
Caminho nas ruas e vejo as pessoas com outros olhos... Paro. Penso. Concluo: "cada ser humano deste iniciou sua jornada dentro do útero de suas mães!"
Olho para os lados e, de repente, noto o tanto de mulheres grávidas à minha volta. Onde quer que eu vá! É a explosão populacional. Mas espera aí, não é não. Elas sempre estiveram lá, no mercado, no ônibus, no escritório, na feira, na farmácia. Sim, claro! Eu é que não via com os mesmos olhos de agora. Olhos de empatia por cada segundo de vida que é gerada dentro do útero de cada uma destas mulheres.
Ainda enxergo os meus pés, afinal começo agora o quarto mês do milagre que é o início da vida mais conhecido como gravidez. Entretanto vejo a pontinha de uma barriga que traz uma felicidade que eu nunca senti antes na vida. Completa, infinita e indescritível. A cada dia, o meu corpo muda, fala, ganha vida própria!
E as vezes até tenho a estranha sensação de estar participando de um experimento científico e que algum chip foi injetado em mim e agora é comandado, à distância e via controle remoto, por outrém que não eu! Embarco com o maior prazer nesta jornada sem controle. Uma hora choro, outra tenho acessos intermináveis de riso descontido. Choro porque o feijão que eu pretendia cozinhar acabou antes do planejado, disparo a rir porque o marido deixou algo cair no chão. Totalmente nonsense, sem controle. Uma delícia de descontrole, pois sigo na jornada fantástica da descoberta do que ainda está por vir.
Se mesmo a minha cabeça adulta, grávida mas adulta, sentiu nos primeiros 3 meses inteiros uma sensação que misturava encantamento e surrealismo ao mesmo tempo, que dirá a cabecinha de um pequenino garoto de cinco anos que me fez presenciar a cena mais linda de todas desde que soube que estava grávida. Em churrasco da empresa do marido, em um momento do dia, digo ao pequeno que há um bebê crescendo dentro da minha barriga e eis a sequência do diálogo:
"Isn't this food? (mas não é comida?)" - diz o espantado menino.
"No. There is a baby growing here ...(não. há um bebê crescendo aqui) - respondo eu contendo meu riso.
Instintivamente ele acaricia a minha barriga com um carinho e naturalidade típicos das crianças e diz: "Hi, baby.."
Não bastasse este momento mágico, no final do churrasco fomos nos despedir da mãe do menino em questão e ele veio correndo até mim, colocou os seus ovidos na minha barriga como que querendo estabelecer uma comunicação direta que só as crianças são capazes de ter com os bebês ainda no útero e saiu com essa:
"Can we open the baby now?? (podemos abrir o bebê agora?)" - indagou inquieto.
"No. Not yet, I am not prepared (Não. ainda não, não estou preparada... risos) - respondi.
Diante da resposta ele acaraciou novamente a minha barriga e disse "bye baby. see you later". E tem sido assim, desde que eu descobri a gravidez. Um momento mágico atrás do outro. Ah, a cegonha já programou a sua visita para dia 05 de janeiro e nós a aguardamos na maior felicidade do mundo!