Oi Paula, tudo bem? Como ta sendo o fim de semana? Estava ainda agora lendo o seu post sobre o filme do Will Smith, e por coincidência, assisti ele semana passada.Muito lindo mesmo.Agora me veio uma pergunta.Quem pode fazer esse co-op?Pessoas formadas, ou qualquer um? Pq eu larguei Veterinária na metade do curso e estou na metade de nutrição, não sei como ficará o meu caso na ida para ai.Ja o meu marido tem algumas certificações na área de informática( que ja trabalha tem uns 3 anos ) e vai pegar no meio do ano ( antes de irmos ) a certificação em JAVA feita aqui na faculdade. Esse curso serviria p/ gt ? Qual o melhor passo?
Um Abraço , Ninha
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