17.10.11

Discutindo a relação de 5 anos

14 de setembro que passou completei cinco anos vivendo no Canadá. Eu não podia deixar essa data em branco mas como estava passeando no Brasil, acabou que não postei na data certa. De qualquer maneira, tamanho acontecimento ainda merece um post.

Costumo dizer que o imigrante passa, de acordo com o tempo que vive fora, por algumas fases em sua longa jornada longe de sua pátria mãe:

Primeiro ano - fase lua de mel, romântica e ainda extasiada pelo sabor da conquista em ter chegado em território canadense, o que não é pouca coisa!
Segundo ano - fase baixando a poeira e colocando as coisas no lugar.
Terceiro ano - novas conquistas, lutas, algumas frustrações e a luta por pertencer.
Quarto ano - início de um balanço, reflexões, estou no caminho certo? Qual o caminho certo afinal?

De alguma maneira, quem chegou aos cinco anos de Canadá acaba passando pelos estágios anteriores. Enquanto vivia os anos interiores me perguntava qual seria a etapa em que eu entraria ao completar cinco anos de Canadá. E eis que completei cinco anos!

Ainda não sei bem definir como chamaria essa fase dos cinco anos, portanto acho mais fácil pensar nela como o famoso DR (discutindo a relação).

Isso mesmo! Estou discutindo a minha relação com esse maravilhoso país chamado Canadá que me acolheu...Espera um pouco. Quem acolheu quem? Não raras vezes eu tenho minhas dúvidas de quem acolhe quem. Tendo a achar que o imigrante acolhe e adota o país escolhido muito mais e com muito mais fervor do que o próprio país em questão deveria fazer. Aliás, tenho certeza disso. E talvez aí resida o principal motivo pelo qual é muito natural encontrar os imigrantes discutindo a relação, não com o namorado ou com o marido, mas com o país. No caso, o Canadá.

Eu e ele (o Canadá) ainda estamos no início desse processo que não sei bem quanto tempo pode levar mas estamos fazendo um levantamento de quem deu mais em nome do que sabe? E como eu tenho esse hábito de fazer balanços de cinco em cinco anos em minha vida, nada mais natural do que discutir uma relação que já dura cinco anos! Onde quero estar em mais cinco anos? Como quero estar? Vivendo de que jeito?

É isso Canadá. Por hora sigamos em frente. De fato você me oferece inúmeras vantagens. Vantagens essas que, sei bem, só as encontro por aqui. Entretanto, ainda preciso ver muito mais do seu lado do que do meu para que sigamos com mais cinco e cinco e mais cinco anos juntos.

E nessa barganha, que é a relação do imigrante com o Canadá, ainda dou mais do que recebo. Não tem problema Canadá, dou porque posso, porque quero, porque tenho forças e amo viver aqui mas até quando? Mais cinco ou cinquenta anos? O tempo vai dizer e por hora sigo vivendo e cantando essa linda oração ao tempo que agora ouço na maravilhosa voz da Maria Gadu.

E que venham mais quantos anos forem possíveis e ou desejados e necessários!

7.10.11

Voz interior

Estou de volta. De volta à Toronto. De volta ao Canada. De volta à minha casa e, portanto, de volta ao blog. Estive em férias. Passeava pelo Brasil e revia queridos amigos e familiares. Foram frenéticos 30 dias que ficarão sempre em minha mente.

Estava com saudades. Saudades do blog. Saudades de casa. Saudades do marido que voltou antes.

Já estou com saudades. Das risadas, dos abraços, carinho, beijos, risos e palavras ao vento que lá ficaram. O consolo é que não ficaram só no Brasil mas também no meu coração e lá sempre estarão. Pena não podermos ter todos que amamos juntos em um mesmo lugar não é?

E por falar em coração é justamente à ele que sigo quando continuo no Canadá. Ainda, apesar de todas as lutas, tropeços. Acertos também claro mas há uma voz que fala comigo que, apesar de querer que todos os queridos do Brasil estejam sempre comigo, devo e quero ainda continuar no Canadá.

Eu sempre soube que seguia meu coração no que estou fazendo enquanto imigrante mas essa semana, em especial, com a morte de um gênio inspirador como Steve Jobs, suas palavras bateram mais forte ainda quando dizia: "...You can't connect the dots looking forward; you can only connect them looking backwards. So you have to trust that the dots will somehow connect in your future. Your have to trust in something - your gut, destine, life, karma, whatever. This approach has never let me down, and it has made all the difference in my life".

De fato Steve, confio que, de alguma maneira, os pontos conectarse-ão lá na frente no meu futuro. Sinto isso, algo fala. Não sei dizer bem como mas fala. "Listen to that voice in the back of your head that tells you if you are on the right track or not", continuava a mente inovadora que tocou vidas no mundo todo das mais diversas maneiras. Devo dizer que, por vezes, essa voz fica um pouco confusa e, principalmente, em momentos sensíveis como a volta das férias. Entretanto, Steve, ela ainda me fala que estou no caminho certo e devo seguir lutando.

Mesmo que, por muitas vezes, os pontos pareçam não ter conexão nenhuma com nada nesse instante eles vão fazer sentido em um futuro não tão distante. Ao menos é o que diz a minha voz interior Steve e, para homenagear essa mente brilhante e a todos os imigrantes que estão tentando ouvir aquela voz interior dizer se estão no caminho certo, eu lembro um conhecido muito criativo que agradece muito a Steve Jobs pois não fosse ele (Steve) estaria fadado a usar um PC até hoje:) Faço minhas suas palavras!